INEFÁVEL - LUKE HOBBS

By n1k4rn

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inefável adjetivo de dois gêneros 1. que não se pode nomear ou descrever em razão de sua natureza, força, bel... More

INEFÁVEL
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By n1k4rn


Acordei no meio da noite, quando ouvi a voz de Samantha baixinho no quarto, percebi ela tentando escalar a cama que era alta para o seu tamanho.

—Tia Cecília...— me chamou baixinho, passando a mão no meu braço.— Não consigo acordar o papai.

— Oi, querida, aconteceu algo? — perguntei após despertar completamente e acendi o abajur que tinha do meu lado da cama.

— Não consigo dormir... — murmurou de forma embolada e chorosa e eu me levantei para levá-la de volta ao quarto.

— Vamos lá então, vou te contar outra história e aí eu fico com você até você dormir, pode ser? — perguntei baixinho e ela concordou, segurando minha mão, saindo do quarto e indo para o dela.

— Seu pai te contou a história da Aurora antes de dormir, qual você quer ouvir agora? — perguntei, acendendo a luz do quarto e a vendo correr para a prateleira de livros infantis que havia ali.

— Esse — puxou um dos diversos livros e me entregou, enquanto corria para sua cama e se cobria.

Me sentei no chão, ao lado da cama, com o livro em mãos e observei a história, Branca de Neve e os sete anões. Comecei a contar a história, como fazia com meus alunos lá no Rio, de forma que ela ficasse envolvida com o conto.

De forma rápida, enquanto ouvia a história e recebia um carinho no cabelo, ouvi sua respiração mudar, de rápida, para uma mais serena e tranquila. Ela havia dormido.

Deixei o abajur ligado e me levantei, guardei o livro em seu devido lugar e saí do quarto, apagando a luz e me certificando que ela estava coberta de um jeito certo.

Fechei a porta com o maior cuidado do mundo para não fazer barulho e quando me virei, bati de frente com o peitoral de alguém.

— Que susto, Luke! — resmunguei, passando a mão no nariz.

—Passei a mão e não te achei na cama, pensei que tivesse sonhado que você estava aqui, então levantei para ver a Samantha. — falou baixinho e passou o braço pela minha cintura, me puxando de volta para o nosso quarto.

— Minha ficha não caiu também! — confessei e me sentei na beira da cama, bocejando. — Perdi o sono.

— Aconteceu algo com a Sam? — perguntou, se sentando atrás de mim na cama e colocando pro lado o cabelo que tampava meu pescoço.

— Ela veio aqui e me chamou, falando que não conseguiu te acordar e que estava sem sono. — expliquei e senti um beijinho no ombro e em seguida ele começou uma massagem. — Hmm, vou me acostumar assim.

— Espero que acostume mesmo. E você colocou ela pra dormir? — perguntou curioso.

— Sim, li uma história e logo ela pegou no sono. — respondi, jogando o pescoço para um lado, aproveitando muito mais a massagem.

— Ela gostou de você, e isso é muito bom. Fiquei apreensivo de vocês não se darem bem...mas que bom que isso não aconteceu. — confessou, respirando aliviado e eu sorri.

— Eu amo crianças, tenho um dom especial e automaticamente todas gostam de mim.

— Esse seu dom especial não funciona apenas com crianças. Automaticamente, quando te vi, gostei de você.

— Affe, que gado! — murmurei — Assim que eu gosto.

Ficamos em silêncio por alguns instantes e logo ele terminou a massagem, se deitou, apoiado na cabeceira da cama e eu me ajeitei entre suas pernas.

— Tem notícias da Elena? — perguntou fazendo um carinho no meu cabelo.

— Só consegui falar com ela anteontem. — respondi respirando fundo. — Mas não quis me dizer onde estava. Só disse que estava bem, que estava com saudades e que estava aproveitando com o Toretto.

— O Toretto é um bom homem, só está do lado errado da lei.

— Ele é bom sim, foi com o dinheiro que ele me deu que eu vim pra cá, sabia? — murmurei e senti um olhar de confusão. — Uma vez ele passou lá em casa de noite procurando a Elena, ela estava com o cordão dele. Me assustei com alguém em casa tarde da madrugada e peguei um vaso de cerâmica que tinha na sala, mas aí eu me assustei com ele, deixei o vaso cair e me machuquei...no fim ele me ajudou e ainda limpou a bagunça. Na segunda, quando você me deixou em casa, tinha uma caixa com um bilhete, dentro da caixa tinham dez mil dólares, pra mim.

— Ele te deu dinheiro por que fez você machucar o pé? — gargalhou e eu concordei.

— Nada mais que a obrigação dele, né! Fiquei manca um tempão por culpa dele. — respondi divertida, mas minha feição logo mudou. — Ele é um bom homem, mas tenho medo da Elena sair machucada...fiquei sabendo que ele tinha uma esposa, não é?

— É, ele tinha sim, mas de acordo com as notícias ela morreu no ano passado.

— Foi muito recente, ele deve amar muito ela ainda, então tenho medo dela se machucar.

— Ela é esperta, vamos torcer pra ela usar isso a favor dela e não se machucar, tá bom?! — beijou meus cabelos e eu balancei a cabeça concordando.

Senti os olhos pesados enquanto ele continuava com o carinho em meu cabelo. Cedi ao sono, já que estava cansada pela viagem.

-

— Você leva ela na escola pra mim? — Luke perguntou enquanto eu me sentava em um dos bancos da bancada da cozinha enquanto preparava o café. — Tenho que ir mais cedo pro serviço.

— Eu até levo, mas não faço ideia de onde fica. — murmurei mastigando uma uva verde.

— Vou colocar o endereço no GPS do carro, você dirige, não é? — perguntou arqueando uma das sobrancelhas.

— Não tão bem quanto o Toretto, mas o básico eu sei.

— Vou deixar o endereço da escola e aqui de casa salvos no GPS, então, mas qualquer coisa você pode me ligar depois. Vou deixar avisado na escola que você tem permissão pra deixar e buscar a Samantha. — murmurou, vindo até mim e me dando um selinho antes de distribuir os ovos mexidos nos três pratos.

— Hein, como dou entrada pra conseguir o visto permanente? Entrei com o visto de turista, eu acho... não entendo dessas coisas.

Ele parou e me encarou, tentando pensar numa solução — Eu resolvo, não se preocupa não.

— Bo dia!

Ouvimos a voz de Samantha chegando na cozinha e eu sorri vendo que ela estava com o rostinho amassado e o cabelo todo bagunçado, o sono tinha sido bom.

Luke largou tudo e foi em direção a filha, a abraçando e a tirando do chão numa facilidade surreal, brincou e fez cócegas na garotinha e eu olhei aquela cena sorrindo divertida.

Quem o visse sendo todo fofo e carinhoso com a filha e até mesmo comigo, não imagina que o mesmo homem que anda com uma carranca séria pra baixo e pra cima quando está em serviço.

Sexy.

Samantha correu em minha direção assim que o pai a deixou no chão e bateu na minha perna, me pedindo colo. Sorri e me curvei para pegar a garotinha e coloca-la sentada sobre minhas pernas.

— Bo dia, tia Cecília! — murmurou e me beijou no rosto, minha vontade era de gritar de tanto amor, mas me segurei e lhe devolvi o beijo na bochecha lhe desejando um bom dia também.

— Alguém está com fome? — Luke perguntou e a garotinha prontamente levantou os braços e disse que ela estava.

Samantha continuou sentada nas minhas pernas enquanto o pai pegava o prato e talheres de plástico para a garota se alimentar, ovos mexidos, frutas e iogurtes.

Ela comeu tudo enquanto mantinha uma conversa aleatória sobre como estava ansiosa para contar aos colegas que agora o seu papai tinha uma namorada, já que as mães solteiras da escola sempre ficavam de olho no papai dela.

Luke e eu rimos da situação e ela estava aparentemente contente de poder contar isso para Deus e o mundo.

-

— Tchau meninas, até o almoço! — Luke se despediu, beijando a testa da filha e me dando um beijinho rápido antes de sair pela porta.

— Tchau, papai! — Samantha murmurou, atenta ao desenho enquanto eu terminava de arrumar seu cabelo em um penteado bem bonito.

Assim que terminei, fui até a cozinha atrás da lancheira dela que Hobbs já havia deixado pronta antes de sair, levei até a sala e subi para trocar de roupa e ficar apresentável para sair de casa.

Casa.

Estranho pensar que agora essa era minha casa, essa era minha realidade.

Vesti uma calça jeans lisa de lavagem clara e coloquei uma blusa preta de manga cumprida já que o clima aqui era bem mais fresco que o Brasil e por último calcei o único par de tênis que eu trouxe.

Não fiz questão de trazer tudo, até pq não tinha muita coisa, trouxe o essencial e algumas outras deixei para trás. Isabel, irmã de Elena, ocuparia a casa, então deixei para ela.

Preciso arrumar algum serviço para conseguir comprar coisas novas, inclusive roupas de inverno, no Rio eu tinha um único moletom desde os treze anos, já que não tinha que me preocupar com o frio; entretanto, aqui o frio é diferenciado.

Desci as escadas e voltei para a sala, vendo Samantha ainda assistindo o desenho de antes, sentada comportadinha.

— Sam, vamos? — a chamei, pegando as chaves do carro que Hobbs deixou para meu uso.

— Sim, tia! — respondeu e pegou a mochila junto com a lancheira e seguiu para a porta enquanto eu desligava a televisão e ia logo atrás.

A garotinha já estava arrumada e conferi sua mochila, vendo se estava faltando algo, mas estava tudo certinho.

Levei uma coça até conseguir travar a cadeirinha infantil que estava no banco de trás. Samantha ria da minha dificuldade e eu ria da sua risada gostosa.

Quando consegui, comemorei com uma dancinha que a fez rir ainda mais, tranquei a porta do carro e dei a volta, indo para o banco do motorista, passei o sinto de segurança e liguei o veículo.

— Que Deus não me deixe bater esse carro. — murmurei baixinho em português e liguei o GPS do carro e vi que o trajeto até a escola já estava marcado.

— Tia, coloca uma música? —pediu antes que pudéssemos sair e eu concordei, ligando na rádio onde tocava algumas músicas pops do ano.

Me certifiquei de que estava tudo no lugar e saí com o carro da garagem.

Samantha e eu cantarolávamos baixinho as músicas que tocavam e dentre elas tocou Baby do Justin Bieber, que havia sido sucesso no ano passado.

Me envolvi tanto na música que quando cheguei na escolinha com Samantha, não percebi que tinha estacionado em lugar errado.

Não havia lugar em frente a escola e eu estacionei em um local próximo, desci e corri para tirá-la da cadeirinha e leva-la para o portão.

— Está com o seu lanche?

— Sim!

— Garrafa de água?

— Sim!

— Com saudades do papai?

— Sim!

— Eu também. — confessei a encarando e agarrei na sua mão, olhando para os dois lados e atravessando quando não vinha nenhum carro.

— Qualquer coisa pede para ligarem pra casa, ok? Seu pai está trabalhando, então liga pra lá que eu venho correndo, tá?! — me agachei à sua frente antes de entregá-la para a pessoa responsável pela acolhida das crianças.

Samantha aproveitou minha proximidade e me abraçou, a abracei de volta e deixei que ela fosse junto com os amiguinhos.

A garotinha se virou e acenou sorridente e eu fiz o mesmo. Assim que me certifiquei que ela estava lá dentro, me virei e voltei para o carro.

Mas tinha logo de diferente: um papel preso no para-brisa do carro.

Uma multa, kkkk.

— Deus! — murmurei, olhando para os lados na tentativa de ver alguém, mas já não tinha ninguém.

Bati os pés no chão, surtando, mas quase instantaneamente peguei o celular do bolso, discando o número dele, mas antes que pudesse ligar, ele já estava me ligando. Atendi.

— Amor...— murmurei ao ouvir sua voz. — ganhei uma multa por estacionar em local inapropriado.

Resmunguei enquanto ele ria da minha gafe, do outro lado da linha era só isso que era ouvido: risadas.

Eu resolvo, fica tranquila!

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