Skyler esticou o braço procurando por Sebastian sentindo o lado da cama vazio. Se apoiando nos dois braços ela olhou ao redor vendo a porta do quarto entre aberta indicando que provavelmente ele havia acordado depois daquela maratona de sexo.
Pegando a camiseta de botão que estava jogada no chão, Skyler bocejou seguindo até a sala esfregando os olhos de tanto cansaço.
— Oi, porque não está na cama? — Skyler perguntou se aproximando de Sebastian que estava sentado no sofá com um lápis na mão.
— Eu te acordei? — Sebastian perguntou e Skyler balançou a cabeça. — Estou compondo.
— Uma música? Posso ver? — Skyler esticou a mão para pegar o caderno que estava no colo dele mas Sebastian o fechou.
— Ainda não. — Sebastian riu.
— Porque não? A música é sobre mim? — Skyler fechou os olhos e jogou a cabeça para trás. — Por favor, não escreva outra música sobre me fazer gozar.
— Por que? Você adora. — Sebastian agarrou a bunda de Skyler por debaixo daquela camiseta a puxando para mais perto.
— Claro que não. — Skyler disse emburrada. — Outro dia um cara do trabalho estava cantando a sua música e foi tão estranho...
— Eu estava falando sobre te fazer gozar. — Sebastian riu de forma maliciosa.
— Isso é verdade. — Skyler deu um selinho nos lábios dele. — Mas eu vou te deixar trabalhar.
Skyler se desvencilhou das mãos de Sebastian que tentava puxa-la para que se sentasse em seu colo.
— Não quero atrapalhar o deus do rock.
— Deus do rock? — Sebastian franziu os lábios. — Gostei disso.
Apressando os passos, Skyler voltou para o quarto ligando seu laptop para quem sabe escrever alguma coisa para a revista, mas parecia que o único com inspiração naquele dia era Sebastian.
Minutos se passaram enquanto ela encarava aquela tela em branco tentando bolar uma título ou uma ideia qualquer que fosse.
— Que saco! — Skyler fechou o laptop com força.
Se jogando na cama, ela resolveu pedir comida para passar o tempo e o único restaurante aberto aquela hora e que entregava rápido era uma pizzaria que ficava há poucos quarteirões dali.
— Oi, estou ligando para avisar que eu pedi uma pizza. — Skyler avisou ao porteiro. — Pode mandar o rapaz subir, não precisa interfonar. Obrigada.
Skyler não queria atrapalhar o processo de criação de Sebastian e isso significava não interrompe-lo com um interfone tocando.
Ligando a televisão, Skyler puxou as cobertas para assistir ao episódio de Friends na programação da TV a cabo e antes mesmo do episódio acabar ela recebeu a mensagem do entregador avisando que a pizza havia chegado.
Pegando o dinheiro em cima da cômoda, Skyler correu até a porta de entrada sem notar que toda a banda também estava reunida ali com Sebastian.
— Boa noite, pizza de pepperoni. — O entregador segurava a caixa com uma mão.
— Valeu. — Skyler entregou a nota nas mãos do rapaz. — Pode ficar com o troco.
Skyler usou o pé para fechar a porta e ao se virar para ir a cozinha ela tomou um susto vendo sua sala cheia de gente.
— Eu não sabia que estavam ai. — Skyler riu sem graça. — Se eu soubesse teria pedido mais uma pizza.
— Sem problema. — Keller estava com o baixo apoiado nas pernas. — A gente se vira.
— Eu posso fazer um lanche para vocês. — Skyler deu as costas seguindo até a cozinha. — Nada muito especial, talvez um sanduíche de pasta de amendoim. O que acham?
— Não precisa se preocupar com a gente. — Sebastian tinha o olhar fixo nos passos de Skyler que estava na ponta dos pés tentando alcançar o prato no armário de cima fazendo a camiseta que ela usava subir demais mostrando sua bunda.
Os rapazes desviaram o olhar ao ver a cara nada boa de Sebastian, nenhum deles ousou olhar por tempo demais... Nem mesmo Stacee.
— Ainda bem que você está aqui. — Skyler viu o momento que Sebastian se colocou atrás dela pegando o prato. — Valeu.
— Atendeu a porta vestida assim? — Sebastian perguntou e pelo seu tom de voz ele parecia bravo.
Skyler olhou para o próprio corpo, a camiseta branca de botão de Sebastian era tão grande e larga que cabia pelo menos duas dela.
— Assim como? — Skyler perguntou confusa.
— Com a bunda de fora.
— Eu esqueci de colocar a calcinha de novo? — Skyler perguntou debochada. — Poxa, foi mal.
— Adoro quando você me provoca, sabia? — Sebastian sorriu segurando o rosto de Skyler fazendo-a olhar em seus olhos. — Mas não na frente da banda.
— Claro, eu deveria ter imaginado. — Skyler riu debochada dando um tapa no braço dele para que a largasse. — Você não quer que seus amigos falem da minha bunda.
— Você não está pensando em fazer alguma coisa estupida, está? — Sebastian sentiu um frio percorrer sua espinha ao ver o sorriso de Skyler. — Por que você está fazendo aquela cara.
— Que cara? — Skyler levou os dedos sujos de queijo até os lábios.
— Essa cara. — Sebastian respondeu. — Por favor, só... Fica no quarto até acabarmos o ensaio.
— E se eu estivesse vestida? Eu poderia ficar? — Skyler perguntou de forma provocativa.
— Por favor... — Sebastian insistiu e Skyler rolou os olhos.
— Tá legal, mas não é porque você mandou e sim porque você pediu por favor. — Skyler passou por ele seguindo até o seu quarto. — Boa noite, rapazes.
A música estava alta e Skyler demorou para conseguir pegar no sono, parecia que os remédios que ela tomava para dormir não faziam mais o efeito de antes.
Havia um relógio digital sobre a mesa de cabeceira e ela encarava as horas se passando como um verdadeiro looping, ela tinha medo de dormir e acabar revivendo aquele pesadelo horrível de novo.
Era quase três da manhã quando Sebastian entrou no quarto para tomar uma ducha.
E as horas não paravam de passar.
— Está acordada? — Sebastian perguntou assim que Skyler o abraçou se aninhando em seu peito.
— Uhum. — Skyler respondeu fechando os olhos para tentar relaxar. — Terminou sua música?
— Ainda não. — Sebastian respondeu fazendo carinho nos cabelos de Skyler que estava começando a cair no sono.
Dormir abraçada a Sebastian era o único conforto que conseguia faze-la se acalmar.
— Vamos agendar para ir ao estúdio gravar a melodia essa semana, mas acho que não vamos precisar de um sample dessa vez. — Sebastian disse animado. — E a música vai se chamar Sky e não adianta me perguntar a letra porque eu não vou dizer, quero que você escute com o resto do mundo.
O silêncio fez Sebastian abaixar a cabeça.
— Skyler?
Ela não respondeu porque já estava em seu terceiro sono.
Puxando o cobertor para mais perto ainda abraçado a ela, Sebastian esticou a mão para desligar o abajur
[...]
— Como assim não tem disponibilidade para essa semana? — Sebastian perguntou furioso no telefone. — Eu não dou a mínima caralho!
Skyler abriu a porta segurando algumas sacolas de loja na mão vendo Sebastian andar de um lado para o outro discutindo no celular.
— Então vai se foder você e essa gravadora de merda. — Sebastian respondeu desligando o celular o jogando em cima do sofá.
— Algum problema? — Skyler tirou o oculos escuros o colocando sobre a mesa junto com as sacolas.
— Eles só vão conseguir liberar o estúdio para a gente gravar depois da ação de graças. — Sebastian respondeu irritado. — Parece que todos os engenheiros de som e o produtores saíram de férias.
— Caramba e não tem como dar um outro jeito? — Skyler perguntou preocupada.
— Estamos tentando falar com o dono do estúdio para ele liberar pelo menos uma sala antes do feriado.
— O Max está cuidando dos negócios, não é? Eu posso falar com ele. — Skyler sugeriu e Sebastian riu de forma sarcástica.
— Aquele mauricinho? — Sebastian riu. — É mais fácil ele chorar se eu aparecer na frente dele.
— Isso é um sim?
— Claro que não. — Sebastian se sentou na ponta do sofá. — Eu não quero você metida com aquele babaca.
— Eu só preciso dar um telefonema e...
— O que comprou? — Sebastian perguntou mudando de assunto porque sabia que falar sobre compras iria distrai-la.
Para Skyler aquele silêncio dele a respeito de sua pergunta já era uma resposta.
— Lembra que a exposição de literatura da Hope na escola é hoje? — Skyler perguntou revirando as sacolas de compras.
— Claro, encomendei um bolo e minha mãe enviou um presente para a Hope. — Sebastian disse animado. — Ela vai adorar.
— Ela vai adorar muito mais isso aqui... — Skyler enfiou a mão dentro da sacola tirou uma peruca de franja e cabelo preto. — Comprei um bigode falso para você também.
— Está brincando? — Sebastian perguntou chocado. — Porque?
— Essa exposição é importante para a Hope e você não pode perder isso. — Skyler viu Sebastian abrir a boca para dar um sermão. — É um momento único na vida dela e a Hope está tão nervosa... Seria legal aparecer para dar um apoio.
— Olha, eu sei o quanto você quer ajudar e o quanto gosta da Hope mas eu não posso arriscar aparecer na escola dela e ser reconhecido. — Sebastian imediatamente a cortou. — Sem chance.
— Antes de dar as costas e me ignorar poderia ao menos me ouvir? — Skyler perguntou vendo Sebastian rolar os olhos. — Você não pode ter medo de fazer parte da vida da Hope e participar desses momentos importantes, porque eles não vão voltar... Eu daria tudo para viver esses momentos com a minha filha. O que eu quero dizer é...
Skyler pigarreou.
— Faz isso por ela. — Skyler insistiu. — Você viu o quanto ela se esforçou por esse projeto da escola.
— E se alguém me reconhecer lá? Sabe o que vão dizer sobre mim? — Sebastian perguntou debochado. — Que sou um tarado invadindo escola de criancinhas.
— Você não vai precisar explicar nada porque eu te comprei isso. — Skyler riu empurrou a sacola de roupas em direção a Sebastian.
— Eu não vou vestir essa porcaria. — Sebastian disse incrédulo ao ver o suéter e a camiseta xadrez. — Isso é ridiculo.
— É um disfarce.
— Me arrume a porra de um terno mas isso? — Sebastian largou a sacola de qualquer jeito sobre a bancada. — É demais pra mim.
— Eu consigo esconder a tatuagem do seu pescoço com maquiagem. — Skyler segurou o rosto dele. — Confie em mim.
— Não sei não... — Sebastian engoliu seco. — Isso pode ser muito arriscado.
— Você não quer ver sua filha apresentando o trabalho que ela deu tão duro pra conseguir fazer? — Skyler conseguia ver a hesitação em seus olhos. — Só damos uma passada rápida.
— De que horas é isso?
[...]
A escola estava lotada com os pais e os alunos que andavam para lá e para cá procurando um lugar no ginásio que estava decorado com algumas obras de artes e imagens de figuras históricas importante.
Sebastian e Skyler conseguiram se misturar no meio de alguns pais que estavam entrando acompanhado de seus filhos e por usar aquela calça folgada, suéter e óculos de grau ele não havia sido reconhecido por ninguém lá dentro.
— Olha, é a Hope! — Skyler puxou Sebastian pela manga do suéter para que eles conseguissem se aproximar.
Hope estava palestrando sobre a importância do romantismo na história e na literatura e foi só quando Sebastian abaixou o óculos e acenou que ela finalmente o reconheceu.
— Pai. — Hope sibilou baixinho sorrindo de orelha a orelha com os olhos brilhando.
Ela queria acenar de volta e gritar que seu pai estava ali mas precisou se conter quando sua colega começou a falar dando continuidade ao projeto.
— Você não vai chorar, vai? — Skyler perguntou abraçando o braço dele apoiando a cabeça em seu ombro.
Uma professora se aproximou cutucando o ombro de Sebastian que tomou um susto se recompondo.
— Oi, vocês estão perdidos? — A mulher segurava uma prancheta em sua mão e Sebastian virou o rosto colocando o óculos no lugar. — Qual a sua turma?
Skyler percebeu que a mulher estava falando com ela e abriu e fechou a boca sem saber o que dizer.
— Você é aluna do último ano? Você e seu pai podem assistir a apresentação na arquibancada.
Espremendo os lábios para não rir, Skyler apenas concordou com a cabeça.
— Obrigada. — Skyler agradeceu tentando se segurar para não gargalhar alto e chamar atenção das pessoas.
— Mas que porra foi essa? — Sebastian arrancou o óculos do rosto. — Eu tenho cara de ser seu pai?
— Vai com calma, papai. — Skyler riu apenas para provoca-lo. — Você deu sorte por ela não ter te confundido com um professor de educação física.
— A culpa é sua por me colocar nessas roupas ridículas.
— A culpa é do departamento de esportes onde eu comprei essa roupa. — Skyler franziu os lábios. — Olha pelo lado bom, você está mesmo irreconhecível.
— As vezes eu quero te esganar sabia? — Sebastian bufou de raiva colocando o oculos no rosto mau humorado.
— Eu te beijaria agora mas séria estranho.
— Essa peruca não te deixou tão jovem quanto você pensa. — Sebastian disse e Skyler levou a mão até a franja bagunçando um pouco.
— Tá bom, vovô.
Antes da apresentação acabar os dois já estavam no carro do outro lado do estacionamento esperando por Hope que saiu correndo com a mochila nas costas ao ver o carro de Skyler estacionado ali.
— Eu não acredito que vocês vieram para a minha apresentação. — Hope abraçou Sebastian e Skyler de uma só vez. — Por que não me contaram?
— Era pra ser uma surpresa. — Skyler disse olhando para Sebastian.
— Eu estou muito orgulhoso. — Sebastian deu um beijo em sua bochecha. — Minha garotinha já pode virar presidente.
— Você gostou mesmo, pai? Eu sei que abri o sarau cantando uma música da Taylor Swift mas eu juro que se eu soubesse que viria teria cantando uma música sua. — Hope disse empolgada atropelando as palavras . — Eu não acredito que você realmente veio. Espera...
Hope se afastou revezando entre olhar para Skyler e para Sebastian.
— Que roupas são essas? — Hope perguntou horrorizada.
— Foi ideia minha. — Skyler finalmente arrancou a peruca soltando seus cabelos loiros. — Pra gente conseguir se misturar sem ser reconhecido.
— Se eu tivesse me matriculado naquele colégio católico isso não seria um problema. — Hope disse pensativa. — Aposto que as freiras nunca iriam saber quem você é.
— Seu pai queimaria se pisasse em uma igreja. — Skyler riu da própria piada.
— Olha só quem fala, a virgem maria de salto alto. — Sebastian debochou a fuzilando com os olhos.
— Eu ainda não consigo acreditar que vocês vieram. — Hope colocou as duas mãos no rosto. — Qual a parte que vocês mais gostaram? Eu fui bem mesmo? Vocês viram a Kim se roendo porque ficou de fora da abertura? Meu deus, eu estou tão feliz!
— Estou vendo. — Sebastian riu dando a partida no carro. — Por isso, temos que comemorar. Sua avó te enviou um presente.
— Legal. — Hope adorava os presentes de Georgeta, sua avó a conhecia melhor do que ninguém.
— Vamos comemorar da melhor forma possível, certo? — Skyler disse olhando para Hope que não parava de sorrir.
— Obrigada, S. — Hope a abraçou apoiando a cabeça em seu ombro. — Sei que foi você quem convenceu meu pai a vir...
— Ele estava doido para ver sua apresentação. — Skyler manteve os olhos em Sebastian que sorria vendo as duas mulheres da sua vida abraçadas daquele jeito. — Eu só dei um empurrãozinho.
— Mas eu sei que a ideia foi sua. — Hope pegou a peruca que estava no colo de Skyler colocando sob sua cabeça. — Ninguém além de você teria uma ideia tão boa.
— Gostou do meu disfarce? — Skyler riu tentando arrumar a peruca no rosto de Hope. — Agora seu nome é Sue.
— Esse era seu nome se alguém perguntasse? Pensei que era Tina. — Sebastian disse. — Você disse aquela mulher que era Tina.
— Disse? Eu acabei esquecendo. — Skyler riu sem graça. — Eu poderia ter dito que me chamava Beyoncé e ninguém iria perceber.
— Estamos indo comer comida mexicana! — Hope arregalou os olhos ao ver Sebastian manobrar o carro até o restaurante.
— Não lembra que me pediu para virmos até aqui uma vez? — Sebastian tirou o sorriso do rosto. — Merda, o lugar está cheio.
— Podemos fazer um piquenique na beira da piscina como foi no meu aniversário. — Hope estendeu a mão. — Quem vai me dar o cartão de crédito? Eu compro tudo.
— Seu pai. Eu estourei o limite comprando um casaco da Louis Vuitton. — Skyler confessou fazendo uma careta.
— Me mandem o que vocês querem por mensagem. — Hope desceu do carro praticamente saltitando animada com tudo o que tinha acontecido na ultima hora.
— Eu acho que nunca te agradeci. — Sebastian disse chamando a atenção de Skyler.
— Pelo o que?
— Por ser tão boa pra Hope. — Sebastian esticou a mão segurando a de Skyler. — Eu acho que foi um dos motivos que me fez gostar tanto de você.
— Você não precisa me agradecer por isso. — Skyler deu de ombros. — Eu tenho certeza que você sabe o quanto sua filha é incrível e especial. Não quero que ela passe pelo inferno do ensino médio sem o apoio da pessoa que ela mais ama no mundo... Bom, a segunda pessoa que ela mais ama no mundo, porque agora eu sou a primeira.
— Tudo bem, eu deixo você ficar com o primeiro lugar. — Sebastian disse. — E você? Já pensou em ser mãe?
Skyler deu um sorriso fraco e encolheu os ombros.
— As vezes. — Skyler viu Sebastian franzir o senho. — Eu não sei.
— Como assim não sabe? Você cuida tão bem da Hope...
— Mas isso não é instinto maternal ou nada do tipo. — Skyler negou com a cabeça. — Só estou sendo uma amiga.
— Discordo de você. — Sebastian balançou a cabeça. — O que eu vejo com a Hope é amor maternal sim e eu sei que ela sente o mesmo.
— Eu sou muito jovem para ser a mãe dela. — Skyler brincou. — Será que podemos mudar de assunto ou você vai propor me engravidar essa noite?
— Não mas você sabe que eu adoro tentar. — Sebastian deu um selinho em Skyler que se afastou dando uma gargalhada.
— Seu bigode espeta. — Skyler riu. — E esse assunto sobre gravidez está me deixando toda arrepiada e isso não é um bom sinal.
— Você é uma daquelas mulheres paranoicas com gravidez? — Sebastian arrancou o bigode fazendo uma careta.
— Porque ainda estamos nesse assunto? — Skyler estava começando a soar frio. — Você é o primeiro cara que não surta por falar sobre isso.
— Eu acho que estou imune a isso depois que a mãe da Hope bateu na minha porta com um teste de gravidez na mão. — Sebastian riu achando graça.
— Você nunca fala nela... — Skyler disse tentando não ser invasiva sobre o assunto.
— Ela morreu há muito tempo. — Sebastian balançou a cabeça. — Não gosto de ficar relembrando isso porque é um assunto delicado para a Hope.
— Como ela morreu mesmo? — Skyler perguntou olhando bem para o rosto de Sebastian. — Eu me lembro que foi algo que deu errado durante o parto?
— O parto da Hope foi difícil e ela não aguentou passar pela cirurgia.
— Caramba e os avós da Hope? — Skyler perguntou. — Por parte de mãe, é claro.
— Não quiseram manter contato. — Sebastian respondeu quase que se imediato, uma resposta rápida e curta.
— Que estranho, perder a filha assim e abandonar a neta...
— Você é mesmo uma reporter boa. — Sebastian riu. — Está fazendo uma entrevista sem nem ao menos discutirmos o pagamento.
— Sou eu quem deveria ser paga. — Skyler debochou. — Não é nada fácil te entrevistar.
— E como pretende ser paga, Senhorita Martell?
— Eu tenho algumas ideias em mente. — Skyler disse fazendo biquinho e Sebastian se inclinou para beija-la. — Uma bolsa nova ou um sapato.
O sorriso no rosto dele desapareceu.
— Estou brincando. — Skyler segurou o rosto de Sebastian com as duas mãos lhe dando vários selinhos. — Mas não seria nada mal ganhar uma bolsa da Gucci.
Hope abriu a porta do carro e fez uma careta ao ver os dois se beijando.
— Argh! Vocês vão ficar com essa melação o dia inteiro? — Hope entregou o copo de refrigerante tamanho família para Skyler. — Por favor, eu disse que queria uma família de verdade mas não me traumatizem.
— Eu não faço ideia do que está falando. — Sebastian passou o polegar pelo canto dos lábios para limpar o batom.
— Não quero ter que desejar o divórcio de vocês.
— Divórcio? — Sebastian deu uma gargalhada alta. — Não estamos casados.
— Do que está rindo? — Skyler perguntou olhando feio para Sebastian que gaguejou nervoso.
— Acho que te coloquei em maus lençóis, pai. — Hope pegou o copo de refrigerante dando um longo gole no canudo.
— Nós não somos casados. — Sebastian disse nervoso. — É só isso.
— Eu só não gostei da sua risada sarcástica.
— Não foi sarcástica. — Sebastian deu uma olhada rápida para Skyler. — Não foi.
Skyler ergueu a mão e Hope deu uma batida.
— Você é uma pilantra. — Sebastian se virou para a filha. — Vocês duas são.
— Eu comprei burrito de carne e frango e um vegetariano pra mim. — Hope começou a revirar a sacola. — Nachos com muito cheddar e guacamole para acompanhar.
— Guacamole. — Skyler fechou os olhos balançando os ombros animada. — Eu amo.
— Eu sei que estou em desvantagem aqui mas vocês se importariam se eu comprasse um cheeseburger? — Sebastian balançou a cabeça. — Eu preciso de comida de verdade.
— A gente vai continuar torturando ele? — Skyler perguntou para Hope que negou com a cabeça.
— Não, eu estou com pena.
— Obrigada por terem piedade de mim. — Sebastian deu a partida aumentando o volume do som seguindo até a lanchonete mais próxima.
O piquenique a beira de piscina acabou tendo que ser cancelado quando uma nuvem carregada trouxe uma chuva forte e inesperada fazendo os três jantarem no meio da sala assistindo a mais um filme da Julia Roberts.
— E por que eu não posso escolher o próximo? — Sebastian perguntou irritado ao perceber que estava em desvantagem.
— Porque estamos jantando e eu não quero assistir ninguém ser estripado ou esfaqueado. — Skyler respondeu passando pela lista de filmes do catalogo.
— Isso é injusto. — Sebastian tentou alcançar o controle mas Hope puxou da mão de Skyler que mostrou a língua para ele.
O interfone começou a tocar e Sebastian se apoiou na bancada correndo para atender.
— Sr. Stan?
— Sim? — Sebastian rolou os olhos ao ver mais um filme de comédia romântica começar.
— Tem uma mulher aqui embaixo pedindo para subir. — O porteiro ficou em silêncio como se estivesse se certificando de quem era. — Ela diz que se chama Lexi Sullivan.
— Pode manda-la embora. — Sebastian disse sem paciência.
— Ela disse que é caso de vida ou morte. — Sebastian rolou os olhos. — E está ameaçando fazer um escândalo na portaria e tem pelo menos uns dois fotógrafos acampados aqui.
— Tudo bem mas não a mande subir. — Sebastian respirou fundo. — Eu estou descendo.
— Sim, Sr. Stan.
Ao colocar o telefone no gancho, Sebastian respirou fundo passando a mão pelos cabelos em um ato nervosismo.
Seja lá o que Lexi quisesse, ele sabia que não era coisa boa ou ela não se arriscaria aparecendo daquele jeito sabendo que Skyler poderia facilmente lhe dar uma surra ou fazer algo pior.
— Que tal jogarmos twister? — Hope segurava a caixa com o presente de sua avó.
— Onde conseguiu isso? — Sebastian perguntou afinal não tinha aberto a caixa grande que sua mãe enviou.
— Foi o presente da vovó. — Hope apontou para Skyler. — E a Skyler me deu um vale presentes da chanel.
Sebastian ainda procurava uma desculpa para conseguir descer sem que ninguém desconfiasse.
— Quem era no interfone? — Skyler perguntou ajudando Hope a colocar o tapete do twister no chão.
— O porteiro. — Sebastian coçou a nuca. — Chegou uma encomenda e precisam que eu assine alguma coisa lá embaixo.
— Quando você voltar vamos jogar twister. — Hope apontou para Sebastian. — E nós vamos apostar!
— Vai aquecendo com a Skyler. — Sebastian foi até a porta. — Eu volto rapidinho.
Seu pressentimento não falhava nunca quando se tratava de Lexi e ao vê-la sentada na recepção Sebastian fez sinal com a cabeça para que a mulher o seguisse até o portão da garagem onde poderiam conversar em particular sem que o porteiro ou os vizinhos ouvissem a conversa.
— Não me deixou subir... — Lexi estava de braços cruzados. — Imagino que não queria que sua namorada saiba que estou aqui.
— Desembucha logo, eu não tenho o dia todo. — Sebastian parou de andar sem paciência.
— Eu vim me desculpar por tudo o que aconteceu e pedir para que me escute e me entenda. — Lexi disse fazendo Sebastian rolar os olhos.
— De novo essa história?
— Existe muito mais em jogo do que você pensa. — Lexi o segurou pelos ombros. — Olha pra mim, você acha que eu não fiz o que fiz por amor?
— Você machucou a Skyler fisicamente e chama isso de amor? — Sebastian perguntou se segurando para não perder a cabeça com Lexi.
— Eu faria tudo por você, Sebastian. — Lexi manteve a voz firme. — E eu sei que não consegue ver isso agora mas a Skyler não faz bem pra você. Ela está te manipulando e te transformando em uma pessoa que você não é... Isso é tóxico.
Sebastian tentou dar as costas para ir embora mas Lexi o segurou para que não se afastasse.
— Ela está tirando de você a única coisa que ama. — Lexi disse nervosa. — Sua música e toda sua essência.
— Já parou pra pensar que talvez a única coisa que eu me importe nessa vida seja minha família?
Lexi pareceu perdida ao ouvir aquelas palavras saindo da boca de Sebastian, ela nunca em um milhão de anos imaginaria que a prioridade dele era a família.
— Eu não vim aqui pra falar da Skyler e sim sobre nós. — Lexi disse se recompondo.
— Sério? Não parece. — Sebastian riu debochado. — E não existe nós.
— Claro que existe e precisamos falar sobre o nosso futuro. — Lexi disse séria vendo Sebastian apertar a têmpora.
— Não existe futuro pra nós, espero que eu esteja sendo bastante claro.
— Sebastian, eu estou grávida.
NOTAS!!!
A Skyler é uma mãezona pra Hope, não é? Ja ja nossa menina ta chamando ela de mãe kkkkkkkkk E ai? O que acharam desse final? Será que é realmente verdade ou só desespero da Lexi?