Após um dia sendo mimado por seu alfa, Naruto sentia-se bem e dolorido, porém, completamente satisfeito e impregnado com o embriagante aroma do moreno de tatuagens.
No intuito de sair e dar uma volta, desceu a escadaria e foi em direção do jardim, mas foi impedido por Temari, que o saudou e disse:
- Deve comer alguma coisa antes de sair, meu senhor.
- Não estou com fome, mas obrigado, Temari. Além do mais, a cozinha não me é agradável. - confidenciou à loira, que percebeu que o ômega não fazia ideia das mudanças no pessoal que trabalhava na casa feita pelo Senhor Uchiha.
- Não há mais motivos para que se sinta mal, meu senhor! Koharu foi demitida e não há mais razões para evitar a cozinha!
- Quem está à frente da cozinha agora? - indagou apreensivo.
Apesar de tudo, não desejava importunar Sasuke com substituições dos funcionários da casa. Mas sorriu, pois sentia-se melhor em saber que Koharu não estava mais ali.
- Meu alfa indicou um amigo de infância. Choji Akimichi. Se o senhor quiser, posso apresentá-los.
- Quero sim! - juntou as mãos em empolgação
- Choji é um beta maravilhoso e vai adorar o senhor! - Temari garantiu, recebendo um sorriso do ômega. - Venha! - assegurou a ômega enquanto puxava Naruto até a cozinha.
A loira tomou cuidado para não apertar com força o braço do loiro. Sabia que qualquer marca na pele do ômega equivalia a um bilhete de passagem direto para os braços da morte. Mesmo que fosse um acidente.
- Olá, Choji! - falou alto ao pisar na cozinha - Esse é o senhor Naruto Uchiha.
O beta tinha um sorriso agradável e se destacava perante os outros criados da casa por causa de seu sobrepeso e de seu longo cabelo castanho despontado. Naruto sentiu-se confortável na presença do mais novo cozinheiro chefe da casa.
- Os boatos são verdadeiros! O senhor realmente parece um anjo! - o beta murmurou com um grande sorriso estampado em seu rosto.
- Choji! - Naruto exclamou. Estava espantado com o olhar de admiração genuína direcionado a si. Sentia-se envergonhado - É um prazer conhecê-lo. - fez uma reverência gentil.
- O prazer é todo meu, senhor Uchiha. - Choji sorriu e devolveu a reverência portando em sua mão direita, uma colher de madeira
- Me chame apenas de Naruto.
- Não seria apropriado, senhor Uchiha! - Temari repreendeu e Naruto suspirou. Mesmo desejando ser chamado informalmente, não queria que nenhum funcionário fosse repreendido por Sasuke.
- Que seja! - suspirou - O que teremos para o jantar?
- Ainda não pensamos em nada. Quem sabe o senhor possa decidir... - Temari jogou o verde e Naruto entendeu
- Está bem! - juntou as mãos à frente do corpo - Alguém sabe as preferências do meu alfa?
- O senhor Sasuke adora tomates e peixes no geral. - Temari respondeu prontamente.
- Quero que faça purê de batatas, filé de salmão com legumes, salada de alface com bastante tomate. Capriche bastante no tomate. E para sobremesa, quero algo salgado... queijo empanado! Também quero suco de laranja. - falou, agradando Temari com o tom de voz convicto e decidido - E para amanhã, quero frango picado com legumes fritos e purê de mandioca para o almoço. - o ômega continuou enquanto Choji anotava tudo em um caderno que pegou de dentro de uma gaveta - E para o jantar, sopa de cenoura, carne assada e tomate recheado com brócolis, cenoura, chuchu e abóbora!
- Certo, e para o restante da semana? - Choji perguntou com os olhos brilhando. O beta tinha paixão pela cozinha e todos os pratos escolhidos por Naruto lhe ocupariam bastante o tempo
- Para o resto da semana, quero que você escolha! Adoraria provar pratos surpresas e degustar de seus dotes culinários! Porém, todos devem ter legumes ou verduras!
Choji sorriu com a confiança depositada em si. Faria questão de sempre fazer algo gostoso e balanceado, colocando um toque de sua personalidade culinária.
- Irei fazer com que todos os dias haja uma festa de sabores em sua boca, senhor! Não o decepcionarei!
A mudança no ambiente foi nítida. A mansão Uchiha tinha um ar mais alegre. Naruto, após muitos dias sofrendo em sua mente e com os tão chatos protocolos e com a Torturante Dona Doninha, com a ajuda e incentivo de Temari, assumiu as funções como ômega da casa. Sasuke não cabia em si; tamanha era sua felicidade.
O alfa tentava ficar mais em casa e fazer as refeições ao lado da família. Eloise ainda estava na mansão, para ajudar na adaptação de Kakashi, porém, planejava partir logo.
Os dias e noites se passavam calmos, mas Sasuke, Eloise e Shikamaru estavam alertas. Ainda havia uma ameaça visível no horizonte, ameaçando a vida de Naruto - não que o próprio se lembrasse -. O ômega estava imerso em suas atividades diárias, que se resumiam em cuidar da estufa, ler, pensar em gastar com novas peças de roupas, sapatos e joias, decidir a cor das cortinas, tapetes e toalhas, e, principalmente, cuidar de seu alfa e de si mesmo. Resumindo: mandar e desmandar em todos que trabalhavam na casa, assim como seu posto ali dentro permitia enquanto aproveitava dos luxos que proviam da fortuna de seu marido.
Naruto também tentava aprender a como cuidar de Kakashi. Sabia que o alfinha seria sua responsabilidade quando Eloise voltasse à França, mesmo tendo a opção dela ficar e morar em uma casa perto deles. Porém, ele lembrou que era Eloise que cuidava da extensão da Sharingan em solo francês, e muito tempo ausente - sem contar o tempo que já se passou - poderia resultar em baderna.
Com Temari como governanta, Choji como cozinheiro e Shikamaru como chefe da segurança, a vida de Naruto se tornou muito agradável. Apesar de ainda haver Karin, que não gostava muito de si, fez amizade com outras funcionárias, como Moegi, que cuidava do jardim e da horta, e Tenten, que fazia parte do pelotão da segurança.
Naruto, com o seu poder de mandar e desmandar, fez questão de dar novas tarefas à Karin, bem longe de seu quarto, e, no geral, longe de Sasuke. Sentia-se incomodado com a ruiva, e só não a demitiu por ser muitíssimo gentil e piedoso.
༺★☯♥☯★༻
- Querido, Karin veio até mim desejando mudar suas funções. Sei que o funcionamento da nossa casa é sua responsabilidade e por isso não quero interferir, mas...
- Karin ficará onde está! - interrompeu. Sasuke percebeu que a decisão de seu esposo seria irredutível - Não quero ela como funcionária interna.
- Tudo bem. Contudo Moegi, Tenten e Temari estão sobrecarregadas e precisam de ajuda.
- Darei um jeito nisso! Karin não é uma opção.
- Por quê? - Sasuke o olhou com desconfiança. Já pensava em uma morte dolorosa à ômega ruiva se soubesse que ela maltratou seu ômega.
- Não confio nela, não vou com a cara dela, não gosto do aroma dela, não a quero por perto...
- Não se preocupe meu amor, contratarem outro funcionário!
- Poderíamos contratar Sakura... - murmurou enquanto seus olhos dilatavam em expectativa à contratação da beta de madeixas rosas.
- Quem é Sakura?
- É a beta que me serviu desde os meus quinze anos e em nosso casamento.
- Por que ela? Ela é funcionária da sua família há um tempo, não acho que sua mãe irá cedê-la fácil.
- Não custa nada tentar, não é?
- Certo. - se resignou - Mandarei prepararem a carruagem.
- Certo! - sorriu animado com a possibilidade
- Mas não poderei acompanhá-lo. - Sasuke falou prontamente e o semblante do ômega mudou.
- E você quer que eu vá sozinho?! De jeito nenhum! Não podemos mandar uma carta? Isso! Mandaremos uma carta! Não precisamos ir até lá!
Todos os funcionários presentes notavam o pânico nos olhos azuis do loiro e Sasuke, imaginando o quanto seu loirinho se sentiria envergonhado depois, pediu que todos saíssem. Deixando eles a sós na mesa de almoço composta por talharias de porcelana com taças de cristal e uma travessa com panelas de barro branco que portavam frango cortado em cubinhos, purê de mandioca e legumes fritos.
- Naru, já estamos casados há dois meses e meio, e você não parece querer visitar seus pais.
Não que Sasuke se importasse com os sogros; jogaria eles ao fogo caso fosse necessário. Importava-se apenas com seu ômega, filhote, Eloise, Tobi e Obito. Porém, Sasuke sabia a dor que a falta de um pai, mãe ou irmãos poderia causar. Não deseja isso ao loiro, por isso incentiva a visita, mesmo sabendo que eles provavelmente não eram os melhores pais do mundo, ainda assim, eram os pais dele.
- É complicado... - disse sem olhar o alfa.
- Se importaria em elaborar?
- Não quero brigas e desentendimento entre vocês. - falou apressadamente.
- Por que haveria brigas entre nós, meu amor?
- Ah... minha mãe não é como você! Sei que minha mãe me repreenderia por estar me comportando dessa forma!
Sasuke já conseguia visualizar o porquê de Naruto temer uma visita à sua família. Sua sogra iria se opor à mudança e progresso de seu filho; sem contar que poderia ser o gatilho para os traumas que mesmo Naruto não contando sobre, Sasuke sabia que existiam.
- Sua mãe não tem mais direito nenhum sobre você! Eres meu ômega, e sua mãe terá que entender que não há mais nada em em você em que ela possa mandar ou desmandar. - ressaltou - Agora, quem manda é desmanda é você!
- Sou eu quem mando e desmando, é? - sorriu gostando da palavras que ouviu, ignorando parcialmente o mal pressentimento que sentia
- Sim. Aqueles dias ao lado de sua mãe, acabaram! - Sasuke garantiu.
༺★☯♥☯★༻
Apesar da relutância, Sasuke convenceu-o de que uma visita aos seus pais seria - não sabemos como - uma boa distração.
Shikamaru organizou a segurança do ômega Uchiha com os alfas de confiança de Sharingan; Juugo, um alfa de cabelos alaranjados e olhos vermelhos, fiel à família Uchiha há mais de 20 anos; Suigetsu, um alfa albino com dentes pontudos, também fiel à família Uchiha; Gaara, um alfa de cabelos ruivos e olhos verdes e seu irmão Sasori, também ruivo e de olhos castanhos; ambos cresceram e foram criados sob as asas da poderosa família. Os quatro alfas estavam sob as ordens de Shikamaru.
O caminho foi percorrido em silêncio. Quarenta minutos em total silêncio. A ansiedade do ômega era nítida; suas mãos tremiam e seus pés batiam inquietos no assoalho caro, porém já desgastado da carruagem. Assim que pararam, Naruto suspirou fundo e desceu com cuidado, colocou um pé para fora de uma forma que parecia que o chão estava molhado, e se não tomasse cuidado, escorregaria.
Alguns minutos foram necessários para que o loiro realmente descesse da carruagem. Assim que seus pés tocaram o chão pedroso da fachada da mansão Namikaze, a voz estridente de Kushina Uzumaki foi ouvida em alto e muito bom som.
- O que você fez?! Mal casou e já está gordo desse jeito?! O que andou comendo, Naruto?! - fritou sem ao menos cumprimentá-lo
Naruto esperava um abraço, um beijo, ou mais realisticamente, um aperto de mão. Ah!... como é grande sua esperança.
Desejou virar as costas e voltar para os braços fortes de seu alfa para se acolher e desenhar a linha imaginária dos bíceps do moreno. Desejou que Sasuke estivesse ali para elogiá-lo e mostrar à sua mãe que ele era amado e que estava vivendo muitíssimo bem longe dela.
- Querida, por favor, não atormente nosso filho! - disse Minato ao passar pela porta com sua calma e paciência de sempre. - Olá filhote! - cumprimentou abraçando Naruto. - Como tem passado? - acariciou as costas do ômega arrancando um suspiro de Naruto.
Pelo menos há alguém nessa casa que ainda se importa.
- Olá, pai! Passei bem o tempo. - sorriu mínimo - Olá pra senhora também, mãe.
Kushina ignorou completamente seu cumprimento, e demonstrou isso ao não respondê-lo e dizer:
- Onde está seu espartilho? Como um ômega casado pode andar com tanto desmazelo? - perguntou com indignação
- Não uso mais espartilho. - respondeu tentando parecer firme. Porém falhou perante o olhar alvo da ruiva.
- Não diga bobagens! Nenhum alfa gosta de ômegas gordos! Vá até o quarto e vista um dos meus. - ordenou a ruiva e Naruto encolheu-se. - Sakura vá com ele, e comprima-o até que ele volte a ter uma cintura digna!
- Sim, senhora.
- Não posso usar espartilho, e não estou gordo!
- Não ouse me contrariar Naruto. Vá se arrumar agora! Está ridículo com essa barriga saliente.
Naruto não aguentaria muito tempo. Estava pronto para chorar e se esconder dentro da carruagem e voltar para casa...para a sua casa que estava tão, tão distante desse maldito lugar. Parecia o paraíso que sempre tentam alcançar após a morte; aquele mesmo paraíso que sempre parece inalcançável.
- Onde está sua educação? Desde quando você decide o que usar ou não usar?
- Desde que eu....
- Não responda! Fui retórica. - apontou o dedo na cara dele - Vá logo pôr o espartilho antes que sua cintura fique pior. Esqueceu como deve se comportar? - encarou-o feio - Está a tão pouco tempo fora de casa e já está rebelde assim?
- Não é isso mãe... - o ômega balbuciava incapaz de conter as lágrimas grossas que molhavam suas bochechas.
Quem foi o meliante que achou que seria uma boa ideia visitá-los?! Pensou Naruto.
- Vá se vestir adequadamente, não estou nem conseguindo olhar para você!
- Kushina você está exagerando! Naruto está lindo! - Minato disse com o semblante fechado encarando sua digníssima esposa.
- Não se meta, Minato. - rosnou. - Olhe pra isso! - apontou para Naruto - Tive tanto trabalho para educá-lo e prepará-lo para ser perfeito, para que com apenas alguns dias longe de nós, tudo fosse jogado fora?! - a ômega dizia frustrada.
- Kushina pelo amor de Kami! Naruto é um ômega casado agora! Ele não precisa mais dos seus sermões! - reclamou. - Ele tem sua própria casa e sua própria vida! Tenho certeza que ele sabe como se portar.
- Não sabe não! Olhe este vestido!.. Parece um monte de trapos!
- Kushina por favor... - Minato se desesperava internamente com o choro do filho.
- Eu já disse Minato, não se meta! - bradou novamente - Vá logo Naruto! Coloque um espartilho e volte. Verá que ficará muito melhor!
- Eu não quero! Sasuke disse que não devo usar algo tão apertado. - murmurou entre as lágrimas.
- Desde quando um alfa sabe do que um ômega precisa? - esbravejou. - Ande logo, Naruto. Não irei repetir.
Naruto foi obrigado por sua mãe a subir até o segundo andar, acompanhado por Sakura. A beta de cabelo rosa tentava consolar o loiro que chorava e se amaldiçoava por estar ali, mas não funcionou.
Consolo não era o forte de Sakura.
Naruto desejou estar em sua casa com seu alfa. Não sentia-se bem nessa maldita casa. Naruto finalmente aceitou aquilo que ele já sabia; ali nunca foi sua casa. Era difícil competir contra o dinheiro pelo amor de sua mãe.
Nunca fora amado ali.
༺★☯♥☯★༻
História original da nossa querida bille-b, reescrita e repostada com autorização da mesma.
Capítulo revisado porém pode conter erros
Revisão e capa por Lyana138.