EFEITO DO CAOS

By VRomancePlus

24.6K 3.1K 465

+18 DARK ROMANCE DE VROMANCEPLUS. S i n o p s e Everest Thomas volta para Seattle depois de anos morando com... More

avisos + personagens principais
s i n o p s e + p e r s o n a g e n s
c a p í t u l o 1 - S o r r i s o ☠︎
c a p i t u l o 2 - i n t u i t i o n
c a p í t u l o 3 - B i g (pai)
c a p í t u l o 5 - l o u c o ☠︎︎
c a p í t u l o 6 - b o g e y m a n
c a p i t u l o 6 (parte 2)
c a p i t u l o 7 - D e n a l i
c a p í t u l o 8 - o p a s s a d o
c a p í t u l o 9 - a m e a ç a
c a p i t u l o 1 0 - v i b r a ç o e s
c a p í t u l o 11 - U n i v e r s i d a d e
c a p í t u l o 12 - d j a v ú
c a p í t u l o 13 - F i q u e L o n g e
c a p í t u l o 1 4 - l o c a l i z a ç ã o
c a p i t u l o 1 5
c a p i t u l o 16
c a p i t u l o 17
c a p í t u l o 18
c a p í t u l o 19
c a p í t u l o 20
c a p í t u l o 21
c a p i t u l o 22

c a p í t u l o 4 - v o c ê

1.1K 139 17
By VRomancePlus

Everest

14 de Julho Seattle

— Antes das aulas começarem quero te levar pra sair um pouco. — Ali piscou brincalhona, mexendo as sobrancelhas de modo bem sugestivo.

Não tínhamos muito em comum e era um pouco difícil encontrar algo que ambas gostassem. Mas ela desde sempre foi uma inspiração. Denali desde criança possuía o espírito caótico, livre... Eu, por outro lado, era reservada na maioria das vezes, gostava de uma coisa ou outra, mas preferia um belo fone com as melhores músicas.

Eu ri baixo e balancei a cabeça. Estávamos ignorando o clima estranho que a visita de Big deixara.

— Hum, não sei, não.

— Everest, eu não vou te deixar trancada em casa. Liberei toda a minha agenda da semana para curtir a minha irmãzinha. — brincou.

Estávamos sentadas, cada uma em uma banqueta na ilha da cozinha.

O apartamento não havia mudado muito desde que estive ali há dois anos, mas ela subiu uma parede separando sala e cozinha. O imóvel não era muito grande, mas era lindo e confortável. Bem a sua cara.

A sala seguia sendo o maior cômodo, já que tinha apenas um sofá em L médio e uma TV imensa na parede. No chão, um tapete ocupava quase o piso inteiro e no canto dispunha uma espécie de bar com bastante bebida cara.

À cozinha, que era onde estávamos. Não era muito grande, mas o suficiente para uma ilha, armários planejados, fogão e geladeira. E um estreito corredor que nos levava para um lavabo e uma aerea de serviço.

No andar superior, duas suites e um banheiro ocupava toda a parte.

Ela também adicionou alguns quadros bastante interessantes em P&B de lutadores de boxe em toda a casa, uma decoração estranha e nada haver com ela, bom, pelo menos era o que eu achava. Nada daquilo estava ali na última vez que visitei.

Eu não sabia que Ali apreciava o esporte. Foi o que comentei quando descemos a escada depois do meu cochilo de duas horas.

Ela só olhou para eles com um sorriso e deu de ombros.

"Bom, uma descoberta e tanto, devo admitir."Foi o que respondeu.

Eu fiquei surpresa. Achei a resposta evasiva. Talvez fosse algo da minha cabeça, por isso não fiz mais perguntas naquele momento.

— Sair não está no meu top dez de coisas que tenho a fazer aqui, Denali. Quero me concentrar em estudar.

Espalmou a mão no peito, revirei os olhos.

— Isso me magoou. Pensei que tinha vindo por minha causa — dramatizou — Você não está só visitando dessa vez, minha doce e honorável irmã. Entendia querer ficar em casa quando visitava, entendia mesmo. Querer se manter longe do nosso pai é justificável. Mas agora, zero chance de isso acontecer, como você já viu quando chegamos. — se referia ao fato de ele esta aqui quando chegamos — E sei que gosta de ser auto-suficiente, então deixe-me ser sua guia e mostrar os lugares.— bateu as unhas sobre a ilha, continuamente e impacientemente — Não sair de casa não fará com que os anos na Universidade passem logo. Pelo menos só uma parte da cidade, a que é mais a sua cara.— juntou as mãos em frente ao rosto e fez um bico nada bonito e totalmente exagerado.

— Acho que esqueceu que morei aqui até os seis anos. — dei risada e ela amuou e desviou o olhar. Oh — E o que significa ''mais a minha cara? " — Denali não respondeu.

O bico se desfez e minha irmã engoliu a seco. Eu sabia o que a primeira frase implicava, mas também sabia que ela só queria que tivéssemos um momento de irmãs, sozinhas, antes de começarmos a estudar.

Eu podia ceder.

— Eu sempre esqueço disso. — Murmurou. Se referia ao motivo de eu e minha mãe termos ido embora.

— Bom, não é como se eu lembrasse de tudo também, fazem o quê? Catorze anos?— Levantei os ombros e acrescentei: — Se eu não gostar, mando um sinal.

Ela abriu um sorriso.

— Tudo bem. — Bateu palmas e pulou da banqueta — Vou fingir que você não está fazendo isso por mim. — Engasguei com uma risada, ela piscou — Vou pegar a pizza lá em baixo, já volto.

Levantou. O momento triste já esquecido, ao que parecia.

Passou por mim e saiu da cozinha, não demorei a ouvir a porta da sala bater. Como ela sabia que o motoboy já tinha chegado?

Ah, quer saber? Pensei. Não importava, eu só queria voltar a dormir. Eu estava morta de viagem.

Deixei a cabeça cair sobre a ilha e suspirei.

Minha mente, inconveniente, me levou até aquele garoto do avião. Seus olhos furiosos, como se fossem uma pintura a óleo, impregnado na minha mente, permanecendo lá. Era hipnotizante.

Pude ouvir sua voz raivosa no meu ouvido:

Não dê esse maldito sorriso a ninguém!

Meus ombros tremeram. Bati os cílios e os olhos desvaneceram-se como fumaça.

Justo no momento um celular berrou ao meu lado, fazendo assim eu sobressaltar e prender a perna no apoio de pé da banqueta, fui de cara ao chão.

— Que merda!

O som do heavy metal era inconfundível, pisquei repetidas vezes. 

Ali havia esquecido o celular.

Levantei, peguei o aparelho e olhei a tela. Um H brilhava e piscava enquanto a pessoa do outro lado esperava ser atendida. Ela ligou mais vezes quando, obviamente, não atendi.

Estava com o celular na mão quando minha irmã entrou de volta.

— O cheiro disso é de outro mundo, puta que pariu.

Virei quando Ali apareceu na porta e parou, me olhando com a testa franzida, acho que eu tinha alguma expressão engraçada no rosto porque ela fez uma careta como se perguntasse: "o que tá rolando?"

—  Tem alguém bem insistente ligando. — Avisei ao estender o celular.

Seus olhos dobraram de tamanho e ela empurrou a caixa da pizza para mim.

Fiz uma careta.

— Eu fodidamente esqueci de algo importante. — Se virou e saiu, já levando o aparelho ao ouvido. — Não precisa me esperar, pode comer! — Gritou subindo a escada.

Fiquei parada alguns segundos sem entender nada.

— O-kay.

Abri a caixa e quase choraminguei com o cheiro. Instantaneamente esquecendo minha irmã e qualquer suposição precipitada que estaria tendo do seu comportamento.

Sabe a intuição? Ela estava apitando naquele instante.

Estava tudo bem?

☠︎

Subi alguns minutos depois, totalmente satisfeita.

Parei em frente ao seu quarto e encarei a porta fechada. Ouvi sussurros vindo de dentro e ponderei se batia ou não, por fim resolvi bater.

— Ali, estou indo pra cama. — avisei.

Ela se calou um instante. Em seguida, ouvi os passos rápidos e logo a porta foi aberta.

Encarei seu rosto sem graça.

— Me desculpa, Everest, eu esqueci de algo importante hoje. — pareceu frustrada — Prometo compensar amanhã.

— Você não precisa compensar nada — Beijei sua bochecha. — Boa noite. — Fui para o meu quarto.

— Boa noite, irmã. — ouvi-a dizendo.

Eu escovei os dentes, tomei outro banho rápido, por costume, e me joguei na cama.

Ainda precisava organizar minha mala e todo o resto, mas a única coisa que queria era ligar para a minha mãe, ouvir sua voz e dormir tranquilamente.

E foi exatamente o que eu fiz. Ela atendeu depois de dois toques.

— Oi meu bem, como você está?

— Com saudade  — Me joguei na cama e encarei o teto branco — Ainda é estranho, mas acredito que seja porque cheguei hoje. Vou me adaptar, eventualmente.

Ela choramingou. A última vez que a vi foi dois dias antes, quando peguei o ônibus para Miami afim de ter uma última noite das garotas com Charlie, minha melhor amiga desde o internato, e então preferi sair de lá, diretamente para Seattle.

Eu passaria o resto da minha vida com minha mãe, depois que terminasse a faculdade. Organizei minha vida inteira sendo lógica e objetiva. Depois que fosse embora, com meus conhecimentos adquiridos, ajudaria as pessoas, as ONG's. Cuidaria da minha mãe e da sua pequena doceria.

Era assim que eu planejava viver. Relacionamento. Casamento e filhos não eram para mim.

— Ô meu bem... Parte de mim queria que você não se adaptasse e voltasse correndo, mas a outra parte reconhece que estaria sendo uma filha da puta egoísta por querer isso.

— Eu no seu lugar também não iria querer. — dei risada, ela também. Pus o dedo na boca e puxei uma pelezinha do cantinho da unha  — Eu vi Big hoje. — comentei 

A linha ficou muda um momento e ela inalou uma respiração profunda.

— E...

— Bom, ele tentou conversar, mostrar que estava feliz por eu estar aqui etcetera e tal... — falei fazendo pouco caso.

— Conversamos sobre isso. Você já esperava, não é? Como se sente?

Suspirei e virei-me, ficando em posição fetal.

— Não sei, mãe. Quero odiá-lo mas não consigo. No entanto, quando penso na quantidade de vidas que ele está prejudicando...

— Meu bem, não precisa odiá-lo. Ódio é destrutivo. Só não compactue com as ações dele se não vão de acordo com os seus princípios.

— Mãe! — Reclamei chocada, ela soltou uma risadinha.

— O quê?

— Como assim "se não vão de acordo com os seus princípios?" As ações dele não estão de acordo com a moralidade de ninguém que se dê o devido valor, por favor né. Infringe todos os códigos penais. — Ela gargalhou alto — E por causa disso eu quase morri.

Não entendia porque ela fazia aquilo. Ela sabia mais do que ninguém o que passamos.

— É, eu sei bem. Estou apenas brincando com você. Mas não foque muito no Jacob, Big Crow, tanto faz... Enfim, você está aí por uma razão e procure se concentrar apenas nisso. Não dê atenção a ele se é o que realmente quer. E não vai para o outro lado da cidade, fique longe de confusão, longe de pessoas que a levem para o outro lado. — pausou um instante — Eu ficarei bem mais tranquila. Confio em Denali e confio em você.

— Não precisa se preocupar com isso.

— Então, já desempacotou as coisas? — mudou de assunto e passamos a falar de outras coisas.

Minha mãe não gostava de tocar no assunto da minha quase morte. Na real, nenhuma de nós tocava no assunto com frequência, mas é que tudo que aconteceu parecia voltar para mim agora que estava ali.

Perdemos a noção do tempo e quando desliguei passava das dez da noite.

Tudo estava estranhamente calmo.

Saltei da cama e fui até a porta, então a abri.

— Ali... — chamei, ela não respondeu

Sabe aquela leve sensação inoportuna que surgiu anteriormente? Bom, ela retornou com força.

Fui ao seu quarto e bati, ela também não respondeu. Bati mais forte e chamei-a mais uma vez.

— Estou entrando. — avisei.

Girei a maçaneta e hesitei antes de entrar, deixando escapar um ruído que chamasse a atenção. Acredito que nenhuma de nós gostaria de uma cena constrangedora.

Mas não havia ninguém no quarto.

Depois de vasculhar a casa inteira, constatei que ela não estava. Voltei para o meu quarto.

A sensação ruim se assolou com força no meu estômago. Balancei a cabeça. Então algo brilhante no chão, perto da porta, chamou a minha atenção.

Me aproximei para constatar que era um pedaço de papel e, ao lado, um cartão chave de hotel, pelo que parecia.

Número duzentos e um, HOTEL MONTARI, era que estava escrito no cartão preto e dourado. Um cartão chave de fato.

Levantei o olhar para a janela do quarto, apaguei a luz e me aproximei. Afastei uma parte da persiana e espiei lá fora. O carro preto que havia chego e estacionou do outro lado assim que chegamos do aeroporto ainda estava lá.

Poderia ser de um vizinho, mas eu sabia que não era. Tinha alguém de olho. Passei a minha vida inteira com o pessoal de Big em meu encalço, aqui não seria diferente. Onde quer que eu fosse, com quem eu me relacionasse, sempre tinha alguém dele, me vigiando.

Com a lanterna do celular, iluminei o pedaço de papel.

Precisei sair e volto em algumas horas. Tem pizza no forno

                                                    Ali

Porque diabos ela não me mandou mensagem?

A sensação ruim fez meu peito apertar ainda mais.

Liguei para ela, que atendeu após alguns toques.

Bom, talvez eu devesse ter feito isso logo.

— Aconteceu algo? — perguntou, a respiração ofegante me fez arquear a sobrancelha.

Okay. Então eu me preocupei por nada.

— Não, nada. Estou bem. Acordei agora e não te encontrei, fiquei preocupada.

Ela riu.

— Estou bem, não esquenta. — Garantiu — Porra! — xingou em seguida — Não estou encontrando.

— O que você não está encontrando?

— Parece que perdi uma coisa, mas está tudo bem, estarei voltando em uma hora, fica tranquila. — avisou. Podia ouvir pessoas conversando ao fundo, então alguém gritou.

— Esse filho da puta bem exigente... — um homem reclamou ao fundo.

— Preciso ir, até daqui a pouco. — desligou em seguida.

Encarei a tela do celular e franzi o cenho.

O aparelho vibrou instantes depois. Era ela outra vez.

— Oi...

— Me encontre no hotel e seja rápida! Não desperdice nosso tempo, Bea. — minha irmã disse divertida.

Não tive tempo para questionar, porque ela desligou. Eu tentei ligar outra vez, mas não obtive resposta.

Eu, obviamente, não era a Bea.

O que estava rolando?

Coloquei um tênis, o primeiro que encontrei na bagunça. Um sobretudo pra ninguem reparar na minha calça velha de moletom e camiseta no mesmo estado.

Eu tinha que ir no hotel. Alguma coisa não estava cheirando bem ali e eu acreditava estar em posse do que minha irmã queria, e já que ela estava envolvida, eu iria até lá pra ter certeza de que não estava encrencada.

Soltei o cabelo, peguei o celular, cartão chave e sai de casa. Ainda no elevador, chamei um carro de aplicativo.

Não demorou muito pra ele chegar e em menos de quarenta minutos eu já estava em frente ao hotel.

— Você poderia me esperar aqui? — Pedi — Não irei demorar, eu prometo. Se em 5 minutos eu não sair, você chama a polícia. — disse e logo acrescentei: — Eu pago 50 dólares a mais.

Ele arregalou os olhos e hesitou, mas logo concordou com um aceno.

Era uma atitude impulsiva? Sim! Mas eu não iria pagar pra ver.

Eu entrei no hotel luxuoso, tentando passar despercebida. Ninguém me interceptou, mas eles falaram naquele rádio e me encararam de cima a baixo.

Quando o elevador parou no segundo andar, saí apressadamente e fui à procura do quarto. Sabia que estava sendo insensata, pois nem tinha certeza se Ali estava de fato ali. Mas ela ligou pra mim, mesmo achando que era outra pessoa...

Não era uma justificativa plausível e eu sabia.

Mandei uma mensagem:

Encontrei o cartão, acho que você perdeu. Estou no hotel, me encontre.

Esperei alguns minutos e, quando não tive uma resposta, decidi continuar.

Quando parei em frente ao quarto, não ponderei antes de passar a chave no leitor e entrar.

O ar gelado banhou meu rosto, estremeçi. Um cheiro forte de móveis encerados e lavanda tomou meu nariz.

Entrei o mais silenciosamente possível. Busquei respirar com calma.

Ouvi o barulho de água correndo. Alguém estava tomando banho. Torci para que fosse ela.

Bom, de acordo com o fundo caoticamente barulhento quando liguei para Ali, não era bem aquele silêncio que eu esperava. Óbvio que aparentemente ela não estava ali no momento da ligação.

Apertei minhas mãos em punho.

Deixei o celular pronto para ligar para a polícia, porque não deixaria a decisão para o motorista. Nem tinha certeza se ele continuava me esperando.

Conforme avançava no pequeno corredor que me leva á um quarto, pesquei um abajur pelo caminho. E se não for ela? Pensei.

A água parou. Eu fiquei quieta. Captei barulho e resmungos, avançei outra vez.

Ouvia as batidas do meu coração, temendo que quem quer que estivesse ali, pudesse ouvir também de tão alta.

— Seu cretino, tenha paciência ou então procure você mesmo sua vadia. 

Aquela voz era de Ali? Soltei a respiração que nem sabia que segurava.

Uma risada sem humor e masculina soou pelo ambiente e eu estremeci, acelerei os passos. Não parecia que ela estava em perigo, mas e se eu estivesse enganada?

Me encontrava prestes a dar meia volta, colocar o cartão sobre algum lugar e sair sem ser notada. A percepção de que eu mais uma vez agi impulsivamente me atingiu. Ela só estava transando, na certa. Com certeza ligou errado.

Meu rosto esquentou de vergonha. Eu precisava sair dali.

Na entrada do quarto, avistei roupas pelo chão que talvez confirmasse minha tese, mas o que me fez paralisar um instante antes de finalmente avançar foi um lenço rosa.

O meu lenço que ela pegou mais cedo.

Uma expiração aguda escapou. Deus! Sangue. Tinha sangue nele.

Entrei no quarto depressa, indo em direção à pilha de roupas. Peguei o lenço. O sangue ainda estava úmido. Minha visão embaçou por dois segundos.

Deixei o celular no chão. Meu olhar serpenteou pelo quarto e então encarei a porta do que supus ser o banheiro, estava aberta. Enfiei o lenço no bolso e segurei o abajur com ambas as mãos.

Eu tinha medo do que iria encontrar, mas por Deus se eu não era capaz de quebrar a cabeça de quem fosse com aquele objeto. Era a minha irmã. Será que estava ali dentro machucada?

Avançei em três passadas largas e silenciosas e quando parei na porta do banheiro, não tinha ninguém, mas o vapor revelava que a pessoa acabara de tomar banho.

Minha garganta fechou. Meu corpo tremeu e arrepiou inteiro.

Virei a cabeça e vi meu celular no chão, no momento em que fui pega-lo, senti alguém atrás de mim.

O grito assustado escapou dos meus lábios, quando levantei o abajur, pronta para me defender e meu braço foi segurado ao mesmo tempo em que meu corpo era encurralado e impressado com força na parede.

Minha visão embaçou com a força do impacto.

— Mas o que diabos é isso? — Ele rosnou —Esse é o presente que a cadela me mandou? — ,e riu.

O homem estava atrás de mim, pressionando meu corpo na parede e segurando ambos meus braços com apenas uma mão.

Pisquei repetidas vezes para me restabelecer.

— Me solta. — avisei. — A polícia já está a caminho. Cadê a minha irmã? — perguntei tremendo, minha voz saindo num grito estrangulado.

Senti as pernas falharem. Ouvi minha pulsação descontrolada no meu ouvido e me perguntei se era ali que eu ia daquela para melhor.

— Chamou a polícia? — caçoou sem humor — Você que entrou aqui, aparentemente com a intenção de me ferir. Se tem alguém que precisa ser preso não sou eu.

Ele puxou o abajur da minha mão e jogou no chão, tremi com a ação.

Me mexia em seus braços, agitando o meu corpo na tentativa de fazer sua missão de me segurar ser um inferno. Me debati continuamente. Chutei sua perna, dando coices como um animal, mas ele era rápido e se esquivava.

— Mas que porra! Você não está me dando muitas alternativas, pequena raposa astuta.

Ele parecia estar se divertindo.

Arrastando a mão até minha nuca, ele apertou meu pescoço e alguns fios de cabelo entrelaçaram nos seus dedos, puxando no processo. Minhas forças diminuiram quando a dor alastrou meu couro cabeludo.

— Aiiii — Gemi alto e dolorosamente.

Ele pareceu afrouxar e eu puxei umas das mãos do seu agarre fincando as unhas em seu braço em seguida, usando toda minha merda de força em machucá-lo.

Silvou um grunhido, me soltando com um sopapo.

Virei-me, abaixei rapidamente e peguei um pedaço de vidro do abajur, apontando para ele. Meu corpo chacoalhou em espasmos. Estava com medo. Sabia que não tinha chance, mas se ele se aproximasse outra vez, eu não pensaria duas vezes.

Não conseguia nem respirar direito.

Onde merda eu fui me meter?

Puxei uma respiração e soltei. Continuei fazendo aquilo só para me acalmar, enquanto me mantinha pronta pra enfiar o vidro inteiro caso ele desse um passo.

A primeira coisa que percebi foi a toalha enrolada em torno da sua cintura. Tentei não focar no fato dele ter estado atrás de mim daquela maneira.

A segunda, era que tinha hematomas em todo o seu torço tatuado. Me vi estremecendo com idéia de que estava ali sozinha naquele quarto...

Conforme fui subindo, vi mais e mais machucados. 

Mordi o lábio. Queria chorar.

Quando meus olhos subiram, eu precisei firmar meus pés no lugar quando os seus, frios e raivosos, me encararam com total espanto.

Seu rosto estava machucado, muito. Mas nem isso fez com que ficasse irreconhecível.

Era ele!






É agora que começa o caos. Beijos.

COMENTEM por favor.

Me digam aí o que estão achando?

Continue Reading

You'll Also Like

166K 14.5K 35
Amberly corre atrás dos seus sonhos em outro país deixando o passado pra atrás e ainda frustada com o término e a traição do ex que ficou no Brasil...
2M 173K 107
Os irmãos Lambertt estão a procura de uma mulher que possa suprir o fetiche em comum entre eles. Anna esta no lugar errado na hora errada, e assim qu...
60.3K 4.4K 14
Shadow atendeu a um pedido que não pode recusar
12.6K 2.2K 29
Leões... são animais intensos, felinos impulsivos que nasceram para reinar e expandir o seu imperio. São igualmente admiraveis, assim como são temíve...