Between Us • Jikook •

By YunaMiwa29

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Devido à sua aparência delicada, Jimin atrai atenção indesejada desde a infância. Ao conhecer Jeon Jungkook... More

Avisos & Cast
1. Uma aposta inocente
3. Paredes finas
4. Proibido
5. A culpa
6. Sem formas de escape
7. Sentimentos são inúteis
8. O mesmo erro

2. As consequências de suas ações

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By YunaMiwa29



— Todos os dias eu agradeço a Deus por ter um gerente tão bonito.

Jimin fez uma careta para a estagiária do departamento de finanças, Verônica, antes de voltar o olhar para seu melhor amigo.

Havia muito poucas coisas que faziam Jimin perder o sono. Como todos de sua família, ele tinha a incrível habilidade de dormir a qualquer hora e em qualquer lugar. Infelizmente, ele não conseguiu pregar os olhos por todo o final de semana, preocupado com a última conversa que teve na sexta-feira à noite. Depois de dar um aviso particularmente ridículo, Jungkook saiu e não voltou para casa o fim de semana inteiro.

Não que estivesse preocupado com o que o imbecil estava fazendo. Isso não era da sua conta. Mas foi irritante que o cara jogou uma bomba em cima dele e depois foi se divertir como se nada tivesse acontecido. Como se não tivesse ferrado com a sua cabeça.

Jimin pressionou os lábios juntos, transformando seu rosto delicado em uma expressão de óbvia insatisfação quando Jeon olhou para ele do outro lado da sala. No momento em que o cara virou o rosto e voltou a conversar com a nova funcionária, a careta de Jimin piorou.

Jeon não parecia ter intenção alguma de ter uma conversa com ele, levando em conta que foi direto para o trabalho após passar dois dias longe de casa. Talvez ele soubesse que Jimin estava o esperando no sofá da sala, pronto para discutir no momento em que ele passasse pela porta. Discutir provavelmente não resolveria o maior problema, mas pelo menos era uma boa saída para a frustração e raiva que estava sentindo.

Raiva de si mesmo, por ter ficado bêbado e achado que era uma boa ideia aceitar aquela aposta.

E frustração por seu amigo ser um babaca por fazê-lo cumprir com seu acordo.

Era comum apostarem sobre tudo. Encontraram essa diversão no ensino médio, quando jogaram uma partida de The king of fighters na máquina de fliperama. Jimin ganhou e o fez ir com um conjunto de roupas femininas para a escola no dia seguinte. Ele quase mijou de tanto rir.

Depois disso foram as partidas de cartas. Bozó, corrida, tabuleiro, quebra-cabeças, Kart. Basicamente, tudo que houvesse vencedor e perdedor. Os desafios sempre dentro dos limites.

E então, veio aquela maldita aposta.

Jimin passou a mão pelo cabelo, irritado.

— Eu adoraria ver o que tem debaixo daqueles óculos e do terno engomadinho. — Verônica disse melosamente, sem sequer perceber seu desconforto. Seus olhos pareciam obscenos enquanto escaneavam Jeon de cima a baixo. — Um toque seria o suficiente para me fazer gozar.

Ele tentou não levar o tom meloso e a conversa totalmente sem sentido para o lado pessoal. A maneira estranha e fanática das mulheres no escritório eram bastante históricas. Não havia uma única mulher que não olhasse para Jeon com desejo mal-disfarçado. Em um dia normal, isso não seria um problema.

Mas ele estava tão no limite que até mesmo aquelas palavras sussurradas o perturbou.

Jimin sentou em sua cadeira, sua nuca fervendo e coçando com a raiva. — Você não tem algo melhor para fazer?

Verônica o encarou e fez uma leve careta. — Claro que não. Já terminei todos os meus relatórios, mas não posso dizer isso para ninguém. Deus sabe que eles vão me encher de trabalhos que não têm nada a ver com a minha função.

Ele se limitou a pressionar os lábios e ficar em silêncio por um momento, sua cabeça começando a doer.

Ao contrário de sua colega de trabalho, ele não tinha terminado nem um terço dos relatórios que tinha que entregar até o fim do expediente. As noites mal dormidas cobraram um preço caro, e estava difícil se concentrar.

Além do mais, a atmosfera naquela manhã parecia pior do que o normal.

Ele suspirou e voltou a olhar para seu melhor amigo.

Jeon era apenas dois anos mais velho do que ele, vinte e sete anos, mas o cara era totalmente fascinante, exalando uma presença forte, enervante e sedutora ao mesmo tempo. Ele tinha mulheres com o dobro de sua idade se curvando para ele, batendo os cílios descaradamente enquanto esperavam por uma oportunidade para deitar em sua cama.

Enquanto isso, os homens do escritório pensavam que o fato de Jimin ter uma aparência mais delicada e ser explosivo era adorável. Como um ímã para predadores. Não podia confiar nos homens.

E ultimamente, nas mulheres também.

Verônica o olhou por um momento, seus olhos azuis bastante observadores - parecendo ler a mente de Jimin com uma facilidade assustadora.

— Você está irritado. O que foi? — Os olhos da estagiária se estreitaram ligeiramente. — O gerente fez algo?

Jimin suspirou. Até agora, não havia pessoas que sabiam sobre o relacionamento de amizade entre Jeon e ele. Pareceu uma coisa boa manter em segredo para evitar fofocas desnecessárias. O que passou na faculdade tinha sido o suficiente de estresse por toda sua vida.

Foi a melhor escolha que podia fazer, levando em consideração que mesmo que tivessem o mínimo de contato lá dentro, ainda olhavam desconfiados para ele. Como se Jimin fosse uma amante suja.

Verônica foi uma exceção porque... bem, porque ela o viu entrando no carro de Jungkook alguns meses atrás.

Ele andava até um ponto da esquina, onde seu amigo o estaria esperando para irem ao apartamento juntos, já que seria um gasto desnecessário usar outro automóvel quando iam para o mesmo destino todos os dias.

Foi um erro não ter olhado para trás antes de entrar no carro.

No dia seguinte, Verônica o estava esperando em sua mesa com uma expressão um tanto crítica. Claro que Jimin esclareceu sua situação, mas demorou um pouco para ela aceitar que não, ele e Jungkook não estavam tendo um caso.

Quando ele negou com a cabeça, Verônica cruzou as mãos sobre o peito, sua expressão cada vez mais fechada.

Segurando seu olhar, Jimin se manteve parado enquanto o silêncio se estendia. Ele se recusou a deixar Verônica tirar qualquer palavra que não devesse de dentro de sua boca.

— Você pode ter ouvido falar do incidente que aconteceu no banheiro das garotas alguns dias atrás — disse Verônica, com um ar de mistério.

Jimin ergueu as sobrancelhas, uma sombra de riso em seus lábios. Ah, aquele incidente. Se lembrava muito bem. A empresa inteira não parava de especular o motivo que levou duas mulheres a brigarem em uma tarde particularmente calma. O som de gritos femininos e barulhos familiares encheu o escritório, quase todo mundo se levantou para ver o que era. A cena foi surpreendente: restos de cabelos para todo lado, maquiagens borradas e um pouco de sangue no lábio e nariz machucados. O RH as levou para uma conversa seguida de advertências, ainda assim, ninguém soube qual foi o motivo causador da briga.

— Eu ouvi dizer — Jimin assentiu, havia diversão em sua voz. Ele não achava que houvesse alguém na LendUp que não tivesse ouvido falar disso. Verônica não foi a única que ficou curiosa e correu até o banheiro naquela tarde. Não ajudou o fato de que havia muito barulho no escritório devido aos gritos estridentes e todos ficaram loucos para saber qual era o problema. Após isso, se tornou um assunto quente em toda a empresa. A briga resultou em suspensões de um mês para cada uma que participou ativamente.

— O que você não sabe é exatamente qual foi o motivo causador. Quero dizer, quem. — disse Verônica, seu tom ameno, como se estivesse falando sobre os novos porta-copos do refeitório. Ela levantou a mão direita e olhou para as unhas bem pintadas, totalmente imperturbável. — Jeon Jungkook.

Como?

Verônica deu um sorrisinho, apoiando o quadril na mesa.

— E não é só isso — prosseguiu ela, em um sussurro baixo. — Você está envolvido no assunto. Claro que não conscientemente.

— O que você quer dizer?

Ela pareceu pensar um pouco, antes de abrir os lábios. — Bem, há rumores de que vocês dois estão tendo um caso secreto. É claro que a discussão se tornou mais acalorada do que deveria quando uma das garotas discordou e não quis continuar a inflamar o rumor infundado, e então vieram as agressões. Se tornou uma bola de neve em poucos segundos, muito mais porque uma delas recebeu uma mensagem sobre trabalho no iMessage, o que não deveria acontecer, já que supostamente o cara não tem o número de nenhuma das garotas. — Ela riu. — A menina estava quase planejando o casamento quando foi pega de surpresa.

— Porra, quantas vezes eu vou ter que dizer que sou hétero? — Ele teve que fazer um esforço consciente para se controlar e não gritar. — Eu trouxe a minha namorada para a festa de confraternização da empresa, não podem ter esquecido.

Verônica deu de ombros. — Ao que tudo indica você poderia ter contratado uma prostituta para disfarçar suas intenções maliciosas.

— Prostituta? Você está chamando a minha namorada de prostituta?

— Não, não sou eu. — Ela suspirou, parecendo cansada. — Olha, Jimin, só estou querendo te alertar. As mulheres são muito perigosas quando querem. São iguais às cobras, venenosas, chegam devagar e de repente partem para o bote. Quando você menos esperar, vai ocorrer algum problema.

Ele sentiu um começo de enxaqueca se formar no topo de sua testa. Todos na companhia sabiam que Jeon Jungkook era solteiro. Tinha sido um assunto de vasta fofoca, e à cada nova contratação o burburinho recomeçava.

Talvez isso as tenha animado ainda mais: a esperança de conseguir algo com o cara. O maior problema era que relacionamentos entre colaboradores não eram bem vistos lá dentro. Claro que todos adoravam um segredo e, embora fosse desencorajado, não era proibido desde que não trouxesse problemas pessoais para o trabalho.

Então o fato de não ser bem visto não foi um grande impedimento para as mulheres.

Pessoalmente, Jimin não dava a mínima para as regras. Ele simplesmente se concentrava no trabalho, que era o que realmente importava. Jimin não ligava se tinha um rebanho atrás de Jeon Jungkook. Não, não era da sua conta. Era um desperdício de tempo pensar sobre a vida amorosa de qualquer um.

Pensou que seria o mesmo com todos do seu departamento. Que ninguém o veria com outros olhos.

Agora se tornou claro que eles queriam saber tudo sobre ele, cada pequeno pedaço de sua vida na esperança de encontrarem algo embaraçoso ou condenável. Mesmo que nada do que imaginassem tivesse qualquer fundamento.

Foda-se. Ele não tinha com o que se preocupar.

— E o que exatamente um grupo de mulheres pode fazer contra mim? De repente pintar algo em minha cara enquanto estou dormindo na sala de descanso? — Jimin perguntou em um tom de escárnio. — Como se eu tivesse voltado ao jardim de infância.

Verônica deu uma risada pequena antes de se inclinar para a frente, perto o suficiente para que Jimin conseguisse ver pequenas manchas marrons em seus olhos azuis. — Eu acho que você pensa muito pouco sobre nós.

— E eu acho que você fantasia muito. — Jimin disse com uma voz que demonstrava que não levava aquele assunto a sério.

Verônica negou com a cabeça, suas sobrancelhas franzidas. — Não, sério. Aqui dentro o sexo feminino é predominante, têm muitas mulheres que estão em um cargo bem mais elevado que o gerente Jeon e eu não posso mentir e falar para você que elas não estão interessadas nele. — Sua expressão ficou mais fechada. — Pode parecer ridículo para você, mas quando o interesse de uma mulher transita entre a linha do gostar saudável e da obsessão, é muito mais perigoso do que de um homem.

Jimin não se incomodou em parecer preocupado. Ele não acreditava em nada do que estava sendo dito. Francamente, seria estranho se ele estivesse nervoso por conta de um grupinho de garotinhas apaixonadas unilateralmente.

— Como exatamente pode ser mais perigoso? De verdade, não há nada que possam fazer contra mim. — Ele deu de ombros. — Estamos em um ambiente de trabalho e, a menos que extraviem meus documentos e falem mal de mim para os meus superiores, não há qualquer outra coisa que possam fazer para me ferrar.

— Você pode ser demitido a qualquer momento. Mesmo que não haja uma justificativa plausível, se tudo continuar como está, não vão descansar até te tirarem daqui. Porque na cabeça delas você e o gerente estão prestes a se tornarem amantes e elas acham totalmente injusto.

Recostando-se na cadeira, Jimin ponderou sobre as palavras de sua colega. Talvez os rumores fossem armas muito piores do que ele havia imaginado. Mas até onde Jimin sabia, ninguém estava dando a mínima para o que ele estava fazendo, ou com quem conversava. Agora, sua amiga estava dizendo o contrário.

Mais importante, o que Verônica queria contando tudo isso a ele? Talvez estivesse apenas tentando assustá-lo com uma história ridícula por diversão? Olhando para sua expressão, parecia a pura verdade. Mas não importava o quanto Jimin quebrasse a cabeça, não fazia o menor sentido estarem criando todas essas teorias sobre ele e Jeon. Francamente, ele não discutiria tanto se eles ficassem muito tempo juntos ou, agissem como amigos - o que totalmente são. Mas na maior parte do tempo, sequer dedicavam um olhar para o outro.

Por isso era tão difícil acreditar em suas palavras.

— Você está falando sério? — perguntou Jimin.

Verônica deu um aceno rápido. — Outra coisa; todas fizemos um pacto no momento em que o Sr. Jeon foi contratado.

— O que? — Ele riu, incrédulo.

— Ninguém pode ficar com o gerente. Seria uma injustiça, visto que todas o queremos e, como em uma união feminina, chegamos ao consenso de que ninguém poderá tê-lo. — Ela franziu o nariz, parecendo não gostar do que falaria a seguir. — Então se você se intrometer e querer pegar ele, vai ter uma rebelião contra você. Não vai ser bonito.

Jimin a encarou enquanto a compreensão se aprofundava. — Eu não entendo essa loucura comigo. — Ele disse lentamente, como se estivesse testando as palavras em sua boca. — Eu ando a, pelo menos, dez passos de distância do cara e sequer falo com ele a menos que seja extremamente necessário. Então onde exatamente a fantasia deturpada de que eu e ele estamos juntos, tendo um caso escondido, parece fazer sentido?

— A inveja não pode ser racionalizada — Verônica disse inclinando a cabeça para o lado. — Uma troca de olhares é a mesma coisa que ver vocês fodendo na mesa do escritório. Além do mais, mulheres em especial podem guardar rancor por muito tempo.

Jimin estalou a língua no céu da boca. A recíprocra era verdadeira. Embora não compreendesse a raiva injustificada de suas colegas, entendia muito bem o sentimento retorcido da inveja. Mesmo quando não era nada mais que uma criança que ainda mijava na cama, sentia inveja dos garotos maiores e mais normais do que ele. Não as culpava. Mas não significava que aceitaria toda aquela maluquice. — Deus, o que é isso? Eu olho para todo mundo! — atestou, seu rosto ruborizado devido a indignação.

— E é por isso que todos os homens querem te comer. — disse Verônica, em um encolher de ombros. — Alexei, por exemplo, sempre está olhando em sua direção como se quisesse muito entrar em suas calças.

Ela levantou ambos os braços quando ele a encarou com raiva.

Jimin não pôde impedir um grunhido irritado. — Certo. E o que você me sugere?

Verônica pareceu pensar um pouco, enquanto o silêncio se estendia sobre eles, incômodo.

O estômago de Jimin queimou, sua gastrite nervosa atacando outra vez.

— Nada. Você não tem como fazer nada — disse Verônica, seus lábios em uma linha fina. — Mesmo que você vá até elas e diga o quão erradas estão em suas suposições grosseiras, nada mudará. No início, pensei que era melhor guardar segredo sobre o falatório, mas mudei de ideia. Vê-lo se tornar cuidadoso com seu redor me parece bem mais interessante.

Os lábios de Jimin torceram. — Tudo isso porque não quis te contar sobre minha vida privada?

— Sim, tudo isso porque você não quer me contar. E vou fazer questão de te informar cada mínimo passo. — disse Verônica.

Ok.

Não ok, mas... ok.

— Entendo — Jimin disse, as palavras saindo lentamente. — Então você quer me punir ao me deixar ansioso.

— De certa forma — confirmou Verônica. — Embora prefira o deixar alerta para qualquer coisa.

Havia uma probabilidade real de que Verônica não estivesse apenas brincando. Ele tinha tido experiência o suficiente em sua vida para entender que nada era impossível; as pessoas simplesmente não davam a mínima para o que Jimin realmente estava pensando. Eles apenas criavam um cenário e davam isso por certo. Poderia muito bem abrir a boca e explicar até ficar rouco o quanto não estava no mais mínimo interessado em Jeon, mas não adiantaria nada. Na cabeça daquelas pessoas, a teoria era quase certeza, lutar contra seria apenas estúpido.

Por isso preferiu se manter em silêncio em todos os anos, escutando os murmúrios em sua direção com uma expressão tranquila, como se nada o afetasse. Não podia negar que estar sempre sob a mira de outras pessoas era irritante, embora fosse praticamente impossível viver em um lugar que não existisse uma rivalidade forçada.

— Eu ainda não entendo, elas nunca foram nada mais do que profissionais comigo. Não consigo imaginar o contrário. — Disse Jimin, uma pitada de rancor em sua voz.

Verônica levantou uma sobrancelha, cruzando os braços. — Você tem que entender como é incomum uma pessoa ser tão desligada quanto você. Não falo com a maioria das mulheres e ainda assim consigo saber mais que você. Eu certamente não contei porque pensei que soubesse o mínimo do que acontecia nesse departamento. Mas vendo como está reagindo, presumo que não.

Jimin pressionou os lábios firmemente um contra o outro para se impedir de soltar um comentário mordaz.

— Você não tem que fazer nada — continuou Verônica. — Talvez uma hora elas se cansem de agir como umas vadias e parem de te perseguir por um fanatismo sem sentido.

Não seria errado dizer que a surpresa de Jimin é justificável. Conhecia Verônica a pouco mais de um ano, e nunca a viu xingar. Nem mesmo quando roubaram seu almoço no refeitório três dias consecutivos. Mas, novamente, talvez aquelas mulheres davam nos nervos de qualquer ser humano com cérebro.

— Não vou me meter — Jimin disse, o tom não mais alto do que um sussuro — mas apreciaria se me mantesse informado. Não estou disposto a me ferrar gratuitamente.

Verônica deu um aceno e se virou, andando elegantemente até sua própria mesa que ficava do outro lado da sala. Seus olhos inevitavelmente pousaram na bunda bem marcada pelo vestido tubinho preto.

Ele engoliu em seco.

Ela era linda, com seus cabelos ruivos, olhos azuis e corpo curvilíneo. Jimin teria que ser gay para não olhar quando teve oportunidade para isso.

Jimin adorava poder ter a liberdade de encarar descaradamente o corpo de suas colegas sem receber um olhar recriminador em troca. Era ótimo e definitivamente estimulante, mas depois de um tempo começou a se tornar... cansativo. Seus colegas de trabalho não o levavam a sério - não, não acreditavam que ele realmente gostasse de mulheres em primeiro lugar. Então, uma atitude que em qualquer outro homem provava que ele era hétero, se tornou uma piada entre os outros, como se Jimin estivesse se forçando a fingir para despistá-los de sabe-se-lá-o-quê.

Foda-se, ele não precisava provar nada a ninguém. Ele também não precisava da aprovação de seus colegas sobre seu relacionamento com Chloe. Só teria que fazer seu trabalho e ponto.

Claro, só porque tentava se convencer disso não significava que o fato de que pensavam que ele era gay não fazia sua pele queimar.

Jimin torceu os lábios, pensando mais uma vez sobre como odiava ter nascido com aquele maldito corpo. Perceber mais uma vez que ele não parecia nada mais que um inseto para as outras mulheres foi como um soco no estômago: deixou-o sem fôlego e ruim.

Não que ele estivesse interessado em terminar seu relacionamento de anos para ter um caso de uma noite, não estava, mas o fato de não ter absolutamente qualquer chance caso quisesse era apenas... horrível. Deus realmente o odiava, do contrário, não o teria feito assim. Tão fodidamente patético. Ele era tão fora do normal. Basicamente uma maldita mulher com um pau. Enquanto isso, o imbecil conseguia qualquer mulher que quisesse em sua cama.

Uma mão foi colocada em cada lado do seu corpo, prendendo-o no lugar, tirando-o de seus pensamentos.

Jimin franziu o cenho e virou o rosto para o lado, ele teve que inclinar sua cabeça para cima para poder ver quem era. Jeon Jungkook estava parado atrás dele. O cara estava usando um terno preto, com uma camisa branca particularmente ajustada em seu amplo peito, tornando impossível não pousar seu olhar naquela região. Descendo mais um pouco, estava o cartão que usavam para se identificar antes de entrar no prédio.

A foto em seu crachá também parecia boa demais, diferente de qualquer outro ser humano normal. Filho da puta sortudo, Jimin pensou, mal humorado.

Não havia forma que os outros funcionários o conseguisse ver em seu cubículo, mas interiormente sabia que estavam olhando naquela direção. A atmosfera fria e avaliadora não poderia ser uma ilusão de sua cabeça.

Era comum esse tipo de reação toda vez que chegava perto de um homem em particular.

Jimin apertou os dentes, tentando impedir um xingamento. Ele precisava controlar seu temperamento, não era uma boa ideia mostrar seu verdadeiro 'eu'. Principalmente agora quando poderia ser mal interpretado, como se quisesse chamar atenção.

Ele voltou o olhar para frente e o fixou na tela, que mostrava seu relatório inacabado, rezando para que assim, o idiota fosse embora.

Suas preces nunca foram atendidas. Deus definitivamente tinha um problema com ele.

Jimin mordeu o interior de sua bochecha. Em um dia normal, poderia ficar o dia inteiro ignorando Jungkook, agora no entanto, estava sem paciência.

— Que merda você quer? — ele sussurrou. Não precisou se forçar a ser formal, Jeon estava tão perto que poderia escutar sua voz baixa facilmente.

Jungkook não disse nada por um momento, apenas permanecendo parado atrás dele, sem se mover nem um centímetro. Jimin quase havia esquecido de sua presença após poucos minutos, se concentrando no computador, mais especificamente, no documento que já deveria ter terminado.

— O que vocês estavam conversando? — Jeon perguntou, a voz rouca tão perto de seu ouvido que fez os pelos de sua nuca arrepiarem. Não no bom sentido, é claro.

Jimin respirou fundo, tentando acalmar sua raiva. — Por que de repente todo mundo está tendo um interesse em minha vida? Eu sou o quê, um idol?

— Você pensa muito sobre si mesmo. — Jungkook riu. — Eu só sou uma pessoa naturalmente curiosa.

— Bom, não é da sua conta. — disse Jimin, esperando que assim o cara fosse embora.

Diferente de seus desejos, Jungkook inclinou a parte superior de seu corpo para frente, encostando o peito amplo nas costas de Jimin. Ele sussurrou em seu ouvido. — Ah, vejo que você não terminou o relatório que tem que entregar às três. O que você estava fazendo, afinal?

Jimin cedeu, não conseguindo controlar mais sua boca. — Coçando meu saco. Por que, quer me ajudar?

— Não. Mas você pode me aliviar se quiser.

Jimin colocou o dedo dentro da garganta simulando vômito.

Ele escutou vozes no cubículo à sua esquerda. Parando para prestar atenção, percebeu que havia várias pessoas fora de seus lugares designados, conversando tão baixo que era impossível decifrar o conteúdo. Mas tinha uma ideia sobre o que era; Jeon Jungkook já estava um bom tempo parado atrás dele. Isso por si só parecia ser o suficiente para alastrar mais rumores.

Ele não ergueu os olhos quando Jeon segurou sua mão que estava em cima do mouse, imerso em seus pensamentos.

Seu estômago apertou quando imaginou sobre o que estavam falando. Ele estava sendo estúpido. Sim, ele estava mais do que acostumado a ser o centro das atenções, alvo de invejas e rancores por ser mais atrativo para os homens. Mas pensou que, conforme envelhecesse e se tornasse mais maduro, tudo pararia.

Obviamente ele estava errado sobre isso também.

Não era segredo que os homens de seu departamento estavam só esperando uma boa oportunidade para tê-lo de joelhos. Alexei parecia o mais entusiasmado com a ideia, sempre o rondando como um cachorro no cio. Jungkook fazia o possível para ajudá-lo quando as coisas se tornavam insuportáveis demais, o que apenas contribuía para a piora dos boatos. Ele não duvidava que o autor fosse um dos homens, frustrado por não conseguir o que queria.

Jimin apertou os lábios, odiando a direção de seus pensamentos, mas não conseguiu detê-los. Era impossível pensar em outra coisa quando todos estavam olhando em sua direção, cochichando sobre sua vida. Era ainda pior ter que fingir não conhecer seu melhor amigo porque eles tinham uma mente impudica o suficiente para criar cenários inexistentes e incabíveis.

Com o humor azedando, Jimin balançou a cabeça para impedir os pensamentos e sussurrou entre-dentes. — Vá embora, fique o mais longe possível. Sabe, me evite como se eu tivesse uma doença contagiosa. — Ele disse pausadamente. — Bem. Longe.

— Não quero. Vou te ajudar. — ele murmurou baixinho.

— Não preciso da sua ajuda, não sou criança e sei fazer minhas funções sozinho. Além do mais, você não deveria estar fazendo coisas mais importantes levando em consideração que é o chefe? Vá.

Jeon riu, parecendo imperturbável.

— Você deveria saber que quão mais alta é a posição, menos tarefas se têm. É muito mais fácil delegar o que tem pra fazer a outros funcionários.

Jimin virou a cabeça e olhou para ele. — Você é um merda. — ele deu uma pausa e o fitou mais atentamente. Seus lábios franziram em desgosto — E quando exatamente você voltou a ser quatro olhos?

Jungkook endireitou o corpo, tirando o óculos de seu rosto, bagunçando alguns fios que caíram por sua testa. Ele deu um sorriso e voltou a encará-lo. — Depois de um sexo muito brutal, uma das minhas lentes sumiu. — Sua voz estava muito rouca. — Não entendo exatamente como aconteceu, mas valeu a pena.

Ele abriu e fechou a boca algumas vezes antes de dizer; — Que?

— A propósito, diferente do que você falou quando éramos adolescentes, as mulheres parecem gostar muito de me ver com óculos. — A expressão de Jeon não mudou, uma de suas sobrancelhas castanhas levantada quando ele olhou para Jimin com nada mais do que diversão. — Talvez a imagem de ensinar um nerd inexperiente as excite mais. — Ele se abaixou e murmurou baixinho. — Sempre gostamos mais dos inexperientes.

Houve silêncio por um tempo.

Finalmente, Jeon colocou uma das mãos no ombro tenso de Jimin e disse: — E é por isso que vou adorar ser o seu primeiro.

Completamente irritado em ser lembrado da maldita aposta, Jimin decidiu que seria melhor se ele contasse o que estava acontecendo e talvez, talvez Jungkook parasse de tentar se aproximar dele no trabalho. Com um pouco de senso, ele também evitaria falar qualquer coisa que pudesse ser mal-interpretada.

Tentando não explodir, Jimin se moveu um pouco para a esquerda, retirando a mão grande de seus ombros. — Estão falando sobre nós. — Ele murmurou. — Mais especificamente, em como estamos tendo uma aventura secreta. Você sabe a merda que estou tendo de aguentar por conta disso? Essas mulheres são loucas por você, sabe disso. E agora querem me ferrar.

— Eu nunca imaginei que voltaríamos à época em que estudávamos no jardim de infância e você estava sofrendo bullying das meninas porque ficava mais fofo de trança do que elas. — Jungkook disse com uma risada.

— Você prometeu que não falaria disso. — Ele passou a mão pelo rosto, irritado. — Porra, nunca deveria ter te contado sobre o meu passado.

— Afinal, você não sabe se proteger?

— Tente isso quando você não tem provas contra elas. — Sua voz saiu cansada.

Jeon o olhou por um longo momento antes de dizer: — Bem, elas estão parcialmente equivocadas.

— O que?

— Você me ouviu. Você vai dar o cu para mim. Então estão quase certas.

— Talvez nos seus sonhos. — Jimin disse com uma risada nervosa.

— Sendo sonho ou não, você ainda vai me dar.

— Você só pode estar louco. — Jimin conseguiu dizer, seu coração batendo mais rápido e as palmas das mãos ficando suadas.

Jeon se endireitou com um sorriso em seus lábios, virou e saiu da sala. Ele não olhou para trás em nenhum momento. Jimin queria gritar para o idiota parar, que eles ainda não tinham terminado de discutir, que suas últimas palavras eram ridículas.

Ele engoliu em seco. O imbecil estava certo, entretanto. Em todas as apostas que fizeram desde que eram adolescentes (e foram muitas), eles nunca davam para trás, não importava o quão estranho o desafio pudesse ser. Constranger a outra parte era o maior objetivo em seus jogos.

A pior parte era que, porra, Jimin viveu sua vida inteira correndo dos homens que o queriam em suas camas, e acabaria exatamente do jeito que sempre temeu. Ele odiava a maneira como todo seu ser queria sair correndo para outro país e nunca voltar. Fugir nunca pareceu tão tentador antes.

Ainda assim, seu orgulho não o deixaria ir.

Não havia maneira de não cumprir com o que foi prometido. Quase conseguia escutar a risada de Jungkook em sua cabeça, alta e clara.

Jimin não tinha ideia do que fazer. Os sentimentos contraditórios estavam entrando em conflito dentro dele. Ele sentiu como se estivesse enlouquecendo. Sua cabeça estava uma bagunça total. Por um lado, a ideia de ter que abrir as pernas para seu melhor amigo revirou seu estômago, como se a morte fosse melhor do que se sujeitar a isso. Por outro, não queria parecer um covarde que não tinha palavra.

Não poderia continuar nesse dilema; Jimin sabia disso. Não ajudava em nada que, agora que se encontraram, Jeon o lembrara do que aconteceria no final de semana. Ele não costumava desejar mal para ninguém, mas ultimamente passava a maior parte do tempo rezando para que Jungkook perdesse a memória.

É claro que lembrando de como seus últimos desejos não foram atendidos, ele não tinha muitas esperanças.

Sabia muito bem como terminaria o final de semana; com a vitória de Jeon Jungkook.

E não havia nada que pudesse fazer para fugir das consequências de suas próprias ações.

🏈

Olá meus amoreees, como vocês estão?

Antes de mais nada, preciso enfatizar que eu esperava mais desse capítulo. Inicialmente o lemon já aconteceria nele.

Bem, tive que adiar 🙈

Embora eu tenha prometido que a partir daqui eles seriam mais dinâmicos, achei que ficaria muito vago se partisse direto para o hot. Achei necessário essa apresentação mais minuciosa da rotina de trabalho deles e alguns flashbacks do passado. Ainda vou explorar mais disso e no próximo teremos mais interação entre os protagonistas. 🤭

Assim como eu disse anteriormente, não tenho uma data certa de postagem. Mas estou trabalhando todos os dias em todas as minhas histórias, inclusive no meu primeiro darkromance. Quem sabe eu não poste o prólogo em breve?? 👀

Quero agradecer MUITO a todos que votaram e comentaram, a recepção em Between Us foi maravilhosa, muito melhor do que eu tinha sonhado. Obrigada por darem essa chance para minha nova fanfic, fiquei muito ansiosa com medo de não gostarem do plot ou a personalidade dos Jikook, mas vejo que eu estava enganada. De novo, muito obrigada 🥺❤️❤️

Até mais 💖💖🥹

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