Velas Negras • MonSam

By Heartflwrbr

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Após a morte de seu pai Edward Teach, um dos maiores e mais respeitados piratas da região do Caribe, Mon assu... More

Introdução
Personagens - Os Negros
Personagens - O Bordel
Personagens - Os Vermelhos
1. O Pior da Minha Vida
2. Decisão Tomada
3. O Acordo
4. Seguir curso!
5. Atitudes Inesperadas
6. O Resgate
7. A Garota da Família Rival
8. Defesa
9. Inconsequência
10. O Julgamento
11. Visitas Inesperadas
12. Vontade
13. Motivos
14. Lidando com os sentimentos?
15. Não é porque eu te odeio que eu não posso mais beijar sua boca
17. Brincando com Fogo
18. Cartas na Mesa
19. Buscando Respostas
20. Traição...?
21. Decisões Difíceis
22. Aliança
23. Afogando-me
24. Fatos e Conexões
25. Você é Bem Vinda.
26. A Última Noite
27. Traidores
28. Guerra

16. A Dançarina

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Samanun Every

Meu coração batia disparado e eu não sabia o que pensar, o que fazer. Um ano depois de todo o drama que eu me inseri por ter me entregado para ela, mais parecia uma eternidade atrás e, ao mesmo tempo, parecia ontem.

Muita coisa tinha acontecido, mas ouvir o nome dela sendo dito pela Jim sem que eu esperasse por isso, havia me colocado de volta em um lugar que eu não esperava voltar.

- Sam? Sam! - Kornkamon me chama duas vezes, provavelmente notando meu estado catatônico. - O que foi? Quem é Margot?

- Minha ex. - Respondo de forma direta. A Mon me olha com uma carranca.

- Aquela ex? A dançarina? - Ela me pergunta e eu franzo o cenho.

- Sim. Como sabe quem ela é?

- Todo mundo sabe que você chegou ao fundo do poço depois que ela foi embora, Samanun. - Ela fala, agora um pouco irritada.

Estávamos ambas ao lado da porta, mas ela começa a falar e se afasta até próximo da janela.

- Não sabia que isso era conhecimento comum. - Respondo também um pouco irritada pela minha vida ser assunto comum de fofoca da ilha.

- E então, vai correndo para os braços dela agora? Você pareceu bem abalada quando ouviu o nome dela. - Ela fala, com acidez e eu finalmente entendo que ela estava com ciúmes.

Acho fofo.

Também me afasto da porta em sua direção. Ela estava de costas para mim, espiando pela fresta da janela. A abraço por trás.

- Você está com ciúmes? - Pergunto achando aquilo um pouco engraçado.

- Nem um pouco. Só que ficou claro que você ainda é balançada por ela. Olha a maneira que ficou. - Ela fala, removendo minhas mãos do entorno de sua cintura e se afastando um pouco de mim.

- Eu não fiquei abalada... Sim, tudo bem, eu fiquei um pouco, mas--

- Ok. Então eu farei o seguinte. Eu vou sair de fininho pela janela, aproveitando que toda a atenção está nela. Não terei dificuldade em andar por cima do muro. Já precisei sair por caminhos mais difíceis. - Ela me interrompe e muda de assunto.

- Mon! - É minha vez de falar mais alto, para tirá-la dos seus devaneios. - Você não vai pular da janela, é perigoso.

- Eu vou. Não é tão alto e eu já estive em situações piores. - Ela começa a abrir a janela e põe uma perna do lado de fora. Puxo seu braço.

- Kornkamon, volta aqui! - Ela me olha com fogo nos olhos.

- Não tem o que fazer, Samanun. Eu preciso sair daqui agora, enquanto o Bordel todo tem uma distração. É uma oportunidade única, sua ex chegou no momento perfeito.

Ela fala a última frase com ironia evidente, mas a verdade é que não deixava de ser um fato. A chegada da Margot havia possibilitado que ela conseguisse sair sem ser vista, enquanto eu iria seguir com os planos de fingir que tinha dormido aqui porque estava cansada.

Ela me olha por alguns segundos e então some pela janela.

Quando me viro de volta para o quarto e encaro a porta, a realidade recai em cima dos meus ombros com o peso do mundo inteiro: eu teria que encarar a Margot depois de um ano tentando fingir que sua existência tinha sido um surto coletivo.

Passo a mão nas minhas roupas, vendo se estava tudo no lugar. Olho ao redor do quarto procurando qualquer resquício de que a Mon tivesse dormido aqui. Constatando que eu estava acima de qualquer suspeita, abro a porta rapidamente, andando no corredor sem pensar muito, se não eu iria voltar para aquele quarto e só sairia quando ela tivesse ido embora.

Assim que apareço no topo da escada, todos os olhares do salão se viram para mim.

- Sam! Não sabia que você tinha dormido aqui hoje. - Jim fala, enquanto tento controlar os tremores das minhas pernas, descendo as escadas, pé ante pé.

- Sim, eu fiquei muito cansada ontem, resultado de um mês dormindo no chão. - Tento brincar e abro um sorriso amarelo, mas no fundo eu estava tendo um pequeno surto.

Jim ouve o que eu tinha falado e franze o cenho, como se tivesse tentando entender algumas coisas, mas logo volta à realidade dos fatos: minha ex, a quem eu tentei superar por um ano, estava ali ao seu lado com um sorriso de orelha a orelha, olhando para mim.

- Sammie, eu não imaginei que fosse te ver aqui logo! - Ela fala o apelido que só ela usava, me causando um frio na barriga.

Ela se aproxima de mim com naturalidade e me abraça, me pegando completamente de surpresa. Fico um pouco espantada e então encaro a Jim com o semblante preocupado, logo atrás dela.

Seu cheiro tão familiar, invade minhas narinas, atingindo o fundo do meu cérebro e me trazendo uma enxurrada de memórias. Assim que ela me solta, posso observá-la mais de perto. Seus cabelos loiros estavam mais curtos, bem mais curtos.

Ironicamente ela usava uma jaqueta preta de couro, com uns botões cravados e uma calça do mesmo material.



- É uma ótima surpresa. Quando recebi a notícia de que você tinha sido presa, cancelei a turnê que estávamos fazendo e vim até Nassau ver como você estava. - Ela segura nos meus dois ombros enquanto fala. Seus olhos descem pelo meu corpo, me avaliando. - Você está bem?

- Est-- Estou... - Coço a garganta, pigarreando de forma nervosa. Jim mantém seus olhos observadores sobre mim. Ela sabia que eu estava passando maus bocados ali. - Eu estou bem. Saí ontem. - Finalmente consigo formar uma frase completa e a encaro, com um sorriso que não mostrava os dentes.

Ela passa a mão nos meus cabelos, os colocando atrás da minha orelha, ato que costumava fazer antes de tudo. E então coloca a mão esquerda no meu rosto e me olha com um semblante angustiado.

- Soube que foi ao hospital também. Isso me pegou muito de surpresa, foi quando decidi de uma vez que precisava vir ver como você estava. Fiquei realmente preocupada, Sammie. - Ela fala e então a Jim se aproxima, tocando no seu ombro e a afastando de mim de forma discreta.

- Foram dias difíceis, a Sam realmente esteve bem mal. - Jim fala, vindo para o meu lado e passando as mãos no meu braço em uma pose defensiva.

A grande realidade de toda a breve história que eu tive com a Margot, em modo nenhum havia recaído em sua culpa. Nos relacionamos e eu me apaixonei sabendo que ela não iria ficar aqui em definitivo. Ela sempre foi muito clara sobre seus planos de seguir turnê mundial, parando de continente em continente se apresentando, era assim que ela levava a vida desde o momento que a conheci.

Mas não me apaixonar por ela havia sido uma coisa impossível de acontecer. Ela era extremamente linda, com uma mente muito interessante devido a sua forma de ver o mundo e às suas experiências, devido ao estilo de vida nômade que ela levava. Ela sabia bastante sobre muitas culturas e ela era um espírito livre que parecia carregar uma aura de magia ao seu redor, ela parecia uma sereia em terra firme. Como um ser mitológico que puxava toda a atenção do recinto por onde ela entrasse. Quando eu percebi, estava caída ao seus pés, não havia mais volta.

Como tinha prometido, ela seguiu sua vida e foi embora, por mais que ela dissesse que também era apaixonada por mim. Esse fato havia me deixado muito puta na época, porque eu não conseguia entender que, se ela estivesse apaixonada por mim de verdade, ela não iria embora. Mas a questão é que ela nunca me prometeu nada e sempre deixou muito claro que não abriria mão de viver da sua maneira, por um caso que ela tinha tido comigo.

Na época eu não soube entender. E, embora eu tenha compreendido, eu ainda tinha muito medo de que os sentimentos enterrados no fundo do meu peito voltassem.

Apesar de ter convicção que não sentia mais nada por ela, a partir do momento que entendi que estava apaixonada pela Mon, eu sentia medo de estar à sua volta, porque sabia que sua presença era muito apelativa para mim. Eu tinha medo de que sua chegada estragasse as coisas que eu passei tanto tempo tentando trabalhar dentro de mim e, pior, que estragasse o que eu estava começando a ter com a Kornkamon.

De modo interessante, pensar na Mon naquele momento havia me deixado mais calma e mais segura diante da sua presença. Era um alívio, devido ao caos personificado que eu era naquele momento.

- Eu estive mal, se não fosse a Kornkamon para me ajudar, eu acho que teria morrido. - Falo por fim, com a voz menos trêmula.

Ela faz uma expressão de que não fazia ideia de quem eu estava falando, então Camila, que estava junto, intervém.

- A capitã dos Negros. Kornkamon Teach. - Ela fala, como se tivesse falando da pessoa mais importante da ilha. Sinto vontade de rir, porque sabia que ela estava me ajudando ali.

- Não a conheço... Quando estava aqui, o líder dos Negros era seu pai, eu acho. - Margot fala, como se tivesse tentando puxar da memória. Ela nunca esteve muito a par de quem era quem no mundo pirata.

- Sim, o pai dela. Quando ele faleceu, sua tripulação votou para que ela assumisse. Agora temos duas gostosas como capitãs da ilha. O que eu considero uma ótima evolução, já que na época que estava aqui, tínhamos dois velhos. - Camila volta a falar de maneira hilária e a Margot olha para mim espantada.

- Seu pai... - Ela começa a falar, olhando para mim achando que eu havia assumido devido à sua morte, assim como Kornkamon.

- Ele está bem, só que teve que se afastar por motivos de saúde e me nomeou como capitã. - Falo com naturalidade e ela olha para mim com semblante orgulhoso e se aproxima novamente do meu corpo.

- Você é capitã?! Nossa Sammie, que excitante! Deve ser absurdamente mágico comandar um navio pirata, sair em missões, colocar os europeus em seu devido lugar. Lutar pela sua família, ser líder e guiar tantas pessoas. - Ela passa a mão nos meu braço e captura minha mão na sua. - Você deve ser a capitã perfeita para sua tripulação. - Ela fala com brilho nos olhos.

Engulo em seco. Era sobre isso que eu tinha medo, ela tinha uma maneira de ser que parecia que estava flertando com tudo e com todos, mas ela não estava. Ela era assim, era sua natureza.

Se ela pelo menos fosse um pouco menos atraente do que ela era, seria apenas uma pessoa muito, muito simpática.

- Ela definitivamente é. Ela é tudo isso que você citou, não é atoa que a Mon está repensando alguns termos do Acordo de Paz para favorecer o lado dos Vermelhos. - Camila intervém novamente. Ela parecia ter vestido a camisa do time da Mon, mas o teor da sua frase me faz franzir o cenho e eu a olho sem entender. Ela comprime os ombros em um sinal claro de que tinha falado qualquer coisa apenas para me ajudar.

- Nossa, essa Mon deve ser uma ótima capitã também. - Margot fala.

- Você nem imaginaria. Não é Sam? - Camila pergunta com claras segundas intenções nas entrelinhas da sua pergunta e a Margot percebe.

- Oh, sim. Ela é. - Falo tentando ser natural, mas a Margot me observa com um olhar um tanto... pensativo demais. Era evidente que aquele assunto havia intrigado ela.

- Minha querida... - Jim muda o foco. - Você deve ter tido uma viagem muito cansativa e deve estar com fome.

- Você acertou em cheio, Jim! Estou morrendo de fome, faz duas semanas que estou viajando. A sorte é que eu estava bem perto, consegui vir mais rápido.

- Você toma café conosco, Sam? - Jim me pergunta.

- Não, devo ir logo para casa, eu não vi meus pais ainda.

- Ah não, Sammie! Eu quero matar as saudades, quero conversar mais com você. - Margot faz uma cara de cachorro pidão

- Ela foi solta ontem, Margot. Acho que está louca para ir em casa. - Foi a vez da Jim me ajudar.

Apesar da Jim definitivamente não ser do time da Mon naquele caso, ela sabia que eu havia sofrido muito depois que a Margot tinha ido embora, então ela queria me proteger.

- Sim, na verdade eu preciso ir em casa... - Falo coçando a nuca, sem jeito.

- Tudo bem então. Mas você promete que vem aqui depois? - Ela pergunta pegando minhas duas mãos e olhando com seus olhos verdes intensos diretamente nos meus.

- Sim, eu... eu vou ver meus pais e então depois eu tenho que me encontrar com a Engfa e posso ver se mais tarde eu venho.

- A Engfa! Também tenho saudades da sua irmã. Adorava nossas noites loucas aqui no Bordel. - Ela fala e eu abro um sorriso sem mostrar os dentes. - Diga a ela que a intimo a vir mais tarde, preciso colocar o papo em dia. Parece que muita coisa aconteceu aqui enquanto eu estava fora.

- Você nem imagina. - Camila pensa alto. Eu, a Jim e a Margot olhamos para ela, mas logo trato de falar algo.

- Ela vem sim. Quando souber que você está em Nassau, tenho certeza que ela virá correndo.

A Engfa e a Margot haviam se tornado grandes amigas.

- Tudo bem, então Sammie. Vá matar a saudade dos seus pais, te vejo mais tarde. - Ela se aproxima, passa a mão pelo meu pescoço e me dá um beijo na bochecha.

Fico alguns minutos imóvel sem saber como reagir, então faço um cumprimento com a cabeça e me despeço de todas ali, indo para fora do Bordel.

Assim que piso do lado de fora, é como se tivesse saído de baixo da água e finalmente consigo respirar oxigênio de novo. Me encosto na parede externa do Bordel, me recompondo até que a porta se abre e a Jim sai de lá de dentro.

- Você está bem? - Ela me pergunta preocupada.

- Sim, estou bem melhor do que achei que fosse ficar quando ouvi você chamando o nome dela.

- Eu não vou deixar ela te magoar dessa vez, meu amor. - Ela passa a mão pelo meu rosto em um gesto carinhoso. Eu sorrio de sua proteção comigo.

- Não precisa se preocupar, Jim. Eu confesso que ainda fico tensa ao redor dela, mas...

Eu estou apaixonada por outra.

- Mas eu já não me sinto da mesma forma que há um ano atrás. - Finalizo.

Jim observa meu semblante, como que tentasse entender o que eu pensava.

- Sam... - Ela captura minha atenção. - Você não dormiu sozinha naquele quarto, não foi?

Respiro fundo tentando me decidir se eu deveria seguir com minha mentira até o fim ou se deveria contar logo para a Jim. Decido pelo segundo caminho.

- Não...

Ela bufa levemente, porque deveria ter um certo grau de certeza de quem estava lá comigo.

- Você estava com quem eu estou pensando? Com quem me garantiu que não tinha nada?

Olho para o chão derrotada e coço minha cabeça olhando na direção de onde minha égua estava, que por sua vez, me encara impaciente para ir embora dali. Ela tinha muita energia, deveria estar louca para correr.

Então volto a olhar para a Jim.

- Você sempre foi como uma mãe para mim e eu acho que não posso mais mentir para você.

- Você não deveria ter mentido, em primeiro lugar.

- Eu sei Jim, mas eu mesma não sabia o que estava acontecendo. O que esperava que eu fizesse? Que falasse que estávamos juntas? Nós não estávamos. Na verdade eu nem mesmo sabia como nos sentíamos uma pela outra.

- E agora você sabe?

- Sim. - Volto a olhar em seus olhos. - Eu estou apaixonada pela Mon.

A Jim parece se espantar com minha resposta tão direta.

- Você está apaixonada?! Achei que fosse dizer que gostava de estar com ela, que tinha desejo por ela... Mas apaixonada?!

Sinto meu rosto esquentar.

- Sim, Jim. E ela também está.

- É o fim dos tempos mesmo. - Ela comenta, mas eu percebi pelo seu tom de voz que ela não estava realmente com raiva. Ela só se preocupava que isso fosse parar em algo problemático para a ilha. Para o andamento do Acordo de Paz.

Diante da sua fala, eu não consigo deixar de rir levemente.

- Jim, é a primeira vez desde que ela foi embora, que eu me sinto realmente feliz. - Desabafo e ela me olha uma expressão mais leve. Ela tinha muito carinho por mim e com certeza ela passaria por cima das suas preocupações, em nome de me ver feliz.

- Você está falando sério mesmo?

- Sim. - Sorrio de lembrar dos momentos de ontem à noite.

- Tudo bem, Sam. Eu vou dar um voto de confiança em você porque sei que é muito responsável e não iria colocar a paz da ilha e de toda a população em cima de um caso amoroso. Não é?

- Não, se eu souber que isso irá prejudicar a paz da ilha, eu volto atrás. Não vou deixar isso acontecer.

Ficamos em silêncio alguns minutos e então ela sorri.

- A paz na ilha eu não sei, mas já sei que esse Bordel não terá paz mais tarde. - Ela fala por fim.

- Nem me fale...


Kornkamon Teach

- Você quer parar de andar de um lado para o outro? Vai abrir um buraco na madeira. - Lauren reclama, sentada no sofá do meu escritório, ao lado da Tee e da Yuki.

- O que ela tem hoje? - Yuki pergunta sem entender. Ela ainda não sabia que eu estava, digamos... vendo a Sam.

A Tee rola o olho, mas antes que ela pudesse dar uma resposta muito mais ponderada, que era do seu feitio, Lauren a atropela.

- Ela tá com a buce--

Tee voa com a mão na boca da Lauren, tapando sua boca e a impedindo de continuar sua fala pornofônica.

- Tem necessidade de falar assim, na frente da Yuki? - Tee pergunta irritada para a Lauren.

- Tudndok bmiej. - Lauren tenta responder, então puxa a mão da Tee de sua boca. - Está bem, desculpe Yuki.

Yuki rola os olhos, odiava ser tratada com uma criança inocente.

- Eu sei exatamente a palavra que ia usar. Eu não tenho cinco anos, gente. Vocês podem falar comigo direito, por favor? - Yuki reclama.

- A Mon está com todas as velas arriadas pela Sam. - Tee fala e a Yuki abre o olho surpresa e me olha.

- PELA SAMANUN EVERY?! - Ela grita.

- Quer ser um pouco mais discreta, Yuki?! Minha mãe está em casa. - Eu falo com calma e com o volume de voz bem baixo. Ela gesticula se desculpando.

- Sim, ela mesma em carne e osso e gostosura. - Lauren fala e eu dou um tapa na sua cabeça. - Ai! Toda vez você me bate, qualquer dia eu vou revidar e te descer no cacete.

Eu solto uma risada irônica.

- Por que qualquer dia? Revida agora. - A desafio.

- Não estou com disposição. - Lauren fala e olha para as unhas em um sinal forçado de tédio.

- Aham, sei. - Respondo.

- Às vezes eu acho que vocês tem a idade mental menor do que a da própria Yuki. - Tee fala.

- Vocês podem por favor me contar a fofoca inteira? Como assim a Mon está gostando da Sam? - Yukii insiste.

- Não só gostando meu amor. Elas não podem se ver que se comem. - Lauren volta a falar e a Yuki abre os olhos espantada novamente. Ela olha para mim procurando se certificar que a Lauren falava a verdade.

- Eu sabia que você gostava dela, no momento que a vi naquele dia no navio! - Yuki fala triunfante. - Ela é muito linda mesmo, eu te entendo.

- Ui, Mon. Tem mais uma na concorrência. - Lauren fala, enquanto a Tee tinha uma carranca no rosto.

Yuki tinha uma quedinha pela Tee, que por sua vez, também era evidente que nutria algum interesse, mas não se deixava levar por ela ser muito mais nova que a gente.

- Mais uma?! - Yuki pergunta.

- É por isso que essa songa monga está desse jeito. A ex da Sam apareceu na cidade. - Tee explica.

- A dançarina?! - Yuki pergunta, nos pegando de surpresa.

- Como você sabe quem é a ex da Sam? - Lauren pergunta e a Yuki dá de ombros.

- Todo mundo sabe. E eu já disse que vocês me tratam feito uma criança, mas eu não sou. Acham que não frequento outras rodas de piratas?

Nós três nos olhamos e então voltamos nossa atenção à Yuki.

- Sim e que história é essa de você achar a Sam linda? - Eu pergunto, cruzando os braços. Mais por brincadeira do que por ciúmes de fato.

- Ué, eu tenho olhos e enxergo bem.

Lauren cai na gargalhada.

- Tem certeza que essa menina não é sua irmã, Mon? - Lauren pergunta, em meio a risos eu acabo por abrir um sorriso também.

- Mas Mon, você já beijou ela mesmo? - Yuki pergunta com um tom inocente. Lauren volta a se acabar de rir. Tee sorri e faz que não com a cabeça, olhando para o chão.

- Já, Yuki. - Respondo sem querer dar mais detalhes. Eu não me sentia confortável de falar sobre minha vida sexual com minha prima que era quase minha irmã mais nova.

- Ela deu muito mais que beijos na Sam, Yuki. - Lauren volta a falar e eu olho para ela fuzilando-a. Eu preferia que a Yuki não ficasse sabendo de detalhes sobre isso.

- Vocês já...? - Yuki me pergunta um pouco espantada, mas deixando no ar o complemento de sua pergunta.

- É claro que já transaram né, Yuki. Você não conhece sua prima não? - Lauren fala sem escrúpulos.

Minha prima abre a boca, em surpresa e eu me levanto de onde estava e indo até ela, puxando-a pela mão.

- Já chega. Yuki, vamos, você participa na próxima reunião - Puxo seu braço, para que ela se levantasse.

- Deixa de ser puritana, Mon. A menina tem quase 17 anos. Pelo amor de Deus! Só quem ainda acha que essa garota é inocente, são você e a Tee.

- Mon, por favor. Essa é a primeira reunião que vocês, FINALMENTE, me deixam participar e agora você vai voltar atrás? - Yuki choraminga, enquanto eu ainda tinha seu braço na minha mão.

- O problema é que esse tipo de conversa é inapropriada, se sua mãe souber que você está ouvindo essas coisas--

- Ela vai fazer o quê, Mon? Cai na real, a maioria das garotas da minha idade nem são mais virgem. Eu faço 17 anos esse ano, você perdeu sua virgindade com quantos anos?!

Lauren põe a mão na boca para não rir, porque eu havia perdido minha virgindade com minha ex-namorada quando ainda tinha por volta de 14 anos.

Abro a boca para responder, mas logo volto a fechar sem dizer nada porque realmente Yuki tinha um ponto. A questão é que eu normalmente esquecia a real idade que ela tinha, porque na minha cabeça, ela ainda tinha uns 10 anos. Mas o tempo havia passado e, em todo momento, ela tinha a necessidade de me lembrar disso.

Talvez ela estivesse certa e eu devesse começar a introduzi-la mais nos nossos assuntos, já que era uma coisa que ela sempre pedia.

- Tudo bem, tudo bem. - Aceito a derrota por fim.

- Vai finalmente me contar como esse seu rolinho com a Sam começou? - Ela volta a se sentar onde estava e cruza as pernas, me encarando. Olho para a Lauren, que tinha um sorrisinho irônico no rosto, ela adorava aquele assunto.

- Começou na ilha. - Eu falo dando de ombros e ela abre os olhos em espanto.

A cada duas palavras que eu falava sobre isso, ela se espantava porque não esperava, de forma alguma, que aquilo estivesse acontecendo. Na verdade, quem esperaria?

- Sim e aí? - Ela me pede para continuar e a Lauren bufa.

- Você é a pior pessoa contando uma história, Mon. - Ela fala e se levanta, estalando os dedos em um gesto teatral de que estava se preparando para uma tarefa importante. - Elas transaram a primeira vez na ilha.

- Lau--

- Shhh. - Ela leva o dedo indicador à frente dos lábios. - Você agora fica calada, porque quem vai contar sou eu. Faço uma careta de poucos amigos e me sento, apoiando meu queixo na minha mão com uma expressão monótona e a Lauren continua.

- Elas ficaram na ilha entre tapas e beijos, até que a parte do "beijos" foi maior do que a parte do "tapas" e elas se pegaram valendo. E por "valendo" você entende, né?

- É óbvio, Lauren. Elas dormiram juntas. Agora continua. - Yuki revira os olhos e a Lauren faz uma cara de satisfeita.

- Então minha cara, daí pra frente, foi só pra trás. Ela não podia deixar de ver a Samanun na prisão um dia, tentou até beijar a menina pela grade e tudo.

- Deixa de mentira, Lauren! - Levanto indignada e ela começa a rir.

- Tá bom tá bom. Essa última parte foi mentira, mas o resto é verdade. Ela gamou na menina e ficou arriadinha. Não podia ouvir falar em julgamento, que ficava rosnando que nem um cão de guarda, querendo defendê-la.

- Por isso que você defendeu ela na reunião dos Negros sobre o julgamento! - Yuki fala, animada com sua conclusão.

- EXATAMENTE. - Lauren fala ainda mais animada.

- Mas e aí, e aí? - Yuki instiga a Lauren a continuar contando, enquanto eu só rolava os olhos e continuava com meu queixo apoiado na minha mão, esperando Lauren terminar com seu showzinho.

- Na noite em que Samanun foi presa, ela foi até a prisão, levar comida. Logo quando elas foram resgatadas. Foi escondida de todo mundo, mas aí depois teve vergonha na cara e contou pra Tee. - Ela continua.

Yuki mantinha sua expressão perplexa, enquanto Lauren falava empolgadamente.

- Quando ela viu em que situação a Sam estava, ela ficou muito puta e voltou no outro dia colocando o pau na mesa... Quer dizer, a buc--

- Lauren, menos! - Corto sua fala, antes que ela continuasse a falar palavrão. Ela se desculpa com um gesto e continua.

- Ela foi até a prisão e mandou o cara soltar a Sam. - Lauren fala.

- Meu Deus, eu nunca imaginei que tudo isso, no fundo, era porque você estava gostando dela. - Yuki fala, me olhando.

- Não foi só por isso, Yuki. Eu estava preocupada, eu não queria apenas que ela ficasse em casa com os pés para cima. O motivo principal foi o que eu dei à tripulação: ela poderia morrer a qualquer momento. Na verdade, se eu não tivesse levado comida na noite em que ela foi detida, não acho exagerado pensar que ela poderia morrer naquele mesmo dia.

- Esquece o que ela tá falando, Yuki. O motivo principal não foi esse. - Reviro os olhos com a fala da Lauren. Eu estava sem paciência pra ficar discutindo.

- Tudo bem. Isso não importa muito agora, eu quero saber o resto. - Yuki faz um gesto com a mão, apressando a Lauren.

- Enfim. No dia que saiu a resolução do Conselho sobre qual a data do julgamento, ela foi lá no Porto, em primeira mão avisar à Samanun. Nesse dia eu não sei exatamente o que aconteceu... - Lauren para sua explicação e vira para mim. - Vocês ficaram nesse dia?

- Lauren, não te interessa. Yuki já entendeu que ficamos de rolinho, já está bom. Temos uma reunião para começar. - Eu falo inquieta, mas Lauren ignora minha fala e vira novamente para a Yuki.

- Então ficaram. Continuando: elas ficaram nesse dia também e depois teve o julgamento, que a Mon deu carteirada de capitã e usou do seu poder para diminuir a sentença da lenda.

- Lauren, eu estou falando sério. Quer parar com graça? - Eu falo novamente.

Como se a inquietude com a chegada da ex da Sam não fosse suficiente, a Lauren ainda estava trazendo aquele assunto para o centro das atenções, quando eu só queria fazer a reunião sobre a próxima missão e esquecer por alguns momentos sobre aquele drama.

- Lauren, precisamos começar a reunião. - Tee me acompanha. Parecíamos ser as únicas adultas do recinto.

- Ai esperem um pouco vocês duas, que mal amadas. Sam não tá dando no couro direito não, amiga? - Lauren pergunta e, sem esperar minha resposta, volta a conversar com a Yuki. - Então a Sam foi presa e a Mon ficou subindo pelas paredes aqui do lado de fora, até no dia que não aguentamos mais ouvir ela se lamentando e levamos essa daí para ver a namoradinha. Chegando lá, Sam tinha ido de base, estava no chão desmaiada. Essa daí surtou, saiu dando em todo mundo que ficava na frente dela, quase bateu na enfermeira, só não bateu porque a enfermeira fechou logo com a cara dela e ela ficou pianinho.

- Depois a Mon teve um outro surto, porque achou que estava entregue demais aos encantos da outra lá e teve a brilhante ideia de parar de ver a Samanun na prisão. Achando ela que seguiria sua vida. - Tee se junta à Lauren e eu a olho espantada com tamanha traição.

- Até você, Tee?

- Mon, desculpa. É que realmente a fofoca é boa demais e é a primeira vez que podemos, finalmente, contar ela para alguém.

- Mas e ontem, o que aconteceu ontem? - Yuki pergunta curiosa.

- Ah minha filha, ontem foi o suprassumo da humilhação. Ela chegou lá e quando viu a Samanun deu defeito e ficou parada no meio do Bordel, que nem um poste.

- Arrá, eu estava esperando ansiosamente por essa parte. - Tee fala tão empolgada quanto Lauren e Yuki. - Porque você subiu com Camila e perdeu o ato final. - Lauren desfaz o sorriso do rosto e olha para a Tee com curiosidade.

- Não acredito que perdi de ver isso ao vivaço. - Ela olha para o chão, em uma encenação de tristeza. Reviro os olhos.

- Primeiro veio o fora que ela deu na Hailee. - Tee continua.

- É verdade que essa Hailee é apaixonada pela Mon? - Yuki pergunta e eu estranho que ela soubesse disso.

- Completamente. É até feio de ver. - Tee fala. - Mas como você sabe disso, já que nunca está no Bordel?

- Piratas são os seres mais fofoqueiros que existe. Vocês acham que são as meninas que trabalham no Bordel, mas não é. Sempre sei das coisas pelos comentários do convés. - Ela explica.

- É, na verdade você tem razão. - Lauren concorda. - Mas vai Tee, continua.

- Daí ela foi atrás da Samanun, ficaram de amorzinho a noite inteira e, de manhã, quem aparece lá no bordel?

- A dançarina! - Yuki complementa como se tivesse vendo o final ótimo de um filme.

- Ok, essa é a história inteira. Agora vamos começar a reunião. - Falo me levantando e pegando os papéis que eu precisava.

- Ai que saco. Vai chata, pode falar. - Lauren fala e eu a olho séria.

- Lauren, você não tem mais 12 anos. Você tem responsabilidades. - Reclamo e ela me olha com tédio.

- Todas as nossas reuniões de missão são assim. Você só está irritada agora porque o assunto é você e seu romancezinho com a Every. - Lauren fala, apoiando o tornozelo direito no joelho esquerdo, cruzando a perna e se encostando no sofá.

Respiro fundo e desenrolo o papel comprido na minha mesa.

- Vou ignorar o que você falou, porque precisamos começar essa reunião. Tee, quero notícias do levantamento sobre os navios espanhóis e franceses.

- Espanhóis e franceses? - Lauren estranha.

- Sim. Eu pedi para a Tee fazer um levantamento da frequência que suas rotas passam no mar do Caribe. - Explico e ela franze o cenho.

- Por que está interessada em saber o fluxo dos navios espanhóis? - Ela volta a questionar.

- Porque esse foi um assunto levantado pelos Vermelhos. Foi uma demanda que eles trouxeram e que, devido à nossa negativa, culminou no ataque duplo ao navio francês. - Explico.

- Lauren, é importante que a gente saiba exatamente sobre o que os Vermelhos estão passando para a gente decidir o que fazer. - Dessa vez é a Tee que fala.

- Decidir sobre o quê? - Lauren estava mais perdida que cego em tiroteio, porque acabei pedindo isso à Tee sem que ela estivesse presente, já que não havia sido uma reunião oficial nossa.

- Se os Vermelhos virem conversar novamente sobre os tratados do Acordo de Paz, devemos ter uma opinião formada sobre isso. E para formar uma opinião, eu preciso de dados concretos, não posso simplesmente ficar lá ouvindo números que eles trouxerem para gente. Precisamos nós mesmos sabermos a real situação.

- Você acha que eles podem vir conversar de novo sobre isso? - Yuki pergunta.

- Acho provável, já que a situação deles continua a mesma que antes. O movimento que a Sam fez para conseguir o ouro daquele navio, foi em vão. - Falo e a Lauren parece entender minhas reais intenções.

- Você quer ajudar os Vermelhos. - Ela faz sua constatação.

- Lauren, vamos ver o fluxo dos navios primeiro e depois a gente decide o que vamos fazer. - Encerro aquela conversa e olho para a Tee, aguardando o relatório.

- Esses dados são de um mês de observação. - Ela abre o documento que estava nas suas mãos e começa a dizer em voz alta os dados que lá estavam.

Não me surpreendo ao me deparar com dados iguais aos que a Sam havia trazido naquele dia na reunião: a quantidade de navios espanhóis que passavam perto das nossas águas era absurdamente ínfima se comparado com a quantidade de navios ingleses.

- Está claro que a situação dos Vermelhos está tão ruim quanto a que a Samanun nos apresentou na última reunião que ela convocou. - Tee fala por fim, me olhando.

- Caso os Vermelhos convoquem nova reunião para discutir o Acordo de Paz. Que posicionamento vocês acham que devemos tomar? - Pergunto a elas.

- Você estaria disposta a modificar os termos do Acordo de Paz? - Lauren me pergunta.

- Acho que é algo a se pensar sim. - Respondo e ela sorri.

- O que um chá não faz, nada vai fazer sabe. - Ela comenta e eu me irrito levemente.

- Loh, independente do motivo que fez a Mon olhar para esses números agora, a verdade é que ela tem razão. Se eles continuarem em uma situação ruim e começarem a passar fome e necessidade, não vai ter Acordo de Paz que segure uma revolta dos Vermelhos. - Yuki fala com uma clareza de ideias que nos surpreende.

Nós três olhamos para ela, sem reação.

- O que foi, falei algo nada a ver? - Ela pergunta com receio e eu sorrio orgulhosa.

- De maneira nenhuma, Yuki. Você falou exatamente o que eu iria falar, mas de um jeito melhor. - Ela sorri tímida e eu olho para a Lauren. - Tá vendo? A garota tem 17 anos e quase nenhuma experiência, enquanto você aqui macaca velha...

Lauren revira os olhos e a Tee ri.

- Mas é isso, capitã. - Tee fala. - E assim como a Yuki bem pontuou, acho que é muito importante que a gente pense sobre como iremos tratar sobre isso com os Vermelhos.

Era engraçado como ela era muito profissional. Se estivéssemos conversando e bebendo, eu era a Mon. No momento que a reunião começava ela, automaticamente, passava a me chamar de capitã.

- Ótimo, Tee. Muito obrigada pelo levantamento. Temos algum tempo para cada uma pensar sobre isso e trazer alternativas que sejam coerentes, para levarmos em uma possível reunião com os Vermelhos. - Elas fazem que sim com a cabeça e então eu mudo o tópico, tratando sobre nossa próxima missão.

Samanun Every

Eu havia chegado em casa há algumas horas e tinha matado um pouco da saudade que eu estava, tanto dos meus pais, quanto da minha própria casa. Tinha tomado um bom banho e estava na cozinha, conversando com os dois enquanto Engfa estava fora, em missão.

Apesar da situação com meu pai ainda estar um pouco estranha, o fato de eu ter passado o último mês na prisão tinha pesado mais e, por enquanto, o assunto que havíamos iniciado no hospital, estava em segundo plano por agora. Dessa forma, estávamos há pouco mais de uma hora apenas conversando, enquanto tomávamos um bom chá e alguns biscoitos que minha mãe tinha feito. Era ótimo estar em casa novamente.

- Você não vai acreditar no que vimos hoje, Sam! - Engfa entra, com as botas molhadas, fazendo um caminho de lama pela madeira do piso.

- Engfa, pelo amor de Deus. Quantas vezes eu já falei para você tirar seus calçados quando chegar em casa? - Meu pai fala aborrecido e minha irmã olha para os próprios pés, percebendo o salseiro que estava fazendo.

- Oops. - Ela fala e então remove as botas e as apoia na porta da cozinha, que dava para o quintal. - Vimos um tubarão branco enorme hoje. - Ela fala, com animação.

- Nossa, há muito tempo que eu não via um por aqui. - Falo animada e triste por ter perdido isso.

- Ele era lindo demais, tinha uns cinco metros de comprimento e apareceu quando estávamos pescando o almoço. Decidimos pescar sempre que estivéssemos a bordo, para diminuir os custos. Deleguei uma equipe para ficar responsável por isso.

Respiro fundo, porque sabia que pescar à bordo, quando estávamos em missão, atrapalhava muito, mas se não havia outra saída por enquanto, não tinha muito o que se fazer. Eu tinha que resolver aquele problema, assim que eu cumprisse os meses que eu precisava ficar afastada.

- Fez bem, Eng. - Falo com um pouco de tristeza na voz e ela põe a mão no meu ombro.

- Está indo tudo bem, irmã. Não precisa se preocupar. - Ela passa a mão no meu cabelo. - Sam, você... Você por acaso dormiu em casa? - Ela pergunta desconfiada e eu fico sem entender o teor da conversa.

- Não. Decidiu farrear fora, mesmo fazendo um mês que não voltava para casa. - Minha mãe diz aborrecida. Tive que ouvir bastante reclamação quando cheguei hoje de manhã em casa, depois de ter dormido com a Mon no Bordel.

Fato que, obviamente, ninguém sabia fora a Jim.

- Huuum... E você viu alguma movimentação diferente lá na Jim? - Ela pergunta desconfiada e finalmente entendo o que ela queria saber.

Provavelmente ela já tinha ficado sabendo que a Margot estava de volta na cidade, até porque elas tinham ficado bem próximas no período que a Margot ficou aqui. E além disso, não tinha uma fofoca nessa ilha que passasse batida.

- Sim. Vi alguém bem diferente, se é sobre isso que você quer perguntar. - Eu falo e ela olha para os meus pais, avaliando se eles estavam prestando atenção na nossa conversa e sim, eles estavam.

- Aconteceu alguma coisa? - Minha mãe pergunta.

- A Margot apareceu de repente. Está hospedada lá na Jim. - Falo dando de ombros, mas meus pais abrem os olhos surpresos.

Eles sabiam que eu tinha tido um caso com ela e que eu havia sofrido muito depois de sua partida.

- Por sinal, ela falou para que você aparecesse lá hoje. Ela também quer te ver. - Falo, me levantando da cadeira e saindo da cozinha. Engfa me segue, exasperada.

- Ei, espera. E você me diz isso assim, como se fosse uma tarde de quarta qualquer? - Ela pergunta, puxando meu ombro para olhá-la.

- Eu não quero lidar com isso agora, Eng.

- Ok. Mas você vai mais tarde? Aliás, com quem diabos você subiu ontem? Estávamos na mesa e, do nada, você não estava mais. - Ela pergunta, achando que eu tinha subido com alguma das prostitutas.

Pego seu braço e a puxo com pressa até meu quarto e fecho a porta.

- O que é isso, maluca? - Ela pergunta.

- Eu dormi com a Kornkamon Teach. - Falo e ela abre o olho espantada.

- É O QUÊ RAPARIGA? - Ela pergunta alto e eu tapo sua boca.

- Tem vezes, Engfa, que eu me arrependo de te contar as coisas. - Falo com sua boca tapada pela palma da minha mão. Quando ela se acalma, libero sua boca grande.

- Desculpa, desculpa. - Ela sussurra. - Eu me empolguei, foi só isso. É muita informação e eu estou amando acompanhar essa novela que é você e a Mon. Agora me diz uma coisa: ela saiu antes da Margot chegar?

Mordo meu lábio em nervosismo e ela capta minha reação.

- Puta merda, Samanun. A Mon esbarrou com a Margot?!

- Não! Ela viu o estado que eu estava quando ouvi a Jim falando o nome dela do lado de fora do quarto, então ficou meio puta e resolveu ir embora pela janela. Eu fiquei e fingi que dormi sozinha no quarto, porque estava cansada. Mas contei a Jim, depois.

- Para, para, para, para. Vamos por partes: primeiro de tudo, você dormiu com a Mon, mesmo depois dela ter te abandonado na prisão?

- Ela me explicou porque fez isso, Engfa.

- E você, benevolente como é, aceitou suas desculpas e então enfiou sua língua dentro da boca dela, certo?

Reviro os olhos.

- Não foi exatamente assim. Ela... ela se assumiu para mim. - Falo de uma vez, se não eu iria desistir de contar a ela. Engfa me olha surpresa.

- Eu não estou acreditando! A história só melhora meu Deus do céu, obrigada por eu estar presenciando essa fofoca em primeira mão. - Ela junta as mãos como se estivesse rezando e eu bato no seu braço.

- Para com isso, idiota.

- Sam, isso é muito melhor do que eu imaginei! E você, disse o quê a ela?

Engulo em seco, porque seria depois de revelar essa informação que eu não teria mais paz da Engfa.

- O que eu e a Kornkamon conversamos na nossa intimidade não lhe diz respeito. - Tento fugir do assunto e ela aperta os olhos, me observando.

- Você para com essa frescura e me diz logo, Samanun. Bora, disse o quê? Tá gostando da sua maior rival, da mulher que você disse que nunca iria chegar perto?

- Sim, Engfa. Eu disse que era recíproco. Tá feliz agora?

Ela morde a mão em um gritinho histérico abafado e sai pulando pelo quarto.

- Feliz? Meu amor, isso não chega nem perto de como eu estou me sentindo, porra. Você está apaixonada pela Kornkamon Teach. É inacreditável, cara não é possível. De todas as mulheres desta ilha, você se apaixonou exatamente por quem você esbravejava que não chegaria nem perto. Dizia que odiava, que não sei mais o quê. Mano, você mesma me dá munição pra te zoar, como pode isso.

- Terminou? - Pergunto com tédio e com os braços cruzados no meu peito. Ela coça a garganta e se recompõe.

- Ok, tudo bem, eu parei. É só que foi muito para eu lidar de uma vez. Ei, mas espera aí, você disse que a Mon ficou irritada com a maneira que você reagiu quando ouviu o nome da Margot... Samanun como você reagiu?

Passo a mão nos cabelos e coço a nuca em seguida, me virando de costas para ela.

- Eu--

- Você acabou de me dizer que está apaixonada pela Mon.

- Sim, Engfa, mas não é tão simples assim.

- Ela ainda mexe com você?

- Eu não sei. Eu realmente estou gostando da Kornkamon, eu não tenho dúvidas disso. É só que é tanto para processar, eu vivi o inferno quando aquela mulher foi embora e agora, revê-la é, no mínimo... estranho. Fiquei um pouco travada quando estava em sua presença.

- Huuum. - Engfa pensa nas minhas palavras. - Irmã, eu acho que é natural a maneira como você se sente. Acho que isso não significa que você gosta menos da Mon, é só que vocês tem muita coisa mal resolvida, você e a Margot. Talvez seja uma chance de fechar esse ciclo.

- Não sei se estou disposta a voltar a esse assunto. Acho que prefiro seguir como se nada tivesse acontecido, até porque ela própria não sabe que eu fiquei um ano fodida quando ela foi embora.

- Você acha que funcionaria fazer isso? Fingir que é indiferente a ela?

- Eu não sei, Eng. Eu não sei de nada agora, só não queria lidar com essa merda toda, logo agora que eu estou me sentindo bem pela primeira vez em um ano.

Ela me dá um sorriso fraternal e vem até mim.

- Você me promete que não vai fazer nada que seja desconfortável para você, para agradar mulher nenhuma? - Ela pergunta, com a palma da mão no meu rosto.

- O que quer dizer com isso?

- Eu quero dizer que sei como você fica abobalhada quando está apaixonada, Sam. Você vira uma pau mandado, só falta latir.

- Tá me chamando de cadela de mulher?

- Sim, é exatamente disso que eu estou te chamando, sim. - Ela responde com tranquilidade e eu jogo meu travesseiro nela e ela ri. - Mas falando sério, Sam. Eu não quero que você faça nada que você não queira, sendo pela Mon ou pela Margot. Porque, mesmo que não esteja mais apaixonada pela Margot, ela ainda tem um certo poder sobre você, pelo que entendi.

- Eu não sei, a gente se viu meio rápido. Tentei sair de lá o mais brevemente possível.

- Ok. Mas no final das contas, você vai hoje?

Respiro ruidosamente e aperto a boca em desagrado.

- Tenho que ir.

- Tem que ir?

- Eu já sei o que você vai falar, mas veja bem, se eu não for vai ficar estranho. É a primeira noite de uma amiga que eu não vejo há um ano.

- Tudo bem, você tem razão nesse ponto. Eu vou tomar banho e a gente sai já já para ver sua amiga. Ansiosa para saber como vai ser o encontro da sua namorada com sua amiga.

- Ela não é minha namorada ainda, Engfa. - Falo com naturalidade, mas assim que percebo a maneira como falei, me bato mentalmente por dar mais essa munição para a Engfa.

- Ainda? - Ela me olha com ar de deboche.

Kornkamon Teach

Assim que entro no salão, meu olhar roda os quatro cantos daquele local, procurando a Samanun. Eu estava muito nervosa porque sabia que iria encontrá-la aqui, mas principalmente porque a sua ex estava de volta. A ex que despedaçou seu coração e a fez sofrer por um ano inteiro. A ex que, hoje de manhã, fez a garota que tinha dormido comigo, ficar pálida e nervosa só em ouvir o nome da mulher.

Bufo em irritação por lembrar da maneira que a Samanun havia ficado mais cedo.

- Por que você já está essa montanha de irritação se nada aconteceu ainda? - Lauren pergunta, próximo ao meu ouvido.

- Nada, é só--

Antes de terminar minha frase, eu olho para o outro lado do salão e encontro uma mulher loira e alta, com a mão na cintura da Samanun e falando algo no seu ouvido. Os corpos colados de lado, enquanto ambas riam de alguma coisa engraçada que a mulher tinha falado em sua orelha.

A Samanun remove a mão da mulher de sua cintura com delicadeza e se afasta um pouco, mas a visão que eu havia visto antes é o suficiente para fazer todo o meu sangue borbulhar de raiva dentro das minhas veias.

Viro o rosto o mais rápido que posso, quando notei que estava encarando muito. E sigo o caminho que a Lauren havia feito, até os bancos do balcão do bar.

- Se prepara, porque hoje eu vou esvaziar todas essas garrafas desse bar. - Falo me sentando ao lado da Lauren. - Nop, deixa uma garrafa de uísque aqui e pendura na minha conta.

Lauren me olha com uma sobrancelha levantada.

- O que você está pretendendo fazer? - Ela pergunta.

- Amiga, sabe o que eu queria esta noite? Que a gente fingisse que não tem nada com ninguém e simplesmente a gente bebesse e conversasse e cantasse, como nos velhos tempos. Antes de você se apaixonar pela Camila e eu... Bem, você entendeu.

Ela me observa servir nossos copos.

- Você prefere ir para outro lugar hoje? - Pergunta, enquanto viro minha dose, me proibindo de olhar para o outro lado do salão. Bato o copo vazio no balcão e então recomeço a enchê-lo.

- Outro lugar? Por que eu iria querer isso? - Observo o líquido dourado preenchendo o vidro.

- Mon. - Ela segura o braço que eu estava levando novamente em direção a minha boca. - Vem cá, me dá isso aqui.

Ela remove o copo da minha mão e então põe no balcão novamente e vira meu banco, para que eu ficasse de frente para ela.

- Cara, para com esse sofrimento todo, se afundar em álcool só porque a ex da menina está aqui. Sim, está e o que tem? Ela te disse ontem que era apaixonada por você, mas vocês não podem ser vistas em público. O que você quer que ela faça? Venha até aqui te cumprimentar com um beijo na boca?

- Você tem razão, é que... é horrível essa sensação de não poder--

- Marcar seu território. Eu sei, amiga. Eu entendo completamente, você acha que eu gosto de saber que a Camila passa nas mãos de outros?

- Você tem um ponto. - Dou um gole menor no uísque e sinto uma mão no meu ombro. Me viro dando de cara com a Engfa.

- Oi, cunhadinha. - Ela fala com um sorriso no rosto.

- Então é aquela ali a... ex. - Ignoro o termo que ela usa e indico a direção com a cabeça, com a cara de poucos amigos.

- Sim, a Margot. - Ela responde de maneira simples, se apoiando no balcão.

- O que ela veio fazer aqui na ilha, tá perdida? - Pergunto com irritação e a Engfa ri um pouco sem graça, olhando para a Lauren.

- Ela está desse jeito desde que entrou aqui e viu a Sam com a garota. - Lauren explica.

- Mon, relaxa. A Sam está apaixonada por você. - Ela fala como se aquilo resolvesse tudo. Então faz um gesto para que a Kade trouxesse sua bebida. - Uma dose de run puro e run com água de côco.

- Ela não quer vir nem buscar a própria bebida? - Pergunto aborrecida e a Engfa me olha rindo. Ela aparentemente achava tudo muito engraçado.

- Essa bebida nem é para ela, ciumentinha.

Viro automaticamente para a Sam observando a interação delas. Todo o grupo estava em pé e eles conversavam animados. A mulher mantinha suas mãos sempre encostando no corpo da Samanun. Respiro fundo e volto a olhar para Engfa.

- A única pessoa que eu conheço que bebe rum com água de côco é ela. - Falo com irritação, porque não gostava de ser passada para trás.

- A Margot também bebe assim. - Ela responde um pouco sem jeito, pegando os dois copos do balcão.

Saber que elas dividiam o mesmo gosto por bebida me deixa com mais ciúmes ainda e eu engulo em seco, começando a pensar em realmente sair dali. Talvez eu devesse sair antes de pensar em fazer alguma besteira e me expusesse desnecessariamente.

Engfa Every

== 30 minutos atrás ==

- Eng! - Ouço a voz familiar da mulher assim que entro no Bordel. Vejo ela vindo até mim e seu corpo esbarra no meu, em um abraço apertado e saudoso.

Eu tinha muito carinho por ela, ela não tinha tido culpa de nada que havia se passado com a Sam e, no curto período que ela passou aqui, nós tínhamos virado boas amigas.

- Como você está, amiga? - Pergunto, assim que me afasto do seu abraço.

- Melhor agora que estou com vocês. - Ela fala e olha para a Sam, abrindo um sorriso. - Você veio! - Ela fala e então a abraça também.

A Sam nada fala, só abre um sorriso discreto e a abraça de volta.

- Como você está? - Ela pergunta para a Sam, passando a mão no seu cabelo com delicadeza.

- Eu estou bem. - Sam responde sem saber direito o motivo dela perguntar aquilo.

- Ela está do mesmo jeito que algumas horas atrás, Margot. - Falo e a Margot me olha com uma cara irônica.

- Eu só estou preocupada, ela passou muita coisa ruim na prisão e acabou de sair. Só isso. - Ela me responde cruzando os braços.

- Eu vou até o balcão falar com a Jim e com o Nop, já venho. - Sam avisa e a Margot segura sua mão a impedindo de andar e ela vira para a mulher.

- Não demora. Quero matar as saudades de beber e conversar com você. Como nos velhos tempos. - Ela fala, claramente flertando com minha irmã. Franzo a sobrancelha ao observar a interação delas.

Sam faz que sim com a cabeça e então vai até o balcão e eu encaro a Margot.

- Você está flertando com ela? - Pergunto direta, porque sabia que tinha abertura para aquilo. Tínhamos sido confidentes uma da outra, quando ela estava aqui, inclusive fui eu que avisei à Sam para se proteger emocionalmente, porque a Margot não tinha pretensão nenhuma de ficar em Nassau na ocasião.

- Eu tive muitas, muitas saudades da sua irmã. Mas vendo ela agora, eu percebi que eu sinto muito mais do que eu imaginava sentir. - Ela fala, observando Sam de longe.

- Você está dizendo que ainda é apaixonada por ela? - Pergunto querendo entender exatamente aquilo tudo. Ela me olha séria.

- Eu passei um ano longe, cumprindo minhas obrigações porque eu já tinha sido paga para fazer aqueles shows, mas assim que soube que ela estava na prisão e, pior, que tinha ido para o hospital, o medo de perdê-la de vez foi maior e eu saí da trupe.

Deixo meu queixo ir ao chão.

- Você saiu, tipo, saiu completamente? - Fico confusa e ela ri.

- Eu tive que perder sua irmã e ficar um ano sentindo a falta dela, para entender que não há liberdade maior, do que estar ao lado dela aqui em Nassau. Por isso eu percebi que estava disposta a abdicar da minha vida pelo mundo, à qual eu sempre amei, para estar aqui com ela, por quem eu pareço amar muito mais do que qualquer coisa.

- Você voltou para conquistá-la de volta? - Eu estava estupefata com aquilo, porque eu realmente não esperava que ela tivesse voltado para ficar.

- É exatamente isto que estou dizendo. - Ela me encara com os olhos verdes cobertos de esperança.

Puta que pa--

- Voltei. - Sam corta meus pensamentos, me entregando um copo com run puro e um copo com run e água de côco para a Margot. - Ainda gosta assim, não é? - Ela pergunta para a Margot, que se derrete pelo modo atencioso que a Sam lembrou de como ela gostava da bebida.

- Sim, ainda bebo assim. Você também? - Ela pergunta e a Sam faz que sim.

- Passei um tempo não querendo mais com água de côco, mas devo admitir que é a melhor maneira de beber. - Sam responde e ela faz uma expressão confusa.

- Sempre tem uma maneira que a gente gosta mais, mesmo achando, por um momento, que deve experimentar outras. No final, sempre voltamos para a preferida. - Margot fala de forma, claramente, dúbia e eu engasgo com a bebida.

Sam e ela passam sua atenção para mim, me ajudando a desengasgar.

- Está tudo bem, tudo bem. - Falo, levantando a mão e elas se afastam de mim.

Margot aproveita sua proximidade com a Sam e passa a mão pela cintura dela, colando os corpos de lado e falando algo no ouvido da Sam, que ri da sua fala, mas logo se afasta da Margot.

Ao mesmo tempo que aquela cena acontece, eu vejo de canto de olho a Mon chegando com a Lauren e começo a ficar nervosa. Era uma situação muito complicada, porque a Margot não sabia do envolvimento da Mon com a Sam e estava indo com tudo para cima. E a Mon tinha acabado de chegar e já tinha visto a ex da Sam com suas mãos no corpo da sua atual. Enfim, uma confusão.

- Então, onde estávamos mesmo? Ah, falando sobre voltar para nossa preferida. - Ela retoma o assunto.

Ela estava impossível, nunca tinha visto ela dando tão descaradamente em cima da Sam. Sempre foi a Sam que correu atrás dela. Eu começava a ficar nervosa.

- Estávamos falando sobre isso? - Sam pergunta, com inocência. Ela não parecia perceber que a Margot flertava com ela.

- Sim, definitivamente estávamos.

Olho para o balcão e vejo a Mon de perfil, conversando com a Lauren. De uma forma um pouco calorosa, a Lauren gesticulava, para uma Mon irritada.

- Sam... - Puxo a atenção da minha irmã para mim. - Viu que a Mon chegou?

A Sam parece ficar nervosa e então procura pela Teach, pousando seus olhos na garota sentada no balcão. Ela me olha com expressão de desespero.

- Ah, então aquela é a outra capitã? - Margot pergunta. - Ela é realmente muito bonita.

A Sam estava para ter um desmaio e dessa vez não era por desnutrição.

- Eu vou pegar mais bebidas, vocês querem algo? - Pergunto olhando para a Sam, silenciosamente avisando à ela que eu iria conversar com a Mon por ela.

Ela faz que sim com a cabeça, de forma leve e então eu saio para o balcão.

- Pega uma bebida para mim, Eng! - Margot pede.

- Oi, cunhadinha! - Falo de maneira animada, para esconder meu nervosismo.

- Então é aquela ali a... ex. - Mon pergunta com evidente irritação. Ela estava borbulhando de ciúmes.

- Sim, a Margot. - Respondo, sem saber direito como tratar daquele assunto.

- O que ela veio fazer aqui na ilha, tá perdida? - Sorrio em nervosismo e olho para a Lauren.

- Ela está desse jeito desde que entrou aqui e viu a Sam com a garota. - Lauren me explica o óbvio.

- Mon, relaxa. A Sam está apaixonada por você. - Falo para tentar amenizar a situação, afinal eu tinha ido conversar com a Mon exatamente com essa intenção.

- Ela não quer vir nem buscar a própria bebida? - Ela pergunta com aborrecimento e um pouco de tristeza na voz. Acho que ela pensava que a Sam não queria conversar com ela, mas era o total oposto.

- Essa bebida nem é para ela, ciumentinha. - Brinco, tentando amenizar as coisas e ela se vira, olhando para a Sam.

Era muito evidente sua irritação.

- A única pessoa que eu conheço que bebe run com água de côco é ela.

Agora ela vai ficar mais puta ainda, quando descobrir que a bebida preferida da Sam, quem apresentou foi a própria Margot.

- A Margot também bebe assim. - Falo receosa.

Ela parece pensar um pouco, olha rapidamente para a Sam e então vira o resto da bebida que tinha no copo e se levanta.

- Acho que já deu para mim hoje. Você vai ficar, Lauren?

- Mon, não vai embora. - Peço e ela me olha irritada.

- O que eu vou ficar fazendo aqui, Engfa?

- Não sei. Bebendo, se divertindo...? - Dou um sorriso amarelo e ela revira os olhos.

- Não estou afim de assistir de camarote a Sam ficando com a ex. Porque é o que aquilo ali - ela aponta com a mão, de forma nem um pouco discreta - vai se tornar daqui a poucos minutos. Acha que eu não conheço um flerte quando vejo um?

- A Margot pode até estar flertando com a Sam, Mon. Mas não é recíproco. A Sam queria falar com você, mas eu achei melhor que eu mesma viesse.

- Não queira amenizar as coisas para sua irmã, Engfa. Além do mais, nós não temos nada, ela é livre pra fazer o que quiser e já ficou claro que eu era apenas um passa tempo. E eu não sou mulher de ser passatempo de ninguém, por isso eu vou tomar meu rumo. Boa noite. - Ela fala para mim e então se vira para a Lauren. - Te vejo amanhã.

Ela sai a passos rápidos, deixando a mim e à Lauren sem saber o que dizer. Do outro lado do salão, vejo a Sam observar a situação com semblante preocupado e sem pensar duas vezes, ela sai correndo em direção à porta.

- Eu sabia que ia dar merda. - Comento com Lauren.

- Mas não sabia que ia ser tão rápido. - Lauren complementa, enquanto a gente observava a Sam correr em direção à saída, deixando a Margot com expressão confusa para trás. 

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