π…πˆπ‘π„ππˆπ‘πƒ, acotar; az...

dayligzt tarafΔ±ndan

21.2K 2.4K 2.9K

β€§β‚ŠΛš ππ€Μπ’π’π€π‘πŽ 𝐃𝐄 π…πŽπ†πŽ β€§β‚ŠΛš Azriel levou duzentos anos para esquecer Theodosia. Ao menos, tinha con... Daha Fazla

˚ π…πˆπ‘π„ππˆπ‘πƒ
β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš π€πœπ­ 𝐎𝐧𝐞 ˚ β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš
β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš 𝟎𝟏 β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš
β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš 𝟎𝟐 β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš
β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš πŸŽπŸ‘ β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš
β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš π€πœπ­ 𝐓𝐰𝐨 ˚ β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš
β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš πŸŽπŸ’ β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš
β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš πŸŽπŸ“ β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš
β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš πŸŽπŸ” β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš
β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš πŸŽπŸ• β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš
β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš πŸŽπŸ– β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš
β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš πŸŽπŸ— β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš
β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš 𝟏𝟎 β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš
β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš 𝟏𝟏 β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš
β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš 𝟏𝟐 β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš
β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš πŸπŸ‘ β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš
β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš πŸπŸ’ β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš
β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš πŸπŸ“ β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš
β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš πŸπŸ” β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš
β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš πŸπŸ• β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš
β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš πŸπŸ– β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš
β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš 𝟐𝟎 β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš
β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš 𝟐𝟏 β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš
β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš 𝟐𝟐 β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš
β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš πŸπŸ‘ β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš
β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš πŸπŸ’ β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš
β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš πŸπŸ“ β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš
β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš πŸπŸ” β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš
β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš πŸπŸ• β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš
β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš πŸπŸ– β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš
β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš πŸπŸ— β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš

β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš πŸπŸ— β€§β‚ŠΛš β€§β‚ŠΛš

456 50 78
dayligzt tarafΔ±ndan

— Abençoada por Aletha — Lorde Dunne debochou, seu cabelo castanho e ondulado caindo por um de seus olhos, o outro sendo coberto por um tapa olho —, Defendora de Kenneth...

— E Princesinha das Chamas — Lorde Reyes completou com um sorrisinho de escárnio, a pele marrom-clara coberta por um gibão vermelho, os olhos castanhos medindo Theodosia como se fosse um cordeirinho.

— Fugitiva também — Lorde Jasper a indicou com o dedo ossudo.

Lorde Nuriel, sendo o dono da casa, estava sentado na ponta direita da grande mesa retangular que ocupava a maior parte do escritório. Lordes Jasper e Reyes ocupavam os lugares que ladeavam Nuriel, e Dunne ficou ao lado de Jasper. Eris se sentou ao lado de Reyes, ficando entre o lorde e Lucien, do outro lado da mesa.

— Muitos nomes a senhorita tem, princesa — Lorde Jasper disse, os lábios rachados se franzindo com desgosto. — Mas eu prefiro chamá-la apenas de covarde.

— Cavalheiros — Lorde Nuriel coçou a garganta, o cabelo ruivo preso em um coque pequeno atrás da cabeça. — Estamos aqui para conversar, não para brigar.

— Lorde Jasper, é bom vê-lo — Theodosia abriu um sorriso ao puxar a cadeira restante para si, ficando na ponta esquerda. — Essas rugas são novas?

— Continua uma garotinha malcriada — o macho magro demais cuspiu, seu cabelo grisalho e ralo brilhando graças as luzes fae amareladas presas às paredes.

— É aí que o senhor se engana — Theo rebateu calmamente —, mudei muito nos últimos anos. Estou mais forte. Mais poderosa. E pronta para decapitar Beron.

Lorde Dunne soltou uma risada, afrouxando o colarinho de sua camisa marrom. O olho verde estava sem vida, como se seu trabalho houvesse sugado suas energias há muito tempo. Aquele tapa-olho devia ser novo, porque o couro ainda estava brilhante e com a costura impecável.

— Nos últimos duzentos anos, você quer dizer. O que você fez nos últimos duzentos anos para derrubar seu pai, princesa? — Lorde Dunne entrelaçou os dedos das duas mãos, apoiando os cotovelos por cima da mesa. — Além de pescar no seu barquinho, é claro.

— Fiz o mesmo que todos vocês — Theo respondeu simplesmente —, que nesse caso, fizeram nada. Beron não se tornou um tirano de um dia para o outro. Ele sempre foi assim. E vocês sempre engoliram todas as ações dele, sem reclamar. Sem fazer coisa alguma. Mas agora que estão sendo realmente prejudicados, estão querendo reagir. Querem derrubá-lo por vocês mesmos, e não pelo nosso povo que está em desgraça.

— E por qual motivo você quer derrubá-lo? — Lorde Reyes quis saber, seu rosto se transformando em escárnio, ofendido pela acusação da princesa.

— Porque um Grão-Senhor deve servir ao seu povo, não o contrário. Ele é quem devia servir, era quem devia assegurar proteção. Mas Beron só sabe causar pânico em nossas fronteiras — Theodosia explicou. — Quero derrubá-lo para que nossa corte tenha paz.

— Você ainda era uma garotinha medrosa na última vez que nos vimos — Nuriel intermediou —, nos desculpe se estamos surpresos com toda essa atitude.

Theo soltou um riso nasalado.

— Uma garotinha medrosa não incendiaria todo um palácio — respondeu ela, com um sorriso ladino. — Eu era jovem demais, e ainda não tinha demonstrado força perante aos absurdos de Beron. Mas sempre fui capaz de coisas grandiosas. Há uma centelha de grandeza em todos nós, não é mesmo?

Lorde Reyes bufou.

— Vamos direto ao ponto, princesa — ele falou. — O que você quer de nós?

— Quero as tropas de vocês. Quero o apoio de vocês. Precisamos nos unir contra Beron, se quisermos derrubá-lo — Theodosia disse.

— Supondo que derrubemos Beron — Lorde Nuriel começou, o tom baixo. — Supondo que ele morra. Quem comandará a Corte Outonal?

Theodosia desviou os olhos para Eris, em uma conversa silenciosa. O irmão assentiu com a cabeça, antes de soltar um suspiro para indicar que os lordes o dessem atenção.

— Eu e minha irmã, a Princesa Theodosia, fizemos um acordo — Eris começou —, vamos matar Aidan e Dastan, e então, Beron. A magia do Grão-Senhor terá que escolher um de nós.

— O escolhido fica com a coroa — Theo concluiu.

Lorde Dunne foi o primeiro a reagir, soltando uma arfada exasperada. Lorde Reyes e Jasper trocaram olhares perigosos, e até Lorde Nuriel, o mais sensato e generoso entre eles, pareceu ficar insatisfeito.

— Nunca, em todos esses anos, tivemos uma Grã-Senhora — Nuriel coçou a garganta —, seria...

— Um insulto à nossa corte — Lorde Reyes disparou. — Ainda mais sendo logo você a Grã-Senhora em questão. Uma fêmea que nos abandonou e foi brincar de pirata enquanto a corte inteira estava pegando fogo.

— Eu fugi e assumo meu erro, mas e quanto a você, Lorde Reyes? O que fez nos últimos anos para proteger sua região enquanto Beron a destruía? — Theodosia rebateu com uma sobrancelha arqueada.

Apesar de sentir o sangue ferver, parecia calma. Estava equilibrada e elegante -na medida do possível, dado as roupa ensanguentadas e o cabelo embaraçado. Podia não ser Grã-Senhora oficialmente, mas agiria como uma. Tinha lutado muito para chegar até ali e não recuaria diante de um velho nojento como Reyes.

— É muita hipocrisia julgar Theodosia enquanto praticamente deixava seus portões abertos para que Aidan fosse até Brasas se apossar de todos os seus cidadãos, não acha, Reyes? — Eris provocou com um sorrisinho.

Lorde Reyes ficou vermelho de raiva, mas se calou.

— Estamos fazendo o que podemos para proteger nossas regiões... — Jasper começou.

— Estão fazendo o que podem para se proteger — Theodosia corrigiu. — Mas já passou da hora de agirem como os lordes que são, passou da hora de cuidarem do nosso povo. Eu estou disposta a assumir minha responsabilidade e dar meu sangue por essa corte, se preciso — ela olhou para cada um deles, o pedido claro em sua voz. — Preciso que estejam dispostos também.

O silêncio se instalou naquele escritório por um momento. Nuriel parecia convencido. Jasper parecia estar considerando.

Mas Reyes balançou a cabeça em negação. Dunne cuspiu na mesa, na direção de Theodosia.

— E acha que bancar a Aletha é suficiente para merecer ser Grã-Senhora? — Reyes quis saber, arqueando uma sobrancelha. — Acha que seu showzinho convenceu algum de nós?

— Não salvei Kenneth para provar coisa alguma a vocês — Theodosia disparou, agora seus olhos pegavam fogo. — Não salvei Kenneth para tirar proveito disso. Salvei meu povo porque os amo. Salvei porque é minha obrigação como princesa.

Ela ficou em silêncio por um segundo, para medir Reyes com o olhar, medir sua fúria, sua postura ereta. Theodosia não se intimidou.

— Você é uma arma essencial nessa guerra, princesa — Lorde Nuriel afirmou com um pequeno sorriso —, mas não aceitaremos... não podemos aceitar uma Grã-Senhora.

— Então, podem me aceitar como guerreira, na verdade, vocês me querem como guerreira. Querem que eu manche o campo de batalha com o meu sangue por vocês, querem que eu dê a minha vida por vocês, mas não me acham boa o bastante para ser Grã-Senhora?

— Eu escolheria até mesmo o bastardo de Helion para não ter que aceitar você no comando, Theodosia — Lorde Dunne ralhou, indicando Lucien do outro lado da mesa.

— Eris foi preparado para isso a vida inteira — Lorde Nuriel completou, sua voz calma —, com você sendo fêmea ou não, ele continua sendo nossa melhor opção.

— Sim, fui preparado a vida toda — Eris assentiu com a cabeça, ganhando a atenção dos demais a mesa. — Cresci com os melhores tutores, estudando cada mísero detalhe da Corte Outonal. Nossos pontos altos e fracos. Nossa história. E estou pronto para subir no trono.

Lucien, entre ele e Theo, tensionou a mandíbula, seus punhos cerrados por cima da mesa, enquanto Reyes indicava o Vanserra mais velho na sala com satisfação, Dunne assentia repetidamente com seu olhar esnobe, Nuriel mantinha um sorriso solene fingido e Jasper apenas se mostrava cansado.

— Estive pronto para ser Grão-Senhor a vida toda, e mesmo assim, sou capaz de reconhecer que minha irmã merece essa honra e esse dever tanto quanto eu — Eris se virou para poder olhar Theo nos olhos, sério. — Theodosia é mais corajosa que todos vocês, e certamente mais honrada do que eu.

Ele a indicou com a cabeça, mantendo sua postura impecável, sua voz grave mostrando superioridade aos lordes que ali estavam.

— Posso ter estudado a Corte Outonal, mas é ela quem conhece esse território com a palma da mão. Se a magia do Grão-Senhor escolhê-la, terei prazer em aceitar minha derrota. E vocês não terão escolha se não...

— Obrigada pelas belas palavras, irmão — Theodosia estendeu a mão para ele, interrompendo-o graciosamente —, mas eles tem escolha, sim.

Reyes arqueou uma das sobrancelhas. Ela sorriu.

— Mesmo que a magia do Grão-Senhor me escolha, não vou sentar naquele trono sem a benção do meu povo. E, gostando ou não disso, vocês também o são. Se não me enxergarem como líder até o fim dessa guerra, não vou brigar pela coroa.

Lucien e Eris se entreolharam, mas nada disseram.

— Minha prioridade nunca foi a coroa. Minha prioridade é o bem dessa corte — concluiu Theo, por fim. — Vocês podem dizer o mesmo?

— Não nos ofenda — Reyes cuspiu, sua boca se contorcendo com ódio —, sou ambicioso, princesa. E gosto do conforte que minha função me proporciona. Mas você não é a única que abriria mão de um cargo pelo bem dessa corte.

— O ataque de hoje foi só um de dezenas que aconteceram no decorrer dos últimos tempos — Lorde Dunne falou, baixo demais. Quebrado demais. Ergueu a cabeça na direção de Theodosia — você não tem ideia do quanto esse lugar sofreu —, se voltou para Eris, depois para Lucien —, nenhum de vocês tem.

— Queremos tanto quanto você que esse pandemônio chegue ao fim, princesa — Nuriel umedeceu os lábios —, mas sabemos o que acontece com quem desobedece Beron descaradamente. E não poderíamos ajudar em nada se fôssemos levados para as câmaras.

— Fizemos o possível com o que tínhamos. Não ajudaria em nada nossa rebelião se estivéssemos mortos — Jasper explicou, ainda esnobe, mas mais sensível.

Foi Lorde Nuriel quem coçou a garganta e falou, cortando o momento mais sensível que aquela reunião teve até então: — Certo, princesa. Vamos considerar tudo o que nos disse em relação a sua posição.

— Muito bem — Theo se esforçou para abrir um pequeno sorriso diante de toda a tensão —, podemos começar a discutir a guerra, então?

— Já temos a Corte Noturna e a Diurna como aliadas — Lucien aproveitou a deixa, ganhando a atenção dos lordes.

— Mas ainda não é suficiente — Lorde Nuriel suspirou —, vocês viram... viram o que o Mestre de Armas fez com nossos soldados. Um soldado de Beron pode matar vinte.

A menção a Brynjar causou arrepios na espinha de Theodosia. A realidade caindo sob suas costas e fazendo-a querer se curvar pelo peso.

Ele estava a algumas cidades de distância dela, na capital, em Núbia.

Será que a notícia de sua vinda já tinha atravessado a muralha de fogo? Será que Beron sabia que ela estava ali?

Será que Brynjar sabia?

O escritório começou a ficar quente demais, de repente, tão quente quanto as câmaras em que passava as madrugadas...

— A Grã-Senhora da Corte Noturna está convocando as demais corte para nossa guerra — Theodosia falou, sua voz saindo mais alto que o sangue que fervia em seus ouvidos, que as lembranças que assombravam sua mente —, seis cortes contra uma, Beron não terá chance em um campo de batalha.

Alívio pareceu preencher a sala. Mais do que isso. Lorde Dunne até soltou um suspiro.

Esperança. Foi esperança que preencheu aquele cômodo antes cheio de rancor.

— Vamos juntar todos os generais — Eris sugeriu —, unir as especialidades de cada corte. Cercar Núbia.

— Talvez tenhamos soldados suficientes contra o exército de Beron — Lorde Reyes assentiu, antes de murchar, sua pele perdendo o brilho, deixando o macho com uma aparência mais antiga e melancólica —, mas não para Dastan.

— Dastan  é meu — Theodosia respondeu, simples. — Se concentrem no exército, e deixem ele comigo.

Lorde Jasper soltou uma risada.

— Mate Dastan, princesa — ele começou, os olhos brilhando de desafio, os lábios ressecados se deliciando com as palavras —, e o trono é seu.

Theo sorriu.

— Então comece a planejar minha coroação, por favor.

Eris coçou a garganta.

— Não vamos nos esquecer de que a magia é quem vai escolher...

— Ninguém esqueceu, Eris — Theo sorriu para o irmão. Estava esticando a cabeça para olhá-lo atrás de Lucien quando a porta do escritório foi aberta, surpreendendo a todos.

— Princesa Theodosia — Feyre chamou ao dar um passo para dentro do cômodo, os olhos azuis-acinzentados estavam límpidos e firmes, elegantes, mas Theo pôde sentir o exaspero muito bem escondido em sua voz. — Pode vir aqui por um momento?

— Vão retocar a maquiagem? — Lorde Dunne zombou com uma sobrancelha arqueada.

Dunne estava prestes a soltar uma risadinha, mas se calou no instante em que Feyre se voltou para ele. Os olhos azuis brilhando de poder, não só da Corte Noturna, mas das outras seis, mostrando a centelha de poder que ela tinha igual á de Dunne, ainda mais forte que a do próprio lorde.

Lorde Dunne coçou a garganta ao desviar os olhos para longe da Grã-Senhora, murmurando: — mande um criado nos trazer um mapa da corte, Nuriel...

— Peço que controle seus convidados, Lorde Nuriel — Feyre disse com a voz mordaz, um sorriso crescendo nos lábios —, seria uma pena se Lorde Dunne perdesse o outro olho.

Theo esperou que Feyre deixasse a sala para acompanhá-la. Depois de fechar a porta, bufou uma risada para a Grã-Senhora.

— Gosto mais do que deveria admitir de vê-la assim tão má — Theodosia zombou, esperando um revirar de olhos de Feyre, mas só ganhou um suspiro pesado.

Feyre estava mais pálida do que de costume. Os braços cruzados com firmeza, abraçando a si mesma.

— O que houve, Feyre? — Theo perguntou, os olhos se arregalando levemente. — Algo com Nyx? Aconteceu algo com a Corte Noturna?

— Não, não — a Archeron respondeu rapidamente. — Nyx está bem. A Corte Noturna está bem. Na verdade... Acredito que a Corte Noturna seja a única em bom estado no momento.

Theo sentiu que começou a suar frio.

Logo ela, a Princesinha das Chamas.

Logo ela, que fora embebida em fogo tantas vezes, estava suando frio.

— Do que está falando? — Theo perguntou em um sussurro.

Feyre engoliu em seco. Seus olhos estavam brilhando com lágrimas que ela estava tentando conter agora.

A Grã-Senhora segurou o braço de Theodosia e a acompanhou para um pouco mais longe da porta do escritório, as duas sozinhas no corredor.

— Enviei as cartas para todas as cortes, pedindo que se unissem a nós para uma reunião — ela começou. — E tive algumas respostas.

— Certo — Theo mediu o semblante perturbado da amiga. — E então?

— A primeira resposta que tive foi de Tamlin — Feyre começou a explicar em um tom baixo, tão baixo que até mesmo Theo teve que se esforçar para ouvir —, ele não poderá vir.

— Mas por que ele...

— Tarquin também não poderá — Feyre a interrompeu, a voz embargada e um pouco mais aguda, mais aflita —, nem Kallias e Vivianne, ou Thesan...

— O que?! — Theo falou alto demais, e então, olhou ao redor procurando por alguém que pudesse estar observando-as. — Feyre... não é possível que todos eles se neguem a...

— Dastan realmente não estava vindo nos atacar do céu, alguns minutos atrás — a Grã-Senhora interrompeu mais uma vez —, ele estava indo para a Corte Primaveril. Está liderando uma tropa.

Theodosia teve que se escorar contra a parede, sem conseguir sustentar a si mesma. Feyre respirou fundo, se concentrando, tentando não desmoronar naquele corredor.

— Há mais tropas atacando as outras cortes. Todas elas, menos a Noturna e a Diurna. Fogo está caindo do céu, Theo. Os exércitos de Beron cercaram as cortes, nenhum Grão-Senhor pode deixar as terras nesse momento.

Beron iniciou a guerra.

Theo se sentia zonza.

— Estamos sozinhos — Feyre concluiu, engolindo em seco com dor, como se dar aquela notícia tivesse dilacerado sua garganta. — Sem aliados, Theodosia. Sinto muito.

— Precisamos mandar reforços para as cortes... — Theo começou, em um sussurro, mas ouviu passos descendo a escada próxima dela e Feyre, e Helion e Rhysand chegaram ao corredor.

— Não temos como ajudá-los — foi o pai de Lucien quem disse, os olhos assombrados —, não podemos perder um único soldado sequer.

— Vamos para a Corte Noturna — Rhysand falou, os olhos focados na esposa arrasada —, talvez seja apenas questão de tempo até que Beron ataque nossas cortes — ele indica Helion. — Eu e Feyre vamos reforçar nossas defesas, mas encontraremos um jeito de trazer soldados para cá.

— Também trarei um exército... Parte dele, pelo menos — Helion suspirou, esgotado.

Eles continuavam a falar, mas Theo não conseguia ouvir mais.

Estavam sozinhos.

Não seria suficiente.

Todo o esforço que tivera para chegar até ali foi em vão. Não seria suficiente.

— Theodosia — Feyre chamou, puxando-a para fora de sua mente apavorada —, volte para a reunião e conte o que está acontecendo. Precisam de algum plano de defesa urgentemente.

Theo assentiu, ou ao menos pensou ter assentido.

Theodosia não queria voltar para aquele escritório antes preenchido por uma fagulha de esperança.

Feyre segurou o rosto da fêmea com as duas mãos, tentando chamar sua atenção.

— Eu volto logo, minha amiga — Feyre disse com gentileza, apesar da voz trêmula —, e trarei um exército comigo.

— Um não é o bastante — Theo sussurrou, aérea.

Feyre suspirou, dando um abraço apertado na fêmea, que não teve forças para retribuir.

Theo teve a sensação vaga de que Feyre se afastou, teve vislumbres dela, Rhys e Helion partindo.

Mas se sentia tão cansada. Esgotada.

Se sentia derrotada.

Quatro cortes estavam sob ataque agora. Quantos já teriam morrido?

Dastan estava fazendo a morte chover sob Prythian e ela não sabia como detê-lo naquele momento.

— Você não pode combatê-lo agora.

Ela sentiu antes mesmo de ouvir e ver Azriel descendo as escadas em passos largos. Ele ergueu as mãos marcadas para o rosto da fêmea, secando suas lágrimas com os polegares. Quando ela tinha começado a chorar?

— Tudo o que pode fazer agora é voltar para aquela sala e contar a verdade — ele disse com a voz suave, apesar de seu olhar estar tão abatido. — Não estamos sozinhos, você não está sozinha.

— Não consigo entrar lá. Não consigo contar isso para eles — Theodosia mirou aqueles olhos de avelã buscando algum conforto —, estávamos começando a nos acertar, Azriel. Estávamos começando a planejar tudo e...

Ela não conseguia continuar falando. Mas precisava que ele dissesse algo. Qualquer coisa.

Azriel não respondeu de imediato. Ele desceu as mãos do rosto para os braços de Theo, descendo até chegar em suas mãos e erguê-las para cima, para beijar o dorso das duas calmamente.

A respiração do illyriano era uma carícia fria nas mãos de Theodosia, em sua pele. Ela sentiu as sombras a envolvê-la, dos tornozelos ao pescoço. Acalmando-a.

— Vá até lá, e termine aquela reunião. Depois, suba para visitar Aidan — Azriel sussurrava, enquanto as sombras continuavam a passear por Theodosia —, e então, faremos nossas malas e partiremos para nossa missão amanhã, ao amanhecer.

— As cortes...

— As sombras estão de olho. O ataque não é para destruir as terras, apenas para impedi-los de sair — explicou ele. — Não pode deixar que isso intimide você, é exatamente o que Beron quer.

Theo fechou os olhos, respirando fundo, apreciando as carícias das sombras e de Azriel, que agora afagava seu cabelo e nuca.

Ele se aproximou mais do corpo trêmulo dela, deixando um beijo em sua testa.

— Sinto que vou acabar desmoronando — Theo confessou em um sussurro —, sinto que, a qualquer momento, vou desmoronar.

— Você é feita de fogo, Theodosia — Azriel voltou a segurar no rosto dela com as duas mãos, erguendo-o, fazendo com que os olhos azuis se focassem nos dele. — Mas você não se apaga, Theo, você consome.

Azriel a olhava como se visse-a realmente, como se visse através dela.

Ele sempre a olhou dessa forma.

— Você não recua quando algo dá errado, você se fortalece e enfrenta. Quando quer algo, você não pede, você toma.

Os dedos de Azriel se afundaram na pele de Theodosia, mantendo-a no mundo real, afastando-à dos horrores que perambulavam por sua mente.

— Você vai se fortalecer, e depois, tomar essa corte — ele a observou se acalmar, observou o corpo de Theo parar, aos poucos, de tremer.

Theodosia conseguiu assentir, conseguiu arrumar a postura.

— Vou voltar para aquela sala, vamos achar uma solução — ela repetiu, ainda com a voz embargada, mas os olhos mantendo uma fagulha acesa quando completou: —, depois vou encontrar você e Aidan para acertarmos as contas com ele.

Azriel conseguiu dar um pequeno sorriso, concordando.

— Estarei lá em cima, passarinho de fogo.

Theo esfregou o rosto, se livrando daquelas lágrimas. Azriel entendeu que ela ainda precisava de uns minutos, e subiu as escadas, deixando-a só.

Ela levou alguns minutos para se recompor.

Mas conseguiu.

Ela voltou para o escritório em passos cambaleantes, mas chegou até a porta.

Houve um contratempo, mas eles dariam um jeito de resolver aquilo. As cortes se manteriam de pé. E aquele inferno chegaria ao fim.

Theodosia abriu a porta, e os olhos de todos os machos ali presentes dispararam para ela.

— Theo — Lucien foi o primeiro a chamá-la, reparando em sua pele mais pálida, talvez até mesmo reparando em seu olhar perturbado. — O que Feyre queria?

Eris a avaliou, preocupação brilhando naqueles olhos alaranjados. Mas não disse nada. Ele esperou. Todos esperaram.

— Não teremos o apoio de mais nenhuma corte além da Diurna e da Noturna — Theodosia conseguiu dizer, apesar da garganta queimando —, estão ocupados agora, tendo que proteger as próprias fronteiras. Beron mandou tropas para afugentar cada uma delas.

— Devíamos ter previsto isso — Lorde Jasper suspirou, esfregando o rosto com a mão.

— Meu pai... — Lucien começou, engolindo em seco, mas Theo ergueu a mão, já sabendo o que o irmão perguntaria.

— Partiu agora, assim como Feyre e Rhys. Vão trabalhar também na defesa das próprias cortes e depois voltarão com soldados para continuarmos nos preparando — Theodosia explicou, se aproximando lentamente da mesa e voltando a se sentar.

Lucien desviou o olho para a mesa, assentindo lentamente, processando a informação. Preocupação lampejando em seu olho de bronze com a possibilidade de seu verdadeiro lar ser atacado, de seu povo ser ferido por uma guerra que não era deles.

Theo quis se encolher, culpa percorrendo suas veias com a chance da corte de Lucien ser arruinada por conta de Beron.

O silêncio recaiu ali novamente.

Mas Theodosia temia que eles não tivessem tempo para lamentar. Precisavam começar a agir.

— Precisamos encontrar uma forma de substituir os reforços das outras cortes — Theodosia disse, arrumando a postura e se esforçando para ignorar o nó em sua garganta. Ela colocou as mãos sob a mesa. — Alguma sugestão?

— Nenhum reino fora de Prythian aceitaria por simples gentileza se unir a nós nessas condições — Lorde Dunne murmurou, tirando o tapa-olho e jogando-o por cima da mesa. Havia uma cicatriz que descia de sua sobrancelha para a maçã do rosto, além de costuras em sua pálpebra que mantinha o olho fechado. Ele começou a brincar com as fitas do acessório nervosamente enquanto dizia: —, vão exigir algo em troca.

— Se eu fosse um líder, não arriscaria meu reino por ouro e joias nessa situação — Eris bufou. — Não contra as armas de Beron. Temos que oferecer algo muito melhor do que moedas.

— O que temos de mais precioso é nosso fogo, creio eu — Lorde Nuriel coçou o queixo, olhando de Theo para Eris —, temos o fogo da família Vanserra a nosso favor.

— O que quer dizer? — Eris arqueou as sobrancelhas, confusão em seu rosto por um único momento antes que seus olhos mostrassem esclarecimento.

— Quer propor uma aliança de casamento? — Lucien quis saber, seu olho concentrado em Nuriel. — Acha mesmo que alguém aceitaria entrar nessa guerra por isso?

— Não seria qualquer casamento. A linhagem dos Vanserras é poderosíssima — Lorde Reyes concordou, balançando a cabeça.

— Não posso ajudar com isso — Eris negou, antes de erguer a mão para os lordes, expondo sua aliança de ouro —, já sou casado.

Os lordes mostraram choque, surpresa e espanto.

Jasper bufou.

— Quando ia nos contar isso? — Lorde Jasper franziu o cenho em aborrecimento.

— Não devo satisfação da minha vida pessoal a nenhum de vocês — Eris rebateu. — Seja como for, não podem me oferecer se já estou casado. Creio que teremos que pensar em outro...

— Ela ainda não é casada — Lorde Dunne indicou Theodosia do outro lado da mesa —, ou é?

Agora todos os olhos estavam sob Theo novamente.

Theodosia geralmente gostava de ser o centro das atenções, mas quando estava em um palco, cantando. Não quando estava em um escritório discutindo uma guerra. Era um detalhe que ela deveria aperfeiçoar para ser Grã-Senhora.

Ela umedeceu os lábios antes de abrir um pequeno sorriso e responder: — Não, não sou.

— Exércitos e suprimentos em troca do matrimônio com a Princesinha das Chamas e, agora, da Abençoada por Aletha — Lorde Nuriel soava pensativo, assentindo sozinho —, se as notícias sobre a muralha de fogo se espalharem, haverão reinos fazendo fila para se aliarem a nós em troca da mão da princesa.

— Não vão vender minha irmã como se fosse um burro numa feira — Lucien ralhou, seu olho faiscando.

— Estamos em guerra, herdeiro da Diurna — Lorde Reyes disparou —, e sua irmã é nosso trunfo, nossa única chance de obtermos aliados.

— Podemos enviar cartas agora mesmo para os reinos mais próximos — Jasper sugeriu, ansioso. — Os convidamos para ver a muralha de fogo de perto. Analisamos as propostas e o que cada um tem a oferecer.

— Saori e Elodie, do sul — Lorde Nuriel pensava alto —, talvez Gyo, no leste. Todos tem algo de extrema importância a nos oferecer.

— E certamente temos outra coisa a oferecer além de nossa princesa — Lucien disparou, olhando com indignação para os lordes antes de se voltar para Eris —, diga a eles o quão ridículo isso soa.

Eris umedeceu os lábios, mas não respondeu.

Lucien parecia pronto para soca-lo.

— Devemos agir de maneira estratégica, Senhor Lucien — Nuriel disse com uma voz calma, apaziguadora —, e o poder da Princesa Theodosia é o que temos de mais valioso no momento. Acha que temos alguma outra coisa que convença um rei a nos ceder seus homens?

Lucien se voltou para Theo.

— Diga o quão ridículo é isso.

Theodosia respirou fundo, encarando Lucien por um momento.

Por mais que odiasse a ideia, não era ridículo. Era necessário.

Gostando ou não, Theo era de fato o bem mais precioso da Corte Outonal. E qualquer líder com sede de poder gostaria de tê-la ao seu lado.

Não haviam opções melhores.

Theodosia disse que faria o que fosse necessário para libertar seu povo. Que sacrificaria qualquer coisa. Inclusive ela mesma.

— Theo — Lucien a chamou, tenso, sua voz soando alarmada.

Mas ela se voltou para Eris, séria, ao perguntar: — Qual desses reinos nos daria uma melhor chance na guerra?

Lucien se escorou contra a cadeira, angustiado. Eris o ignorou, pensando na pergunta da irmã.

— Saori, Elodie e Gyo são ótimas opções, como Nuriel pontuou — Eris indicou o lorde. — Vendavour tem as melhores armas e os soldados mais brutais, certamente seriam de grande ajuda, mas dado as atuais circunstâncias...

— Que circunstâncias? — Reyes quis saber com o cenho franzido.

— Longa história, vamos deixar para a próxima reunião — Theo respondeu com um sorrisinho áspero antes de se voltar para Eris —, onde estava?

— Com Vendavour fora da jogada, podemos incluir Lumi — ele sugeriu, dando de ombros —, também fica a poucas semanas daqui e o atual rei é um conquistador.

— Quer trocar um maníaco por outro? — Lucien disparou com nojo na voz afiada.

— Vamos deixar claro para os... pretendentes — Theo pensou bem na escolha da palavra — que o trono está fora de questão. Se eu me tornar Grã-Senhora, nosso aliado não passará de um consorte aqui na Corte Outonal, da mesma forma que eu serei no território dele.

— Não sei se vão gostar dessa condição — Lorde Dunne observou, Theodosia foi quem deu de ombros dessa vez.

— Eu e Eris somos os únicos com direito a esse trono. Ninguém mais — ela respondeu simplista.

— Ainda estamos decidindo se você tem direito — Lorde Dunne resmungou.

— Considerando que a minha mão é a melhor chance de vencermos essa guerra, sugiro que guarde suas provocações para si mesmo — Theodosia respondeu séria dessa vez, a voz firme. — Se até os reis de outros continentes sabem do meu valor, não deve ser muito difícil para o senhor reconhecê-lo também, Lorde Dunne.

Dunne crispou os lábios, formando uma carranca enquanto voltava a usar o tapa-olho, como se pra disfarçar seu mau-humor.

— Vou começar a rascunhar as cartas — Nuriel coçou a garganta, olhando de Theo para Dunne. — Se pensarem em algum outro reino que possa nos ser benéfico, me avisem.

— Eris, ajude o Lorde Nuriel com as cartas e depois me mostrem antes de enviarem — Theodosia pediu ao se levantar, alisando o vestido ainda com respingos de sangue. — Vou fazer uma visitinha ao nosso irmão agora — olhou para Lucien, indicando a porta —, você vem?

— Dispenso — Lucien resmungou ao levantar —, acho que vou para a Corte Diurna checar as coisas. Mas estarei de volta antes do anoitecer, sem falta — ele garantiu, deixando claro que, apesar de seu lar estar em outra corte, parte de sua família estava ali, e ele não os abandonaria.

Theo assentiu antes de mandar um olhar de despedida aos outros lordes e deixar o escritório, Lucien saiu logo atrás dela, junto com três dos outros machos, mas Eris ficou junto de Nuriel para planejarem as cartas.

Ela seguia pelo corredor em direção as escadas, mas percebeu que o irmão permanecia em seu encalço, e perguntou, sem olhá-lo por trás do ombro enquanto subia os degraus: — O que foi, Lulu?

— Theo — ele a alcançou, subindo os degraus com rapidez para ficar à frente da irmã e impedir seu caminho —, tem certeza de que quer fazer isso? Se casar com...

— Fale baixo — Theodosia cortou, os olhos disparando para o corredor ao fim da escadaria. Ela quase se encolheu sob o olhar preocupado e exasperado do irmão. — Não importa o que eu quero.

— Não precisa se vender para vencer essa guerra.

— Não estou me vendendo, Lucien. É só um acordo nupcial com um rei qualquer — ela deu de ombros, como se não fosse nada demais. — Talvez eu tenha minha própria casa e viva separada dele. Talvez seja um idoso de milhares de anos que nem possa consagrar a união. Talvez seja um bonitão.

— Talvez seja um imbecil que não vai amá-la e muito menos fazê-la feliz — Lucien dizia em um tom baixo, as sobrancelhas se franzindo levemente —, não precisa fazer isso.

— Está me dizendo que não faria isso pela Corte Diurna? — Ela rebateu, arqueando as sobrancelhas. — Colocaria suas necessidades acima das do seu lar?

Lucien não respondeu, ele desviou o olho para o chão, tensionando os lábios. Theo deu um sorriso gentil.

— Sabe que faria o mesmo. Não me julgue por fazer o que preciso pelo meu povo, Lucien.

— Não estou te julgando — ele respondeu rapidamente, como se tal possibilidade nunca estivesse em questão —, só não quero que seja infeliz, Theo.

— E eu não vou — a fêmea respondeu ainda com um sorriso, erguendo a mão para o rosto do irmão. Ela estava mentindo, e ele certamente sabia. — Não se preocupe com isso. Vá para a sua corte.

Lucien soltou um suspiro decepcionado, mas assentiu, deixando um beijo na palma da mão da irmã antes de se afastar, descendo as escadas.

— Eu volto logo — ele garantiu.

Theo se virou para trás, assentindo para ele com um pequeno sorriso.

— Vamos fazer o jantar para esses lordes feiosos?

Lucien bufou um riso de escárnio, concordando.

— Vamos encher de pimenta da Outonal.

— Combinado.

Ele sorriu, ainda tristonho, ainda preocupado, mas se voltou em direção a saída para deixar a mansão.

Theo terminou de subir os degraus e suas pernas vacilaram pelo corredor, ela precisou se apoiar contra a parede esquerda, respirando fundo.

Ainda não havia comido desde que deixou Velaris, pela manhã. E sentia suas forças escaparem por seus dedos, se esforçando para manter aquela muralha em chamas.

Ela descansaria, comeria, respiraria ar puro.

Uma outra hora, quando tivesse tempo livre.

Podia jurar que ouvia gritos ao seu redor, que sentia o cheiro de sangue, o gosto, a textura viscosa em suas mãos.

O que estava acontecendo nas outras cortes? Dastan ainda estava na Primaveril, ou tinha partido para outra?

Seu estômago estava embrulhado, mas não havia muito o que liberar, tinha? Mal havia comido.

Ela conteve a bile que queria subir por sua garganta, enxugou o suor frio em sua testa e chegou finalmente a porta do quarto onde Aidan estava sendo mantido.

Haviam dois guardas do lado de fora, e Theo podia sentir a presença de Azriel dentro do cômodo.

Os feéricos não precisaram perguntar quem ela era ou o que estava fazendo ali. A essa altura, todos já sabiam quem Theodosia era.

Eles apenas se afastaram da porta com reverências silenciosas, abrindo passagem para a fêmea. Theo assentiu em agradecimento ao segurar a maçaneta de bronze e gira-la.

A primeira coisa que viu ao entrar no cômodo fora Azriel de pé, as sombras espalhadas pelo quarto, chicoteando o ar, ameaçadoras. O macho era iluminado pela luz que vinha da janela, mas suas sombras pareciam engolir a luz, deixando o local mais escuro, como se o sol não estivesse imponente do lado de fora. Como se não houvesse uma muralha de chamas iluminando Kenneth inteira.

A cama estava feita no canto do quarto, abaixo da janela, mas inutilizada. O armário de madeira adornado de ouro e bronze esta com alguns respingos de sangue.

E então, ali estava seu irmão, sentado e acorrentado em uma cadeira.

Aidan não mantinha contato visual com Azriel, como se a visão o assustasse, como se estar perto do Encantador de Sombras fosse ruim o bastante.

Theo viu o que o illyriano havia feito com seu irmão, como havia o tirado do chão e o levado a beirar a loucura antes de ficar inconsciente.

Como ele tinha feito aquilo?

Theo também viu como as sombras manipularam guardas e como destruíram parte de uma parede de pedras, em Vendavour.

O que estava acontecendo com elas? Como ficaram tão fortes?

— O que conseguiu até agora? — Theodosia se ouviu perguntar com a voz dura, fechando a porta atrás de si. Ela manteve os olhos frios na direção do irmão suado e com o nariz quebrado cheio de sangue.

— Aidan não está colaborando muito — Azriel respondeu com a voz fria e cortante, o tom que usava quando estava trabalhando, quando precisava sujar as mãos.

Aidan bufou uma risada, o som escapando entre seus lábios úmidos de sangue. Ele cuspiu vermelho no chão, perto das botas de Azriel.

— Para alguém que torturou pessoas nos últimos quinhentos anos, não está fazendo um bom trabalho — o macho da Outonal havia um sorrisinho nos lábios.

— O que a arma que Brynjar está construindo pode fazer? — Theodosia perguntou de uma vez.

— Pode derrotar vocês, isso não é óbvio?

Azriel sacou a Reveladora da Verdade, as sombras serpenteando até chegarem em Aidan e contornarem seu rosto, seu pescoço.

O Aidan estremeceu com a sensação, seus olhos tremeluzindo e expondo que estava sim, se sentindo intimidado, apesar de sua intenção de se mostrar superior.

As sombras ergueram a cabeça do macho e o forçaram a focar nos olhos de avelã sombrios de Azriel.

— Seja um irmão decente e dê uma resposta melhor para a sua irmã mais velha — o Encantador de Sombras ordenou com um tom assustadoramente brincalhão, girando a Reveladora da Verdade pelo punhal.

— Sabe como Beron é, maninha — Aidan disse com a voz levemente trêmula, e as sombras permitiram que ele virasse o rosto na direção da ruiva. — Nosso pai não é de compartilhar planos, é? Não, ele apenas nos dá ordens.

— E você as cumpre sem questionar, feito um cachorrinho — Theo cantarolou, abrindo um sorrisinho.

Ela ainda sentia que iria vomitar, ainda sentia o suor grudando em suas costas e no vestido sujo, mas não podia mostrar o quão exausta estava, não para Aidan.

— Pelo menos estou do lado vencedor — Aidan deu de ombros —, não vou acabar em uma cova, como você e seus amiguinhos da Corte Noturna.

— É você quem está amarrado — ela rebateu, arqueando uma sobrancelha.

— Pode até ser, mas é temporário — Aidan estava calmo agora, confiante. Como se soubesse de muito mais do que ela. — Sabe o que vai acontecer com vocês depois que tudo isso acabar?

— Aposto que você vai me contar.

— Beron vai colocar as cabeças dos Grão-Senhores em estacas, primeiro, e vai deixá-las pela floresta ao redor do palácio — ele olhou para Azriel de soslaio, antes de incluir: —, talvez coloque a do meu cunhadinho também, se eu e Dastan pedirmos com jeitinho.

Mais rápido do que Theodosia pôde acompanhar com os olhos, Azriel estava colocando anéis cheios de dentes na mão esquerda e socando o rosto de Aidan.

Foi só quando feridas se abriram pela testa e maçãs do rosto do irmão, quando sangue começou a pingar no chão, que ela percebeu a bolsa de couro escura que estava aos pés de Azriel. Com as ferramentas dele.

Os olhos de Aidan pareciam estar ardendo, avermelhados com dor enquanto sangue escorria por seu queixo, e seu olhar se voltou embebido de ódio para Theodosia.

— Depois de decorar a floresta com as cabeças dos Grão-Senhores, Beron vai montar três mastros bem a frente do palácio. Três mastros, para três traidores.

Ele cuspiu sangue novamente, seus dentes manchados de vermelho foram expostos quando o macho sorriu.

— Você, Lucien e Eris estarão amarrados neles. E então, vão queimar — Aidan se escorou contra a cadeira, inspirando profundamente, depois soltando o ar com satisfação. — Poético, não? Morrer pelo dom que poderia te levar a glória.

Theodosia piscou lentamente, não mostrando emoção alguma para Aidan. Mas ele ainda sorria, como se soubesse que era apenas uma máscara.

— Você e aqueles imbecis não vão passar de poeira, maninha.

Azriel já estava estendendo a mão cheia de anéis mais uma vez, as sombras sufocando Aidan como se fossem correntes feitas de escuridão, mas Theodosia estendeu a mão, mandando o illyriano parar.

Lentamente, as sombras se afastaram de Aidan. Lentamente, Azriel abaixou o braço e guardou o acessório em sua bolsa de couro. Seu olhar continuava mórbido na direção do ruivo.

— Tem alguma informação útil que ajude a poupar sua vida, ou só baboseiras, Aidan? — Theodosia quis saber. — Não tenho o dia todo.

Aidan umedeceu os lábios ensanguentados, dispensando a pergunta com um movimento da cabeça. Ele olhou Azriel por um momento, e soltou uma risadinha.

— Devia se manter mais distante do fogo, Encantador de Sombras — Aidan aconselhou.

— Acho que já provei que você está longe de ser uma ameaça para mim — Azriel respondeu com a voz cruel. Mas Aidan negou com a cabeça.

— Não estou falando de mim — e então, indicou Theodosia com o olhar. — Essa muralha de fogo não foi feita com o seu dom, irmãzinha, e sim com as brincadeiras que Brynjar fazia com você. Você não é Abençoada por Aletha, é uma aberração.

— Azriel — Theodosia o chamou antes mesmo que o Encantador erguesse a mão.

Azriel deu um passo para trás, para perto de Theo, a expressão fatal em seu rosto deixando claro que Aidan só continuava vivo porque ela queria assim. Porque ela estava no comando.

E ela não se importava com as provocações dele. Sabia que Aidan só queria tirá-la do sério.

— Devia tomar mais cuidado ao mexer com o fogo, Encantador de Sombras — Aidan sugeriu, os olhos castanho-avermelhados focados nas mãos marcadas do illyriano. — Todos sabem o que aconteceu da última vez que ficou perto demais das chamas.

Em um momento, Aidan estava sorrindo, as sobrancelhas arqueadas com diversão. No outro, estava sendo socado com tanta força que uma perna da cadeira se quebrou, e ele caiu no chão, deitado de lado, soluçando pela dor.

Agora havia um corte na bochecha direita de Aidan, e o punho de Theo estava dolorido.

— Vamos jantar, Azriel — Theo falou, cobrindo com uma calma sombria a mão ferida —, ele vai parar de fazer piadinhas quando for para a Corte dos Pesadelos.

A última coisa que Theodosia viu ao sair do quarto foi o olhar assustado de Aidan ao imaginar o que seria dele na Corte dos Pesadelos.

[...]

Lucien voltou ao pôr do sol, e quando foi se encontrar com Theodosia, a contou que conversou com todos os cidadãos com fogo no sangue, e todos concordaram em ajudar a manter a muralha acesa.

Soldados -incluindo aqueles que tinham estado sob o domínio de Brynjar-, cidadãos comuns e até mesmo os filhos de Jasper, Nuriel, Reyes e Dunne se dividiram e partiram para as fronteiras de Kenneth, onde a muralha de estendia, revezando horários para a manterem funcionando. Cerca de cinquenta fêmeas e machos.

Não eram feéricos suficientes para manterem o fogo sozinhos, mas o bastante para que Theodosia se sentisse um pouco mais leve, menos sobrecarregada.

Ainda não havia comido, mas mal havia forças para tal. Não sabia se conseguiria segurar um talher sem que a mão tremesse.

Então, pediu que alguém preparasse seu banho, enchendo a banheira de água gelada. Seu corpo permanecia febril e aquela fora a melhor maneira que Theo encontrou de se acalmar de fato.

Depois que conseguiu tirar o sangue seco do cabelo, do pescoço, das unhas, Theodosia vestiu uma camisola dada a ela por uma criada da mansão de Nuriel e se deitou na cama.

Ela precisava comparecer ao jantar, na verdade, tinha combinado de prepará-lo com Lucien. Mas precisava cochilar, por pelo menos dez minutos.

Precisava se deitar e respirar, precisava fechar os olhos e tentar distrair sua mente com qualquer outra coisa que não fosse morte e fogo.

Theo percebeu que, mesmo dormindo, era capaz de manter a muralha em chamas. O ato ainda tirava suas energias, da mesma forma que era quando estava acordada, mas era possível. Era seguro.

Quando Theodosia acordou do que devia ser um cochilo de dez minutos, havia um carrinho de bronze cheio de pães ao lado da cama, torradinhas e café, mas também uma jarra com cerveja, batatas, frutas e água.

Seus olhos confusos desviaram para a janela, onde o sol da manhã crescia e iluminava o quarto com seus feixes. Ela se ergueu na cama com o susto.

— Por que ninguém me acordou para o jantar? — perguntou, sabendo que ele estava em algum lugar do quarto, sentindo.

— Você estava exausta — Azriel respondeu, da poltrona verde a frente da cama. Ele já estava vestindo o seu traje de combate illyriano, e o ferimento em sua testa devido ao ataque da tropa de Aidan já havia sumido. — Acharam melhor que descansasse.

— Eu devia ter estado no jantar — ela insistiu, se ajeitando com calma por baixo dos lençóis, esfregando os olhos com as costas das mãos —, é importante que os lordes me vejam como alguém responsável e...

— Eles te veem como a fêmea que estendeu uma muralha ao redor de Kenneth inteira — Azriel cortou com cuidado, a voz suave —, podem não admitir, mas te respeitam, Theo. Não se preocupe com isso, ao menos não agora.

Ela cutucou o lado interno da bochecha com a língua, tentando se mostrar indignada por não ter sido acordada para o jantar, mas, pela Mãe, ela tinha estado tão esgotada...

— Eu trouxe o jantar e o café da manhã — ele indicou o carrinho ao lado da cama —, precisa se manter muito bem alimentada para continuar tendo forças de manter a muralha.

— Devia ter me acordado mais cedo — Theodosia falou, se virando para pegar a bandeja e a colocar no colo. Partiu um pão ao meio, comeu um pedaço e continuou, após engolir: —, já devíamos ter partido para a Ilha Maldita.

— Theo — Azriel soou impaciente agora —, você está esgotada. Não pode sair daqui nessas condições...

— Está tentando dar uma ordem para a futura Grã-Senhora da Corte Outonal? — ela zombou com as sobrancelhas arqueadas antes de mordiscar o pão uma segunda vez. — Isso pode te trazer problemas, corvinho.

— Você precisa descansar.

— Preciso agir — Theodosia rebateu, cortante —, não posso ficar parada...

— Você está cuidando de uma muralha de fogo, Theodosia, não está parada — ele se levantou, os olhos de avelã alarmados na direção dela.

— Quero ir com você, Azriel. Não estou pedindo permissão. Eu vou com você.

Ele a observou por um momento, como se soubesse que era uma causa perdida, e então, resmungou um palavrão.

Theo soltou um risinho vencedor, mordendo o pão com satisfação. Azriel estreitou os olhos para ela.

— Está bom o pão? — perguntou ele com deboche, cruzando os braços e franzindo o cenho em aborrecimento. Ela assentiu.

— Com gostinho de vitória.

Ele soltou um resmungo, e Theo ainda sorria ao pegar o copo d'água, teve que se segurar para tomar o líquido direito e não acabar cuspindo tudo com uma risada acidental.

Era bom estar sozinha com Azriel, em momentos assim, onde ela podia se lembrar dos velhos tempo, onde ela era apenas Theo, onde ele era apenas Az.

— Como foi a reunião ontem? — ele perguntou.

Theodosia suspirou, lembrando a si mesma que devia esquecer o passado e focar no agora.

Ela não era mais a Princesinha das Chamas, mas tampouco era apenas Theo. Era algo no meio disso.

Uma aberração, como Aidan falou?

Ou, bem, aparentemente, a futura esposa de alguém.

— Já pensamos em como resolver o problema — ela respondeu, dando de ombros antes de pegar uma maçã do carrinho cheio de comidas —, Eris e Nuriel vão cuidar dos detalhes.

— Detalhes do quê?

Theo ergueu os olhos na direção dele, vendo o macho preocupado, realmente sem saber do que se tratava.

Talvez as sombras não o tivessem contado, ou talvez Azriel quisesse dar privacidade à ela.

— Estratégia de guerra, essas coisas — Theo soou desinteressada, tentando contornar o assunto. — Vou terminar de comer e me preparar para partirmos.

Azriel continuou ali, parado de pé ao lado da cama, como se estivesse esperando por mais uma coisa de Theo, como se estivesse esperando que ela o pedisse para ficar ali, enquanto ela comesse. Para fazê-la companhia.

Mas ela não pediu. Theo concentrou sua atenção na maçã em suas mãos, no som de sua mordida.

Azriel já tinha deixado claro que, por algum motivo, eles não podiam ficar juntos. E agora Theodosia tinha adicionado mais um motivo à lista ao aceitar que entregassem sua mão como moeda de troca.

O illyriano foi embora, silencioso como suas sombras, e Theo terminou de comer, ignorando o peso que se formava em seu estômago. Ignorando a exaustão que ainda estava agarrada em sua mente e ossos mesmo após aquelas horas de sono.

Uma criada levou um traje de batalha da Outonal para ela, mas ficaria guardado na bagagem de viagem. Theodosia precisava de roupas diferentes para aquela missão.

Calças e camisa de mangas compridas pretas, um cinto de couro com uma espada presa, o cabelo amarrado em uma trança comprida e botas marrons. Nada gracioso, mas é o que piratas usam na Ilha Maldita.

Mas ela gostou de vestir aquilo, a fez lembrar de como sua vida estava mais simples, na época em que saqueava navios com os Samudras e conhecia lugares diferentes com culturas curiosas e maravilhosas.

E, pelo menos, não estava tendo que usar um chapéu imenso e preto com uma pena vermelha, como Azriel, que estava ridículo, por sinal.

Um pirata com asas certamente seria duvidoso, mas ele conseguiu escondê-las bem por baixo da capa comprida. E, como Azriel era bom em ser uma sombra, quem iria reparar nas asas? Mal saberiam da existência dele lá.

Theo se despediu da família, checou as cartas que Eris e Nuriel fizeram e as aprovou, evitou fazer contato visual com a mãe e, junto de Azriel, atravessou para fora de Prythian, diretamente para a Ilha Maldita.


‧₊˚ Esse foi o capítulo de hoje! O que acharam?

‧₊˚ A fanfic está chegando em um momento que eu planejo desde o início dela com muito cuidado, um dos meus momentos favoritos, e eu estou muito animada para vocês lerem. 🥹

‧₊˚ E, apesar de ter uns momentos felizes pela frente, acho que vai ter desgraça em dobro kkkkkk se preparem.

‧₊˚ Por hoje, é isso! Mas nos vemos em breve. <3

——— F. 10 de dezembro de 2023.

Okumaya devam et

Bunları da Beğeneceksin

752K 22.9K 29
VocΓͺ e sua mΓ£e tinham acabado de se mudar para a casa do seu padrasto e foi entΓ£o que vocΓͺ descobriu que teria um meio-irmΓ£o, vocΓͺ sΓ³ nΓ£o esperava sa...
82K 3.1K 14
-ˋˏ βš”οΈ ∿ π“‚… ⧘⧘⧘ ⌁ π™³π™°π™Άπ™Άπ™΄πš πš†π™Ύπ™Όπ™°π™½ 𝟸 ❝ Uma midgardiana. Conseguiu me atingir em cheio, estou curiosa...
5.2K 401 10
Descendente das Chamas ~❀️‍πŸ”₯🌹 E se Eris nΓ£o fosse o completo monstro que acham que ele Γ©? E se ele tivesse uma filha em segredo das outras cortes...
161K 19.8K 50
Kim Taehyung e Min Yoongi se conheceram ainda na Γ©poca de escola. Taehyung brincava de bonecas e Yoongi o tratava como uma verdadeira princesa. O d...