L A R A
É informação demais pro meu cérebro raciocinar. Assim que percebo a presença da minha mãe é como se desse uma pane no meu sistema, estou travada.
Já não basta meu irmão estar todo agarrado no Gabriel, agora ela também aparece e tá em repleto silêncio desde que viu a surpresa que está na minha sala.
— Puta merda!— ela diz— o que ele tá fazendo aqui, Lara?
— Olha só, mãe, o pai do seu time— o Fred diz e o Gabriel solta uma risada.
— Lara!
— Oi, mãe— me levanto— o Gabriel passou a noite aqui, mas já estava de saída, fui à uma festa ontem com meus amigos e acabei encontrando ele por lá, como já era tarde, ele acabou dormindo aqui. Também peguei uma muda de roupa das que você vende pra ele usar.
Falei, tô leve e quase provoco um ataque cardíaco na coitada que se anda apressadamente até o sofá e se senta ali.
— Mas eu vou pagar, fica tranquila— ele diz.
— Você foi quando lá em casa?
— Madrugada, não quis te acordar.
— LARA!— ela se abaixa pra pegar o chinelo e eu dou uma corrida, me escondendo atrás do Gabriel— você invadiu a casa?
— Eu tinha chave, mãe, ou era isso ou ele teria que dormir pelado.
— Garota...— ele me olha.
— Seu pai vai passar mal quando souber disso.
— Que isso, mãe, é o Gabigol dormindo na casa da larinha, isso é a muito incrível!
— Fica quieto, Frederico— dou um tapa na cabeça dele e quando vejo que minha mãe já largou o chinelo, saio de trás do Gabi.
— Fica calma minha querida, lindona, perfeita e maravilhosa— tento acalmar a fera— é só fingir que o Gabi não joga no time que você odeia.
— Isso aí— ele concorda comigo— vim na paz.
— É informação demais, eu não estava preparada pra isso, irei me retirar. Vamos, Fred.
— Ah não, mãe, eu quero ficar aqui com o Gabi.
— Daqui a pouco começa a festinha do seu amigo e você tem que ir, esqueceu? Vai logo se arrumar.
— A gente pode tirar uma foto então?— pergunta pro Gabriel e com sua confirmação, sobra pra mim tirar uma foto dos dois.
Nem sei porque esse amor todo por um cara que ele tá conhecendo hoje, mas nem questiono.
Quando a sessão de fotos termina, eu tenho a absoluta certeza que até camisa meu querido irmão vai mandar fazer só pra todos verem que ele conhece o Gabigol.
— Te amo muito, a gente vai se ver ainda, né?
Naaaaaao.
— Vou ficar uns dias aqui, a gente pode marcar de sair, mas isso se a sua irmã quiser.
— Ela vai querer!
Não vou não.
— É, ela vai, né Lara?
Vou dar um tapão no Gabriel só pra ele ficar ligado.
— Tenho que ver na minha agenda, agora vai logo, Fred.
— Você nem faz nada, pode parando de mentira, vamos marcar um rolê pra amanhã mesmo, vamos levar o Gabi na praia.
— Adoro praia— ele da um sorrisinho.
— Vamos, Frederico— minha mãe chama e ele abraça o Gabi mais uma vez antes de ir até ela— juízo aí vocês dois, hein?
— Ele já vai embora, mãe— garanto e ela me olha toda desconfiada antes de sair junto com meu irmão e fechar a porta.
— Enfim sozinhos— se joga no meu sofá— tô cheio de fome.
Quem foi que fabricou esse garoto? Não é normal!
— Vai embora e come.
— Prefiro comer aqui— dá um sorriso— tu tem carro?
— Por que?
— Pra me levar embora, ué, acho que a casa que eu aluguei não fica muito longe daqui.
— Chama teu amigo pra vir te buscar, agora bora lá comer alguma coisa, levanta esse bundão daí.
— Minha bunda nem é grande— se levanta.
— Claro que é.
Caminho em direção da cozinha e sei que ele está vindo atrás de mim, é estranho tê-lo aqui na minha casa, a dias atrás a gente estava conversando por mensagens e eu não fazia a mínima ideia de quem ele era e agora estamos assim.
— Aí, você se lembra de ontem, né?— pergunta assim que chega do meu lado— na praia.
— Sim...
Eu beijei uma das minhas melhores amigas, dessa vez não foi um selinho e sim um baita beijo. Não quero nem imaginar o que a gente iria fazer se não tivessem nos interrompido.
— Foi maneiro, né?
— Mas não irá se repetir.
Caminho até a geladeira e fico pensando no que ele come, como é atleta deve ter uma alimentação regrada e eu só como besteira. Ontem mesmo comi pizza logo pela manhã.
Pego ingredientes pra montar um sanduíche que não tem erro e o lavo minhas mãos, começando a usar meus dotes de chef de cozinha.
Tava tudo indo muito bem até que o abençoado me abraça por trás e começa a dar uns beijos no meu pescoço.
Qual é, beijo no pescoço é gatilho pro modo safada entrar em ação, mas eu não quero fazer nada porque de ontem pra hoje já tive mais transas do que durante meu ano inteiro e estou dolorida.
— Sai daqui— digo querendo que ele fique.
— Tá bom— ele rouba uma fatia do queijo antes de se afastar e se encostar na pia, permanecendo perto de mim— maneira tua casa.
— Eu sei, linda igual a dona.
— Se acha, né?— ri— mas é verdade.
— Depois que você comer te levo embora.
— Tá bom, vou dar uma festinha lá hoje, se quiser ir e levar seus amigos...
— Não fala mais em festa, ainda estou de ressaca.
— Mata a ressaca bebendo mais, ué.
— Péssima ideia, garoto.
Termino de montar nosso sanduíche e pego suco de laranja, colocando nos nossos copos.
Quando vejo ele de costas, me aproximo e dou um apertão em sua bunda, enchendo a mão.
— Bundão— dou um tapa.
— Garota!— vira de frente pra minha e cai na gargalhada— do nada.
— Fiquei com vontade, ué.
— Direitos iguais, não é?
— Por...— sou impedida de falar porque ele também bate na minha bunda, um baita tapão estralado— filho da mãe!— bato em seu braço.
— Vingancinha, gata.
— Nem vou falar nada— reviro os olhos e me sento na cadeira, ele se senta do meu lado e nós começamos a comer na paz de Deus. Estava faminta!
Sou a primeira a terminar e aproveito pra pegar meu celular, entro no aplicativo de mensagens e arregalo os olhos quando vejo mais de mil mensagens no grupo que estou com meus amigos, a maioria estava no rolê de ontem e o conteúdo das mensagens deve ser esse.
Entro ali e leio as mensagens por alto, tão esfregando na cara da Lavínia tudo que ela fez ontem, com fotos e vídeos dela dançando loucamente e bebendo pra caramba. Também tem uma foto do Rodrigo dormindo abraçando em uma joaninha de pelúcia e pasmem, uma foto minha beijando o Gabriel lá na festa.
O resto é tudo deles reclamando da ressaca e falando que nunca mais vão beber. Mando um "boa tarde" lá e me retiro antes que vire pauta por lá.
— Seus amigos são maneiros— ele quebra o silêncio— até os vascaínos.
— Eles são incríveis.
— Agora eu acho melhor ir embora antes que os meus amigos mandem até a guarda costeira vir atrás de mim.
— Eu também acho— me levanto— só vou pegar a chave do carro.
— Posso confiar em você dirigindo?
— Claro, ué— minto, afinal não dirijo com frequência.
Após pegar a chave do carro, espero ele se aprontar pra então irmos até a garagem. Quando já estamos no meu carro, eu o ligo e não demora pra que já esteja dirigindo.
É muito maluco estar na direção, sei lá, tem momentos que eu penso que vai dar algo errado, ou bater na traseira de algum outro carro.
E pra piorar toda a situação, o Gabriel coloca a mão na minha coxa, me tirando toda a atenção que estava na estrada.
— Concentra na direção, pô.
Filho da mãe!!
— Nem estou sendo atingida— dou de ombros e ouço sua risada.
Leva alguns minutos pra que eu enfim estacione em frente a casa onde ele me falou que estava, aqui é bem maneiro.
— Hum... Acho que a gente se vê ainda, né?— ele pergunta, parece estar meio sem jeito.
— Você combinou com o Fred, né, então acho que sim.
— Se quiser aparecer aqui mais tarde pode vir, os caras chamaram um pessoal que mora aqui, talvez você conheça...
— Vixe, aí que eu não venho mesmo, aproveito as garotas daqui e só nao fica com uma de cabelo vermelho, ela é louca!
— Louca em que nível?
— Ela já deu uma facada no ex namorado.
— O nome dela é Rita?
— Não, por quê?
— Volta Rita que eu perdoo a facada— cantarola e eu levo cerca de cinco segundos pra entender o que ele quis dizer, quando isso acontece, caio na gargalhada.
— Essa foi péssima— volto a ficar séria.
— Pode deixar que eu não vou nem chegar perto da garota se ela tiver cabelo vermelho.
— Isso aí.
— Vai me dar um beijo de despedida?
— Deixa sua boquinha pra entrar em ação mais tarde.
— Ela quer agora.
E antes que eu chegue a falar algo, ele se inclina pra perto, mete a mão no meu cabelo e me puxa, grudando os lábios no meu.
Jesus amado, não tô bem.
A mão dele sobe pela minha coxa, cintura e para em meu peito, apertando com uma certa força.
Sua língua encosta na minha no mesmo momento que a mão fica em volta do meu pescoço e aperta, fazendo meu coração se acelerar num nível ridículo.
Quando o ar falta, ele morde meu lábio inferior e me dá vários selinhos antes de se afastar novamente, tirando as mãos de mim e abrindo a porta do carro.
— Tchau, Larinha, até logo— pisca— a gente se vê por aí.
— Tchau... Gabriel.
Ele dá um sorriso e fecha a porta, dando algumas batidinhas no vidro antes de se afastar.
Ok, foi só um beijo e não tem porquê colocar a Lara safada em jogo, sossega!
A roupa dele ficou lá em casa, então significa que ele vai ter que ir buscar, né? Que pena, hein.
E aí e aí e aí
Ia aparecer ontem mas choveu e acho que vocês sabem que quando chove a minha internet vai de Santos.
Queria dizer nada não, mas no próximo capítulo vai acontecer algo que muita gente vai amar e outras nem tanto, vai depender...👀🥵
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