LUIZA'S POV
Quanto mais tempo eu passo ao lado de Valentina, mais eu fico louca e apaixonada por essa mulher. Essa semana a gente se viu todos os dias e dormimos juntas, apesar da discussão na segunda-feira, eu dei um jeito e fui para casa dela me desculpar, exagerei, pesei no tom das palavras.
Ainda não entendo bem o que me motiva a agir dessa forma, mas eu vou descobrir. O interessante disso é como Valentina lida com a situação, mesmo quando está brava, seus olhos dizem que me ama, e ela é sempre cautelosa, fica cada vez mais difícil não admirá-la.
Na terça-feira eu chamei Valentina para ir lá em casa, senti que precisava acolher ela nesse momento, Catarina realmente se decidiu e entrou com um processo, a garota mal foi notificada e já teve que se reunir com a mais velha e os advogados. Pelo que ela me contou, a mãe insiste que não haja burocracia e ela irá acabar cedendo aos caprichos da mulher. Conversamos bastante, orientei da melhor forma que pude, no entanto a decisão é dela e eu vou apoiar, só não quero vê-la triste. Catarina insiste em menosprezar a própria filha e Valentina está se esgotando. Ela não precisa disso. Minha garota está se saindo cada vez melhor em seus trabalhos e é independente.
Valentina me fez assistir outro filme tenebroso de terror, dessa vez foi um mais macabro, cheio de morte e sangue, me pergunto como ela gosta disso, eu não reclamei pois fiquei o tempo todo no colo dela recebendo um delicioso carinho na cabeça, e nas cenas a qual eu intitulava serem horrendas, eu fechava os olhos e tapava os ouvidos.
Nossa noite terminou cheia de dengos e muitos beijos, e amanheceu dessa mesma forma.
- Bom dia, meu amor - Eu e Valentina estamos deitadas frente a frente. Em um movimento rápido ela segura minha mão e deposita um beijo.
- Bom dia, amor - Ficamos alguns minutos em silêncio apenas nos fitando. O silêncio entre nós é reconfortante e nossos olhares cheios de significados.
- Você é linda, sabia?
- Sabia - A morena sorri timidamente - Você me diz isso todos os dias.
- É que eu não quero que esqueça.
- Esquecer você e as coisas fofas que me diz está fora de cogitaçao, meu amor - Eu ruborizo ao escutar ela me chamar assim, a sensação é sempre gostosa - E essa carinha? - Ela aperta levemente a minha bochecha.
- Eu amo quando você me chama assim.
- De meu amor? - Faço um sinal de afirmação com a cabeça e tenho certeza que estou com um sorriso largo em meu rosto. Valentina sobe ficando em cima de mim.
- Meu amor - Ela diz e beija em minha bochecha - Meu amor - Outro beijo e eu fico extasiada com tamanha fofura – Luiza Campos, você é o meu amor - Sou pega de surpresa quando a morena começa a encher meu rosto de beijos.
Infelizmente tivemos que nos levantar, eu preciso muito chegar cedo ao estúdio, hoje a dona Sara quer me ensinar sobre o plano de aulas dos outros professores. Estou devidamente arrumada e fico observando da porta do quarto Valentina vestindo uma camiseta em tom pastel que faz um perfeito contraste com sua pele. Ao fundo está tocando Quelqu'un M'a Dit. Meu coração dispara, preciso contar para ela, mas não quero ter que lidar com isso agora, afinal eu já tomei a minha decisão.
- Como estou? - Ela dá uma voltinha mostrando sua vestimenta, o que me faz rir de sua graciosidade.
- Muito gata - Digo me aproximando - Dança essa música comigo? - Valentina arqueia a sobrancelha e morde o lábio inferior.
- Sério?
- Muito sério. Eu até deixo você pisar no meu pé - Nós duas rimos juntas. Rapidamente Valentina segura em minha cintura puxando para colar seu corpo ao meu. Eu posiciono minhas mãos em seu ombro.
A música ressoa em sua melodia melancólica e logo tenho o controlo da dança.
Sinto o contato sutil de nossos corpos, conduzo nossos passos sincronizados e graciosos. Essa é a primeira vez que dançamos juntas, existe sintonia de uma maneira única e especial.
Olho no olho, os orbes verdes me hipnotizam, estamos em um momento particular aonde só existe nós duas. E tudo parece conspirar ao nosso favor, o raio de sol entrando pela grande janela iluminando o ambiente, a quietude.
Minhas mãos macias descem até as costas da morena e ela cegamente se joga para trás fazendo um giro sutil e logo voltamos a ficar cara a cara.
Nossos pés delicados juntos em passos para frente e para trás, como uma valsa.
Me aproximo ainda mais sentindo a calorosa respiração de Valentina. Nossos corações batem no mesmo ritmo, sinto-me cada vez mais íntima e apaixonada por essa mulher. Me questiono porque não fizemos isso antes.
Valentina pega em minha mão e eu giro entrelaçando seu braço por volta da minha cintura, ela delicadamente passa a mão livre jogando meu cabelo para o lado deixando meu pescoço exposto. Com um passo, volto a encarar a garota. Há uma troca de risos bobos nesse momento.
- Você me disse que não sabia dançar.
- Não, eu te perguntei o que te fazia achar que eu saberia dançar.
- Você lembra - Digo surpresa.
- Eu me lembro de tudo relacionado a nós, acho que nunca vou ser capaz de esquecer - Suspiro e fecho meus olhos, sinto uma vontade enorme de chorar. Eu não tenho dúvidas da minha decisão.
Aninho meu rosto no pescoço de Valentina sentindo o cheiro maravilhoso que ela tem e continuamos nossa dança até o final da suave melodia.