LUIZA'S POV
As quinze horas em ponto eu saio do estúdio e vou buscar Valentina em seu apartamento, no meio do caminho eu ligo para ela informando que daqui a alguns minutos estou chegando, a minha surpresa é que ficamos conversando o trajeto todo, imprudente da minha parte, eu sei, no entanto não pude evitar, estava morrendo de saudade de escutar a voz dela.
Assim que chego, mal tenho tempo de desligar o carro ou descer, avisto Valentina vindo toda saltitante, ela para em frente a porta de passageiro e abre um enorme sorriso, eu faço o mesmo alegremente.
Nossos olhares se cruzam e um calafrio percorre todo o meu corpo. Impressionante como todas as vezes parece a primeira. Ficamos quase três semanas sem nos ver, e aqui agora parece que é a primeira vez que temos essa troca.
- Uber Luiza Campos? - Ela diz sem tirar seus olhos dos meus. Dou risada de sua fala.
- A disposição, senhorita Valentina Albuquerque.
A garota abre a porta, entra, joga a mochila no banco de trás sem o menor cuidado, fecha a porta, coloca o sinto e se vira.
- Podemos ir.
Ela sorri e sinto seu olhar passear sobre o meu corpo, a garota morde seu labio inferior, sinto um incômodo no meio das pernas só com essa brincadeirinha, talvez eu não devesse ter provocado tanto ela ontem a noite, os meus pensamentos ficam pairando. Me ajeito no banco e dou partida.
O caminho até a praia foi ótimo, regado á muita conversa e música. Estávamos a vontade. Vez ou outra Valentina fazia gracinhas comigo, ela parece ter prazer em me irritar e me ver monossilabica, mas confesso que sinto falta disso.
Após horas dirigindo, finalmente estaciono o carro pegamos as coisas que Carol e Roger prepararam e seguimos para o acesso da vila, optamos por ir de van ao invés de encarar a trilha e depois atravessamos de barco até chegar ao nosso destino.
A praia do sono é um local rústico e muito lindo. Tem vários lugares de hospedagem mas hoje vamos passar uma noite de camping, conosco está um grupo pequeno de pessoas e o instrutor nos explicou detalhadamente como irá funcionar.
Chegamos o fomos direcionadas a nossa barraca, o instrutor disse que logo menos poderíamos nos juntar com o pessoal para a festa que estava programada.
- Não precisava me trazer até esse lugar bonito só para uma festa, se quisesse beber comigo, era só pedir - Fico observando ela tirar a roupa.
- Unh.. bom.. não é isso que você está pensando - Limpo a garganta, Valentina está só de biquíni na minha frente e eu sinto um anseio enorme.
- Você nem sabe o que eu estou pensando - A garota se senta ao meu lado e me encara.
- Tudo isso foi planejado pelo Roger, Duda e Carol - Digo sinceramente - Eles fizeram tudo para que pudéssemos nos encontrar sem precisar forçar nada ou que você ficasse desconfortável. Sei que os acontecimentos foram muito recente e..
- Lu - Sou interrompida - Está tudo bem, depois entramos em detalhes. Quero aproveitar - A morena se levanta me puxando consigo.
- Você tá muito animadinha - A vejo saindo da barraca e sigo, Valentina é estonteante, me perco em suas curvas, seu abdômen definido, pernas grossas, uma bunda espetacular.. fico louca.
- Você não vem? - Desperto dos pensamentos quando ouço a voz dela e percebi que eu havia ficado parada observando esse monumento.
Sem delongas eu tiro minha blusa e short ficando só com o biquíni que eu tinha colocado antes de sair do estúdio. Corro em direção a Valentina até a beira mar, ficamos alguns minutos em silêncio. Está quase escurecendo, a maré está tranquila, brisa leve. Um pouco distante consigo ver o pessoal ascendendo fogueira e ajeitando algumas cadeiras e cooler, tem até rede.
- Vamos entrar - Ela segura em minha mão e me olha com um sorriso sapeca no rosto. Gosto desse contato.
- Que? Já já temos que ir até o pessoal.. melhor não - Faço biquinho.
- Rapinho, por favor? Já que estamos aqui, vamos aproveitar e se você não for... - Reviro meus olhos e corro adentrando a água. Está gelada do jeitinho que gosto. Mergulho rápido e respiro fundo e quando abro os olhos, sinto o corpo de Valentina se chocar contra o meu.
- Senti a sua falta - Ela diz quase em um sussurro, me viro ficando frente a frente.
- Eu senti tanta, mais tanta saudade - Passo meu dedo em seu rosto tirando o cabelo molhado.
Valentina segura firme em minha cintura. Me aproximo um pouco mais e passeio com meu nariz em seu rosto, pescoço e ombro inspirando o cheirinho dela junto com a água do mar. O arrepio toma conta de seu corpo, consigo sentir seu pelos ouriçados.
Meus olhos pousam nos olhos da morena, suas íris estão mais escuras fazendo contraste com o cair da noite que paira sobre nós. Nossa respiração parece estar sincronizada, a medida que meu meu peito sobe e desce, o dela faz o mesmo, estamos ofegantes.
Valentina fecha os olhos, eu sutilmente envolvo meus braços em seu pescoço, ela me puxa ainda mais para perto apertando em um abraço caloroso. Sentir sua pele sob a minha novamente é gostoso, nossos corpos parecem magnéticos. Ela aninha seu rosto em meu pescoço e em seguida deposita um beijo. Fecho meus olhos afim de aproveitar cada sensação.
- É muito difícil me concentrar quando estou com você - Digo após nos separamos um pouco.
- É quase impossível - Ela diz baixinho e seus olhos estão me devorando - Principalmente quando estamos tão próximas nessa sintonia que só a gente tem... Quero muito te beijar.
- Estou desejando isso desde que nossos olhares se cruzaram hoje - Passo meu polegar desenhando os lábios de Valentina que suspira.
- Vou usar o resto de sanidade que ainda me resta - Faço sinal de negação com a cabeça - Vamos sair, ficar um pouco com a galera e quando voltarmos pra barraca, a gente conversa.
- Tudo bem - Reviro os olhos e sinto uma pontada de frustração, mas ela está certa.
Saímos do mar de mãos dadas e vamos diretamente para a ducha, Valentina não para de reclamar do cabelo, é a unica frescura que ela esboça me arrancando risadas, tadinha não esta acostumada com o sal da água. Finalizamos e seguimos até a barraca, nos arrumamos rapidamente e nos juntamos com a galera.
Nos enturmamos fácil, o grupo é super extrovertido, nos inserem nas conversas e brincadeiras. Bebemos cerveja, dançamos de tudo um pouco, samba, pagode e até forró. A noite está perfeita, temperatura amena, o céu estrelado, consigo ver a lua enorme.
Não faço ideia de que horas poderia ser quando uma das mulheres presente surge com um violão e começa a cantar, particularmente não gosto muito mas nem dou bola, já sinto o álcool fazer efeito em meu corpo.
Valentina se senta entre as minhas pernas, eu envolvo meus braços em seu pescoço e eu envolvo meus braços em seu pescoço e deposito um beijo no topo de sua cabeça, o gesto singelo a faz virar e dar-me um sorriso lindo, abraço seu corpo com um pouco mais de força, queria fazer morada nessa garota.
- Eu não canto nada bem - Sussurro no ouvido de Valentina.
- Era pra ser um segredo? - Ela rir e eu dou um tapa de leve em seu ombro.
- Deixa de gracinha - A garota vira o rosto e me olha - Eu quero dedicar uma música para você.
- Lu, não precisa, já foram tantas inesquecíveis.
- Essa música em questão eu escolhi tem um tempo, só estava esperando o momento certo - Sorrio e faço um carinho em seu rosto.
- Algo me diz que é uma música do Caetano - Faço que sim com a cabeça e ela não tira o sorriso lindo dos lábios.
- Hora de retribuir. sempre que eu ouço a que você me dedicou, passa um filme na minha cabeça, eu me sinto linda sim e um mulherão. - Toco meu dedo indicador em seu mulherão. - Toco meu dedo indicador em seu nariz.
Recebo um beijo inesperado na bochecha e fico alguns segundos fora de mim, como uma adolescente apaixonadinha e boba, certeza que até corei.
Quando a mulher termina a canção, chamo sua atenção e vou até ela, questiono se ela sabia tocar Deusa Do Amor, quando tenho a confirmação, peço que ela comece e retorno para onde estava sentada dessa vez ficando lado a lado com Valentina.
Agradeço internamente por estar levemente alcoolizada pois tenho certeza que não faria isso sóbria, os olhares das pessoas ficam em nós por alguns segundos enquanto a melodia do violão ecoa. Ela segura firma em minhas mãos e percebo que seus olhos estão cheios de água, quando nossas íris se prendem, tudo ao meu redor some, estamos no nosso mundo.
- Tudo fica mais bonito quando você está por perto - Canto baixo o suficiente para que somente ela escute - Você me levou ao delírio, por isso eu confesso, os seus beijos são ardentes... quando você se aproxima o meu corpo sente, os seus beijos são ardentes.
- Quando você se aproxima o meu corpo sente ah, ah, oh, oh - É cantalorado em uninosso.
- Vem pra cá deusa do amor - Completo baixinho ainda imersa naquele momento com Valentina.
Vejam o bloco Olodum ao passar na avenida.
Todos cantando felizes de bem com a vida.
Caminhando lado a lado.
Formamos um belo casal somos dois namorados.
- Obrigada! - Ela puxa o ar e solta lentamente - Você sempre estará marcada em mim - Valentina deixa uma lágrima escorrer e eu trato de limpar.
- Daqui em diante tudo vai acontecer como deve. Vamos ficar tranquilas, minha deusa. Tento passar confiança em minha fala mas a verdade é que estou com tanto receio quanto ela, suplico internamente aos astros e universo para que tudo se alinhe a nosso favor, nosso amor, desejos e planos. Ficamos ali por um bom tempo cantando, bebendo um pouco mais e curtindo o alto astral atmosférico.