VALENTINA'S POV
Estou caminhando livremente pela rua a procura do restaurante, por erro meu acabei colocando o endereço incorreto no uber, mas isso não foi tão ruim, eu estou nervosa e preciso respirar. Enquanto faço o meu trajeto pela calçada, mando mensagens para Luiza, dessa vez eu quero que tudo saia como o planejado. Após alguns minutos eu finalmente acho o nosso local de encontro. O lugar não está tão cheio, nem tão vazio. Adentrei o estabelecimento indo direto ao garçom para tirar algumas dúvidas, em seguida fui guiada por ele para uma mesa de dois lugares. Peguei o meu celular para verificar a hora e vi duas mensagens de Luiza, respondi e em questão de um minuto eu olhei para a porta a minha frente e vi a morena de cabelos ondulados se aproximando. Luiza caminhou em minha direção com um lindo sorriso em seus lábios carnudos. Observei atentamente até que ela estivesse próxima o suficiente.
- Quase não te reconheci, eu tinha noção de que você é bonita, mas superou a minha expectativa - soltei um riso baixo achando o jeito dela encantador.
- Oi Lu, você é sempre espontânea assim?
- Isso é nervosismo, me desculpa, fui mal educada. Como você está?
Ela se sentou na cadeira a minha frente. Nesse momento eu senti o olhar da mulher recair sobre o meu rosto, fitei os seus olhos e percebi que o mesmo percorria cada centímetro meu.
- Fica tranquila. Estamos aqui. E só para completar a sua fala: você também é mais linda do que eu imaginei.
Nesse momento foi perceptível sua respiração se tornar profunda, e então fixei meus olhos aos dela e uma sensação estranha se espalhou por toda a minha espinha arrepiando - me dos pés a cabeça. Acho que ela também percebeu minha respiração pesar quando engoli em seco, ela logo abriu um sorriso em seus lábios e a escutei soltar um riso. Felizmente o garçom se aproximou e perguntou se podia anotar nossos pedidos, dei uma olhada rápida no cardápio e ela fez o mesmo, ele anotou conforme orientado e se retirou.
- Eu quero muito te abraçar agora.
- Ficamos tão estáticas uma com a outra que esquecemos do básico.
- Nunca é tarde para um abraço, Valentina.
Ela rapidamente se levantou da cadeira e veio em minha direção, eu levantei instintivamente e logo senti seus braços rodearam as minhas costas em um abraço cheio de carinho. Pude sentir o cheiro dela por alguns instantes e aquilo me fez sair de órbita.
- Meu coração está acelerado, estou com uma sensação.. uma coisa diferente - Ela disse após voltarmos aos nossos lugares.
- Isso é ruim?
- Não. é como se finalmente as coisas estivessem no lugar, como se esse momento estivesse acontecendo exatamente como devia ser.
E derrepente o frenesi voltou a tomar conta do meu corpo quando percebi que ela olhava diretamente nos meus olhos.
- Está dizendo que somos almas gêmeas, Luiza? - Dei um sorriso de lado.
- Convencida você, eu só fiz uma observação.
- Bem profunda, você não acha?
- Até parece que você não me conhece - Ela revirou os olhos e riu. eu gosto do timbre da risada e da voz dela, casa perfeitamente com o jeito meio sério que ela transmite.
- A é, geralmente você tem uns lapsos, porém aos domingos de manhã e na praia.
- Eu sou rara, a física e a metafísica juntas, você deveria agradecer - soltei um riso e percebi a morena suspirar.
- Então eu sou uma mulher de sorte.
- De muitíssima sorte. agora me conta algo sobre você?
- Vai ser difícil te superar.
- Não seja modesta.
- Ok.. anh.. eu.. eu sei pilotar motos - arqueio as sobrancelhas, sei que o que falei não é interessante.
- Viu, não foi tão difícil assim, minha piloto de motos. Você tem uma?
- Tenho. quando estivemos no Rio, podemos dar uma volta.
- Não, eu meio.. que.. tenho um pouco de medo. É que anda muito rápido esse negócio, né?
Comecei a rir após ouvir isso e percebi que Luiza ficou sem graça pois suas bochechas ficaram avermelhadas.
- Eu ando devagar com você.
- vVocê promete que vai andar bem devagar? Tipo quase parando.
- Aí senhor, você não existe, Luiza. mas tá bom, eu prometo.
- Me dê o seu dedo.
Ela pegou a minha mão delicadamente e eu senti o seu toque suave sob a minha pele, olhei para ela que parecia ter sentido o mesmo que eu, e então rapidamente ela levantou a minha mão esquerda a deixando próxima ao meu rosto.
- Promessa de dedinho.
- Sério isso?
- Super. agora me dê o seu dedo e não quebre está promessa.
- Você é adorável demais para ser verdade.
Juntamos os nossos dedos e selamos a nossa promessa que eu particularmente não vou cumprir totalmente, andar de moto quase parando é um crime.
Nosso dia seguiu conforme o planejado, almoçamos e jogamos conversa fora e logo depois fomos ao parque, lá aproveitamos para nos conhecer melhor, ela falou sobre a família dela e eu sobre a minha. Coisas bobas como cor favorita, comida, lugar, time de futebol. Acabei descobrindo que a minha garota misteriosa tinha o sonho de ser mochileira, ela sempre me surpreende. No final da tarde nós nos despedimos, a amiga de Luiza veio buscar ela. Confesso que deu um aperto em meu peito, uma parte em mim queria grudar nela e nunca mais soltar.
- Valen, obrigada. O dia hoje foi incrível - Rapidamente puxei ela para um abraço apertado e fui retribuida, Luiza me agarrou para mais perto de si, nosso abraço é calmo, aconchegante e nossos corações estão batendo quase que no mesmo ritmo, eu consigo sentir, e só queria poder eternizar esse momento.
- Pegação no meio da calçada vocês duas? - Duda chega e encosta o carro próximo a calçada e nós nos afastamos rapidamente.
- Eduarda, para. Não me mata de vergonha.
- Desde quando você conhece essa palavra, Luiza. Vamos? Valentina, desculpa atrapalhar vocês duas.
- Sem problemas. E nós só estávamos nos despedindo.
- Sim, beijando na boca. Terminem com isso e vem, Luiza.
Eduarda fecha o vidro do carro, eu olho para Luiza e ela está com a mão sobre a boca fazendo sinal de negação com a cabeça.
- Desculpa, ela é doida.
- Aposto que se deu bem com a Carol.
- A, você não faz ideia do quanto.
- Eu imagino. Então.. até a próxima?
- Alguém já te contou que seus olhos são a coisa mais linda?
- LUIZA, VAMOOOS!
- Me desculpa, eu me perdi totalmente no seu olhar e agora eu tenho que ir. até a próxima, Valentina.
A morena beija o meu rosto e sai correndo para o carro, naquele momento o mundo ao meu redor e todas as coisas que se moviam estavam lentas, senti o meu estômago formigar e não sei quanto tempo fiquei parada ali sentindo o toque delicado dos seus lábios macios em mim.