A Garota dos Meus Sonhos

By writertalita

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Victor Evans é um dos cirurgiões mais bem pagos de Seattle. Um homem fechado para os sentimentos e com uma pe... More

Capítulo 1 - "Aqueles olhos"
Capítulo 2 - "Coincidência"
Capítulo 3 - "Reencontro"
Capítulo 4 - "Olá, irmão"
Capítulo 5 - "É ela"
Capítulo 6 - "Coração Quebrantado"
Capítulo 7 - "O bom doutor"
Capítulo 8 - Lembranças Dolorosas
Capítulo 9 - Agenda cor de rosa e Confusão
Capítulo 10 - Inexplicável Conexão
Capítulo 11 - Atitudes Estranhas
Capítulo 12 - Descobrindo Sentimentos
Capítulo 13 - Um ato inesperado
Capítulo 14 - Atitude Generosa
Capítulo 15 - Ultrapassando limites
Capítulo 16 - Sonhos vs Realidade
Capítulo 17 - Quem é ela?
Capítulo 19 - A verdade vindo a tona
Capítulo 20 - O som da liberdade
Capítulo 21 - Uma chance ao futuro
Capítulo 22 - Visitas Inesperadas
Capítulo 23 - Perseguição
Capítulo 24 - Pessoas ajudam pessoas
Capítulo 25 - Ganhar ou Perder
Capítulo 26 - Intensa Aproximação
Capítulo 27 - Ela Sabe
Capítulo 28 - Maldito Diário
Capítulo 29 - Abismo de incertezas
Capítulo 30 - Acerto de contas
Capítulo 31 - O princípio do fim
Capítulo 32 - Despedidas e Recomeços
Capítulo 33 - A Reconciliação
Capítulo 34 - A Garota dos Meus Sonhos
Capítulo 35 - Epílogo
• Agradecimentos •
• Book trailer •

Capítulo 18 - Um passo para a liberdade

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By writertalita

Adentro o consultório de Lucy, cumprimentando-a com um aceno tímido antes de me dirigir ao sofá de veludo preto que conheço tão bem. A sensação reconfortante do tecido macio contra minha pele contrasta com a turbulência que sinto dentro de mim. Lucy observa-me com olhos perspicazes, percebendo instantaneamente que algo não está certo. Ela se aproxima com uma calma tranquilizadora e se acomoda na poltrona em frente a mim, um gesto que me faz recuar involuntariamente.

Meu coração dispara enquanto tento reunir coragem para enfrentar o que precisa ser dito. As palavras parecem pesadas em minha língua, como se estivessem lutando para encontrar uma maneira de sair. A atmosfera da sala parece carregada de expectativa, e a tensão aumenta à medida que eu hesito em compartilhar meus pensamentos mais profundos.

Lucy espera pacientemente, seus olhos gentis transmitindo um apoio silencioso. Sinto-me acolhida por sua presença tranquilizadora, mas também assustada com a vulnerabilidade de revelar meus verdadeiros sentimentos. No entanto, sei que não posso adiar mais.

Respiro fundo, reunindo toda a minha determinação, e começo a falar.

— Eu decidi que vou denunciar meu padrasto, estou cansada de me esconder dentro da minha própria casa — Sinto o nó de minha garganta se desfazer. — Eu preciso me libertar disso, e ninguém pode fazer isso além de mim.

Cada palavra é um esforço, mas à medida que minha história se desenrola, sinto um peso sendo levantado de meus ombros. Lucy ouve atentamente, oferecendo palavras de encorajamento quando necessário e um silêncio compreensivo quando as lágrimas ameaçam dominar.

A mulher se aproxima e se senta ao meu lado, ela segura minhas mãos.

— Sei que não foi uma decisão fácil de tomar.

Assentindo com a cabeça.

— Não foi mesmo. Estou com tanto medo do que ele pode fazer quando descobrir... Mas não posso mais ficar em silêncio.

— Você não está sozinha nisso. Eu estarei ao seu lado, Mavie. Posso te acompanhar à delegacia, se quiser.

Sinto um peso sendo levantado de meus ombros.

— Obrigada, Lucy. Eu aceito sua ajuda.

— Estou aqui para você, sempre. E depois disso, se precisar, há opções para você não ficar mais em casa. Sua segurança é prioridade.

Sinto meus olhos marejarem, Lucy realmente era uma mulher incrível.

— Ele é capaz de qualquer coisa, Lucy... Não posso mais arriscar.

— Entendo. Vamos cuidar disso juntas, Mavie. Você não está sozinha.

À medida que a sessão avança, sinto um alívio gradual se instalar em meu peito. A confiança que deposito em Lucy e a segurança de seu espaço terapêutico me permitem explorar emoções e pensamentos que antes estavam escondidos nas sombras. Apesar da dor e da vulnerabilidade, sei que estou dando passos em direção à cura.

Ao final da sessão, antes de sairmos da sala, lembro-me de outro assunto em questão, Elifh. Eu não poderia sair dali sem saber quem era aquela mulher, a curiosidade já estava me matando.

— Lucy, preciso te perguntar algo... quem era aquela mulher que estava com Victor no elevador?

Lucy me olha surpresa, não parecia esperar ouvir sobre o assunto.

— Ah, você viu? Aquela é a Elifh.

— O nome pareceu te soar familiar... espera, você não pareceu surpresa a quando mencionei.

— É que... bem, a Elifh é uma antiga amiga de Victor. — Lucy fala da mulher com indiferença. — Mas, eu tenho que te dizer, ela não é alguém de boa índole.

— Como assim?

— Elifh já teve um relacionamento com o Dominic, irmão gêmeo de Victor. E, bom, não foi algo bom. Ela não é exatamente uma pessoa confiável.

— Nossa, fico impressionada. Não gostei nem um pouco dela. — Franzo o nariz ao me lembrar da mulher.

— Eu entendo. É melhor ficar longe dela. E pode ficar tranquila, Victor não tem nada além de amizade com ela. — Me assegura Lucy.

— Obrigada por me contar, Lucy. Vou seguir seu conselho e manter distância.

A morena me lança um breve sorriso, em seguida saímos de sua sala.

À medida que nos aproximávamos da saída do hospital, Lucy e eu trocávamos olhares nervosos. A tensão no ar era palpável, especialmente quando avistei Victor na recepção. Seus olhos encontraram os meus e instantaneamente, um arrepio percorreu minha espinha.

Victor se aproximou, com um sorriso incerto no rosto, tentando iniciar uma conversa. Senti meu coração acelerar, mas me esforcei para manter a compostura. Ignorando-o, continuei andando, determinada a deixar aquele lugar para trás.

— Onde vocês estão indo?

Sua voz ecoou atrás de nós, mas eu não me dei ao trabalho de responder. Cada passo que dávamos em direção à saída era uma tentativa de escapar daquele encontro inevitável.

Minha psicóloga já havia me explicado sobre Elifh, mas eu queria evitar contato com Victor, naquele momento eu só queria manter meu foco em uma coisa, a denuncia contra Charles. Lucy segurou minha mão com firmeza, demonstrando seu apoio silencioso enquanto enfrentávamos a situação juntas. A ansiedade me consumia, mas eu me recusava a olhar para trás.

Finalmente, ao alcançarmos a liberdade da rua, respirei fundo, sentindo um peso sendo retirado dos meus ombros. Ainda assim, a sensação do olhar de Victor permanecia gravada em minha mente, ele estava preocupado mas a imagem de suas mãos sobre a cintura daquela mulher, não saiam da minha cabeça.

Lucy pede um táxi e seguimos caminho para a delegacia mais próxima, o trajeto foi silencioso eu apenas pensando em como eu iria explicar aquela decisão para a minha mãe, que com certeza ficaria chateada, mas como eu disse, já havia passado da hora de tomar tal decisão Charles estava cada dia mais violento e possessivo e com certeza, uma hora ou outra, acabaria mal.

Chegamos a delegacia e Lucy paga o taxista, logo que entramos no estabelecimento sinto um nó se formar em meu estômago, sentindo cada olhar sobre mim enquanto me movo pelo espaço. Minhas mãos suam e meu coração bate forte no peito, uma mistura de ansiedade e determinação me impulsionando para a frente. Respiro fundo, tentando reunir coragem enquanto enfrento o desafio diante de mim.

Olho para Lucy e a mesma me transmite apoio.

— Estou aqui com você, Mavie. Vai ficar tudo bem.

— Obrigada, Lucy. Não sei o que seria de mim sem você aqui. — Respiro fundo, tentando manter a calma.

Nos aproximamos da recepção e a moça atrás do balcão nos encara e lança um sorriso gentil.

— Boa tarde, como posso ajudar?

Com a voz trêmula eu tento me comunicar com a mulher de cabelos vermelhos.

— Eu... Eu gostaria de registrar uma denúncia.

— Claro, por favor, preencha esta ficha com seus dados e logo será atendida.

Preencho a ficha, minhas mãos tremendo sobre o papel, enquanto Lucy permanece ao meu lado, oferecendo seu apoio silencioso.

Termino de preencher e devolvo o papel para a recepcionista.

— Obrigada, senhorita. Por favor, aguarde um momento que a delegada logo estará disponível para atendê-las.

Procuramos algum lugar para se sentar, enquanto esperava pude notar que aquele lugar era um dos mais triste que eu já entrei, enquanto estive ali presenciei o desespero de uma mãe ao ver o seu filho sendo levado pelos policiais, uma criança pedindo para ver o pai que estava preso. Cenas de cortar o coração.

Sinto um calafrio percorrer minha espinha. O ambiente é impregnado de uma atmosfera pesada e sombria, como se cada parede carregasse o peso das histórias de dor ali testemunhadas. O cheiro de desinfetante tenta encobrir o odor de desespero que paira no ar, mas não consegue.

Os corredores estreitos e mal iluminados ecoam com os murmúrios de vozes abafadas e os soluços abafados de outros que, como eu, buscam justiça. Cada cela vazia parece uma promessa não cumprida, uma esperança dilacerada. Mas apesar do medo que me consome, permaneço firme, determinada a não deixar que minha voz se perca no silêncio.

Escuto meu nome ser chamado e caminho em direção a sala da delegada, agradeço a Deus por ser uma mulher. Ao adentrar o escritório da delegada, você é imediatamente envolvido por uma atmosfera de autoridade e diligência. As paredes são adornadas com diplomas, certificados de reconhecimento e fotografias ao lado de figuras proeminentes da aplicação da lei.

Uma grande mesa de madeira escura ocupa o centro da sala, meticulosamente organizada, com uma fileira de cadeiras de visitantes dispostas em frente a ela. Uma estante abriga volumes de códigos legais, manuais de procedimentos e registros importantes. A iluminação é sóbria, mas suficiente para facilitar a leitura de documentos. O ambiente transmite uma sensação de respeito pela lei e dedicação ao serviço público.

A delegada veste um terno sob medida, em um tom sóbrio e profissional, como o cinza escuro. O blazer ajustado realça sua figura sem ser excessivamente chamativo, transmitindo uma imagem de autoridade e confiança. Sob o blazer, ela usa uma blusa de seda branca ou creme, combinando elegância com discrição.

As calças têm um corte clássico e são de alta qualidade, completando o conjunto com sofisticação. Seus sapatos são de couro, confortáveis o suficiente para longas horas de trabalho, mas ainda assim elegantes. Para finalizar o visual, ela usa acessórios discretos, como um relógio de pulso refinado e uma joia discreta, mostrando seu gosto refinado sem chamar muita atenção para si mesma.

Me aproximo da mulher que me estende a mão para cumprimentá-la, eu estava um pouco recuada e a delegada notou o meu desconforto.

— Pode ficar tranquila, aqui ninguém vai te machucar. — Ela me lança um sorriso gentil.

A delegada me convida a se sentar, e assim o faço, coloco minha bolsa sobre o meu colo esperando o interrogatório começar. Observo a mulher prender os cabelos com um lápis, e em seguida colocando seus óculos; ela lê ao que parece ser a minha ficha, em seguida seus olhos fixam em mim.

— Eu preciso te fazer algumas perguntas, só responda se sentir confortável. Ok?

Apenas balanço a cabeça em confirmação.

— Está bem, quando os abusos começaram?

Minha mente volta no tempo, exatamente no dia em que fui abusada pela primeira vez.

— Quando eu tinha oito anos, uns dias depois que minha mãe o levou para morar em nossa casa. — Era impossível de segurar as lágrimas. — Ele me ameaçava, eu fiquei com medo de contar o que estava acontecendo.

— Tudo bem, Mavie. Todo abusador age dessa maneira, ele ameaça a vítima ainda mais você, sedo uma criança, ele sabia que você não ia contar.

— Eu deveria te contado, eu fui fraca — Seco o rosto com as mangas da blusa. — Me desculpe pelo choro.

— Não tem problema — A mulher segura minha mão que estava sobre a mesa. — Você tinha o apoio de alguém? Alguém mais sabia sobre os abusos? Além da sua mãe que não sabia de nada.

— Sim, o meu irmão Ethan, ele é filho de Charles mas sempre esteve ao meu lado. Depois que ele soube, evitava me deixar sozinha com seu pai.

— Ethan nunca quis contar, denunciar?

— Sim, ele sempre me dizia para fazer isso, mas eu nunca permiti que ele falassem nada.

— Escuta Mavie, Ethan é a sua única testemunha?

Paro para pensar um pouco e me lembro do dia em que Victor esteve em minha casa, e presenciou aquela maldita cena.

— Não, tem um amigo também, ele sabe do que eu venho passando e já chegou a presenciar.

— Muito bem, qual o nome dele? Eu preciso colocá-lo na lista de testemunhas.

— Victor, Victor Evans.

Ela sorri para mim e escreve o nome de meu irmão e de Victor em uma ficha.

— Pronto, você deu início ao fim da sua batalha. Enviaremos a intimação o mais rápido possível, ele vai pagar por tudo que já te fez.

Olho para ela com um sorriso maior que o mundo, eu consegui, pude sentir um peso sair de minhas costas. Finalmente eu estava liberta daquela culpa que me consumia todos os dias. Agradeço a delegada e me retiro de sua sala.

Do lado de fora me encontro com Lucy novamente e conto a ela como foi com a delegada, ela me parabeniza pelo coragem e me abraça. Saímos da delegacia e Lucy insiste para que eu fosse dormir em seu apartamento, ela estava com medo de que Charles fizesse algo comigo. Mas eu neguei, afinal a delegada disse que demorava alguns dias para enviar a intimação.

Nos despedimos e eu peço um táxi, durante o trajeto meus pensamentos focavam em Victor, a visão dele com Elifh não saiam de minha cabeça. Não entendo porque vê-lo com outra mulher, me afetou tanto! Meu coração apertava só de imaginar ele com outra garota, a amizade dele era importante pra mim. Eu jamais encontraria em outra pessoa o que ele está sendo pra mim.

Chego em casa e sou recebida pelo olhar furioso do meu padrasto. Seus olhos queimam com a raiva contida, e meu coração começa a martelar no peito com medo do que está por vir. Antes que eu possa articular uma palavra, ele me questiona com voz áspera sobre minha visita à delegacia.

O pânico toma conta de mim quando percebo que ele descobriu. Em um impulso desesperado, corro em direção às escadas, ouvindo seus passos pesados ecoando atrás de mim enquanto ele grita exigindo explicações. Minhas pernas tremem conforme subo os degraus, cada vez mais rápido, minha única esperança é alcançar meu quarto.

Chegando lá, tranco a porta com toda a força que consigo reunir, mas escuto meu padrasto batendo com fúria, cada golpe ecoava como um trovão na minha mente assustada. O desespero me consome enquanto procuro por uma saída.

Olho para a janela, minha única rota de fuga. O coração na garganta, hesito por um momento, mas a ameaça iminente dentro do quarto me obriga a agir. Com um último olhar para trás, tomo uma decisão rápida e salto para fora, sentindo o vento cortar meu rosto enquanto caio em direção à liberdade incerta. Começo a correr sem rumo, eu apenas queria fugir.

Ofegante e com as pernas tremendo, continuo correndo o mais rápido que posso, cada batida do coração ecoando em meus ouvidos como um tambor descontrolado. O desespero me impulsiona adiante, meu corpo se movendo por puro instinto de sobrevivência. O medo me consome, mas é também o que me dá a adrenalina necessária para continuar.

Quando finalmente paro para recuperar o fôlego, percebo onde estou: diante do condomínio onde Victor morava. Um vislumbre de esperança surge dentro de mim. Sabendo que ele é uma pessoa em quem posso confiar, sinto um alívio temporário. Com um último esforço, corro em direção ao prédio, implorando que ele esteja em casa para me ajudar a enfrentar essa situação terrível.

Me aproximo do portão e aperto o interfone, milagrosamente o síndico me atendeu com rapidez, e para a minha sorte Victor tinha deixado a minha entrada autorizada; me lembre de agradecer a ele mais tarde.

Com as pernas trêmulas e a respiração irregular, eu me apresso em direção ao elevador, mal conseguindo pressionar o botão do andar de Victor. O curto momento de descanso durante a ascensão é uma bênção, permitindo-me recuperar um pouco o fôlego antes de enfrentar o próximo desafio.

Quando as portas do elevador se abrem, meu corpo parece desistir de mim. As pernas falham, e minha visão começa a ficar turva. Luto contra a vertigem que ameaça me dominar enquanto me forço a continuar em frente, determinada a alcançar a segurança do apartamento de Victor.

A campainha ecoa pelo corredor e, para minha imensa gratidão, Victor abre a porta quase que imediatamente. Antes que eu possa articular uma palavra, sinto minhas forças cedendo, e tudo se torna escuro ao meu redor. Desfaleço nos braços de Victor, entregando-me à inconsciência com a certeza reconfortante de que estou finalmente segura.

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