Velas Negras • MonSam

By Heartflwrbr

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Após a morte de seu pai Edward Teach, um dos maiores e mais respeitados piratas da região do Caribe, Mon assu... More

Introdução
Personagens - Os Negros
Personagens - O Bordel
Personagens - Os Vermelhos
1. O Pior da Minha Vida
2. Decisão Tomada
3. O Acordo
4. Seguir curso!
5. Atitudes Inesperadas
6. O Resgate
7. A Garota da Família Rival
8. Defesa
9. Inconsequência
10. O Julgamento
11. Visitas Inesperadas
13. Motivos
14. Lidando com os sentimentos?
15. Não é porque eu te odeio que eu não posso mais beijar sua boca
16. A Dançarina
17. Brincando com Fogo
18. Cartas na Mesa
19. Buscando Respostas
20. Traição...?
21. Decisões Difíceis
22. Aliança
23. Afogando-me
24. Fatos e Conexões
25. Você é Bem Vinda.
26. A Última Noite
27. Traidores
28. Guerra

12. Vontade

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By Heartflwrbr

Oi gente, como vocês tão? 

Então, eu achei que seria legal vir aqui dar alguns avisos:

1. Esse capítulo tem alguns pulos temporais que é informado pelos personagens, é só prestar um pouco de atenção;

2. Eu costumo tentar sempre manter o desenrolar dos fatos de acordo com uma coerência da história. Algumas pessoas podem achar um pouco lento ou ficarem um pouco confusas, mas as coisas estão acontecendo. Acalmem os ânimos que as coisas vão acontecer. 


No mais, é isso. Boa leitura.


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Kornkamon Teach

Entro na cozinha encontrando minha mãe no local. Ela estava de costas e fazia alguma coisa no fogão à lenha.

Abraço-a por trás e dou um beijo na sua bochecha. Ela abre um sorriso.

- Bom dia, meu amor. - Ela responde. - Estou realmente surpresa que tenha dormido em casa.

- Começou cedo hoje, dona Angélica. - Me sirvo do café e tomo um grande gole. Minha cabeça doía bastante, eu tinha passado do ponto ontem e o uísque ainda corria nas minhas veias.

- Eu fiquei feliz que não tenha ido ao Bordel, só isso.

- Eu fui. - Ela para o que estava fazendo e me dá toda sua atenção com uma expressão aborrecida. Então poderia fazer muita coisa quanto a isso, mas normalmente não perdia a oportunidade de me alfinetar. - Mas não fiquei muito tempo.

- Por quê não quis ficar? - Ela me olha com o cenho franzido e eu respiro fundo, tentando formular uma resposta.

- Eu-- eu só não estava no clima. Bebi com algumas pessoas da tripulação, mas... - Imagens da tentativa de sexo com a Hailee tomam meus pensamentos enquanto sinto os olhos da minha mãe me queimando. Ela tentava me ler e era irritante o quão bem ela conseguia fazê-lo.

- Você não teve vontade de dormir lá. - Não era uma pergunta, era uma constatação.

Aquela era a maneira dela de dizer que eu não tinha tido vontade de transar com ninguém naquele dia, mas ela nunca usava aquele tipo de linguajar.

- Por que tantas perguntas? Eu simplesmente não quis, estou cansada, o dia ontem foi bem pesado. Não é agradável sentenciar uma pessoa à prisão.

- Uma pessoa em específico, você diz?

- Você também está com isso agora? - Sinto um pouco de irritação com aquele assunto surgindo novamente.

Me sirvo de alguns ovos mexidos enquanto vejo ela levantar uma sobrancelha.

- Também?

- Sim, a Tee já me questionou sobre isso e ontem foi a Lauren.

- Huum... - Ela fala pensativa enquanto olhava para suas unhas, dando de ombros.

- ˜Huum"o quê? O que você quer dizer com isso? - Estreito meus olhos.

- Você me parece um pouco arredia com esse assunto. Quer mesmo conversar sobre?

Respiro fundo.

- É um pouco frustrante quando as pessoas ao seu redor lhe acusam de estar fazendo ou sentindo algo que não é a verdade. - Ela dá um sorriso sem mostrar os dentes.

- Mon, ninguém está te acusando de nada. As três pessoas que citou são pessoas que te amam e querem seu bem e, por isso, querer entender o que se passa com você é natural.

Penso um pouco nas suas palavras e ela fica em silêncio, me dando tempo para absorver as informações.

- Eu entendo o que quer dizer, mas vocês tem que compreender que se eu digo que uma coisa não faz sentido, então não faz.

- Mas se você diz uma coisa e age de modo diferente, você quer que pensemos o quê? - Ela para alguns segundos e se aproxima de mim, pondo a mão no meu rosto. - Mon, eu não estou falando nada disso para que se estresse, só coloquei alguns fatos para que pense sobre isso. Por exemplo, você foi até a prisão ontem ver a Samanun Every?

Rolo os olhos.

- Você entende que sou eu a responsável por colocá-la na prisão? - Altero um pouco minha voz. - Por mais que tenha sido atitudes dela que a levou até ali, eu me sinto responsável. Por que é tão difícil que entendam isso?

- Já vi seu pai envolvido em vários julgamentos e nunca o vi com toda essa piedade para com o réu.

- Bem, somos pessoas diferentes. - Falo por fim.

- Sim, com certeza. Só estava comentando que nunca havia visto uma pirata se importar tanto com alguém que lhe prejudicou. Principalmente, sendo historicamente, uma rival.

- Mãe, fale logo de forma clara o que você quer falar, porque eu preciso resolver algumas coisas.

- Não preciso falar nada mais claro do que já falei, você já entendeu exatamente o que eu estou insinuando, caso contrário não estaria tão irritada assim.

Respiro pesadamente, sentindo a irritação daquele assunto acometendo todo o meu corpo.

- Ok, então se já expôs tudo o que queria, peço licença para me retirar. Preciso me reunir com a Tee e a Lauren. Vamos ter que pensar na próxima missão.

Ela faz que sim com a cabeça e então volta a fazer o ensopado que estava fazendo, enquanto eu saio da cozinha irritada e com pressa para acabar logo de uma vez aquele assunto.

Samanun Every

== Noite passada ==

Sinto meu corpo todo gelar imediatamente.

Ele estava me oferecendo acabar com a vida da Kornkamon, mas por qual motivo? Preciso pensar muito bem no que iria responder, porque eu tinha que saber quem ele era e porquê ele queria matá-la.

- Ok, você conseguiu a minha atenção. - Respondo e posso ver um sorriso brotando no seu rosto.

- Era o que eu imaginava ouvir, Samanun Every.

- Primeiramente, preciso saber quem é você e como sabe quem eu sou.

- Chegaremos lá na hora certa. - Ele responde de forma misteriosa.

- Acho que já estamos na hora certa. Caso contrário, não teremos nenhum acordo. Como posso confiar em alguém que nem conheço? - Ele volta a sorrir.

- Meus instintos estavam certos quando eles me disseram que você seria muito mais inteligente do que seu pai. Pois bem... O que posso lhe dizer agora é que tenho contatos aqui dentro da ilha e há muito, muitos anos eu monitoro as coisas. Eu sou uma pessoa que planeja muito antes de agir, Samanun. Assim como você.

Quando soube que seu pai havia se retirado e você havia tomado lugar como Capitã e não sua irmã, meu coração se encheu de esperança.

- O que quer dizer com isso? - Eu precisava que ele se mantivesse falando, para que eu conseguisse captar mais informações.

- Há anos que eu quero acabar com a família Teach, mas seu pai foi muito pouco eficiente da primeira vez. - Aquela informação me pega completamente de surpresa, se é que era possível naquele ponto, mas eu não poderia transparecer que eu não sabia daquilo.

- Meu pai fez o que foi preciso. - Falo uma frase genérica, esperando que ele continuasse a falar.

- Preciso? Tenho certeza que ele não precisava estar mancomunado com a marinha inglesa para tentar acabar com os Teach. A questão é que ele foi pego. - Sinto meu corpo todo tremer e meu mundo cair em cima da minha cabeça.

Se aquela informação fosse verdadeira, meu pai havia cometido crime gravíssimo de acordo com o código de conduta pirata. Ele seria enforcado em praça pública sem pensar duas vezes. E além disso, se aquilo realmente fosse verdade, eu acabava de descobrir que meu pai era um grandíssimo filho da puta. Se aliar com a coroa da Inglaterra para vazar informações de outra tripulação pirata não era apenas um crime, era uma coisa completamente inescrupulosa de se fazer. Era um ato que só as piores pessoas poderiam concordar, por mais que ele fosse inimigo dos Teach, aquilo não era justificável de maneira alguma.

Resolvo deixar aquele assunto de lado novamente, porque eu precisava ser estratégica, aquele cara, quem quer que ele fosse, era uma pessoa importante, ele não era qualquer um. Tinha muita informação para ser qualquer aproveitador, então eu precisava agir com cautela.

- Como entrou em Nassau? - Pergunto tentando engolir o bolo que havia se formado na minha garganta. Parece que havia uma pedra cheia de espinhos na minha faringe e eu não conseguia degluti-la.

- Mesmo com a falha do plano original, Samanun, eu não perdi meus contatos aqui dentro. Você não imaginaria o quão fácil é furar o bloqueio marítimo se souber a quantia certa a ofertar.

Isso era mais uma informação importantíssima a se saber. Todas as tripulações piratas, desde o Acordo de Paz, haviam se juntado para criar o chamado "bloqueio", que consistia em piratas bem posicionados e infiltrados na vida da ilha em terra. Também havia o bloqueio marítimo, que consistia em constante vigilância no mar. Devido ao nosso conhecimento daquelas águas, tínhamos muita vantagem em nos posicionar estrategicamente, de modo que, até então, eu não fazia ideia que esse bloqueio tinha sido furado.

- Estou há anos desenvolvendo um plano pertinente para acabar com os Teach e preciso da ajuda de alguém de dentro. A primeira proposta que tentei foi há muitos anos atrás, quando os Vermelhos eram comandados pelo seu pai e a guerra estava em alta aqui em Nassau e quando o bloqueio nem existia. Porém, não foi muito difícil manter meus contatos e as portas abertas para eu conseguir me infiltrar aqui dentro.

- Por que quer tanto destruir os Teach?

- Acho que até agora já revelei mais do que planejava para nosso primeiro encontro. Apenas saiba que estou do seu lado e queremos as mesmas coisas. Minha proposta é que trabalhemos juntos em prol da ruína da família Teach e a ascensão dos Every em troca. Se me ajudar, você e sua família sentarão em trono de ouro e serão donos de tudo isso aqui. Pense sobre isso, Samanun. Os Teach não são confiáveis, eles vão sempre te foder quando puderem. Não é à toa que está aqui hoje. Pense no que conversamos hoje e voltaremos a conversar.

Sem mais nem menos ele sai do local. Seus passos silenciosos demonstraram a habilidade que aquele homem tinha de infiltração. Ele deveria ser alguém muito bem treinado, não era qualquer pessoa que conseguiria se infiltrar dessa maneira na ilha e vir até aqui com uma proposta tão sombria e perigosa como essa. Eu precisava urgentemente de ter uma reunião com meu pai.

Engfa Every

A tripulação do Fancy à minha frente estava evidentemente abatida, mas como capitã interina eu tinha uma missão importante que era a de levantar os ânimos.

Assim como a própria Sam tinha me pedido, eu estava há alguns bons minutos fazendo discurso para que eles entendessem que aquele não era o fim. Não estávamos acabados e muito menos iríamos parar nossas missões. Tínhamos que estar mais firmes do que nunca, principalmente agora, que nossa capitã precisava da gente.

Assim que finalizo meu discurso, vejo-os mais animados. Eu própria estava um pouco mais estimulada a pensar nas próximas missões e em tentar fazer o máximo possível.

Eu buscava as forças quando pensava no que a Sam estava passando e no quanto ela dependia da gente. Pensar sobre isso me dava o gás necessário para passar a força para a tripulação

- Você foi ótima, acho que estamos renovados para ir atrás do que precisamos. - Kirk fala o meu lado, enquanto a tripulação começava a se dispersar. Sorrio sem mostrar os dentes.

- Obrigada, amigo.

- Ao mesmo tempo que acho que você falou ótimas palavras e me pareceu bem para as próximas missões, aqui só eu e você eu vejo seu semblante preocupado.

- Eu não podia transparecer isso para eles, mas a verdade é que estou despedaçada. Eu sinto falta da minha irmã o tempo inteiro e pensar no lugar que ela está há dias, me deixa muito triste. Me sinto incapaz, porque não posso fazer nada mais do que já estou fazendo.

- Você está fazendo muito, Eng. Você assumiu essa bomba chiando e tá tocando toda a tripulação. Sem você, estaríamos bem perdidos agora e você está se saindo uma ótima capitã.

- Fico feliz pelas suas palavras. Eu preciso muito do seu apoio, agora mais do que nunca.

- Eu estarei aqui como seu braço direito.

Assim que ele termina de falar, por cima dos seus ombros eu vejo uma figura conhecida de pé no porto de Nassau, olhando em nossa direção. Aperto os olhos para entender se não era uma visão e o Kirk se vira para o mesmo local em que eu olhava.

- Aquela é a Teach? - Ele pergunta enquanto tentamos entender o que diabos ela fazia ali em pé, olhando para cá, sozinha pelas bandas dos Vermelhos.

- Ela mesma. - Começo a andar em direção à saída do navio, Kirk me acompanha. Desço da grande embarcação. Assim que ponho meus pés no porto, ela já se encontrava há apenas poucos metros de mim. Seu semblante era sério.

- Engfa, preciso falar com você um minuto. Pode ser? - Ela me questiona.

- Sim, claro. Pode falar. - Me aproximo de onde ela estava e estranho sua formalidade, assim como sua expressão fechada. Me sinto apreensiva. Era um tanto inusitada sua presença ali. - Aconteceu alguma coisa com a Sam?

- Não... não exatamente. Eu só--

- Fala logo, Mon. Tá me deixando nervosa. - Ela olha para mim e então olha para o Kirk.

- Eng, eu estarei ali perto dos cavalos te esperando, ok? - Ele compreende que aquele assunto era algo muito particular e por isso se retira. Faço que sim com a cabeça e então volto a olhar para a capitã dos Negros.

- Não aconteceu nada, ela está bem... na medida do possível. Eu só fiquei sem jeito de falar na frente dele que eu fui visitar ela há dois dias atrás. - Ela fala rápido, como se tivesse a qualquer momento fosse desistir de dizer aquilo. Estanho sua fala.

- No dia que ela foi presa? - Me certifico se havia entendido corretamente. Ela olha para o chão. Parecia envergonhada.

- Sim. - Ela me olha e coça a cabeça.

- Você foi visitá-la no mesmo dia? Mas você não tinha ido para o Bordel?

- Engfa, quer focar no que importa? - Ela desconversa. - Eu fui lá e ela pediu para que eu te desse um recado sobre a Tempestade. - Rolo os olhos.

- A Sam podia ter me mandado recado sobre qualquer coisa, mas me manda sobre a égua dela?! - Falo com falsa irritação e a Mon ri.

- Bem, foi o que ela me pediu pra te falar. Para que cuidasse dela e a tirasse do estábulo sempre que desse, porque ela precisava correr.

- Mas é óbvio que eu vou cuidar da égua dela. Meu Deus, é o familiar que ela mais ama, só pode ser. - Mon volta a rir. - Mas Mon, como ela estava? E como conseguiu entrar lá? Fui lá todos os dias desde que ela foi presa e não me deixam vê-la de jeito nenhum.

- Ser capitã tem algumas regalias.

- Mas e ela estava bem? - Torno a perguntar e ela respira fundo.

- Na medida do possível. Só tentei me certificar que ela estivesse sendo alimentada. - Volto a estranhar o conteúdo de sua fala.

Ela parecia se importar com a Sam muito mais que eu esperaria que ela se importasse o que começava a me acender uma dúvida sobre o que ela, de fato, sentia pela minha irmã.

- Mon, você poderia me responder uma coisa com sinceridade?

- Depende. - Ela me respondo e eu rio.

- Tudo bem, é justo. Mas o que eu queria perguntar era sobre o julgamento. No momento que vocês fizeram as demandas de vocês. - Ela olha para o céu, como se já entendesse o que eu queria perguntar. - Você interrompeu a mulher que ajudava na defesa de vocês e refez a pena que queriam, mas o pedido foi muito mais brando. Você tentou amenizar pro lado da Sam?

- Engfa, é um segredo dos Negros, não posso tratar isso com você. - Estreito os olhos para ela.

- Kornkamon, você acha que eu nasci ontem? Desde que vocês ficaram perdidas na ilha sozinhas e se comeram lá, vocês ficam de mimimi uma com a outra. Aí no meio do julgamento você altera tudo e pede uma coisa muito mais branda. A Samanun estava toda estranha no dia do julgamento, ficava te comendo com os olhos sempre que podia. Quando você entrou na sala, minha irmã faltou fazer uma poça de baba ao redor dos seus próprios pés e você vem me dizer que é um segredo dos Nregos? Conta outra.

Ela claramente se segurava para não rir e não perder a pose que ela mantinha.

- Entenda como quiser. - Ela dá de ombros, ignorando tudo que eu havia falado e então se vira para ir embora, mas então para seu movimento e volta a me olhar. - Ah, mas uma coisa, se puder levar algum cobertor para ela no dia da visita...

- Por que você mesma não leva?! Só vive de visitinha íntima agora. - Ela se vira rapidamente, mas posso ver o relance de um sorriso no seu rosto e então ela começa a se afastar de mim.

Mas a pergunta final que eu havia feito era genuína, se ela poderia entrar lá a qualquer momento, por que então ela não levava ela mesma?

Samanun Every

Eu andava de um lado para o outro na cela. Eu estava aqui há uma semana, meus nervos estavam em frangalhos e eu tentava ao máximo me manter ativa, para que eu não definhasse. E eu ainda teria que enfrentar mais três semanas disso.

Era enlouquecedor.

Confesso que à noite eu me pegava pensando se a Kornkamon não apareceria novamente, mas aparentemente ela já tinha cumprido com sua obrigação e não tinha retornado mais. Não estranharia se ela estivesse se afogando em uísque e mulheres no Bordel todas as noites.

Porém o que mais me consumia desde a noite que eu havia sido presa era a visita inesperada e misteriosa. Um homem que eu sequer vi o rosto e que não fazia ideia de quem fosse, havia feito a revelação mais bombástica e problemática de toda a minha vida: meu pai havia feito um acordo com os ingleses para passar por cima dos Teach.

Era uma falta gravíssima no código de conduta pirata, porém, aquilo para mim era algo muito maior: meu próprio pai havia escondido uma coisa daquelas de mim e da minha irmã por todo esse tempo. Nós fizemos parte de sua tripulação por anos e eu era a sucessora do cargo mais importante dentro do navio e ele nunca havia contado nada para mim.

Por isso eu estava extremamente ansiosa naquela noite. Era dia de visita e eu veria meus pais e a Engfa. Eu estava com saudades deles, mas principalmente eu tinha a necessidade quase que vital de conversar com meu pai. Tentar esclarecer tudo. Seria meio complicado ter aquela conversa ali dentro da prisão, porque eu nunca sabia se conseguiam me ouvir de alguma forma, mas eu não tinha saída, o visitante misterioso iria voltar a qualquer momento para coletar uma resposta de mim e eu precisava estar preparada.

- Samanun Every! - Um dos oficiais grita meu nome, me tirando dos meus devaneios. - Suas visitas chegaram, levante-se.

Me levanto em um pulo só, cada vez mais ansiosa. Ele abre a grade e então me aguarda na porta.

- Vai ficar aí parada ou quer que alguém lhe traga no colo? - Ele pergunta sem paciência e eu estranho sua pergunta, mas começo a me aproximar dele. - A sua visita será em uma das salas, não será aqui.

Novamente, sua fala me pega de surpresa. Eu havia presenciado o dia todo de pessoas indo e vindo por esses corredores, visitando os outros presos. As portas das celas nem mesmo eram abertas, de modo que os presos nem chegavam muito próximo de seus visitantes. E por que comigo seria diferente?

- Você sabe o porquê?

- Não faço ideia, só cumpro ordens. - Ele fala grosseiramente e segura no meu braço, me empurrando corredor a fora.

Assim que eu chego no fim do corredor, consigo ver a Engfa e meus pais. Sorrio imediatamente e começo a me aproximar deles.

- Sem contato físico! - Ele grita irritado me fazendo parar no mesmo lugar.

Ele então volta a segurar meu braço e me conduz até uma das salas dali, me colocando para dentro. A porta é mantida aberta, até que meus três familiares entram e, dessa vez, a porta é fechada.

Ficamos alguns milésimos de segundos sem saber o que fazer, afinal estávamos sozinhos ali, mas poderíamos nos abraçar? Resolvemos ignorar a ordem anterior e corremos em direção um dos outros, e nos abraçamos. Minha mãe estava chorando novamente, assim como estava no momento do veredito.

- Mãe, não fique assim, está tudo bem. - Falo abraçando sua cabeça e passando a mão nos seus cabelos.

- Minha filha, uma semana e você está claramente abatida. - Ela passa a mão no meu rosto e analisa meu corpo.

- A comida não é muita, mas eu estou bem mãe. Não precisa se preocupar, mais algumas semanas e eu estarei em casa de novo. Estarei sem poder servir à minha tripulação, então vai enjoar do meu rosto zanzando o tempo inteiro por dentro de casa. - Brinco tentando amenizar a situação.

- Essa merda dessa prisão é composta quase que completamente pelos Negros. Eu tinha certeza que iriam fazer isso com você.

Eu sabia exatamente sobre a que meu pai se referia, porque eu tinha a sensação que a comida que chegava até mim não era exatamente a mesma quantidade que os outros presos recebiam. Mas eu tento me fazer de desentendida, porque eu não queria que eles se preocupassem mais.

- Fazer o que, pai? Eles cumprem ordens, ninguém está fazendo nada. Não se preocupe, não vai ser dessa vez que vai se livrar de mim. - Brinco mais uma vez, mas ele não acompanha meu sorriso. Ele estava muito nervoso e preocupado comigo.

- Fomos avisados que temos pouco tempo, então eu vou me apressar um pouco. - Engfa começa a falar, interrompendo nossa interação, puxando minha atenção à ela. - Eu trouxe isso aqui, alguém me avisou que estava precisando. - Ela dá ênfase ao alguém e então lembro imediatamente que a Kornkamon comentou que ia pedir à Engfa para trazer um cobertor para mim na primeira noite que fui presa e ela me visitou.

Pego o pano de suas mãos e evito comentar sobre aquele assunto, porque eu não sabia, até aquele momento, que ela tinha consciência que ela havia me visitado na noite do julgamento. Muito menos queria comentar sobre aquele assunto na frente dos meus pais.

- Obrigada. - Respondo apenas isso e ela me olha com uma sobrancelha levantada.

Mas os momentos seguintes voltam a ser sobre meus pais me perguntando sobre mim, como tem sido essa primeira semana aqui dentro, o que eu fazia o dia todo, se eu estava realmente recebendo o banho de sol diário... E então depois foi a vez da Engfa me dar as atualizações sobre os Vermelhos, com havia sido a primeira missão com a capitã interina.

Que eles haviam ficado muito abalados no começo, mas que isso foi contornado. Que estava muito difícil para ela e o Kirk agirem sem mim, mas que estavam se virando. A primeira missão pós prisão foi um sucesso, o que só me deixou mais aliviada. Aquelas notícias sobre a tripulação amenizaram um pouco o mal estar que eu sentia no meu corpo.

Após as conversas principais, me apresso em gerir o rumo que eu queria que a conversa levasse.

- Eu amei que vocês vieram me visitar, eu realmente precisava ver vocês. - Eles sorriem para mim. - Mas eu gostaria de pedir os minutos finais para conversar com meu pai--

- O tempo acabou Samanun Every. Hora de voltar para casa. - O oficial abre a porta sem pedir licença e fala, saboreando a última frase. Como se ele tivesse prazer em acabar com aquele encontro e me levar de volta.

Bufo em irritação, mas não tenho tempo para mais nada, quando me dou conta, já começava a adentrar novamente o corredor das celas. Eu mal havia tido tempo de me despedir dos meus familiares e, muito menos, de iniciar o assunto que eu tanto queria discutir à sós com meu pai.

Ele abre a grande grade de ferro pesada e me conduz para dentro, fechando logo em seguida.

- O jantar foi servido enquanto estava no seu horário de visita. Espero que esteja com a barriga cheia de carinho da sua família, porque comida só amanhã. - Ele fala tranquilo, como se me desse uma boa notícia e então vai embora.

Minha barriga já roncava àquela hora da noite, devido à escassez das refeições. Eu tinha fome constantemente, por isso eu imaginava que não serviam o montante de comida que serviam aos demais presos, de modo que naquela hora da noite eu estava com muita fome e me sentia um pouco fraca, sentia meus músculos queimarem um pouco quando os mexia.

Corro até a grade da prisão e seguro com as duas mãos nas barras, tentando colocar meu rosto entre o espaço que tinha ali.

- Por favor, não faça isso! Me traga pelo menos um pedaço de pão! - Imploro. Eu já não conseguia manter minha pose e, muito menos, meu orgulho. Eu só queria comer, mesmo que para isso eu precisasse implorar.

Minha súplica é seguida de uma risada alta que ecoa pelas paredes do corredor escuro. Passo a mão pelos cabelos, sentindo um desespero subindo pelo meu corpo. Eu estava ansiosa para conversar com meu pai, eu estava com fome o tempo inteiro, eu não tinha lugar para me exercitar dentro daquela cela e tampouco eu via ninguém durante os dias que se passavam, que não fosse algum oficial que trazia minha comida e praticamente jogava no chão.

Sinto, pela primeira vez, as lágrimas descerem descontroladas pelo meu rosto. Eu não tinha mais forças e só havia se passado uma semana.

Passo as próximas horas na mesma posição, deitada encolhida no chão frio, pelo menos agora eu tinha um cobertor que amenizava um pouco a temperatura baixa e eu me sentia um pouco mais confortável.

As lágrimas desceram por longos minutos, mas naquele momento eu já tinha os seus rastros secos no meu rosto e a única coisa que eu continuava sentindo era o oco no estômago.

Permaneço deitada no chão, encolhida e logo sinto o sono se aproximar. Tento olhar pelo corredor para entender se havia algum rastro de luz natural, mas da cela onde eu estava eu não conseguia nem distinguir se--

Kornkamo Teach

- Você não sabe o que aconteceu ontem! - Lauren entra no escritório empolgada enquanto a Tee estava sentada na cadeira à minha frente.

Eu havia convocado uma reunião com a Tee e com a Lauren para discutirmos quais seriam os próximos passos das nossas missões.

- O que foi? - Tee pergunta um pouco entediada, mesmo que a Lauren estivesse vibrando de empolgação.

- A Camila! Ela disse que está pensando em não trabalhar mais no Bordel! - Seus olhos brilhavam, mas eu e a Tee sabíamos que aquela conversa já havia acontecido antes e, vez ou outra, ela voltava a falar aquilo para a Lauren.

A questão era que a Lauren era uma cliente certa para ela todas as noites. Mesmo que o movimento estivesse fraco, a Lauren estava lá e a Camila sempre tinha cliente. Além do mais, ela sempre cobria o valor que os outros pagavam, caso ela chegasse um pouco mais tarde e alguém passasse na sua frente. De forma que a paixonite de Lauren por Camila era muito rentável para a latina. E eu e a Tee tínhamos sérias desconfianças que ela inventava aquelas conversas, para manter a Lauren presa à ela.

- Mas ela não já disse isso antes? - Tee pergunta com o mesmo tom de voz entediado de antes.

- Pois é, foi a mesma coisa que eu pensei. - Reafirmo a pergunta da Tee e a Lauren faz uma expressão chateada.

- Por que vocês não conseguem ficar feliz por mim por um segundo? - Ela reclama e senta na cadeira, pondo os pés na mesa à minha frente. Dou um tapa na sua bota e ela retira os pés.

- Não é que não fiquemos felizes por você, Loh. É porque a gente acha que--

- Acham que a Camila tá me enrolando. Lá vem vocês com essa conversa de novo. Vocês não entendem que ela precisa do emprego? - Lauren justifica.

- Amiga, a gente já falou que poderíamos ajudá-la a conseguir outra coisa. - Tee fala e eu afirmo com a cabeça, enquanto Lauren rola os olhos.

- A questão é que ela faz muito mais dinheiro no Bordel, do que faria trabalhando em outro lugar.

- Ela vende o corpo Lauren, vale mesmo a pena? Se ela quisesse sair dali, ela poderia sair. Ponto pacífico. - Falo e ela bufa irritada.

- Você parece estar muito bem com o fato de mulheres venderem o corpo, já que vai para o Bordel dia sim, dia também. - Ela fala, irritada de vez.

- Gente... - Tee tenta intermediar.

- Mas não estou apaixonada por nenhuma, Lauren. É isso que eu tento dizer para você mil vezes!

- Não, porque você prefere estar em porta de cadeia.

- Gente... - Tee volta a tentar intervir novamente.

- Que porta de cadeia o quê, garota. Faz uma semana que não piso naquela prisão, eu estou vivendo minha vida! - Me levanto, gritando com ela. Estávamos novamente eu e a Lauren brigando pelo mesmo assunto, ela esfregando na minha cara a Samanun e eu esfregando na cara dela a Camila.

- PAREM! - Tee grita e nós duas olhamos para ela espantadas. - Porra, vocês só vivem em pé de guerra. Pelo amor de Deus!

Respiro fundo retomando minha calma.

- Você tem razão. - Falo para a Tee e então olho para a Lauren novamente. - Desculpa ter falado aquilo, eu estou feliz que esteja feliz, Loh. Só me preocupo, porque ela já falou sobre isso uma vez.

- Eu sei. - Ela coça a cabeça envergonhada. - É só que eu acho que dessa vez é verdade. Ontem dormimos juntas e pela manhã ela ficou nos meus braços, mesmo quando o sol nasceu.

Seus olhos voltavam a brilhar. Minha pobre amiga.

- Eu espero que seja verdade, porque quero sua felicidade. - Falo e ela sorri sem mostrar os dentes.

- Falando em ontem à noite, sua mãe comentou comigo que você não tem dormido no Bordel. - Tee fala, me questionando.

- Mano, minha mãe te conta até a cor da calcinha que eu estou usando. Que coisa insuportável! - Reclamo e a Lauren põe as mãos na cintura.

- É verdade! - Lauren me expõe. - Eu já notei isso, mas estava preocupada com essa história de Camila sair do Bordel, acabei sem conseguir conversar com você. Faz uma semana que não te vejo lá!

- Que uma semana, maluca. Eu fui! - Relembro que eu havia ido mais algum dia essa semana, o que era verdade, embora eu não fosse explicar que eu havia ido só para beber e conversar um pouco. Nunca cheguei a dormir com mais nenhuma prostituta depois da noite fracassada com a Hailee.

Desde essa noite eu tinha medo de tentar novamente e não conseguir, é como se eu estivesse com alguma trava. Não sabia o motivo, só me sentia assim.

- Você foi, é verdade. - Lauren olha para o horizonte, puxando as memórias dentro da cabeça. - Mas você não dormiu lá e nem subiu com ninguém! - Ela aponta para mim.

- Eu sou obrigada a transar todas as vezes que vou lá? - Pergunto.

- Obrigada, você não é, mas o fato de, em uma semana, você só ter ido uma vez e, nessa vez, não ter dormido com nenhuma de lá é meio estranho. - Lauren faz as contas enquanto a Tee só me observa calada.

- Ah pronto, agora eu não posso passar uma semana sem dormir no Bordel, que isso é "estranho".

- Não, a questão não é essa. - Tee volta a falar, com os olhos um pouco cerrados. - A questão é que eu sempre tive o trabalho de fazer você ir menos no Bordel, desde que ficou solteira. E agora você simplesmente não quer mais ir? De uma hora para outra?

- Eu não posso simplesmente estar cansada? Que nada a ver essas perguntas de vocês - Dou um gole no copo de uísque que estava na minha mesa.

- Ok. Se é o que você diz. - Tee fala.

- Não, espera aí Tee. A gente não vai engolir essa desculpa esfarrapada não. - Lauren volta a se impor. - Bora, Kornkamon, desembucha. Tem alguma coisa acontecendo.

Elas eram minhas melhores amigas de toda minha vida. Elas estavam comigo em todos os momentos. Quando acabei meu namoro, eu fiquei simplesmente devastada, como se meu mundo fosse acabar naquele momento, e elas estavam lá.

E com a convivência, você aprende a ler os outros. Do mesmo jeito que minha mãe me lia muito bem, elas também tinham essa facilidade pela nossa convivência. Além disso, por mais que às vezes a gente se desentendesse, no geral, a gente sempre apoiava uma a outra.

- Eu só estou preocupada. - Falo sem mais explicações.

- Preocupada com o quê? - Claro que a Tee não iria deixar barato e eu bufo impaciente, porque eu sabia que naquele momento eu teria que dizer o motivo real.

- Com a Samanun. - Falo por fim. A Lauren coça a cabeça e olha para a Tee. Elas se olham por alguns segundos. - Vocês podem parar com isso, essa conversinha aí sem palavras e mandar logo a enxurrada de gracinhas.

- Não vou mandar nada de enxurrada de gracinhas, Mon. - Tee fala. - Eu estou aqui para te ouvir. Não adianta ficar te zoando, já ficou claro que você realmente sente pela garota, você se importa com ela, então pode falar o que lhe aflige.

- O que me aflige? Vocês já viram as condições daquela prisão?!

- Na verdade, não. - Lauren fala.

- Mon... - Tee me chama e eu olho para ela. - Você quer visitá-la?

Sua pergunta me pega de surpresa. A questão é que a resposta seria sim. Eu senti a vontade borbulhando em mim durante toda a semana, eu me preocupava em que condições ela estaria porque eu sabia que a maioria dos oficiais ali era dos Negros e ela, provavelmente, estaria sendo muito mal tratada.

- Na verdade, sim eu gostaria. Mas não posso, porque daria muito na cara. Já basta que eu já fui no primeiro dia. - Falo por fim e a Lauren me olha espantada.

- Você foi no primeiro dia?! Na noite do julgamento? - Tee me pergunta e eu faço que sim com a cabeça.

- Ué, mas você não subiu com a Hailee? - Lauren pergunta, tentando se recordar o que acontecera naquela noite.

- Sim, eu subi com a Hailee, mas não dormi lá.

- Do Bordel, você foi à prisão? - Tee pergunta e eu faço que sim, novamente.

- Meu Deus, Tee. O caso de boiolice é pior do que imaginávamos. - Lauren fala e eu jogo uma bola de papel que havia em cima da minha mesa em cima dela, ela se protege e ri.

- Mon, estou falando sério. Se você quiser ir lá agora, a gente vai. - Tee fala e eu a olho sem entender.

- Eu não posso dar bandeira, Tee. Eu já fui visitá-la. O que vão achar se descobrirem que a capitã do Concorde visita frequentemente a sua rival na prisão?

- Ninguém vai achar nada, porque nós três iremos. - Tee fala e a Lauren concorda.

- Vocês estão falando sério?

- É claro. Mon. Se você está preocupada com ela, nós três podemos ir e não levantará suspeitas. - Lauren confirma.

- Vai, se levanta daí. Espero que você esteja com o mínimo de sobriedade para cavalgar até a cidade. - Tee fala, batendo no meu ombro. Dou o último gole do meu uísque e me levanto, indo em direção aos nossos cavalos.

---------

- Samanun Every... - Tee fala, assim que se aproxima do oficial, que prontamente se levanta em respeito à nós três.

- Boa-- boa noite, capitã. - Ele fala sem jeito. - A presa Samanun Every está na sua cela. Podem ir até lá... A senhora quer a chave? - Ele pergunta, fazendo meu coração se apertar.

Eu queria muito poder simplesmente abrir aquela porta de ferro e liberá-la, mas eu não podia. Qual o sentido de fazer aquilo?

- Não preciso da chave. - Falo com o semblante sério e ela ascente.

- Cela treze, senhora. Pode pegar esse corredor e ir até o final. - Ele fala, como se eu não soubesse de cor o caminho até sua cela.

Começamos a caminhar pelo corredor, mas após alguns poucos metros, ainda no começo da passagem, Lauren e Tee param. Eu paro por um momento, olhando para trás e entendo o que elas queriam, então continuo andando.

Assim que chego em frente à cela da Sam, a encontro deitada no chão. O fato dela ter um cobertor me faz abrir um sorriso leve. 

Minha mensagem havia chegado até ela.

- Sam! - Sussurro da maneira mais "alta" que posso.

Nada.

- Sam, acorda. - Falo um pouco mais alto. Ela deveria estar exausta. - Samanun!

Olho para o fim do corredor, as meninas estavam encostadas na parede, apenas aguardando.

- Samanun, acorda. - Falo um pouco mais alto dessa vez, mas ela simplesmente naõ se mexe. Então um alerta se acende e eu simplesmente pego uma faca pequena.

PEM PEM PEM! Bato a lâmina na faca de encontro com a grade de ferro, produzindo um barulho estridente. Mas ela simplesmente não se mexe e então um desespero toma conta de mim.

- SAMANUN! - Grito uma última vez e então me viro para as meninas, que já estavam vindo de encontro a mim. - Ela desmaiou, porra. Ajuda! 

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