No céu azul, encontro a calma e a tranquilidade que tanto anseio em meio ao caos do mundo.
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Tw: menção e pensamentos relacionados à insegurança com o corpo (peso) e aparência.
★ Harry Styles
Se eu dissesse que não estou nervoso, seria uma mentira das grandes. Eu tô quase tendo um treco, tinha que parar de ensaiar pra tomar água de cinco em cinco minutos, já tive que tomar remédio pra me acalmar, até mesmo resolvi tomar um pouco de chá pra ver se dava certo. Iremos cantar pra milhares de pessoas, eu ia aparecer nesse telão enorme e milhares de pessoas iam me ver. Puta que pariu, eu estava quase caindo do palco e quebrando o pescoço para não ter que fazer isso.
- Você vai se sair bem, relaxa, cara! - Niall gargalhou, ele parecia bem, nem sequer parecia estar nervoso
- Eu tô praticamente surtando. - murmuro, tomando mais um pouco de água
- seus pais vão vir? Os meus vão, meu irmão também. - franziu o cenho - talvez a presença deles me deixa mais nervoso do que a presença dos milhares de fãs
- Minha mãe disse que sim, eles até compraram uma camisa da one direction - solto uma risada baixa - Não sei se Des vai vir, a gestão chamou antes de falarem comigo.
Niall fez uma careta
- Tomara que não venha
Dou de ombros, ele provavelmente não iria vir. Nunca ligou pra mim o suficiente pra estar presente em um momento tão importante quanto esse, então não seria agora que ele iria ligar.
Mais tarde nesse mesmo dia, depois de ensaiar na Arena O2, fomos para o camarim pra começar a se preparar pro grande show. Escolheram nossas roupas, nos maquiaram e nos treinaram.
Deveríamos interagir com os fãs, mas não muito. E também deveríamos interagir com a câmera, pois elas estavam nos gravando para o filme e essa interação era importante. Não poderíamos fazer nada que fosse muito gay - principalmente eu e Louis - e muito menos ficar de papo por mais de dois minutos.
Não deveríamos, em hipótese nenhuma, desafinar. Ou errar a letra e muito menos passar mal no meio da apresentação.
Tínhamos que ficar com nosso ponto bem posicionado no nosso ouvido - assim ouviremos nossa própria voz e a voz da gestão - nada de se animar demais e acabar fazendo alguma coisa idiota.
Fazer o possível pra seguir a coreografia e tentar não parecer um boneco de posto.
Era muita coisa pra uma pessoa só decorar. Eu estava perdido.
- Você tá lindo - Louise elogiou, fazendo um pequeno sorriso nascer nos meus lábios, eu estava usando uma camisa social preta abotoada até o pescoço, calças skinny pretas e apertadas e um tênis bem confortável.
Meus cachos - que haviam sido cortados há alguns minutos - estavam penteados para trás e eu estava me sentindo como aqueles garotos bonitões que estavam prestes a começar a ir pra alguma faculdade. Eu realmente gostei das roupas que me vestiram, e até mesmo do novo corte de cabelo.
- Obrigada - sorrio para ela, sua barriga já estava grandinha e ela sempre reclamava que Lux não parava quieta, sempre chutando suas costelas em momentos aleatórios do dia - Me deseje sorte, vou precisar.
- Vai dar tudo certo. Você vai ver. - deixou um beijo rápido na minha testa - eu tô muito orgulhosa de você e dos meninos. Vocês merecem tudo o que conquistaram até aqui e ainda vão chegar muito longe.
Respiro fundo, mordendo o lábio inferior
- Obrigada, Lou, isso significa muito.
- Queria apertar suas bochechas agora, mas vai ficar marcado. Mais tarde faço isso. - ela soltou uma risada baixa, se afastando - Sua família vai entrar pra falar com você agora antes do show, e eu tenho que cuidar dos outros meninos.
- Okay - afirmo com a cabeça, continuando sentado na cadeira giratória que ficava de frente pro espelho do camarim
Ela sai e não demora muito pra mim ouvir a porta se abrindo novamente, minha mãe me abraça apertado enquanto enchia minhas bochechas de beijos. Gargalho, me afastando um pouco.
- Você vai borrar a maquiagem que a Louise fez em mim. - aviso, ouvindo a risada gostosa dela enquanto me puxava pra um abraço
- eu estou tão orgulhosa de você, meu amor. Parece que foi ontem que me falou que ia tentar entrar pra uma banda. - se afastou, acariciando minha bochecha com o polegar - eu te amo tanto!
- Eu também te amo, a senhora sabe.
- Eu só quero saber quando vou começar a ganhar meu pagamento por ter te aturado todos esses anos. - escuto a voz da minha irmã, me fazendo rir e me afastar da minha mãe enquanto puxava Gemma pra um abraço apertado.
Eu estava mais alto que ela e isso era uma surpresa pra mim
- Logo eu assino um cheque, tá? Só relaxa - cutuco sua cintura, me afastando para abraçar Robin que também tinha vindo - você venho, Robinho!
- claro que vim, não poderia deixar de ver nossa estrelinha virando uma estrela. - me deu um abraço de urso, uma coisa bem pai.
O que eu não sabia bem o que era, já que não tive um pai presente.
Mas eu tive Robin, e isso era tudo o que importava no momento.
- Vocês vão me fazer chorar. - faço beicinho, me afastando - eu espero que aproveitem o show, sabem onde ficam os banheiros e as saídas de emergência, certo?
- esse não é o meu primeiro show, Harry - Gemma revirou os olhos - E eu aposto que nem é o da mãe e do Robin. A gente sabe se virar.
- bom mesmo, eu acho que tá lotado. Os ingressos esgotaram em menos de três minutos.
- A entrada estava bem cheia, quase não conseguimos passar - Robin comenta, me fazendo suspirar.
Ouvimos dois toques na porta e logo Johnny entra, me fazendo encara-lo confuso
- Harry, já está na hora. O senhor e as senhoras podem seguir um dos seguranças até a área que reservarmos pra família, certo? - Ele foi educado, sorrindo gentil para os meus pais
- Hora de brilhar, Hazza - minha mãe apertou minha bochecha novamente antes de me dar um último abraço e seguir com Gemma e Robin para fora, acompanhando Paul
- Eu trouxe seus remédios e a receita. - Johnny disse assim que saiu, me entregando uma folha e uma bolsinha com os remédios. - agora vamos, você precisa de encontrar com os outros.
Encaro a receita com receio ao ver a quantidade de remédios que tinham ali, porque eles estavam aumentando as doses? Guardo a bolsinha e a receita na minha mochila e estava ali e acompanho Johnny para fora. No meio do caminho ele teve que ir verificar se estava tudo certo com o pessoal do som e do telão, então eu tive que seguir meu caminho sozinho.
Encontro os meninos perto da entrada para o palco, todos sentados no chão com um olhar que eu não sabia decifrar. Zayn não parecia nada bem, seu peito subia e descia de maneira desregulada e sua mão apertava a de Liam com força. Louis estava sentado ao seu lado, não o tocava, mas parecia querer ter certeza que estaria ali se caso ele precisasse de ajuda. Niall estava sentado ao lado de Liam, abraçando seus próprios joelhos enquanto olhava para o nada, com um olhar pensativo.
Me sento no chão ao lado de Louis e procuro sua mão, entrelaçando nossos dedos enquanto inspirava e soltava o ar.
- Eu vazei - Ele murmurou baixinho, engolindo em seco
- O que você vazou?
- Uma foto nossa. Aquela da piscina. - crispo os lábios, ficando quieto - Você sabe o que eu tive que fazer hoje. Eu sei que você não quer, mas pode olhar o Twitter depois do show? Eu quero que veja uma coisa.
Afirmo com a cabeça, eu sabia o que ele tinha feito. Ou o que ele foi obrigado a fazer. Assumir alguém publicamente nunca é fácil, principalmente quando é um relacionamento falso e você odeia cada sorriso que é obrigado a dar, cada toque, cada beijo e cada risada que força. Louis odiava tudo isso, mas não tinha nada que ele pudesse fazer pra ir contra, pelo menos não por hora.
- Isso tudo é maior do que eu - sussurrou, deitando a cabeça no meu ombro - entende?
- Você sabe que sim - apoio a minha cabeça na sua com cuidado pra não estragar nosso penteado - Nós vamos ficar bem.
- promete?
Estendo o mindinho na sua direção e ele não demora muito pra cruzar seu dedo no meu
- Prometo.
- três minutos pessoal! Vamos lá! - Johnny voltou, parecia bem animado, apesar da foto que Louis diz ter vazado. Me levanto pegando o ponto para encaixar no ouvindo enquanto eles colocavam todos aqueles fios na gente, inclusive um negócio que parecia uma caixinha que colocaram preso no meu bolso de trás. - Não troquem de microfone entre si durante o show.
Seguro meu microfone que tinha a ponta em um tom de verde e respiro fundo.
- Dois minutos! - a banda que abria o show já tinha saído há algum tempo e eu conseguia ouvir os gritos das pessoas na arena
- Vem aqui - Louis me puxa para perto, me dando um beijo rápido nos lábios e me abraça apertado - eu amo você.
- Daqui até Plutão - concordo com a cabeça, vejo ele sorrir e se afastar para ir pra longe de mim. Do jeitinho que a gestão gostava.
- Um minuto! Em seus lugares, vamos lá! - Johnny bateu palmas, e eu me posicionei no lugar que aparecemos assim que o telão e as luzes da arena acendecem - Trinta segundos!
Fecho meus rosto e respiro fundo, apertando o microfone
- por favor, Deus - Peço baixinho, apertando os olhos com força - me faça a maior estrela que esse mundo já viu.
As luzes se acenderam. O telão ligou. As pessoas começaram a gritar. A música começou. Tudo de uma vez, numa pancada só.
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Abraço Jay apertado, como se não quisesse soltar. E realmente não queria, estávamos indo embora para a turnê em algum outro país e teríamos que deixar tudo para trás. Nossa família, nossa casa e até mesmo Pascal. Apesar das gêmeas prometerem cuidar dele, eu ainda estava nervoso em deixá-lo. Qual é! Não tinha nem uma semana que eu o adotei e vai saber quando vai ser minha próxima folga?
- Vocês prometem se cuidar? - ela perguntou pela milésima vez, ainda me abraçando
- Nós vamos, Jay, não se preocupe - sorrio, apesar do pressentimento ruim. - Eu prometo.
Me afasto, sentindo ela beijar meus cachos - agora curtos - e acariciar minha bochecha com o polegar.
- cuide do Lou, não deixa ele fazer nenhuma merda. - Solto uma risada baixa, isso era impossível - Você é a única pessoa que ele obedesse.
- Eu vou tentar. -afirmo com a cabeça - as coisas do Pascal estão lá em- na casa do Louis. Acho que ele te deu a chave, certo? - ela afirma - Okay, então tem um saco enorme de ração lá, e eu mandei o dinheiro das próximas vacinas, dos banhos e se caso acontecer alguma emergência. Qualquer coisa você me avisa, tá? Eu mando mais. É só mandar mensagem pra mim ou pro Louis.
- Relaxa, Harry - Fizzy riu, ao lado da mãe - Vamos cuidar bem do filho de vocês.
Reviro os olhos de brincadeira, a puxando para um abraço rápido também.
Louis estava afastado conversando com os pais de Liam e eu não estava lá porque não tinha intimidade o suficiente com eles pra isso. Nossas conversas nunca passaram de uma cumprimentacão ou um "tudo bem?" por educação. Então prefiro deixá-lo a sós.
- você foi incrível hoje - Fizzy comentou divertida, a abraço de lado com um sorriso - Eu fiquei impressionada.
- eu consegui me soltar mais na metade do show, tava um pouco travado. - ela riu, me fazendo sorrir. Gostava de Fizzy, ela era divertida e tinha um humor tão ácido quanto o de Louis. Mas era um amor de pessoa.
- Eu achei que mandou muito bem, de verdade. - olhou pra mãe, Jay concordou com a cabeça
- Nem parecia aquele menino tímido que engoliu pó de café por causa do Lou. - Jay comenta, parecendo se segurar para não apertar minhas bochechas. Faço uma careta ao me lembrar.
- tenho traumas até hoje.
- Nem me fale - Lottie murmurou, risonha
Louis se aproxima, pegando Daisy no colo fazendo a garotinha gargalhar alto e abraçar seu pescoço
- do que falam?
- Dos próximos shows - sorrio inocente e ele me olha desconfiando, apertando os olhos. Fizzy riu ao meu lado.
- Eu queria que vocês pudessem ir junto. - segura Daisy com um dos braços para segurar a mão de phoebe com o outro. Engulo seco ao ver os músculos de seu braço se flexionarem.
Merda. Isso deveria ser crime e Louis deveria parar de ir para a academia com tanta frequência.
- Eu também! - Phoebe vez beicinho, olhando para o irmão que fez uma caretinha fofa pra ela, franzindo o cenho e o nariz.
- Não vou demorar pra vir visitar vocês, quando menos esperarem vou estar de volta.
- É o seu trabalho, amor - Jay sorriu - a gente entende e ficamos felizes por você!
- Ah Deus! - jogou a cabeça para cima, suspirando - Você não cansa de ser a melhor mãe do mundo, senhora Tomlinson?
- E você não se cansa de ser o melhor filho do mundo, Senhor Tomlinson?
- Qual deles? Temos dois aqui - olhou pra mim rapidamente antes de desviar o olhar pra mãe, dou risada com as bochechas coradas - É sério, eu pedi a mão dele no halloween com aquela música da Frozen
- você quer brincar na neve...- Daisy começou a cantarolar, Louis fez uma careta
- Não essa, a outra
- Muitas portas se fecharam pra mim sem razão, de repente eu encontrei você!
- Isso! Exatamente essa, e querem saber de uma coisa? Ele aceitou. Somos casados e vivemos quase felizes para sempre. - eu sei que ele me abraçaria de lado e provavelmente me daria um selinho se não estivéssemos em público, mas ele apenas sorriu na minha direção
- É, eu aceitei. - suspiro - se arrependimento matasse...
- que? - me olhou ofendido - todos os dias você diz que me ama e diz que sou lindo e gostoso, era tudo mentira?
- Louis! - arregalo os olhos, ouvindo Lottie gargalhar - não era tudo- quer saber? Era! Era tudo mentira.
- Você é um falso!
- quer falar do que, tanajura?
- Merdinha
- Zangado dos sete anões
- Ah, é?
- Sim, seu abacate.
- Você acabou de passar dos limites, seu vacilão! - ele parecia bravo, mas sabia que era só drama - você vai deixar, mãe?
- Você que começou, Lou
- Tô vendo que a senhora tem um preferido, não tô acreditando nisso. Eu vou embora e nunca mais vou voltar, vocês vão morrer de saudades.
- Só me fala quando, pode ser? - Fizzy sorriu atrevida - preciso saber a data pra começar a distribuir os convites da festa.
Não consigo segurar a gargalhada alta, ouvindo as meninas rirem ao meu lado ao ver a cara emburrada de Louis. Não consigo evitar e aperto a pontinha de seu nariz, vendo-o se esquivar.
- Seus pais estão chegando, é melhor a gente ir pra você conseguir falar um pouco com eles, Harry. - Jay se lembrou, me abraçando uma última vez.
E eles realmente estavam, Anne tinha mandado mensagem avisando que já estavam chegando no aeroporto, mas se envolveram num trânsito e se atrasaram um pouco. Coisa de minutos.
Ela sai e puxa Louis e as meninas junto e eu suspiro, pegando meu celular pra ver se tinha algum sinal deles. Mas nada. Apenas alguns emails não importantes e uma mensagem do nutricionista.
"Você pode enviar as fotos que pedi depois?"
Franzo o cenho, desligando o celular e o enfiando no bolso sem responder a mensagem. Não estava com cabeça pra procedimentos médicos agora, eu queria aproveitar meus últimos minutos perto da minha família, porque sabe se lá quando vou vê-los novamente.
Vejo Anne vir até mim e abro um sorriso enorme, correndo para abraçá-lo. Apesar de ser maior que ela e de já ser um adulto, eu sempre seria o garotinho dela. E eu amava isso.
- Eu sinto muito, meu amor - ela murmura, aflita. Robin para ao seu lado e parecia tão nervoso quanto ela.
- O que houve?
Ela não precisa me responder pois eu já descobri sobre o que se tratava assim que Des entrou no aeroporto quase vazio - se não fosse pelos meninos e suas respectivas famílias - engoli em seco, desviando o olhar pra minha mãe novamente
- Eu não sabia que ele iria vir.
- Harry! - escuto ele exclamar, rindo - Que show foi aquele? Tava incrível.
Dou somente um sorriso de canto, afirmando com a cabeça em agradecimento. Sua risada me lembrava a forma que ele ria satisfeito toda vez que me machucava, toda vez que eu chorava ou me sentia frágil demais pra enfrenta-lo. Ele sempre riu de mim.
- Acho que essa nova vida tá te fazendo bem, hein? Deve estar comendo do bom e do melhor, deu até uma engordada - Riu novamente e eu senti vontade de vomitar - Você não vai abraçar seu pai?
Olho para baixo para que ele não pudesse ver meus olhos molharem aos poucos. Poxa, há quanto tempo eu estava tentando? Eu estava progredindo, me passando com psicólogos ou psiquiatras - não sei bem, eu só aceitei e fiz o que mandaram fazer - tomando os remédios certinho, fazendo as coisas que o nutricionista manda, seguindo a dieta. Todo o esforço tinha sido em vão? Eu acreditava em Des porque eu sabia que ele jamais falaria algo na intenção de me agradar. Ele falava o que via, e grande parte das vezes esteve certo.
Encaro minhas mãos, girando o anel que Louis me deu no dedo, sentindo meu coração bater forte no peito. O nó na garganta estava me deixando mais desconfortável ainda, e se só piorou com a vontade de vomitar que surgiu só de pensar em abraçar alguém que machucou tanto. Sentia vontade de vomitar só de pensar que todo o meu esforço tinha sido em vão, o tanto que chorei, o tanto que eu tentei me mudar.
Me deixar mais bonito, mais agradável. Não para mim e muito menos para o meu namorado, mas agradável para o público. Para os fãs.
Eu assinei um contrato, eu me vendi, vendi meu corpo e minhas vontades própria. Vendi minha sanidade, vendi minha vida. E o dinheiro que eu ganhava com isso nunca era o suficiente pra reparar os danos.
Eu queria voltar no tempo, talvez não ter me aproximado do meu ex-melhor amigo e ex-crush, eu queria nunca ter descoberto sobre minha sexualidade, eu queria tanta coisa mas não tinha nada. Não tinha o suficiente, e eu preciso ser suficiente.
Não pra mim, para o público.
- Vem aqui Harry, abrace seu pai. - eu não me movo, continuo parado no mesmo lugar.
Eu não queria ser abraçado, não por ele. Eu me pergunto o porquê de me sentir tão agoniado com a ideia de se tocado por ele se até há alguns anos eu imploraria por esse afeto simples.
O primeiro soluço sai e eu me sinto estúpido.
Idiota!
Idiota!
Idiota!
- Desculpa. - murmuro baixinho, o medo presente na voz. Não era só medo, era insegurança, desconforto, agonia, dor, tudo o que eu tinha direito de sentir. Ou não tinha. Eu peço desculpas por chorar alto, eu sempre pedi desculpas por quaisquer ruídos que fossem, desde um soluço baixo a uma respiração um pouco mais alta.
- Está tudo bem, filho. Imagino que esteja feliz, assim como eu. - Feliz? Ele achava que eu estava feliz?
Eu estava me assistindo perder tudo que trabalhei pra conquistar aos poucos, eu estava perdendo Louis, a banda, minha confiança, eu estava perdendo tudo. Isso se algum dia eu já os tive.
Afirmo com cabeça, confirmando o que ele disse.
Minhas mãos estavam tremendo. As enfio no bolso do moletom para que ninguém as visse.
Mordo o lábio inferior com força, sentindo o gosto metálico na língua. Pra que eu estava fazendo tanto esforço para não chorar? Porque eu me segurava?
Minha cabeça estava tão confusa, era como se todos os pensamentos tivessem se misturado e eu não conseguisse me concentrar em só um. Era como se alguém tocasse uma nota alta de um piano incansavelmente na minha cabeça, era um chiado de uma tv sem sinal, era uma melodia que não conseguia ter harmonia com o resto da orquestra.
Era como um copo de água que se enchia de gotinha por gotinha e agora estava prestes a transbordar. Era como uma tempestade de um dia ensolarado, eu só não tinha certeza se o arco íris iria nascer depois. Provavelmente não.
Sinto alguém me abraçar de lado e solto a respiração ao ouvir algum comentário sarcástico de Louis. Eu não estava conseguindo ouvir, era como se estivesse em choque, a cabeça abaixada e os olhos presos nos meus pés. Eu estava parecendo aquelas crianças que estavam levando bronca por fazer alguma besteira.
Eu estava preso na minha própria cabeça e não conseguia sair dela, eu nem consegui prestar atenção no que Louis estava falando para Des. Mas o jeito que ele me abraçou de lado e me empurrou um pouco para atrás de si me fez perceber que talvez a conversa deles não estivesse sendo nem um pouco gentil.
- Harry? - ele me chama e eu finalmente levanto o olhar para os seus olhos azuis. Eles me acalmam, era como se o azul de seus olhos fosse a água calma de um oceano azul e limpo, eu conseguia enxergar uma paisagem em seus olhos.
Era um oceano calmo, o céu azul e o sol se pondo no horizonte. Eu conseguia sentir o seu calor, conseguia sentir ele esquentar minha pele, conseguia sentir sua pele dourada e todo o calor que ele transmitia. Louis era só sol que eu mencionei antes, e eu provavelmente era a tempestade que caia e continuava caindo de forma incessante, eu transbordava, alagava, encharcava e ele continuava lá no alto. Brilhando e esquentando, do jeito que ele nasceu pra ser.
Eu sempre soube que Louis era uma estrela. E ele era a mais quente delas, pelo menos para mim.
Eu sempre soube que seu calor e intensidade ainda alcançariam outras pessoas no mundo. Seja em estádios lotados ou não. Louis não era um raio de sol, ele era o próprio sol.
- Você tá bem? Sinto muito - ouço ele perguntar, olho em volta e Des já tinha ido embora e eu nem havia percebido. Talvez tivesse ido logo depois que Louis chegou, talvez Louis tenha o mandado embora...eu realmente não estava afim de saber.
Dou de ombros, não confiando na minha voz para dizer alguma coisa.
Eu conseguia ver em seus olhos que ele estava doido para me abraçar, beijar e seja lá o que mais fosse me confortar. Mas eu também sabia que ele não podia fazer isso, não quando estamos em público e alguém pode ver e vazar alguma foto ou filmagem.
Eu sabia que agora ele tinha que sustentar um namoro que não era comigo.
Mas isso, ultimamente, não era o meu maior problema.
- Tá na hora de ir! Vamos meninos, o jatinho já vai sair.
Afirmo com a cabeça e abraço minha mãe e Robin uma última vez, a ouvindo se desculpar mais uma vez. Eu não confiava na minha voz, somente dou de ombros como se dissesse um: "eu não ligo". Depois dou um último abraço em Jay e nas meninas antes de correr para o jatinho particular da banda.
Quando entramos lá dentro, Louis segura minha mão e me puxa para um dos últimos bancos, esperando eu passar para me sentar na janela e logo em seguida ele.
Eu ainda tinha medo de avião, ainda tinha pavor dessa coisa passar por alguma turbulência ou a gente acabar caindo e morrendo com o baque. Mas acho que o baque de ver meu pai e quase ter o abraçado era maior que meu medo, e eu também estava medicado. Ou seja, nada de drama hoje.
Louis continuou segurando minha mão, ele não perguntou se eu estava bem - ele sabia que não - ele não tentou nenhum toque que me deixasse desconfortável no momento, ele só me deu espaço e segurou minha para me mostrar que estava ali por mim.
Pego meu celular no bolso e conecto nos fones, colocando alguma música alta para tocar. Não seguro a risada quando Louis tira um dos meus fones e coloca em seu ouvido, começando a ouvir alguma música do Queen enquanto dividimos o fone.
Entro no twitter enquanto via que ele colocava algum filme na tv pequena que ficava grudada no banco da frente e começava a prestar atenção. Eu realmente não entendia pra que ele havia pego o fone se ele iria assistir o filme, como eu sempre digo, não dá pra prever Louis.
Deito a cabeça em seu ombro enquanto suspirava e descia a tml e via as pessoas falarem sobre a foto do Louis com a Eleonor, sobre a confirmação do "namoro" dos dois, vi também a foto que Louis vazou - claro que o espertinho tinha feito uma conta falsa ou pagado alguém para fazer isso por ele, ou somente enviando pra alguma página de fofoca com a conta falsa - entro nas notificações e vou direto para as marcações.
Eu respiro fundo quando vejo. Um pequeno sorriso nasce nos meus lábios e eu levanto a cabeça para olhar para Louis, este estava concentrado no desenho que passava na telinha.
- Você também sempre vai estar no meu coração, Amor.
Ele desvia o olhar para o meu celular e depois pra mim e então sorriu. E aquele sorriso disse mais do que mil palavras.
"Sempre em meu coração @Harry_Styles . Atenciosamente, Louis"
Quem é vivo sempre aparece, não é?
Eu surtei demais com esse capítulo, só Deus, eu e a madrugada sabem. E meu Spotify tbm.
Enfim, espero que tenham gostado! Não esqueçam de votar, amores.