ponto sem nó

By MariahQueirozz

8.9K 645 431

Uma Regina recém separada que aceita uma aposta entre amigos para transar com alguém que supostamente nunca m... More

Um plano perfeito
Eu também sei brincar
Machado de Assis ouve Bruno e Marrone
Três andares de mentiras
Jogue sal na ferida para curar
Cura-me com fones de ouvidos part. 01
Cura-me com fones de ouvido part. 02
Equalize
Neal e o altar
Chamada recebida

Divórcio amigável

410 36 32
By MariahQueirozz

Espero que seja um presente válido de ano novo. Obrigada pela companhia até aqui. A internet tem me afastado cada vez mais da escrita, mas são 09 livros escritos ou em processo de escrita, alguns publicados e um sonho que me motivam. Enquanto tiver vocês, eu venço a guerra contra o medo, a ansiedade e a maldade.
Boa leitura!

Regina Mills

Apesar de gostar de ler estórias de romance onde uma morena marrenta é "desvendada" por outra mulher mais jovem e doce, confesso não estar disposta a viver algo tão clichê.

Não, não é como se a Emma fosse doce, virginal ou qualquer adjetivo que inventam para vender livros por aí. Muito menos, sou a bilionária brava e cheia de feridas que precisa de alguém para ser salva.

Não sou uma estória de livro clichê. Sou apenas uma mulher.

Bom, uma mulher ferida sim. Mas com ferimentos reais, conquistados pela vida que não fez questão de ser a mais gentil.

Meus privilégios me ajudaram a passar por situações que outras mulheres não tiveram a mesma sorte, porém, quando o assunto é sentir, sei que não há uma competição de problemas.

Tudo me dói quando a dor é em mim.

E onde te dói, eu respeito.

É justamente por isso que agora, olhando a Emma nos olhos, no meio da sala dela, me pego pensando nas coisas que ela teve que passar. Pego-me lembrando das coisas que ela disse — sem dizer muita coisa. Lembro-me de frases sussurradas no meu ouvido, expondo segredos em frases comuns.

"Não sei como pude viver tanto tempo sem isso. [...] Sem sentir o gosto e a textura de uma mulher na minha língua. Sem sentir a maciez da pele, o cheiro de tesão, sem ver e tocar o corpo perfeito para mostrar o quanto desejo... Meu Deus..."

Essa fala dela pareceu avulsa no meio do nosso primeiro sexo, mas volta e meia eu me lembro dela. Soube que era um pensamento que ela deixou escapar no momento em que ela disse, mas cada vez que eu a conhecia mais, mais fazia sentido.

Agora, na frente dela e da filha, eu soube que Emma Swan passou por coisas que eu não tinha vivido. E, mesmo sem ser a doce virginal protagonista de um romance clichê, eu sabia que ela tinha quebrado algumas das minhas paredes.

— De onde vocês se conhecem?

— Nós trabalhamos juntas, Carol.

— Oi Regina! Que bom que você também veio — Mary me cumprimentou de longe e eu acenei para todos que estavam presentes. Caroline continuava em silêncio ao meu lado, com a mão ainda na minha.

— Emms, por que a gente não vai pro sofá?

— Boa ideia, Ruby — Emma respondeu com um sorriso fraco e se posicionou de lado, me dando espaço para passar.

— Eu acho que vou embora — Soltei a mão da adolescente ao meu lado e dei um passo para trás. Era realmente difícil decidir como me portar, afinal, eu ainda estava com muita raiva pelo que aconteceu dias atrás naquele quarto de hotel.

— Não — Emma falou rápido demais — Não vai. Podemos pedir pizza e, sei lá, falar sobre a Caroline.

— Eu estou bem aqui — Carol se posicionou melhor, com as mãos na cintura. Se fosse qualquer outro momento, eu teria achado engraçado. — Que tal me contarem o motivo de todo mundo ter ficado calado como se tivesse algo errado? E mãe, devo ficar feliz por você já conhecer a Regina ou estou em apuros?

— Está tudo bem, filha. São só... Coisas de adulto. — Emma repetiu o que eu havia dito na livraria e, se a expressão chocada da mais nova significasse alguma coisa, tive a impressão de que ela entendeu. Caroline pareceu entender que nossa relação vinha muito além de uma parceria de trabalho.

— Adultos são tão complicados...

— Que tal mostrarmos a sua estante pra Regina, Carol? Lembra que você comentou comigo que ia mostrar pra ela? — A Aiko (que eu já tinha me esquecido) apareceu na minha frente com um sorriso que dizia "vamos sair daqui". Eu me senti uma adolescente, mas me permiti ser levada ao quarto da Caroline.

Seria bom ter esse tempo, essa distância da Emma.
Enquanto eu via a coleção separada por cores daquela que um dia desejei ser minha filha, eu sabia que um grupo de adultos falava de mim.


Emma

— Nem fodendo! Nem fodendo! — Ruby andava de um lado pro outro na sala, mais desesperada do que eu.

Na verdade, a minha reação foi muito diferente da minha própria personalidade. Eu simplesmente sentei no sofá e apoiei meu rosto nas minhas mãos.

— Matematicamente falando, qual é a chance? Sério, Lila, eu juro que dessa vez não fui eu. Sei que naquele pub eu incentivei e tudo, mas nem eu pensaria em uma situação tão fodida assim.

Sim, minha amiga ainda se sentia culpada, mas agora era engraçado.

— Ok, quem vai me explicar qual é o problema com a deusa ali? — Yudi levantou a mão direita e perguntou, como se estivesse em uma sala de aula.

— Basicamente Emma e Regina não podem ficar na mesma sala sem se matar.

— E suspeito eu, sem se pegar.

Mary e David explicaram e o "oh" que saiu da boca do Yudi antecedeu o gemido frustrado que eu dei.

— Bom, acho que agora só a parte do "matar" está acontecendo. Estamos sem nos falar há dias. Nem no prédio de Letras a gente se cruza mais. — Desabafei.

— Oh, querida. E por que? Ela quebrou seu coração?

— Ei! Por que ela quebraria meu coração, Yudi?

— Olha pra ela! Só uma idiota quebraria o coração daquela mulher.

Olhei para os seus olhos puxados com tanta sinceridade que era impossível não entender. Eu não acho que quebrei o coração da Regina. Na verdade, depois de um término como o dela, não acho que ela esteja pronta ou aberta para ter o coração quebrado.

Mas mesmo assim, mesmo sabendo de tudo isso, eu ainda sentia que tinha tomado um monte de decisões erradas.

Decisões que pareciam racionais na hora, mas que agora me faziam me sentir a pessoa mais idiota do mundo.

— O que você vai fazer? — A Ruby sentou ao meu lado e segurou as minhas mãos. Parecia até que tinha sido aquela morena de olhos escuros que havia me deixado sozinha depois de um quase-sexo, considerando como minha amiga estava me tratando.

Mas não. Eu sabia que havia sido eu. Fui eu que a deixei sem explicações.

— A Caroline a ama. Não acho que posso proibi-las de se verem. Vou ter que arrumar um jeito de lidar com a realidade de que a presença da Regina na vida da minha filha é inevitável.

— Na vida da Carol ou na sua vida? — David falou e, por algum motivo, tive vontade de chorar.

— Eu não acho que posso fazer isso.

— Tê-la na sua vida? — Mary perguntou.

— Ignorar que quero que ela esteja.

*

Depois de um silêncio meio desconfortável, David e Yudi se juntaram para organizar a sala enquanto eu me mantinha quieta no sofá. Eu precisava pensar em como reagiria assim que minha filha voltasse do quarto com a Regina. Precisava pensar em quem eu queria ser e o que deveria priorizar.

Aos poucos as conversas foram variando, Mary estava falando com a Belle enquanto Yudi e David trocavam ideia sobre uma série nova. A Ruby já tinha ido pra louça e eu continuava ali, sentada e pensando que a estante da Caroline não era tão grande assim pra demorarem tanto.

Decidi ir até o quarto da minha filha para enfrentar meus demônios de frente e colocar em ação o que eu havia decidido.

Quando cheguei na porta, tive ainda mais certeza. As três estavam sentadas na cama, com as costas encostadas na parede e com um livro aberto no colo. Notei que era Percy Jackson quando ouvi a Regina lendo um parágrafo em voz alta para elas.

Foi inevitável pensar em como era bonito de ver. O quanto meu coração saltava por saber que alguém além de mim (e a família, óbvio), amava a Carol.

— Tomara que a série seja tão boa quanto os livros.

— Emma! — Regina soltou, surpresa, depois de ouvir minha voz. — Desculpe, acabamos nos distraindo.

O quarto da Carol não era tão grande. Com a cama de solteiro encostada na parede, tínhamos mais espaço para uma mesa de estudos e uma estante que eu considerava imensa do lado direito. As três pareciam se encaixar bem ali.

— Está tudo bem. Só vim saber o sabor da pizza que vocês querem. Já vamos pedir, porque os petiscos já desceram do estômago há eras.

— Eca, mãe! — Caroline torceu o nariz e eu ri. — A minha é marguerita, como a sua. E vocês?

— Também gosto dessa. — Aiko respondeu.

— Eu vou passar. Obrigada. — Regina respondeu se levantando.

— Mas você não comeu nada no evento, Regina. Você mesma disse que não havia comido antes de ir também, que não estava comendo bem. Come com a gente!

— Sim, Rita. Fica.

A morena me olhou séria por algum tempo e depois assentiu. Caroline pulou da cama e deu um high-five com a Aiko. Foi inevitável levantar a sobrancelha, movimento copiado pela Regina. No fim, adolescentes sempre teriam ideias mirabolantes passando pela cabeça, então nós sabíamos que logo íamos descobrir o que era.

Quando a Carol e a Aiko foram correndo pra sala e nos deixou sozinhas no quarto, eu notei que era a hora de colocar em prática o que eu havia decidido. Sabia que se não falasse agora, a Regina podia se fechar de novo e não me deixar chegar perto nos corredores frios da faculdade.

— Fiquei aliviada por saber que é você a nova melhor amiga da minha filha.

— Eu não. Na verdade, esperava tudo, menos isso.

— Justo. Não terminamos bem nossa última interação.

— Existiu alguma interação boa entre nós, Emma?
Sem pensar, me aproximei dela. Essa ação foi contra tudo o que eu havia planejado, mas era tão nosso que eu não sabia explicar. Olhei para os lábios grossos na minha frente, senti seu respirar próximo do meu nariz e observei sua pele mais escura que a minha se arrepiar.

— Acumulo boas lembranças, Rita. Você acha que não?

— Eu não acho nada. Tudo o que eu sei é o que você me diz e, principalmente, o que as suas ações mostram.

— Talvez um dia você me entenda.

— Você se entende, Emma? Você sabe o que quer? Porque um dia você está aqui, na minha frente, me encarando como se pudesse tirar a minha roupa no banheiro do corredor sem ninguém ouvir. No outro, você me afasta como se eu fosse feita de gelo.

— De verdade? Hoje eu só quero terminar esse dia com a certeza de que eu fui sincera.

— Sincera com o que?

Eu podia dizer muitas coisas. Podia fazer ainda mais. Se eu fosse realmente sincera, teria puxado aquele cabelo escuro de lado e beijado aquele pescoço tão macio e cheiroso. Se eu fosse sincera, diria com todas as letras que sinto falta de sentir aquelas unhas curtas apertando minha pele e, principalmente, diria que sinto saudade de ouvi-la rir.

Porém, depois de tudo que aconteceu, de todas as promessas que fizemos de nunca mais nos ver, eu escolhi uma sinceridade menos crua e mais adulta.

— Eu quero parar de brigar. Quero ter uma boa convivência com você porque sei que a Caroline te ama. Quero finalizar aquele evento da faculdade essa semana com você ao meu lado. Quero poder te enviar mensagem no WhatsApp pedindo sugestão de livro pra presentear a minha filha. Eu quero, sei lá, fingir que nada aconteceu e começar de novo.

— Está aí a diferença entre eu e você, Emma. Eu sou corajosa o suficiente para não ter que fingir que nada aconteceu, mesmo que eu queira. Você está tão disposta a se esconder de si mesma que me dá pena, porque eu sei que não é a sua culpa. Eu não. Eu falo aqui sem medo que você é a pessoa mais irritante que eu tive o desprazer de conhecer e mesmo assim, digo "sim" pra sua proposta. Eu quero fazer isso funcionar do jeito que for necessário para que a Caroline fique feliz, porque de coração? Eu não quero me afastar da sua filha.

— Então temos um acordo? Vamos tentar ser, sei lá, amigas?

— Sim. Pela Caroline.

— Isso parece um acordo pós-divórcio. — Tentei brincar.

— Já me divorciei uma vez, então estou profissional nisso.

E assim, com uma resposta quase leve no seu tom de voz, selamos aquele acordo. Não tivemos aperto de mão. A nossa palavra era o suficiente.

Pela Caroline.

——-
Fala sério, elas são TUDO! Estou orgulhosa do que estamos construindo aqui. Como costume, quero saber: o que você espera/ deseja?
Agora é com você! Comente, divulgue e fale comigo no X Aingridparanhos
Até o próximo!

Continue Reading

You'll Also Like

206K 9.8K 25
Imagines dos personagens de Jujutsu Kaisen {em andamento}
196K 8.7K 23
Richard Ríos, astro do futebol do Palmeiras, tem uma noite de paixão com uma mulher misteriosa, sem saber que ela é a nova fisioterapeuta do time. Se...
661K 32.2K 93
(1° temporada) 𝑬𝒍𝒂 𝒑𝒓𝒊𝒏𝒄𝒆𝒔𝒂 𝒆 𝒆𝒖 𝒇𝒂𝒗𝒆𝒍𝒂𝒅𝒐, 𝑨 𝒄𝒂𝒓𝒂 𝒅𝒐 𝒍𝒖𝒙𝒐 𝒆 𝒆𝒖 𝒂 𝒄𝒂𝒓𝒂 𝒅𝒐 𝒆𝒏𝒒𝒖𝒂𝒏𝒅𝒓𝒐...
114K 4.9K 9
Dois melhores amigos que vivem se provocando decidem adicionar um pouco mais de cor na amizade... O que pode dar errado?