Uᴍᴀ Sᴇɢᴜɴᴅᴀ Cʜᴀɴᴄᴇ.ʰᵃʳʳʸ ᵖᵒᵗᵗ...

By NOTURNA94

6.9K 722 1.9K

[Livro 3/3] E os leitores ja estão na reta final da leitura dos sete livros. Muitas emoções e verdades serão... More

• 𝖱𝖾𝖼𝖺𝖽𝗈𝗌 & 𝖯𝖾𝗋𝗌𝗈𝗇𝖺𝗀𝖾𝗇𝗌 •
☽︎ • Etapa VI • ☾︎
☽︎ • 𝖢𝗁𝖺𝗉𝗂𝗍𝗋𝖾 00 • ☾︎
☽︎ • 𝖢𝗁𝖺𝗉𝗂𝗍𝗋𝖾 01 • ☾︎
☽︎ • 𝖢𝗁𝖺𝗉𝗂𝗍𝗋𝖾 02 • ☾︎
☽︎ • 𝖢𝗁𝖺𝗉𝗂𝗍𝗋𝖾 03 • ☾︎
☽︎ • 𝖢𝗁𝖺𝗉𝗂𝗍𝗋𝖾 04 • ☾︎
☽︎ • 𝖢𝗁𝖺𝗉𝗂𝗍𝗋𝖾 05 • ☾︎
☽︎ • 𝖢𝗁𝖺𝗉𝗂𝗍𝗋𝖾 06 • ☾︎
☽︎ • 𝖢𝗁𝖺𝗉𝗂𝗍𝗋𝖾 07 • ☾︎
☽︎ • 𝖢𝗁𝖺𝗉𝗂𝗍𝗋𝖾 08 • ☾︎
☽︎ • 𝖢𝗁𝖺𝗉𝗂𝗍𝗋𝖾 09 • ☾︎
☽︎ • 𝖢𝗁𝖺𝗉𝗂𝗍𝗋𝖾 10 • ☾︎
☽︎ • 𝖢𝗁𝖺𝗉𝗂𝗍𝗋𝖾 11 • ☾︎
☽︎ • 𝖢𝗁𝖺𝗉𝗂𝗍𝗋𝖾 13 • ☾︎
☽︎ • 𝖢𝗁𝖺𝗉𝗂𝗍𝗋𝖾 14 • ☾︎
☽︎ • 𝖢𝗁𝖺𝗉𝗂𝗍𝗋𝖾 15 • ☾︎
☽︎ • 𝖢𝗁𝖺𝗉𝗂𝗍𝗋𝖾 16 • ☾︎
☽︎ • 𝖢𝗁𝖺𝗉𝗂𝗍𝗋𝖾 17 • ☾︎

☽︎ • 𝖢𝗁𝖺𝗉𝗂𝗍𝗋𝖾 12 • ☾︎

288 33 122
By NOTURNA94

★ ——— Gault ——— ★


Meta: 100 comentários ou
mais para o próximo capítulo
vir mais rápido!

Boa leitura!


— Eu leio. — falou Narcisa. — Gault.

— Agora vocês foram longe. Foram se meter logo com os Gault? — disse Orion.

— Quem são os Gault? — perguntou Almofadinhas.

— Uma família extremamente purista e violênta. — falou Fleamont.

Almofadinhas soltou um riso desdenhoso.

— Conheço pessoas assim.

— Mas eles são os piores das Sagradas 28 — falou Wallburga. — Se acha que nós somos cruéis. Vai se surpreender se for pesquisar sobre os Gault.

Almofadinhas olhou para os pais com curiosidade. Mas não disse nada.

— O que caralhos é um Inprinting? É uma doença? — perguntou Klaus, de olhos arregalados.

— Meu Deus! Não, Klaus, não uma doença. — disse Harry, soltando uma gargalhada.

— Então explica o que é caralho!

Harry respirou fundo.

— Um Inprinting é um presente do Poderoso Espírito para nós lobos. É como se ele nos desse a nossa alma gêmea. Nós olhamos para a pessoa e tudo muda. Do nada não é mais a gravidade que segura você no planta. É ela. Nada mais importanta. Você fará qualquer coisa. Será qualquer coisa para seu Inprinting.

"A ligação de vocês é tão forte que só o som da voz do seu Inprinting e você se acalma em meio a um surto de raiva. Se estiver com dificuldade em usar sua magia, o seu Inprinting pode te ajudar ao ser um canalizador. Vocês sabem o que o outro sente ou que pensam só com um olhar. Ele se torna a sua vida. A sua razão de continuar respirando."

Harry terminou de falar e não pode deixar de sorrir. Se lembrava da primeira vez que viu Thayná. Foi tão estranho. Ele estava fugindo de Duda e seus amigos idiotas quando ela apareceu. Qualquer um teria sentido medo, mas Harry só se sentia seguro e atraído com ela ali. Aquela pelagem marrom-avermelhada que parecia brilhar. E os olhos amarelos-ambar que agora eram vermelhos-sangue.

Foi a tanto tempo.

— Parece que conhece a sensação. — falou Klaus, olhando Harry atentamente. — Já teve um Inprinting por alguém Harry?

— Pela Liz.

Klaus sorriu. Não parecia nenhum pouco surpreso.

— Por isso a proteção extrema que vocês tem um com o outro. Mas, isso rolou antes ou depois de você se transformar?

— Antes. Existem dois tipos de Inprinting. Um que rola entre dois lobos, e outro que rola entre um lobo e um bruxo. E eles são diferentes um do outro.

— Explica direito.

— Quando acontece entre um lobo e um bruxo, geralmente eles tem a ligação de almas. Mas só podem ter acesso a mente e os sentimentos um do outro e servir de canalizador. E se o lobo morrer, seu Inprinting bruxo pode continuar vivendo. Mas se o Inprinting morre, o lobo tem a escolha de continuar vivo mesmo com metade de sua alma morta. Ou morrer com seu Inprinting.

— Esse é o meu e da Caryna? — perguntou ele, de olhos arregalados.

— Exatamente. — Harry assentiu. — Quando acontece entre dois lobos, tem todos os benefícios do Inprinting entre um lobo e um bruxo. Mas tem coisas adicionais. Por exemplo. Os dois lobos podem alimentar a força um do outro e o instinto de proteção é maior. E quando um morre é a mesma coisa. O lobo que vive escolhe se vai viver sem seu parceiro. Ou se morre com ele.

— O Senhor escolheu viver. — falou James Sirius, agora imaginando a sensação de vazio que sei pai deve ter sentido por anos. — Escolheu viver sem a mamãe...

Harry puxou Thayná e James Sirius para um abraço apertado.

— Eu não deixaria você viver como eu vivi. E eu sabia que veria sua mãe de novo. Eu só tinha que ser um pouquinho paciente.

James Sirius sorriu. As vezes sentia que não merecia o pai que tinha. Ele tinha vivido por ele. Só para ele ter o amor de um dos pais.

— Porra isso é loucura. — Klaus passou a mão no rosto. — Você teve os dois Inprinting?

— Tem a possibilidade do Inprinting virar um lobo também. Aí a ligação fica bem mais forte. Mas o Inprinting só pode ser transformado pelo lobo que ele é ligado. Aí eles serão iguais em todos os sentidos.

Klaus arregalou os olhos, assustado.

— Então eu tenho que transformar a Caryna!?

— Não se ela não quiser. Eu não teria sido transformado se a mãe da Liz não tivesse mandando ela me morder. Mas na realidade, eu gosto de ser lobo.

— Eu também. — Klaus sorriu. — Mas acho que a Caryna não vai querer. Vou falar com ela depois do treino com a Thayná.

Harry o olhou surpreso.

— Vai falar para ela?

— Óbvio. Isso envolve nós dois. Então ela tem que saber — falou Klaus.

— Ele pensa — falou Lili, cutucando Harry.

— Eu sei que fui idiota, mãe — riu Harry.

Harry continuou explicando e tirando todas as dúvidas de Klaus até que eles chegassem a arena onde Thayná ia treinar com eles.

Quando chegaram, viram que a sala estava muito mais equipada que antes. Tinha novas armas e novas máquinas de treinamento.

— Esse lugar continua incrível. — Falou Klaus, olhando para as lâminas com devoção.

— Dumbledore fez uma boa reforma aqui — disse Thayná, saindo de trás de uma das pilastras equipadas com socos ingleses. — Por que Klaus está suado?

— Descobri que Caryna é minha Inprinting.

Thayná olhou surpresa para ele. Antes de ficar seria.

— Vai contar para ela. Não é?

— Com certeza. Não esconderia isso dela.

Harry pode ver Thayná dar um sorriso para Klaus. Isso fez se sentir ainda mais culpado. Que inferno.

— O que vamos fazer primeiro? — perguntou.

— Ver qual elemento vocês estão vinculados.

Klaus e Harry se entre olharam.

Harry tinha um leve palpite de qual elemento ele era. Se lembrava da ventania que causará na cozinha dos elfos no ano anterior. Talvez isso já dissesse algo.

Ficaram vendo Thayná trazer quatro vasilias e as colocar no centro da arena.

Cada uma tinha uma coisa diferente. Uma tinha água; outra tinha uma vela acesa; outra tinha um pouco de terra; e a última estava vazia.

— Klaus, vem aqui. — Thayná chamou ele.

Klaus engoliu em seco e se agachou ao lado dela. E olhou para cada uma das tigelas.

— O que eu tenho que fazer?

— Feche os olhos. Apoie as mãos na perna e as deixe abertas e viradas para cima. Respire com calma.

Klaus fez exatamente como ela disse. Fechou os olhos, apoiou as mãos é sua respiração foi acalmando a cada segundo.

— Agora eu quero que você repita: Free lupus.

Klaus respirou mais uma vez e sussurrou.

— Free Lupus.

Se virar um lobo tinha sido a coisa mais estraordinaria que Harry tinha visto. Ver um lobo preto gigantesco ser progetado para fora do corpo de Klaus tinha ganhado o lugar.

Harry sorriu maravilhado quando a grande fera de olhos amarelos andou graciosamente até as tigelas e  uivou.

— Santo Merlin. — sussurrou Harry, quando uma enorme ventania cruzou a sala e derrubou tudo.

— Ar? Eu achei que você seria fogo e água! — exclamou Almofadinhas.

— Ah, não. Fogo é o Kevin — gargalhou Klaus.

— Eu sou o mais legal — disse Kevin, erguendo a mão e mostrando as pequenas chamas que surgiram em cima de seus dedos.

— Parecem velas — riu Lenne. Mas se assustou quando Kevin formou uma bola de fogo. — Meu Deus!

— Ele está se gabando. Água é melhor em todos os sentidos. — Se gabou James Sirius, dobrando a água e líquidos de todos os jarros e copos da sala.

— Vocês não sabem de nada. Ar comando tudo. — debochou Stevan, fazendo uma ventania surgir e derrubar tudo na sala.

— Você tinha que ter puxado seu pai — xingou Caryna, segurando os cabelos.

— Querer parar de se amostrar? — disse Thayná, revirando os olhos. — Vocês bagunçaram tudo.

— Não seja por isso — Klaus estalou os dedos e tudo voltou ao seu devido lugar.

— James Sirius — falou Harry.

— Pode deixar.

James Sirius apenas bateu palma e todos os líquidos voltaram para seus devidos jarros e copos.

— Obrigada — falou Thayná. — Continua a ler por favor, Narcisa.

Harry suspirou quando o grande lobo negro foi até Klaus e desapareceu junto ao vento.

— Legal. Você é um dobrador de ar. Qualquer feitiço que você fizer, terá ajuda do ar. — falou Thayná, sorrindo de lado. — Devo dizer que estou surpresa. Achei que seria fogo.

Klaus a olhou ofegante.

— Eu tenho que aprender a controlar, não é?

— Aham. Ou vamos ter fortes ventos todas as vezes que você se irritar. Ainda mais agora que você libertou seu elemento. Lembro que foi um porre quando fiz isso. O meu se libertou a força. — Contou Thayná, ajudando Klaus a levantar.

— Como assim? — perguntou Klaus.

— Isso é história para outra ocasião. Potter, é a sua vez. Klaus, vá dormir. Você está cansado de mais para treinar depois disso.

Klaus assentiu foi embora depois de bater no ombro de Harry e sussurrar um boa noite.

Harry mirou Thayná e a viu respirar fundo. Se lembrou do cheiro que sentiu na aula de poções mais cedo. Era ela em todos aspectos.

— Você está pronto? — falou ela, olhando Harry por cima dos ombros.

Harry assentiu e se colocou ao lado dela.

— Estou.

— Faça exatamente o que mandei Klaus fazer.

Harry fechou os olhos e respirou fundo.

— Free Lupus.

Primeiro veio o silêncio. Depois, Harry sentiu a brisa do vento bater mais forte ao seu redor. Abriu os olhos e sorriu. Mas levou um susto ao ver que sua mão esquerda estava sendo circulada por uma pequena linha de água e a direita por uma linha de fogo.

— Porra... — Sussurrou Thayná, se levantando e olhando entorno de Harry.

Harry olhou para os lados e viu pequenos ramos de folhas nascerem entorno de si.

— Meu Deus — falou Lili, arregalando os olhos.

— E no final, Harry era ligado a todos. Porra... — exclamou Almofadinhas.

— Mas espera. Você também é vinculado a todos? — perguntou Aluado a James Sirius.

— Não, só a água. — contou o Potter mais novo. — Os elementos se diatruiram depois que novos lobos foram surgindo.

— Então quer dizer que se eu fosse o único lobo vivo, os elementos iam todos ser vinculados a mim?

— Isso. Mas quando você tivesse um filho, ele nasceria vinculado a um só. — respondeu Stevan.

— Você é igual a mim. — Falou Thayná.

Mas logo seus olhos ficaram vermelhos e sua loba tomou o controle do corpo.

Meu igual. Meu.

Harry sentiu seu lobo uivar e só foi ver que ele tinha tomado controle de seu corpo, quando ele se levantou e colou os lábios de Harry aos de Thayná em um beijo possessivo e selvagem.

O cérebro de Harry pareceu desligar por um estante enquanto sentia seu lobo degustar dos lábios de Thayná. Ele quis parar o lobo, sentia que beijar ela sem eles terem se resouvido era um crime.

Sentiu a deliciosa sensação do beijo até o momento que o lobo soltou o pescoço de Thayná e a olhou firme.

Minha. Apenas minha.

— Ca.ra.lho — falou James chocado.

— Pelo menos saiu meu beijo. — Almofadinhas deu de ombros.

— Depois não reclama — falou Thayná, revirando os olhos.

Depois disso, Harry só se lembrava de ver Thayná voltar ao controle e sair correndo da arena.

Olha o que você fez! — rosnou Harry, socando uma pilastras da arena.

Não fiz nada que todos nós não quiséssemos! — rosnou o lobo. — Eu consigo sentir o Inprinting se partindo a cada dia. Vamos acabar morrendo de vocês não se resolverem. Eu precisava fazer isso. E eu precisava sentir ela de novo.

Harry ofegou e parou de socar a pilantra.

Ele entendia seu outro lado. Harry também podia sentir que aquele pequeno fio que ligava Thayná e ele estava se enfraquecendo aos poucos. Mas o que ele podia fazer? Ele mesmo tinha estragado tudo e Thayná não confiava nele.

Harry tocou os próprios lábios e suspirou.

— Que merda. Ainda é viciante.

— Vai atrás dela, porra! — xingou James. — Mas meu Deus cara! Harry, meu Deus.

— Você devia ter puxado o lado insistente do seu pai — falou Lenne.

Harry olhou para Thayná e ambos sorriram.

——— ★ POV. NARRADOR ★ ——

Saiu tão rápido da arena que nem mesmo notou quando entrou no banheiro da Murta-Que-Geme.

Thayná foi direto até a pia começou a lavar o rosto. Se olhou no espelho e suspirou.

Ela ainda podia sentir o gosto dos lábios de Harry. Ainda podia sentir o aperto dele em seu pescoço e forma possessiva que ele a beijava.

O pior era que ela queria mais. Queria muito mais.

Meu Deus, por que vocês fizeram isso!? — falou Thayná, ansiosa.

— Sabe muito bem porque fizemos isso. — disse a loba. — Esse laço está ficando fraco por essa birra sua! Eu não posso ficar longe dele assim como você. Sei que está sendo difícil para você absorver tudo.

— Não, você não sabe. — rosnou Thayná.  — E mais do que só uma birra. Você sabe muito bem que isso é muito mais do que só uma birra. Isso tá me sufocando.

Thayná se sentou em uma das cabines e respirou fundo. Ela tremia. Ela só queria  sua mãe ali. Só queria seu pai ali para poderem dizer o que ela devia fazer.

Mas eles não podiam.

Assassina...

Fleamont pensou em mais uma cadeira entre ele e Elfhamea. E quando ela surgiu, foi automático Thayná ir até eles e os abraçar.

— Amo vocês — sussurrou ela, segurando as lágrimas.

— Também amamos você, meu amor — disse Elfhamea fazendo carinho em seus cabelos.

— Você não está sozinha. — falou Fleamont, beijando os cabelos de Thayná com carinho.

Você vai matar todos eles...

— Cala a boca! — rosnou Thayná, segurando a própria cabeça.

Tinham voltado. Aquela voz infernal tinha voltado. O que levava a constatar que não era ela que controlava Thayná. Elas não tinham mais nenhum peso em suas ações.

Igual a ele...

Pequena aberração...

A voz tinha peso quando a mulher de Voldemort comandava Thayná com a voz de alfa, por meio do laço com Tom Riddle. Mas ela estava morta e o comando tinha sumido com ela.

Assassina...

Eles morreram por sua causa...

Mas as vozes continuavam. Sussurrando e falando coisa e coisa.

Isso levava Thayná a questionar por que aquele veneno não dera certo. Por que ela não podia simplesmente morrer? Não importava se ela fosse para o inferno. Ele era moleza comparada a sua vida. Certamente lá ela não ouviria mais as vezes infernais que pareciam falar mais alto quando ela estava perto de Harry. Ou quando ela ia até a sala precisa. Chagava a ser difícil respirar perto da sala precisa.

Por isso sair de la. Só para não surtar na frente dele.

Thayná saiu seus pensamentos quando ouviu um barulho.

Se escondeu rapidamente em um dos velhos box. Não demorou muito para alguém entrar correndo no local.

Viu uma cabeleira loira bem familiar ir até a pia e lavar o rosto as pressas antes de se jogar no chão e começar a bater no próprio braço.

Draco se encolheu. Não gostava de parecer fraco. Mas não podia deixar de lançar um sorriso para Thayná. Ela tinha sido um anjo para ele. Uma amiga verdadeira.

— Draco — falou Thayná com um sopro.

Ele não ouviu ela. Estava chorando e coçava tanto o braço que Thayná podia ver a mancha vermelha começar a surgindo na blusa branca que ele usava.

Aquilo trouxe um déjà-vu que fez Thayná ofegar.

Foi automático quando ela se levantou e foi até ele.

Draco estava tremendo tanto que nem mesmo conseguiu questionar quando sentiu as mãos quentes dela tocar seu braço e fez ele se sentar no banheiro.

— Marshall...?

O loiro arregalou os olhos quando sentiu Thayná o abraçar.

— Se você chorar agora. Eu levo esse segredo para o tumulo — disse ela, olhando ele nos olhos.

Ela já tinha notado o que ele estava passando. E ele era só um adolescente. Thayná viu uma pessoa quando olhou Draco. Viu alguém que ela não pode ajudar. Alguém que ela nem mesmo sabia onde estava.

Régulos olhou para Thayná com cautela. Por alguma razão, ele sabia que era ele a pessoa que o livro falava. Mas o que aquilo queria dizer?

Ele até pensou em afasta-la. Ele . Mas quando sentiu seu braço parar de doer só com seu toque. Ele se afundou em seus braços e chorou. Só deixou sair.

Foi quando Draco fungou em seus braços que Thayná o abraçou mais forte ainda.

Ele era mais uma vítima. Vítima do sangue maldito que Thayná carregava nas veias.

Mostro...

Você vai matar todos...

Um... Por... Um...

Você vai... Mata-los...

E ele vai ser o último...

—— ★ POV. POTTER. ★ ——

Nas demais aulas de Poções da semana, Harry continuou a seguir as instruções do Príncipe Mestiço sempre que divergiam das de Libatius Borage, e, em consequência, por volta da quarta aula, Slughorn estava delirante com a capacidade de Harry, e comentava que raramente ensinara a alguém tão talentoso.

Nem Rony nem Hermione nem Caryna ficaram muito satisfeitos com isso. Nem mesmo Klaus e Enzo pareceram aprovar as suas ações com o livro.

— Também não estou gostando nada disso. Tudo que é fácil de mais tem consequências depois. — falou Lili, seria.

— Concordo. Esse príncipe mestiço não parece confiável. — falou James. — E como ninguém nunca achou esse livro antes?

Snape bebeu um gole de vinho. Seu livro não era perigoso. Mas tinha algo lá que não era bom o Potter mais novo usar.

Embora Harry oferecesse compartilhar o livro com ambos, Rony teve mais dificuldade em decifrar a caligrafia do que ele, e não poderia ficar pedindo ao amigo que lesse o texto em voz alta sem levantar suspeitas. Nesse meio-tempo, Hermione enfrentava resolutamente o que ela chamava de instruções “oficiais”, mas tornava-se cada vez mais mal-humorada, pois obtinha resultados mais medíocres do que os do Príncipe. Caryna era a mesma coisa.

Klaus e Enzo andavam estressados. Diversas vezes Harry podia ouvir eles xingando coisa em voz baixa enquanto treinavam na arena.

Thayná pediu para ver o livro uma única vez. Harry deixou sem pensar duas vezes. Mas ela não disse nada além de pedir que Harry tivesse cuidado.

Eles não tinham falado nada sobre o dia do beijo. Parecia que ambos se envergonhavam sempre que se viam.

Mas o que deixava Harry enciumado era ver Thayná e Kevin rindo e brincando pelos corredores.

Por mais que sentisse pela morte de Stevan e sabia o motivo de Thayná não querer deixar Kevin sozinho. Harry queria ter aqueles sorrisos para si.

— Recalque — zombou Kevin, tirando risada dos leitores.

— Coitado de você — debochou Harry, sorrindo de lado.

Harry se perguntava sem grande interesse quem teria sido o tal Príncipe Mestiço. Embora a quantidade de deveres de casa que tinham recebido o impedisse de ler todo o exemplar de Estudos avançados no preparo de poções, ele o folheara o suficiente para ver que não havia praticamente página alguma em que o Príncipe não tivesse feito anotações, que nem sempre se referiam ao preparo de poções. Aqui e ali havia instruções para feitiços que pareciam inventados por ele mesmo.

Severo arregalou os olhos. Merda...

– Ou ela mesma – rebateu Hermione irritada, escutando Harry mostrar alguns para Rony na sala comunal, sábado à noite. – Pode ter sido uma garota, acho que a letra parece mais feminina do que masculina.

– Chamava-se o Príncipe Mestiço – disse Harry. – Quantas meninas são príncipes?

Hermione não soube responder. Apenas amarrou a cara e puxou o trabalho que estava fazendo sobre “Os princípios da rematerialização”, para longe de Rony, que tentava lê-lo de cabeça para baixo.
Harry consultou seu relógio e guardou depressa na mochila o velho exemplar de Estudos avançados no preparo de poções.

– São cinco para as oito, é melhor eu ir andando ou vou chegar atrasado no Dumbledore.

– Ooooh! – exclamou Hermione, erguendo imediatamente a cabeça. – Boa sorte! Vamos esperar acordados, queremos saber o que ele vai lhe ensinar!

– Espero que tudo corra bem – disse Rony, e os dois ficaram observando Harry passar pelo buraco do retrato.

Harry atravessou os corredores desertos, embora tenha precisado se esconder ligeiro atrás de uma estátua quando a professora Trelawney surgiu, de repente, numa curva do corredor, murmurando e misturando as cartas de um baralho ensebado que lia enquanto andava.

– Dois de espadas: conflito – murmurou ao passar pelo lugar em que Harry se escondera agachado. – Sete de espadas: mau augúrio. Dez de espadas: violência.
Valete de espadas: um rapaz moreno, possivelmente perturbado, que não gosta da consulente.

Ela parou de repente, do lado oposto da estátua de Harry.

– Bem, não pode estar certo – disse contrariada, e Harry ouviu-a embaralhar energicamente ao recomeçar a caminhada, deixando atrás de si apenas um aroma de xerez barato para uso culinário. Harry esperou até se certificar de que ela se fora, então recomeçou a correr até chegar ao ponto do corredor do sétimo andar em que havia apenas uma gárgula na parede.

– Acidinhas – disse Harry. A gárgula saltou para o lado; a parede oculta se abriu, e surgiu uma escada circular de pedra, na qual Harry pôs os pés para ser levado até a porta com a aldrava de latão que dava acesso ao escritório de Dumbledore.

Harry bateu.

– Entre – ouviu-se a voz do diretor.

– Boa-noite, Dumbledore – cumprimentou Harry, entrando no escritório.

– Ah, boa-noite, Harry. Sente-se – disse Dumbledore, sorrindo. – Espero que sua primeira semana na escola tenha sido prazerosa.

– Foi, obrigado.

– Deve ter andado muito ocupado, já recebeu uma detenção!

Ãa... – começou Harry sem jeito, mas Dumbledore não parecia muito severo.

– Combinei com o professor Snape que você cumprirá sua detenção no próximo sábado.

– Certo – respondeu Harry, que tinha assuntos mais urgentes em sua cabeça do que a detenção de Snape, e agora procurava disfarçadamente alguma indicação do que Dumbledore pretendia fazer com ele naquela noite. O escritório circular tinha a aparência de sempre: os delicados instrumentos de prata sobre mesinhas de pernas finas soltavam fumaça e zumbiam; os antigos diretores e diretoras cochilavam em seus quadros; e a magnífica fênix do diretor, Fawkes, no poleiro atrás da porta, observava Harry com vivo interesse. Pelo visto, Dumbledore nem sequer abrira um espaço para duelar.

– Então, Harry – disse o diretor em tom objetivo. – Você certamente tem se perguntado o que planejei para as suas... por falta de uma palavra melhor... aulas.

– Tenho, senhor.

– Bem, agora que você sabe o que induziu Lorde Voldemort a tentar matá-lo há quinze anos, concluí que já é tempo de lhe passar certas informações.

Houve uma pausa.

– O senhor disse, no fim do último trimestre, que ia me contar tudo – lembrou Harry. Era difícil eliminar um quê de acusação em sua voz. – Senhor – acrescentou.

– E de fato contei – concordou Dumbledore placidamente. – Contei-lhe tudo que sei. Daqui para frente, estaremos deixando o terreno firme dos fatos para viajar juntos pelos turvos alagados da memória e nos embrenhar pelo matagal das suposições mais absurdas. Deste ponto em diante, Harry, posso estar lamentavelmente tão enganado como Humphrey Belcher, que acreditou que havia aceitação para caldeirões de queijo.

– Mas o senhor acha que está certo?

– Naturalmente que sim, mas como já provei a você também, erro como qualquer outro homem. De fato, sendo, perdoe-me, bem mais inteligente do que a maioria, os meus erros tendem a ser proporcionalmente maiores.

– Senhor – perguntou Harry hesitante –, o que vai me contar tem a ver com a profecia? Vai me ajudar a... sobreviver?

– Muita relação com a profecia – respondeu Dumbledore, displicentemente, como se Harry tivesse lhe perguntado que tempo faria no dia seguinte –, e tenho esperanças de que o ajude a sobreviver.

— Nem para esperar eu chegar.

Harry congelou. Olhou para trás e viu Thayná entrar de maneira preguiçosa na sala.

— Não estavamos falando nada que você já não saiba. — falou Dumbledore, sorrindo fechado.

— Espero que continue assim, Dumbledore. — Falou Thayná, se aproximando deles.

Harry a olhou amedrontado.

— Você sabe...?

— Dumbledore me contou. — Thayná deu ombros. — Falei que se não tivesse haver diretamente comigo não era nescessário. Podia esperar para ver se você quisesse me dizer. Mas ele insistiu. Desculpa.

— Desculpa? Não está brava?

— Por que eu estaria? A profecia é sua. Você decide se quer contar ou não. Agora, se fosse a minha profecia, aí eu ficaria puta.

Harry segurou a vontade de beija-la. Porra ela era perfeita.

— Mas eai? O que faremos agora? — perguntou Thayná, olhando para Dumbledore.

O diretor ergueu-se, contornou a escrivaninha e passou por Harry; este se virou pressuroso e viu Dumbledore curvar-se para o armário ao lado da porta.

Quando o diretor se endireitou, segurava uma conhecida bacia de pedra, com estranhas marcas na borda. O bruxo colocou a Penseira na escrivaninha, diante de Harry e Thayná.

– Vocês parecem preocupados.

Realmente ambos observavam a bacia com apreensão. Suas experiências anteriores com o estranho objeto que guardava e revelava pensamentos e lembranças, embora extremamente instrutivas, tinham sido bastante desconfortáveis. A última vez em que eles agitara o seu conteúdo, viram muito mais do que teria desejado. Mas Dumbledore estava sorrindo.

– Desta vez, vocês iram entrar na Penseira comigo... e, o que é ainda mais incomum, tem permissão para isso.

– Aonde vamos, senhor?

– Fazer uma viagem pelos caminhos da memória de Beto Ogden – respondeu Dumbledore, tirando do bolso um frasco de cristal contendo uma substância branco-prata que rodopiava.

– Quem foi Beto Ogden? — perguntou Thayná, olhando a Penseira com cuidado.

Ela podia esconder, mas sua curiosidade sempre foi sua maior característica.

— Isso já me rendeu tanta merda — falou Thayná, bufando.

– Foi funcionário do Departamento de Execução das Leis da Magia. Morreu há algum tempo, mas não antes que eu o tivesse localizado e convencido a me confidenciar essas lembranças. Vamos acompanhá-lo em uma visita que fez no desempenho de suas funções. Se puder se levantar, Harry...

Mas Dumbledore estava tendo dificuldade para destampar o frasco de cristal: sua mão machucada parecia rígida e dolorida.

Harry viu Thayná mirar a mão dele com frieza.

Me dá.

– Não se incomode, Thayná.

Dumbledore apontou a varinha para o frasco e a rolha saltou fora.

– Senhor... como foi que machucou a mão? – Harry perguntou mais uma vez, olhando os dedos escurecidos com uma sensação de horror e dó.

– Agora não é hora de contar essa história, Harry. Ainda não. Temos um encontro com Beto Ogden.

Thayná revirou os olhos. Dumbledore a irritava com essas frases. Mesmo morto.

Dumbledore despejou na Penseira o conteúdo do frasco, que girou e refulgiu, nem líquido nem gasoso.

– Primeiro vocês – disse ele, indicando a bacia.

Harry se inclinou, inspirou profundamente e mergulhou de cara na substância prateada ao mesmo tempo que Thayná. Sentiu seus pés deixarem o piso do escritório; foi caindo, caindo, por um torvelinho escuro, e então, inesperadamente, se viu piscando sob um sol ofuscante. Antes que seus olhos se acostumassem, Dumbledore aterrissou ao lado de Thayná.

Estavam de pé em uma estradinha rural ladeada por cercas vivas emaranhadas, sob um céu de verão vivo e azul como miosótis. A uns três metros deles, achava-se um homem baixo e gorducho que usava óculos com lentes tão grossas que reduziam seus olhos a sinaizinhos de nascença. Estava lendo um letreiro de madeira que se projetava da cerca selvática do lado esquerdo da estrada.

Harry sabia que aquele devia ser o Ogden; era a única pessoa à vista, e usava a estranha variedade de roupas que muitas vezes os bruxos inexperientes escolhem para se disfarçar de trouxas; no caso, casaca e polainas por cima de uma roupa de banho listrada e inteiriça. Antes, porém, que Harry tivesse tempo para outra coisa que não registrar sua bizarra aparência, Ogden saiu andando com rapidez pela estrada.

Dumbledore, Thayná e Harry seguiram-no. Ao passarem pelo letreiro de madeira, Harry olhou para as duas setas. Na que apontava para o lado de onde tinham vindo leu:

Great Hangleton, 8km. Na que apontava para Ogden leu: Little Hangleton, 1,6km.

Caminharam uma pequena distância sem nada ver exceto as cercas, a vastidão do céu azul e a figura de casaca à frente; então, a estrada fez uma curva para a esquerda e despencou, íngreme, descendo a encosta do morro, permitindo que, inesperadamente, descortinassem o panorama de um vale inteiro. Harry viu uma aldeia, sem dúvida Little Hangleton, aninhada entre dois morros escarpados, a igreja e o cemitério bem aparentes. Do outro lado do vale, engastada na falda do morro oposto, havia uma bela casa senhorial rodeada por um vasto e veludoso gramado.

Ogden diminuiu a marcha diante do acentuado declive da ladeira.

Dumbledore aumentou seus passos e Harry tentou acompanhá-lo. Thayná vinha em silêncio logo atrás deles.

Imaginou que Little Hangleton fosse o destino final e se perguntou, como fizera na noite em que localizaram Slughorn, por que tinham de começar de tão longe. Logo, porém, descobriu que se enganara em pensar que se dirigiam à aldeia. A estrada fazia uma curva para a direita e, quando a contornaram, viram a ponta da aba da casaca de Ogden desaparecendo por uma abertura na cerca.

Dumbledore e Harry continuaram a segui-lo por uma trilha estreita, ladeada de cercas vivas ainda mais altas e mais desordenadas do que as que tinham deixado para trás. O caminho era torto, rochoso e esburacado, descia o morro como o anterior e parecia conduzir a um arvoredo, sombrio um pouco mais abaixo. De fato, o caminho logo desembocou no arvoredo, e Dumbledore, Thayná e Harry pararam atrás de Ogden, que se detivera para puxar a varinha.

Apesar do céu desanuviado, as velhas árvores projetavam sombras profundas, escuras e frescas, e Harry levou alguns segundos para enxergar a casa semioculta entre seus troncos.

Pareceu-lhe um lugar estranho para se construir uma casa, ou então uma decisão curiosa a de deixar as árvores crescerem próximas, bloqueando toda a luz e a visão do vale. Ele se perguntou se seria habitada; as paredes estavam cobertas de musgo e havia caído tantas telhas que em alguns pontos as traves estavam visíveis. Cresciam urtigas a toda volta e suas hastes alcançavam as janelas pequenas e grossas de sujeira.

Quando acabara de concluir que era impossível que fosse habitada, uma das janelas se abriu com estrépito e deixou sair um fio de vapor ou de fumaça, como se alguém estivesse cozinhando.

Ogden se adiantou em silêncio e, pareceu a Harry, com cautela. Quando as sombras escuras das árvores o encobriram, ele tornou a parar com os olhos fixos na porta de entrada, à qual tinham pregado uma cobra morta.

Ouviu-se, então, um farfalhar e um estalo, e um homem andrajoso despencou da árvore mais próxima, caindo de pé diante de Ogden; este pulou para trás tão rápido que pisou nas abas da casaca e se desequilibrou.

– Você não é bem-vindo.

O homem à frente deles tinha cabelos espessos tão entremeados de sujeira que não dava para distinguir a cor. Faltavam-lhe vários dentes na boca; e os olhos, pequenos e escuros, olhavam em direções opostas. Sua aparência poderia ter sido cômica, mas não era; produzia um efeito assustador, e Harry não podia censurar Ogden por recuar mais alguns passos antes de falar.

– Ãh... bom-dia. Sou do Ministério da Magia...

– Você não é bem-vindo.

Ãh... desculpe... não estou entendendo – respondeu Ogden nervoso.

— Ah meu Deus — falou Thayná, olhando com curiosidade para o homem estranho.

Harry achou que Ogden estava sendo extremamente obtuso; em sua opinião, o estranho fora muito claro, principalmente porque brandia uma varinha em uma das mãos e uma faca de lâmina curta, ensanguentada, na outra.

– Você com certeza está entendendo, não, Harry? – indagou Dumbledore em voz baixa.

– Claro que estou – respondeu ele um pouco confuso. – Por que Ogden não...?

Mas quando tornou a olhar a cobra na porta, repentinamente compreendeu.

– Ele está falando a linguagem das cobras?

– Muito bom – assentiu Dumbledore, sorrindo.

O homem andrajoso agora avançava para Ogden, a faca em uma das mãos e a varinha na outra.

– Escute aqui – começou Ogden, mas tarde demais: ouviu-se um estampido e ele foi parar no chão, apertando o nariz, que espirrava entre os seus dedos uma gosma amarelada e feia.

Morfino! – gritou uma voz.

Um homem mais velho saiu depressa da casa batendo a porta ao passar e fazendo a cobra balançar pateticamente. Este homem era mais baixo do que o primeiro e tinha estranhas proporções; os ombros eram muito largos e os braços compridos demais, o que, juntamente com os olhos azuis-oceano estranhamente familiares, os cabelos espessos e curtos e o rosto enrugado, dava-lhe a aparência de um macaco idoso e forte. Parou ao lado do homem com a faca, que agora soltava gargalhadas ao ver Ogden no chão.

– Ministério é? – perguntou o homem mais velho, olhando Ogden com arrogância.

– Correto! – confirmou ele com raiva, limpando o rosto. – E o senhor, presumo, é o sr. Gaunt?

– Isso. Ele acertou seu rosto, foi?

– Foi! – retorquiu Ogden.

– O senhor não deveria ter anunciado sua presença? – perguntou Gaunt agressivamente. – Isto é uma propriedade privada. Ninguém pode ir entrando e esperar que o meu filho não se defenda.

– Defenda de quê, homem? – contestou Ogden, se levantando.

– Bisbilhoteiros. Invasores. Trouxas e ralé.

Ogden apontou a varinha para o próprio nariz, de onde continuava a escorrer uma abundante secreção semelhante a pus, e estancou o corrimento. O sr. Gaunt disse a Morfino, pelo canto da boca.

– Entre. Não discuta.

Desta vez, alertado, Harry reconheceu a língua que o homem falava; ao mesmo tempo que entendia o que era dito, distinguia o estranho sibilado que era só o que Ogden podia ouvir. Morfino deu a impressão de que ia discordar, mas, quando o pai ameaçou-o com um olhar, ele mudou de ideia; saiu em direção à casa com uma estranha ginga e bateu a porta, fazendo a cobra balançar tristemente.

– Foi o seu filho que vim ver, sr. Gaunt – explicou Ogden, enxugando o resto de pus da frente da casaca. – Aquele era o Morfino, não?

Ãh, era o Morfino – confirmou o velho, indiferente. – O senhor tem sangue puro? – perguntou repentinamente agressivo.

– Isto não vem ao caso – respondeu Ogden com frieza, e Harry sentiu o seu respeito pelo bruxo crescer.

Aparentemente isto fazia diferença para Gaunt. Ele estudou o rosto de Ogden e resmungou em um tom decididamente ofensivo.

– Pensando bem, já vi narizes iguais ao seu na aldeia.

– Não duvido nada, se o senhor costuma soltar seu filho contra eles. Que tal continuarmos essa discussão dentro de casa?

– Dentro?

– É, sr. Ogden. Já disse que estou aqui por causa de Morfino. Enviamos uma coruja...

– Não estou interessado em corujas. Não abro cartas.

– Então o senhor não tem razão para reclamar que as visitas apareçam sem avisar – retrucou Ogden, mordaz. – Estou aqui porque ocorreu uma séria violação das leis bruxas nas primeiras horas desta manhã...

– Está bem, está bem, está bem! – berrou Gaunt. – Entre na maldita casa, então, mas não vai lhe adiantar muito!

A casa parecia conter três cômodos minúsculos. Havia duas portas no cômodo principal, que servia de sala e cozinha. Morfino estava sentado em uma poltrona imunda ao lado do fogão enfumaçado, enrolando uma cobra entre os dedos grossos enquanto cantava baixinho em sua linguagem.

Silva, silva, serpinha, Serpeia pelo soalho

Seja sempre boazinha

Ou Morfino crava você.

— Credo — falou Almofadinhas. — Deu uns arrepios estranhos.

— Também — falou Fred.

Ouviu-se um arrastar de pés no canto ao lado da janela aberta, e Harry notou que havia mais alguém na sala, uma garota cujo vestido cinzento e rasgado era exatamente da cor da parede de pedra encardida às suas costas. Estava em pé ao lado de uma panela que fumegava em um fogão negro, e mexia na prateleira com panelas e caçarolas de aspecto miserável mais acima. Seus cabelos eram escorridos e sem vida e o rosto comum, pálido e feioso. Seus olhos, como os do irmão, eram divergentes. Mas o tom de azul-oceano era como os do pai.

Parecia um pouco mais limpa do que os dois homens, mas Harry avaliou que nunca vira ninguém tão arrasado.

– Minha filha Mérope – Gaunt apresentou-a de má vontade, quando Ogden lançou à garota um olhar indagador.

– Bom-dia – cumprimentou-a Ogden.

Ela não respondeu; lançando um olhar assustado ao pai, deu as costas à sala e continuou a trocar as panelas de lugar na prateleira.

– Bem, sr. Gaunt, para ir direto ao assunto, temos razões para acreditar que seu filho Morfino executou um feitiço diante de um trouxa no final da noite de ontem.

Ouviu-se um estrondo metálico. Mérope deixara cair uma panela.

– Apanhe isso! – berrou Gaunt para a filha. – Isso, fuce o chão como uma trouxa porca, para que serve a sua varinha, seu saco de estrume?

— Homem nojento — falou Thayná, fazendo careta.

– Sr. Gaunt, por favor! – pediu Ogden em tom chocado, enquanto Mérope, que já apanhara a panela, com o rosto malhado de rubor, tornou a soltá-la e puxou a varinha do bolso; apontou-a para o objeto e murmurou um feitiço apressado e inaudível que fez a panela voar para longe dela, bater na parede oposta e rachar ao meio.

Morfino soltou sua gargalhada demente. Gaunt gritou:

– Conserte isso, sua imprestável, conserte isso!

Mérope saiu tropeçando pela sala, mas, antes que tivesse tempo de erguer a varinha, Ogden empunhou a dele e ordenou com firmeza:

– Reparo. – E a panela se consertou instantaneamente.

Por um momento, pareceu que Gaunt ia gritar com Ogden, mas deve ter pensado melhor; em vez disso, caçoou da filha:

– Que sorte o homem bonzinho do Ministério está aqui, não é? Quem sabe ele tira você das minhas mãos, quem sabe ele não se incomoda com abortos nojentos...

— Céus — disse Alice, enojada.

Sem olhar para ninguém ou agradecer a Ogden, Mérope apanhou a panela e devolveu-a, com as mãos trêmulas, à prateleira. Postou-se, então, muito quieta, as costas apoiadas na parede entre a janela muito suja e o fogão, como se o seu único desejo fosse afundar na pedra e sumir.

– Sr. Gaunt – recomeçou Ogden –, como eu ia dizendo, a razão da minha visita...

– Ouvi da primeira vez! – retrucou Gaunt. – E daí? Morfino deu a um trouxa o que estava merecendo; o que é que o senhor vai fazer?

Morfino violou a lei bruxa – disse Ogden com severidade.

– Morfino violou a lei bruxa. – Gaunt imitou a voz de Ogden, num tom pomposo e cantado. Morfino gargalhou outra vez. – Deu uma lição a um trouxa nojento, isso agora é ilegal, é?

– É. Receio que seja.

Ogden tirou do bolso interno um pequeno rolo de pergaminho e abriu-o.

– E isso aí, é o quê, a sentença dele? – perguntou Gaunt, alteando a voz inflamado.

– É uma intimação para comparecer a uma audiência no Ministério...

– Intimação! Intimação? Quem o senhor pensa que é para intimar meu filho a comparecer a algum lugar?

– Sou o chefe do Esquadrão de Execução das Leis da Magia.

– E o senhor acha que somos ralé, é isso? – gritou Gaunt, e avançou para Ogden, com o dedo de unha suja e amarela apontando para o seu peito. – Ralé que se apresenta correndo quando o Ministério manda? Sabe com quem está falando, seu Sangue Ruim nojento?

– Eu tinha a impressão de que estava falando com o sr. Gaunt – respondeu ele cauteloso, mas irredutível.

– Exatamente! – urrou Gaunt. Por um instante, Harry pensou que ele fazia um gesto obsceno, mas percebeu que apenas mostrava o feio anel de pedra negra que usava no dedo médio, e que agitava na cara de Ogden. – Está vendo isso aqui?
Está vendo isso aqui? Sabe de onde veio? Está há séculos na nossa família, tão antiga ela é, e de sangue sempre puro! Sabe quanto já me ofereceram por isso, com o brasão dos Peverell gravado na pedra?

— Peverell? — falaram os Potter's da sala.

— Por que a surpresa? — disse Almofadinhas, confuso.

— Nada não — Falou James, trocando olharem com seus pais.

– Não faço a menor ideia – replicou Ogden, piscando para o anel a centímetros do seu nariz –, e não é pertinente, sr. Gaunt. O seu filho cometeu...

Com um uivo de fúria, Gaunt correu para a filha. Por uma fração de segundo, Harry pensou que ia esganá-la, quando o viu agarrá-la pelo pescoço; mas ele apenas arrastou-a até Ogden pela corrente de ouro que usava.

– Está vendo isso aqui? – berrou, sacudindo o pesado medalhão para Ogden, enquanto Mérope engasgava e procurava respirar.

– Eu estou vendo, eu estou vendo! – apressou-se ele a dizer.

– Vem de Slytherin! – gritou Gaunt. – De Salazar Slytherin! Somos os seus últimos descendentes vivos. Que me diz disso, eh?

— Puta que pariu — falaram os Marotos.

— Grande bosta ele ser um Slytherin. — disse Gina, revirando os olhos.

— Merda! — falou Thayná, se afastando de todos com os olhos arregalados.

– Sr. Gaunt, sua filha! – avisou Ogden assustado, mas o bruxo já largara Mérope; ela se afastou cambaleando de volta ao seu canto, massageando o pescoço e engolindo em seco para respirar.

– É o que eu queria dizer! – exclamou Gaunt triunfante, como se tivesse acabado de provar de modo irrefutável uma complicada questão. – Não venha falar conosco como se não chegássemos aos seus pés! Gerações de sangue puro, todos bruxos, o que, tenho certeza, é mais do que o senhor pode dizer!

E cuspiu no chão aos pés de Ogden. Morfino soltou mais gargalhadas.
Mérope, encolhida ao lado da janela, a cabeça oculta pelos cabelos escorridos, permaneceu calada.

– Sr. Gaunt – insistiu Ogden –, receio que nem os seus antepassados nem os meus tenham a menor relação com o nosso caso. Estou aqui por causa do Morfino, Morfino e o trouxa que ele abordou ontem à noite. A informação que temos é que Morfino lançou um feitiço ou uma azaração no tal trouxa, causando-lhe uma urticária extremamente dolorosa.

Morfino riu.

– Quieto menino – rosnou Gaunt em linguagem de cobra, e Morfino tornou a se calar. – E se lançou, qual é o problema? – retorquiu Gaunt em tom de desafio.

– Espero que o senhor tenha limpado a pele do trouxa e, de quebra, a memória dele...

– O problema é bem outro, não é, sr. Gaunt? Foi um ataque gratuito a um indefeso...

– Ah, achei que o senhor tinha cara de amigo dos trouxas assim que o vi – desdenhou Gaunt, tornando a cuspir no chão.

– Esta discussão não está nos levando a nada – disse Ogden com firmeza. – Pela atitude do seu filho, está muito claro que não sente remorso algum pelo que fez. – E olhando para o rolo de pergaminho. – Morfino deverá comparecer a uma audiência no dia 14 de setembro, para responder às acusações de usar magia diante de um trouxa e causar ao dito trou...

Ogden calou-se. Entravam pela janela ruídos de metal, cascos de cavalos e risos humanos. Aparentemente, a estrada tortuosa para a aldeia passava muito próxima do arvoredo onde se situava a casa. Gaunt congelou, escutando de olhos arregalados. Morfino sibilou e virou o rosto para o lado dos ruídos, a expressão voraz. Mérope ergueu a cabeça. Seu rosto, Harry viu, estava absolutamente branco.

– Meu Deus, que monstruosidade! – ouviu-se uma voz de garota, claramente audível pela janela aberta como se estivesse na sala. – Será que seu pai não podia mandar remover esse casebre, Tom?

– Não é nosso – respondeu uma voz jovem. – Tudo do outro lado do vale nos pertence, mas essa casa pertence a um velho pobretão chamado Gaunt e aos filhos dele. O rapaz é bem maluco, você devia ouvir as histórias que contam na aldeia...

A moça riu. Os sons de metal e cascos aumentaram. Morfino fez menção de levantar da poltrona.

– Fique sentado – disse o pai em tom de aviso, em linguagem de cobra.

– Tom – falou a moça, agora tão próximo que deviam estar ao lado da casa –, será que me enganei ou alguém pregou uma cobra naquela porta?

– Santo Deus, você tem razão! – disse a voz masculina. – Deve ter sido o filho, eu não disse que ele não era bom da cabeça? Não olhe, Cecília, querida.

Os sons de metal e cascos foram se distanciando.

– Querida – murmurou Morfino naquela linguagem, olhando para a irmã. – Chamou a moça de querida. Então não ia mesmo querer você.

Mérope estava tão pálida que Harry teve certeza de que ela ia desmaiar. Olhou para Thayná e ela olhava de Mérope para o garoto jovem várias vezes.

– Que foi, Morfino? – perguntou Gaunt rispidamente, na mesma linguagem, seus olhos indo do filho para a filha. – Que foi que você disse, Morfino?

– Ela gosta de olhar o trouxa. – Com uma expressão cruel, Morfino encarou a irmã, que agora parecia aterrorizada. – Sempre no jardim quando ele passa, espiando pela cerca, não é? E a noite passada...

Mérope sacudiu a cabeça freneticamente, implorando, mas Morfino continuou sem se condoer:

– ... Pendurada na janela esperando ele voltar para casa, não é?

– Pendurada na janela para olhar um trouxa? – disse Gaunt em voz baixa.

Os três Gaunt pareciam ter se esquecido de Ogden, que assistia ao mesmo tempo pasmo e irritado a essa nova erupção de silvos e estridências.

– É verdade? – perguntou Gaunt implacável, dando uns passos em direção à filha apavorada. – Minha filha, uma pura descendente de Salazar Slytherin, suspirando por um trouxa nojento de veias imundas?

— Caralho, eu quero bater nesse merda — rosnou James Sirius. — Como um merda desse pode ser meu parente?

Mérope sacudiu a cabeça com veemência, comprimindo-se contra a parede, aparentemente incapaz de falar.

– Mas eu peguei ele, pai! – disse Morfino às gargalhadas. – Peguei quando passou por aqui e ele não ficou nada bonito coberto de urticária, ficou, Mérope?

– Sua bruxinha abortada nojenta, sua traidorazinha do sangue! – urrou Gaunt, descontrolado, apertando o pescoço da filha.

Harry e Ogden berraram “Não!” ao mesmo tempo; Ogden ergueu a varinha e ordenou:

– Relaxo! – Gaunt foi lançado para longe da filha; tropeçou em uma cadeira e estatelou-se de costas. Com um rugido de fúria, Morfino saltou da poltrona e avançou para Ogden, brandindo a faca ensanguentada e disparando, indiscriminadamente, azarações com a varinha.

Ogden fugiu desabalado. Thayná os seguiu com pressa. Dumbledore fez sinal que deviam segui-los, e Harry obedeceu, os gritos de Mérope ecoando em seus ouvidos.

Ogden disparou pela trilha e irrompeu pela estrada principal, os braços protegendo a cabeça, e colidindo com o lustroso cavalo de um rapaz muito bonito, de cabelos castanhos. Ele e a linda moça que cavalgava ao seu lado caíram na risada ao verem Ogden bater na ilharga do cavalo, quicar e retomar a corrida errante pela estrada, a casaca voando, coberto de pó da cabeça aos pés.

– Acho que já basta, Harry – disse Dumbledore, batendo em seu braço.

— Não, não! Espera! — rosnou Thayná. Mas já era tarde.

No momento seguinte, os dois estavam voando imponderáveis pela escuridão; por fim, aterrissaram de pé no escritório de Dumbledore, agora iluminado pelo crepúsculo.

– Que aconteceu com a garota na casa? – foi a primeira pergunta de Thayná quando Dumbledore acendia mais lâmpadas com um toque de varinha. – Mérope, ou seja lá qual for o maldito nome.

– Ah, ela sobreviveu – respondeu o diretor, se acomodando à escrivaninha e fazendo sinal para que Harry e Thayná se sentasse também. – Ogden aparatou até o Ministério e voltou, quinze minutos depois, com reforços. Morfino e o pai tentaram lutar, mas os dois foram subjugados, levados da casa e, mais tarde, condenados pela Suprema Corte dos Bruxos. Morfino, já fichado por ataques a trouxas, foi condenado a três anos em Azkaban. Servolo, que ferira vários funcionários do Ministério além de Ogden, recebeu uma pena de seis meses de prisão.

Servolo? – repetiu Harry em tom de indagação.

– Exato – respondeu Dumbledore, aprovando-o com um sorriso. – Fico satisfeito que esteja acompanhando.

– O velho era avó de Voldemort? — disse Thayná.

– Sim. Servolo, seu filho Morfino e sua filha Mérope foram os últimos Gaunt, uma família bruxa muito antiga conhecida por sua índole instável e violenta que se transmitiu através de gerações devido ao hábito de casarem entre primos. A falta de juízo associada à mania de grandeza redundou na dissipação do ouro da família muitas gerações antes de Servolo nascer. Ele viveu, como você bem viu, em condições sórdidas e miseráveis, dono de um péssimo gênio e uma arrogância e um orgulho desmedidos, além de alguns objetos de família que ele valorizava tanto quanto o filho e muito mais do que a filha.

– Então Mérope – perguntou Harry, curvando-se para a frente e encarando Dumbledore –, então Mérope era... senhor, quer dizer que Mérope era... a mãe de Voldemort?

– Exato. E por acaso vimos de relance o pai de Voldemort. Vocês viram?

– O trouxa que Morfino atacou? O homem a cavalo? — falou Thayná, friamente.

– Muito bem – elogiou Dumbledore com um largo sorriso. – Aquele era Tom Riddle, pai, o trouxa bonitão que passava cavalgando pela casa dos Gaunt e por quem Mérope nutria uma paixão ardente e secreta.

– E eles acabaram se casando? – perguntou Harry, incrédulo e incapaz de imaginar duas pessoas com menos probabilidade de se apaixonarem.

– Acho que você está esquecendo – acrescentou Dumbledore – que Mérope era bruxa. Acredito que os seus poderes mágicos não se manifestassem favoravelmente enquanto esteve aterrorizada pelo pai. Mas uma vez que Servolo e Morfino foram trancafiados em Azkaban, uma vez que ela se viu livre e sozinha pela primeira vez na vida, estou certo que pôde dar rédeas à sua capacidade e planejar sua fuga da vida desesperada que levara durante dezoito anos.

“Vocês não conseguem pensar em nada que Mérope pudesse ter feito para obrigar Tom Riddle a esquecer a companheira trouxa e se apaixonar por ela?”

– A Maldição Imperius? – arriscou Harry.

– Poção de amor — pontuou Thayná, tremendo.

– Muito bom. Pessoalmente, me inclino mais para a poção de amor. Estou certo de que teria parecido a Mérope mais romântico e não teria sido muito difícil, em um dia de calor, quando Riddle estivesse cavalgando sozinho, persuadi-lo a beber uma água. Em todo caso, alguns meses depois da cena que acabamos de presenciar, a aldeia de Little Hangleton deliciou-se com um espantoso escândalo. Você pode imaginar o falatório que houve quando o filho do senhor das terras locais fugiu com Mérope, a filha do vagabundo.

“Mas o choque dos aldeões não se comparou ao de Servolo. Ele voltou de Azkaban, imaginando que encontraria a filha aguardando obediente o seu retorno, com uma refeição quente à mesa. Em vez disso, encontrou bem uns três centímetros de poeira e um bilhete de adeus, em que ela explicava o que fizera.

“Pelo que pude descobrir, daquele dia em diante ele nunca mais mencionou o nome da filha ou a sua existência. O choque de sua deserção talvez tenha contribuído para sua morte prematura – ou talvez ele simplesmente nunca tivesse aprendido a preparar a própria comida. Azkaban o enfraquecera muito, e Servolo não viveu o bastante para ver o regresso de Morfino a casa.”

— Mas Voldemort foi criado em um orfanato. — disse Thayná, franzindo a testa. — Quer dizer que Mérope morreu?

– É verdade. Aqui, temos de usar um pouco a imaginação, embora não ache que seja difícil deduzir o que aconteceu. Alguns meses depois de fugir para casar, Tom Riddle reapareceu na casa senhorial de Little Hangleton sem a mulher. Correu pela vizinhança o boato de que alegava ter sido “ludibriado” e “abusado em sua boa-fé”. O que quis dizer, sem dúvida, é que estivera enfeitiçado e finalmente se libertara, embora eu presuma que não se atrevesse a usar os termos exatos com medo de que o julgassem louco. Quando souberam da sua história, os aldeões imaginaram que Mérope tivesse mentido a Tom Riddle, fingindo que ia ter um filho dele, razão pela qual o rapaz se casara.

– Mas ela teve realmente um filho dele. — disse Harry, segurando a mão de Thayná por baixo da mesa ao ver que ela estava respirando com dificuldade.

– Teve, mas somente um ano depois de casarem. Tom Riddle deixou-a quando ainda estava grávida.

– Qual foi o problema? – perguntou Harry. – Por que passou o efeito da poção de amor?

– Mais uma vez, estou imaginando – explicou Dumbledore –, mas acredito que Mérope, que estava profundamente apaixonada pelo marido, não suportou a ideia de continuar a escravizá-lo por artes mágicas. Acredito que tenha decidido parar de lhe dar a poção. Talvez estivesse convencida de que, àquela altura, a paixão já fosse mútua. Talvez pensasse que ele não a deixaria por causa do bebê.

Se assim foi, enganou-se em ambos os casos. Uma garota idiota e ingênua. — rosnou Thayná. — Ele a abandonou, provavelmente nunca mais a viu e nunca se preocupou em descobrir o que acontecera ao filho ou o que infernos veio depois!

— Deve ser triste saber que nasceu de uma poção do amor — falou James.

— Fiquei com pena da garota. Sofria mas mãos do pai e ainda foi abandonada. — disse Lili.

— Mas o que ela fez também não foi certo. — pontuou Lenne.

O céu lá fora estava nanquim, e as luzes no escritório de Dumbledore pareciam brilhar mais fortemente do que antes.

– Acho que já é o suficiente, por hoje – disse Dumbledore instantes depois.

– Sim, senhor.

Thayná apenas assentiu e se levantou.

Harry se pôs de pé, mas não se retirou.

– Senhor... é importante conhecer tudo isso sobre o passado de Voldemort?

– Muito importante, acho.

– E... tem alguma coisa a ver com a profecia?

– Tem tudo a ver com a profecia.

– Certo – aceitou Harry um pouco confuso, mas ainda assim mais tranquilo.

Virou-se para sair, então lhe ocorreu mais uma pergunta, e ele deu meia-volta.

– Senhor, tenho permissão para contar a Rony, Hermione, Caryna , Klaus e Enzo tudo que o senhor me contou?

Dumbledore estudou-o por um momento e em seguida respondeu:

– Tem, acho que eles se provaram dignos de confiança. Mas, Harry, vou pedir que recomende a eles para não repetirem nada disso para mais ninguém. Não seria uma boa ideia se vazasse o quanto sei ou suspeito dos segredos de Lorde Voldemort.

– Não, senhor, vou garantir que apenas apenas eles saibam. Boa-noite.

Ele deu as costas e estava quase na porta quando viu Thayná olhando fixamente para em cima de uma das mesinhas de pernas finas que suportavam tantos objetos de prata de aparência frágil havia um feio anel de ouro com uma enorme pedra negra e rachada.

– Dumbledore – comentou Thayná fixando o objeto. – Aquele anel...

– Sim?

– O senhor estava usando-o na noite em que visitamos o professor Slughorn. — falou Harry, olhando o anel também.

– De fato estava – concordou o bruxo.

– Mas não é... senhor, não é o mesmo anel que Servolo Gaunt mostrou a Ogden?

Dumbledore assentiu.

– O mesmíssimo.

– Então como é...? O senhor sempre o teve?

– Não, eu o adquiri muito recentemente. Aliás, poucos dias antes de ir buscá-lo na casa de seus tios.

– Teria sido mais ou menos na época em que o senhor feriu sua mão? — Falou Thayná, em tom acusatório.

– Mais ou menos naquela época, sim, Thayná.

Harry hesitou. Dumbledore estava sorrindo.

– Senhor, como foi exatamente...?

– É muito tarde, Harry. Você ouvirá a história outro dia. Boa-noite.

– Boa-noite, senhor.

E saíram em direção a sala comunal.

— Você está bem? — perguntou Harry, quebrando o silêncio entre eles.

— Estou.

— Eu sei que está mentindo.

Thayná parou de andar e o olhou.

— E o que você quer que eu diga?

— A verdade!

Thayná soltou um riso.

— Muito hipócrita da sua parte vir me cobrar verdade, Potter.

E saiu andando.

— Merda — xingou Harry.

Minha vez — falou Stevan.

—— ☆゚⁠.⁠*⁠・⁠。゚. ——

☆゚⁠.⁠*⁠・⁠。゚.  NOTA DA AUTORA

Oii, como vai gente? Então, eu demorei mais para postar pq o capítulo anterior não bateu a meta de 100 comentários. Espero que esse bata para mim poder postar o mais rápido que eu consigo o próximo capítulo.

Quais são suas teorias em? Já esperavam o Inprinting do Klaus? E o Draco com a Thay?

Me contem tudo.

XOXO<3

Continue Reading

You'll Also Like

8.1K 439 19
Após o pai ser escalado para lutar na guerra, uma menina chamada Evelyne se muda temporariamente para a casa de seu avô, o famoso professor Digory Ki...
29.4K 3.3K 22
𝐂ALL IT WHAT YOU WANT ✩°。⋆⸜ chame do que quiser; | bridges burn, i never learn | at least I did one thing right | starry eyes sparking up my d...
754K 22.9K 29
Você e sua mãe tinham acabado de se mudar para a casa do seu padrasto e foi então que você descobriu que teria um meio-irmão, você só não esperava sa...
1.5K 65 9
A história, com a visão de Lucy Gray ,começa com a fuga de Lucy e Coriolanus e tenta responder: qual foi o destino de Lucy Gray? * É necessário saber...