EFEITO DO CAOS

By VRomancePlus

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+18 DARK ROMANCE DE VROMANCEPLUS. S i n o p s e Everest Thomas volta para Seattle depois de anos morando com... More

avisos + personagens principais
s i n o p s e + p e r s o n a g e n s
c a p í t u l o 1 - S o r r i s o ☠︎
c a p í t u l o 3 - B i g (pai)
c a p í t u l o 4 - v o c ê
c a p í t u l o 5 - l o u c o ☠︎︎
c a p í t u l o 6 - b o g e y m a n
c a p i t u l o 6 (parte 2)
c a p i t u l o 7 - D e n a l i
c a p í t u l o 8 - o p a s s a d o
c a p í t u l o 9 - a m e a ç a
c a p i t u l o 1 0 - v i b r a ç o e s
c a p í t u l o 11 - U n i v e r s i d a d e
c a p í t u l o 12 - d j a v ú
c a p í t u l o 13 - F i q u e L o n g e
c a p í t u l o 1 4 - l o c a l i z a ç ã o
c a p i t u l o 1 5
c a p i t u l o 16
c a p i t u l o 17
c a p í t u l o 18
c a p í t u l o 19
c a p í t u l o 20
c a p í t u l o 21
c a p i t u l o 22

c a p i t u l o 2 - i n t u i t i o n

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By VRomancePlus


Everest

14 de Julho em Miami

Eu não era de ignorar minha moralidade, por esse motivo não falava com meu pai.

Primeiro; porque meus princípios não permitiam, segundo; porque meu instinto, aquele que me mantinha segura, que me fazia reagir impulsivamente, gritava sempre que pensava nele, no que fazia da vida miserável e no quanto afetava negativamente a vida de outras pessoas. Uma grande porcentagem sendo crianças e adolescentes.

E eu possuía um conjunto de convicções morais e, esse "estilo" de vida, não se adequava na minha.

Por isso estava em alerta. Minha intuição gritando para ignorar a pessoa ao meu lado. Quer dizer, ele praticamente transbordava caos e desordem.

Deixei escapar um risada aguda e desesperada. 

Meu lado responsável pela segurança praticamente berrava naquele momento.

Só queria puxar uma conversa. Pensar em passar seis horas ao lado de alguém sem trocar um oi me deixava amuada. Era intimidante. Inquietante.

E também, mesmo que aquele pensamento fosse imbecil, e de fato era, estava em uma viagem que implicaria no meu futuro.

Idiotice, mas na minha cabeça, puxando uma conversa com aquele estranho sentado ao meu lado, me mostraria se a minha decisão teria sido uma boa idéia. Um prelúdio do que estava por vir. Como se, logicamente, ele fosse o portador de algo. Que ridículo.

Era justificável e compreensível meu comportamento. Eu não tinha dormido bem, não dormia bem á uma semana especificamente. E no dia anterior passei a noite acordada com minha melhor amiga, desfrutando do nosso último momento juntas por um tempo.

Passei meses me acostumando com a ideia, e naquele momento ela não parecia mais tão certa, já que estava procurando uma justificativa.

Era tarde demais para eu descer e me agarrar à minha mãe que estava a quilômetros de distância?

Então o garoto (ele estava longe de ser um garoto) ao meu lado, desenrolou aquela faixa em seu punho e foi como se eu visse, sem precisar ser dito; brigas e confusão. Na melhor hipótese, claro.

Decidi ali que o mau presságio estava no fato de eu começar uma conversa decente com ele e deixei aquela idéia pra lá.

Você só precisa dormir, Eve.

Fiquei agradecida pela meia dúzia de palavras implicantes que me ajudaram a esquecer o medo de voar. Foi gentil da parte dele.

Soltei o coque do cabelo e coloquei o fone, Lana cantou Born to die em meus ouvidos a pleno pulmões com sua voz profunda. Ignorei o homem e foquei na voz sensual e melodiosa. Ouvir música fazia eu me senti muito bem, distante de qualquer problema. Era o meu conforto.

Eu também tentei esquecer, mesmo que momentaneamente, que estaria na mesma cidade que meu pai e não poderia ignorá-lo como fazia morando em São Petersburgo. Sabia que as coisas mudariam e estava me preparando, mesmo que eu não aparentasse tão certa da decisão. Era por minha irmã, por ela eu decidi estudar na Universidade de Seattle e morar lá os próximos anos.

Mas naquele momento eu só queria minha mãe. Com todas as suas loucuras e no fato de ser viciada no Doutor Google com suas pesquisas loucas.

☠︎︎

Eu não sei quando cochilei, só sei que peguei no sono e acordei em uma posição comprometedora.

O cheiro de frescor foi a primeira coisa que senti. Um cheiro confortável e relaxante, que me deu vontade de ficar ali aconchegada. Em seguida, foi o ombro em que minha cabeça encostava e então me dei conta; eu tinha dormido e apoiado sobre ele.

Amaldicoei internamente quando levantava a cabeça rapidamente e me recompunha.

Meu rosto quente foi a declaração de que eu estava vermelha.

Minha pulsação acelerada foi consequência do olhar que eu sentia queimando minha bochecha.

Uma grande merda.

Não consegui olhá-lo nos olhos, mas soltei um desculpa mesmo assim... Não tive resposta.

Um fio invisível puxou meu olhar para ele. Foi quase humanamente impossível resistir. Me perdi momentaneamente na intensidade que eram. O tom de verde, quase prateado, queimou no meu ventre. Não sabia explicar, foi só... Demais.

Como eu não tinha prestado atenção nele quando falou comigo?

Limpei a garganta. Certo, okay e... Uau. Precisei engoli.

Ele tentou me intimidar com o olhar assustador, era nítido.

O homem era bonito, demais para se olhar. Um fato interessante é que ele não era alguém que chamaria minha atenção, romanticamente falando, porque homens com a sua aparência não me chamavam atenção, achava que não, mas não iria negar o óbvio. Ele era bonito.

Bonito era eufemismo.

Seu rosto era forte, marcante. Eu não tinha notado anteriormente, talvez estivesse tão focada na minha mãe e depois no medo que senti, que não o notei.

O maxilar muito bem feito e tinha um pircing no nariz. As sobrancelhas eram escuras e grossas e ele possuía um olhar sério, beirando ao frio. Um brinco argola brilhava em sua orelha, dando um charme e estilo interessante.

E tatuagens. Era cheio delas. O pescoço inteiro, a lateral da cabeça até onde pude ver, e me vi questionando se todo o seu corpo também era riscado.

Eu queria que fosse. Mordi minha língua diante do pensamento.

Eu não estava acostumada a ver isso.

O homem era alto. Muito. Foi o que percebi quando levantou de súbito instantes antes e saiu rapidamente. Mas pra quem tem um e sessenta e cinco, qualquer pessoa acima de um e setenta, era alto.

Seu corpo era forte, não de modo exagerado, parecia na medida. Mas os músculos eram definidos.

Fechei os olhos e balançei a cabeça assim que percebi o que tinha acabado de fazer. Ótimo! Eu fiz isso, fiz uma checagem geral na maior cara de pau e com ele me olhando como se eu fosse uma doida. Eu tinha plena certeza que aparentava ser alguém que não batia bem.

Mas ele não tinha moral pra falar nada, visto que não tirou os olhos de mim e ficou atento na minha conversa com a minha mãe instantes antes. Isso eu notei.

— O que você está fazendo? — questionou. Seu tom de voz duro e inacreditado. Pisquei depressa.

— O quê?

Olhei para frente, uma careca brilhava na poltrona adiante e eu decidi que era uma careca interessante de se olhar. Isso não impediu que eu o visse pelo canto do olho.

Ele pendeu a cabeça para o lado, me analisando, arqueou a sobrancelha e respondeu com uma pergunta.

— Você estava me checando? 

Sim.

— Não — respondi rápido — Quer dizer, eu não estava checando, talvez um pouco... Mas não é nada demais, só curiosidade. — Fechei os olhos interiormente. Meu Deus, que tragédia.

— Não sou uma atração de circo.

Não mesmo.

— Não achei que fosse.

Pensei que ele estava falando sério, me colocando em meu maldito lugar, no entanto, quando olhei no seu rosto, vi a sombra de um sorriso sombrio, era estranho e esmagador.

Já passei maus bocados por ser sem filtro. O que beirava a inconveniência e a falta de educação, mas era mais forte que eu. Não conseguia manter minha língua quietinha e era extremamente sincera, mesmo com desconhecidos. Parecia uma criança na fase dos "porquês" quando não para a boca quieta.

— Não, é? — Bufou

— A sua aparência me intriga. — O quê?!

Alguém, por favor, poderia me arrancar daquele lugar e me jogar pela janela? Clamei.

Ele ficou quieto e eu já iria pedir desculpas quando ele falou:

— Se minha aparência a deixa assim, eu quem estou curioso para saber o que você está acostumada a ver, Everest.

Ouvi minha pulsação acelerar em reação ao meu nome.

Sorri, ele por sua vez piscou depressa e desviou um instante com uma careta estampada, só para depois voltar a me olhar intensamente. Tinha um quê curioso em seu olhar. Nao me  passou despercebido que ele havia guardado meu nome. Acho que todas as pessoas do avião, àquela altura sabiam,  com o áudio da minha mãe gritando para quem quisesse ouvir.

— Estou exagerando. — Dei de ombros. Não tinha porquê mencionar meu pai e o quanto ele influenciou meu círculo de amigos e conhecidos todos aqueles anos. Limitando o contato à pessoas que não aparentavam risco. E me colocando em um colégio só para meninas a minha vida inteira. É, não foi fácil. Mas ninguém disse que foi.

Não é que eu nunca tenha visto, mas era a primeira vez que tive um contato direto. A minha surpresa era que eu tinha gostado da sua aparência, se fosse verdadeira comigo mesma.

— Você viveu cercada de mauricinhos e a minha aparência te choca? Onde porra você vive? Trancafiada?

— Talvez.

Ele ficou quieto, quando o olhei, estava sério.

O canto dos meus lábios esticou.

— Não me leve a sério. — falei envergonhada — As vezes falo muita bobagem. Sinto muito se fui inconveniente.

O careca em frente resmungou um "sim, totalmente" e eu afundei um pouco.

O homem do meu lado fez um barulho com a língua, balançou a cabeça negativamente e se inclinou na minha direção, instantaneamente me afastei. Seu cheiro me acompanhou.

— Ah, Everest, precisa muito mais que isso pra me chocar. Você não está sendo inconveniente — lambeu o lábio inferior. Levou o indicador a testa e deu dois toques, então disse: — Mas deixa claro que você não tem um maldito filtro entre o cérebro e essa bela boca quando fala tudo que pensa. — ele soprou e eu fiquei muda — Talvez eu esteja ao lado de uma pessoa lunática? Pelas pistas que me deu eu chegaria a conclusão que talvez você tenha escapado de um sanatório. Isso explicaria porque minha aparência a chocou. Perguntas e perguntas...

Ouvi um riso discreto, seguida de tosse. Algumas pessoas estavam ouvindo nossa conversa atípica.

Meu coração palpitou e eu mordi o lábio, querendo rir.

— Isso seria interessante — cochichei baixo. Ele deu uma encarada na minha bolsa como se eu guardasse uma arma ali. — Mas não, eu morava em um lugarzinho calmo. Antes, passei minha vida toda estudando em um colégio para meninas no Canadá. Nada de sanatório. Minha vida não era tão animada.

— Que pena — Sorriu.

Algo apertou no meu estômago. Aquele sorriso de lado era aterrasador.

— É... — Murmurei.

O resto da viagem eu usei meu autocontrole para não olhá-lo e foquei na vista perfeita da janela dando por encerrado aquele diálogo esquisito.

Ele também não puxou mais assunto.

☠︎︎

Quando o avião pousou e os cintos foram destravados, eu esperei ansiosa para ele levantar e eu dar o fora. Com certeza minha irmã estava me esperando e se a conhecia bem, tinha um enorme cartaz escrito "Monte Everest". Nada original mas muito engraçado pela piadinha interna.

Para a minha surpresa e felicidade, o homem levantou rapidamente, pegou uma pequena mala de mão e saiu sem olhar para trás. Como eu disse, ele era alto, muito alto e forte. Uau

Peguei a bolsa que eu tinha levado comigo, levantei pronta para encontrar a minha irmã e iniciar aquela nova temporada da minha vida. Mas eu não esperava que o maluco voltasse e me encurralasse entre as poltronas.

— Mas que merda! — reclamei assustada e surpresa.

Ele jogou a bolsa onde estava sentado e se aproximou. Seu tamanho parecendo dobrar e minhas costas bateram na janela. O que ele estava fazendo?

Estava encurralada. O homem exalava descontrole, respirando rápido no meu rosto e olhando nos meus olhos.

Toda a sua pupila estava dilatada, seu corpo tremia e eu estava prestes a gritar.

Mas o que inferno estava acontecendo?

As pessoas saiam e alguns olhavam estranho, mas não intervieram.

Ouvi minha pulsação descontrolada batucando em meus ouvidos.

Encarei seus olhos frios, o medo correu por minhas veias e eu paralisei. Mãos invisíveis apertaram meus pulmões e eu parei de respirar, temendo por aquela reação.

Por favor, Deus, não agora. Pedi

Os fios desgrenhados caíram na sua testa quando ele abaixou a cabeça para aproximar o rosto do meu.  – Eu deveria reagir. Meu consciente gritou para mim.

No entanto, minhas pernas não obedeceram.

— Nunca converse com estranhos — sussurrou de modo assustador — Seus pais não te ensinaram, querida? Não tem como saber quem está sentado ao seu lado e nem o que ele é capaz de fazer com alguém como você. — Soprou em tom ameaçador, estremeci — E a propósito, não dê esse maldito sorriso á ninguém, não vale a pena.

Um sorriso estranho desenhou seus lábios e ele levantou a mão fazendo com que eu sobressaltasse e deixasse escapar um soluço. O sangue acumulou na minha cabeça e meus ombros sacudiram Conforme observava sua mão enfaixada se aproximar no meu rosto.

Eu segurei tanto que de repente ficar sem respirar se tornou demais, mas só porque estava temendo até mesmo me mexer. Meus pulmões doeram e a ânsia subiu.

Esse era o meu corpo reagindo ao medo. Eu deveria ter ouvido meu instinto. Ter ficado quietinha no meu lugar talvez tivesse evitado aquilo, ou talvez não.

Então ele enrolou uma mecha do meu cabelo no indicador e puxou devagar.

A expressão no rosto dele era de satisfação. Ele era um louco.

Uma lágrima escorreu. Ele acompanhou todo o caminho que ela fazia e a capturou com o dedo.

— S-solte-me — Conseguir dizer, mesmo que minha voz miserável tenha soado baixa e nada firme.

E ele fez.

Se afastou, pegou a bolsa e sumiu por onde estava saindo, não voltou daquela vez.



E ai, gostaram?

Comentem muitoo. ♡♡


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