O Sol estava alto e havia uma iluminação gostosa que pairava sobre o rosto adormecido do ômega iluminando seus fios loiros.
Naruto piscou algumas vezes até que seus olhos azuis brilharam, revelando as enormes safiras. Soltou um longo suspiro. Sentou-se na cama e não pôde evitar que seus pensamentos voltassem há poucos dias atrás, relembrando-o dos acontecimentos.
Suspirou fundo e levou sua mão esquerda ao ventre e um desejo mudo de ter um pequeno ser crescendo ali.
Se levantou e caminhou até o banheiro, onde fez sua higiene matinal e se preparou para descer até o andar inferior com tudo aquilo que a Dona Doninha não havia levado. Deu uma última olhada no espelho e seguiu para fora.
Com o passar dos dias, Naruto sentia-se bem. Sasuke havia feito com que a maioria de suas inseguranças desaparecessem, como se apenas o amor e dedicação do alfa, fossem suficientes para preencher os espaços vazios deixados pela Dona Doninha após furtar-lhe quase tudo.
Ele se encontrava no meio das escadas, quando ouviu as vozes aparentemente estressadas de Sasuke e Eloise.
— Eloise, não tire conclusões precipitadas. Naruto ficou triste, mas meu ômega jamais rejeitaria meu filho! — Naruto ao ouvir aquilo se chocou.
Logo passou pela sua cabeça: provavelmente, Eloise escutou a discussão que teve com Sasuke — não que seus próprios gritos fossem discretos — e resolvera levar Kakashi embora.
Uma onda de culpa invadiu-o ao sentir a dor e a preocupação de seu alfa.
Parece que a Dona Doninha também lhe fez uma visita. Pensou Naruto.
— Je n'en suis pas sûr... (Eu não tenho certeza disso...) — Eloise respondeu. Apesar de Naruto não entender o idioma, teve certeza que a francesa não confiava em si.
— Mas eu tenho certeza absoluta sobre isso! Kakashi vai ficar aqui! Assunto encerrado! — rosnou o alfa que saiu em passos largos.
Naruto não fez menção de se afastar e fingir não ter ouvido nada. Ficou parado enquanto o alfa se aproximava, esperando Sasuke senti-lo.
— Naruto... - o alfa balbuciou surpreso.
— Bom dia Sasuke — o ômega cumprimentou educadamente enquanto descia o restante da escadaria
— Bom dia meu querido, está tudo bem? — fitava os lumes safiras em busca de respostas, mas o loiro apenas suspirou.
— Eloise, podemos conversar? — Sasuke temeu o teor do assunto.
— Quer que eu saia? — perguntou ao loiro atraindo seu olhar.
— Não acho necessário. - o ômega respondeu rápido
— Então ficarei. — retrucou Sasuke. Eloise apenas deu de ombros e esperou
— Eloise, acho que você me entendeu mal, e sei o que te levou a ter essa conclusão sobre mim, mas saiba que não desejo a partida de Kakashi.
— Más también non o queres perto demais no é? — Naruto abriu a boca pra responder, mas foi interrompido pela ômega francesa. — Mi filhote, represienta perigo a você!
— Não fale besteiras Eloise! — disse Sasuke, fazendo Eloise revirar os olhos e Naruto espalmar sua sua mão no peito do alfa, e olhando para ele com complacência, disse:
— Sasuke, por favor me deixe resolver isso, sim? Não quero que interfira agora.
Após isso, o orgulhoso alfa caminhou em direção à porta e saiu da sala. Naruto acompanhou-o com o olhar até que sumisse de vista, sentindo a insatisfação do alfa pelo vínculo em seu pescoço. Voltou seu olhar a ômega de cabelos cacheados.
Um problema de cada vez.
— Sei que minha reação não foi das melhores. Eu não rejeitei Kakashi e jamais, em sã consciência, o farei.
— Mesmo assim, tu non ficou nada feliz. — ressaltou
— Eu tinha acabado de ser agredido, assediado e passado por um cio. Tudo o que eu queria era ser cuidado pelo alfa que havia me deixado para ir à uma viagem. E do nada, quando ele retorna, descubro que ele tem um filho. — falou balançando a cabeça em negação. — Não foi o melhor jeito e nem o melhor momento para eu ter descoberto. — pontuou — E sabemos que estivesse no meu lugar, teria reagido ainda pior. — acusou, fazendo Eloise sorrir abertamente
— Com ciertessa! Eu daria um belo tiro no meu alfa e depois, eu farria como tu fez! — a ômega falou com malícia
— Como eu fiz ? — indagou confuso
— Si! Sentava nele atíê o dia clarrear! — Naruto a olhou abismado
— Por Kami... você ouviu. — o ômega levou a mão na boca, sentindo-se afundar em puro constrangimento
— No tema querido! Non direi a ninguém como és bom ouvires tu gemidos! — falou entre risos altos.
— Céus... — o loiro Uzumaki por sua vez não sabia onde enfiava a cara, estava extremamente envergonhado. E tudo piorava com as risadas de Eloise. — Foco Eloise! — o ômega falou enquanto respirava fundo e Eloise parou de rir para encarar o loiro. — A questão é que eu e Sasuke não queremos que você ou Kakashi partam. Deixe-o ficar, Elo, por favor!
Diante daquele olhar, Eloise foi capaz de sentir brevemente o que Sasuke sentia ao olhar aquele oceano bonito e perigoso. Que sentimento era esse? Era a mais simples e resignada derrota. Não seria capaz de negar nada àquele ômega.
— Tá bien, non o levarei, mas quiero tu palavra que nunca o machucarrá! — Eloise falou firme, mas Naruto estava amparado por sua resiliência, e não se deixou abalar.
— Não sou capaz de machucar um filhote e muito menos ferir meu alfa com uma atitude dessas. — garantiu sem desviar as orbes azuis oceânicas dos olhos minuciosos de Eloise.
— Cuide bién de mi tesouro, Naruto. — pediu com o coração aquecido. No fundo a ômega sabia sobre o enorme amor de Naruto.
— Vou cuidar, Eloise, eu prometo! — Naruto assegurou sem medo nenhum — E torço para que fique também.
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Ao encerrar o assunto com Eloise, Naruto foi em busca de seu alfa.
Na cozinha, encontrou Temari, a nova governanta que sorriu para si.
— Temari, saberia me informar onde está Sasuke?
— Se trancou no escritório, senhor. - o ômega suspirou fundo ao ouvir a resposta da governanta.
— Muito obrigada Temari.
— Deseja levar algo? Senhor Uchiha me pediu que preparasse essa bandeja para você. — Temari mostrou a refeição
Na bandeja havia morangos, mirtilos, café, panquecas, bacon, ovos e chocolate. Era tudo muito tentador. Parecia estar extremamente gostoso. Não havia como fazer desfeita.
— Vou levar sim Temari, obrigada.
Pegou a bandeja e seguiu até o escritório com dificuldade. Diante à porta, bateu e chamou por seu marido que não respondeu.
— Sasuke, abra, por favor!
Pela marca, Naruto sentia a mágoa do alfa, mas não entendia o motivo.
Ele está chateado? Por quê?
Na visão de Naruto, ele estava batalhando por Sasuke ao lutar para que Kakashi ficasse.
— Alfa... — a voz do ômega era apenas uma súplica incerta. Não sabia o que fazer
Os braços do ômega já estavam doloridos, por ficar tanto tempo com a bandeja pesada. E a chateação e indiferença de Sasuke estavam o afetando.
— Meu amor, não me machuque assim. — a voz baixa foi a última tentativa.
Colocou a bandeja no chão. Já não conseguia mais suportar o peso da talharia de prata. Sentou-se no chão e ficou encostado na madeira do batente da porta robusta.
Ele se perguntava o que havia feito para chateá-lo.
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Do lado de dentro do escritório, Sasuke apenas olhava pela enorme janela, enquanto bebia vinho. Estava perdido sabe-se lá aonde; concentrado demais para ouvir qualquer coisa, o que era bom para si, que no momento, desejava ficar só.
Estava lidando com um orgulho ferido. Estava chateado por não conseguir impedir que esse tipo de situação envolvendo Elise e Naruto acontecesse, assim como sentia orgulho por Naruto estar tomando a frente daquilo que diz respeito a ele e sua casa. Mas sentia que havia falhado, pois se ele tivesse dado um jeito em tudo, seu ômega não precisaria estar fazendo isso e poderia estar descansando e passando o tempo com as pernas para cima.
Só que desde que voltou, não conseguiu por ordem total mas coisas, e elas estavam começando a se acumular. Se livrar de Koharu e Homura não foi, e nem seria o suficiente.
Sentia-se vulnerável, havia marcado Naruto e agora a necessidade de protegê-lo nublou sua razão. Estava agindo emocionalmente com base naquilo que achava certo. Esqueceu de procurar fatos; esqueceu de formar um plano, e no seu mundo, agir sem um plano é perigo iminente e ter um ponto fraco visível ao mundo, era morte na certa.
Nesse caso, Sasuke Uchiha já coleciona dois e meio, e já se preparava para mais um. Ainda estava cedo, mas seus instintos o alertavam da gestação inicial pela qual seu ômega estava passando. Não que fosse surpresa, o período fértil do ômega terminou recentemente e Naruto não havia tomado nenhum chá contraceptivo após ele. Engravidar era somente um resultado natural.
Sasuke ficou um bom tempo perdido até sentir uma âncora pesada feita de tristeza o trazer de volta do seu labirinto mental. Deixou a taça de vinho na mesa e começou a analisar seus sentimentos, tristeza, incerteza, abandono…
Não era ele.
Naruto.
Sasuke caminhou em passos largos, seguindo até a porta, onde girou a maçaneta e ao abrir, deparou-se com uma cena deprimente; Naruto estava sentado no chão, com a cabeça baixa, ao seu lado a bandeja que Sasuke mandara preparar mais cedo.
Sasuke se abaixou e aninhou o loirinho em seu peito.
— Meu amor... — a voz do alfa estava carregada em preocupação.
Inexplicavelmente, a temperatura de Naruto estava baixa. Seu corpo tremia, e seus lábios estavam esbranquiçados. Sasuke se apressou e o apertou um pouco mais contra si, tentando aquecê-lo com a temperatura do próprio corpo.
— Perdoe-me. — sussurrou no ouvido em seu ouvido.
Sasuke conseguiu se acalmar depois que, com os seus ouvidos atentos, captaram quando os dentes do ômega pararam de bater.
— Você me odeia? — perguntou de repente.
Sasuke estranhou a pergunta e o encarou indignado.
— Oh, meu querido e amável Naruto... — Sasuke murmurou passando a mão no rosto do loiro. — Nada nessa vida ou em outra faria eu odiar-te!
— Está com raiva de mim? — o ômega indagou entristecido, deixando o coração do alfa minúsculo.
— Não meu amor! — respondeu rápido segurando o rosto do ômega entre suas mãos. — Não sou, e nem seria capaz de sentir algo por você que não seja amor! — declarou com a voz cheia de ternura.
— Desculpa. — soluçou
— Não há necessidade de se desculpar meu amor. — se apressou em falar abraçando Naruto com carinho. — Não suporto ver-te chorar. - as palavras do alfa foram pronunciadas com desespero.
Naruto balançou a cabeça e então disse:
— Kakashi irá ficar. — sussurrou Naruto e Sasuke se afastou para olhar o ômega nos olhos.
— Por mais que negue, sei que isso machuca você, agora eu sinto o quanto isso machuca você. E por isso te agradeço por não rejeitar meu filho. - os olhos negros fervilhavam em gratidão.
— Não sou capaz de rejeitar uma criança dessa forma, principalmente quando essa criança é seu filho. Minha rejeição à ele machucaria você. E eu te amo demais para fazer algo assim. — confessou o loiro
Naruto segurou entre suas mãos o rosto de Sasuke, fazendo-o encarar seus olhos. Desceu lentamente as mãos até seus ombros, sentindo a textura da camisa branca que ele usava. Deixou um selar de lábios em seu bochecha, e descendo para o seu pescoço, antes de deixar um beijo lá, disse:
— Amo-lhe demais, Sharingan.
Assim que aquele apelido saiu da boca de Naruto, Sasuke não se aguentou. Pegou o ômega em seus braços e o sentou em sua mesa, jogando alguns vários papéis no chão.
Ao ouvir os risinhos de Naruto em resultado à sua ação, deixou de lado a pena que sentia pelo futuro das pernas do amado.
E em cima daquela bela mesa de escritório, tomou tudo o que seu ômega podia oferecer e ainda se arriscou em pegar um pouco mais.
Sem pudor algum, Sasuke reivindicou novamente o ômega loiro.
Bye bye, Dona Doninha e olá, Don Pilantragem!
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Capítulo revisado, porém pode conter erros.
Revisão e capa de minha querida Lyana138.