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Boa leitura.
POV FREEN
Não sei quanto tempo estou nesse banheiro, estou imóvel, não consigo me mexer, É como se eu tivesse presa em uma realidade alternativa, e nessa realidade só existe eu e meus pensamentos, as minhas dores físicas, nem se comparam as minhas dores emocionais, eu me sinto culpada, me sinto um lixo, fraca, com vergonha, cansada, na verdade eu tô exausta. Por que eu não fui capaz de me livrar disso?
Eu sinto que estou com uma ferida em carne viva, que essa ferida vai demorar muito para cicatrizar e quando ela cicatrizar, aquela marca ainda vai ficar aqui para me lembrar dessa dor. Eu pensei em mil porquês dele ter feito isso comigo, eu sou tão desprezível assim? No começo eu enxergava Kirk como um amigo, mais a pessoa que eu vi hoje, era um completo desconhecido, louco por um pedaço de carne, que não via um palmo à frente de seu próprio prazer, ele me feriu de todas as formas possíveis que um homem pode ferir uma mulher, se a intenção dele era me derrubar, ele conseguiu, eu que sempre busquei soluções para tudo, agora não consigo me levantar do chão.
Até que uma voz me trouxe de volta para a realidade, foi como se Becky tivesse me jogado uma corda quando eu estava me afogando, relembrar os momentos com ela me fez pegar na corda e volta a superfície. Quando eu percebi ela tinha me coberto com uma toalha e estava abraçada comigo, ela me apertava como se eu fosse escorregar algum momento, ela não fez perguntas, apenas me ajudou levantar e me vestir. Eu ainda me sentia perdida, porém um pouco aliviada por ser ela ali comigo, me levando para algum lugar, eu não lembro de muita coisa só que eu acordei na cama do apartamento dela.
-Não precisava ficar aí (Eu a olhava sentada em uma cadeira ao lado da cama, aparentemente ela me olhava dormir)
-Você acordou…(Ela se levanta e se aproxima com cuidado de mim) precisa comer um pouco agora tá?... (Becky fazia carícias no meu rosto)
-Eu.. não tô com fome Becky (Falo olhando um ponto qualquer no quarto)
-Freen…
-Você pode me deixar um pouco sozinha? (Volto a olhar para ela)
-Tá… Mas por favor lembre-se que eu estou aqui sempre, para o que você precisar..
-Eu sei…
Ela se levanta e sai do quarto mesmo contrariada.
POV BECKY
Eu não queria sair de perto dela, mas eu não sei o que se passa na cabeça dela nesse momento, então preferi não contrariar, e dar o tempo que ela precisa. Ouço a campainha tocar várias vezes e abro.
-Becky, o que aconteceu com a minha irmã?? Cadê a Freen? (Yuki entra e eu fecho a porta) Eu vim assim que você me ligou.. (Ela joga a mochila no sofá e me encara preocupada)
-Yuki… por favor senta aí (Me sento primeiro)
-Becky está me deixando preocupada caramba… fala logo. (Ela se senta ao meu lado)
-Olha eu nem sei como falar isso.. (Respiro fundo)
-Pelo amor de Deus fala, a Freen tá bem não tá?
-Yuki eu não vejo um jeito mais "fácil" de dizer isso… a sua irmã.. a Freen, foi violentada..
-O QUÊ? (Vejo Yuki ficar pálida) c-como assim Becky?... Por quem?..
-Olha eu vou te contar tudo o que vi quando encontrei a Freen…
Conto tudo para Yuki, ela me ouvia atentamente.
-Foi aquele desgraçado, filho da puta.. (Ela andava de um lado para outro na sala) Minha vontade é de ir naquela empresa agora mesmo e.. (Interrompi ela)
-A minha também Yuki, ou você pensa que eu não pensei em largar tudo e ir? Mais eu não posso simplesmente chegar lá e bater nele como da última vez, dessa vez não é tão simples e eu também não posso ir lá com a polícia porque temos que abrir uma queixa primeiro, só que a Freen não está em condições nenhuma de ir na delegacia agora, Yuki ela não come, quase não fala, eu já tentei de tudo..
-(Yuki coloca as mãos na cabeça) Meu deus.. a minha mãe não para de me ligar preocupada, só que eu também não sabia o que estava acontecendo. Becky eu vou na mansão buscar algumas coisas da Freen e trago a minha mãe pra tentarmos nos três falar com ela..
-Tá… Enquanto você vai lá eu vou tentar fazer ela comer de novo..
Assim que Yuki sai, eu bato na porta do quarto pedindo a Freen para entrar, entro no quarto e me sento do lado dela na cama onde ela estava encolhida.
-Amor?.. (Vê ela dessa forma me deixa acabada)
-Eu tô bem…
-Você tá longe de estar bem freen…(Abaixo a cabeça) Mais como eu disse eu não vou sair do seu lado, você não precisa falar nada agora.. eu só quero que você coma um pouco meu amor, é sério eu estou muito preocupada (Ela finalmente olhou para mim) Por favor vamos comer, sair um pouquinho desse quarto.. por mim..
-Você não vai desistir né? (Ela força um sorriso pequeno)
-Não mesmo. (Me levanto e estendo a mão para ela) vamos?
Ela pega a minha mão e saímos do quarto, Freen se senta na mesa enquanto eu pego o prato dela na cozinha e sirvo risoto para ela, Yuki me contou que ela gostava muito então resolvi pedir para incentivá-la a comer. Depois de um tempo ela comeu umas 4 colheres, eu não queria ficar forçando, já era um começo, nos sentamos no sofá e agora eu sabia que tinha que conversar com ela.
-Freen.. (me viro de frente para ela) a Yuki e a sua mãe estão vindo para cá, eu sei que tudo isso é muito dolorido para você, mas precisamos conversar.. você entende?
-(Ela fica em silêncio alguns segundos) Eu… sei que precisamos, eu vou tentar..
Quando eu iria responder a campainha toca, me levanto e vou atender, dona Nun passou por mim feito um tiro indo em direção ao sofá e Yuki entrou logo em seguida com uma mala provavelmente são algumas coisas da Freen.
-Minha filhaa(A mais velha chorava muito e passava as mãos no rosto de Freen) Me perdoa, por favor me perdoa Freen, se eu não tivesse saído, se eu tivesse ficado em casa talvez…
-Mãe.. escuta..(Freen tentava acalmá-la) Não foi sua culpa.. (Agora Freen começava chorar também junto com dona Nun)
Eu e Yuki nos sentamos ao lado delas, tentando acalmar ambas.
-Freen, estamos aqui por você (Pego na mão dela)
-E-eu vou contar (Sua voz falhava) é.. o Kirk já tinha me agredido mãe (A mãe de Freen chorava cada vez mais) ontem e-ele chegou e eu já estava deitada, ele começou me tocar, eu pedi pra ele sair do quarto, ele não me ouvia, começou a ficar por cima da mim (Ela fez uma pausa para limpar as lágrimas) me segurou a força, eu queria sair mais eu não consegui (O choro se intensificou) ele tirou suas roupas e r-rasgou o meu pijama, eu disse não Becky, eu vou juro que eu disse não (Ela me olhava como se eu fosse culpa-la)
-Eu sei meu amor, eu sei (Me ajoelho na frente dela e limpo suas lágrimas olhando em seus olhos) olha aqui, você não tem culpa! Você é a vítima Freen.
-Não fala mais nada filha… (Dona Nun toma Freen em seus braços)
-Nós vamos ser a sua força Freen! (Yuki fala se juntando ao abraço e eu faço o mesmo)
[...]
Meu celular toca, eu pego o mesmo e atendo.
-Becky, estou aqui embaixo no endereço que você me deu.
-Tô descendo!
Desligo a ligação, aviso elas que tenho que descer rapidinho e saio do apartamento pegando o elevador.
-Richieee (Corro e abraço o meu irmão)
-Becky (Ele retribui o abraço)
-(Saímos do abraço) Muito obrigado, por ter atendido o meu pedido..
-Rebecca eu só espero que você esteja sendo quase presa pra me fazer sair de Londres pra vir para a Tailândia e ainda pegar o jatinho do papai sem que ele saiba.
-Cadê o Marcel?
-Oii prima (Marcel sai do carro e fica ao nosso lado)
-Ótimo você veio, vem vamos subir, no caminho eu explico tudo (Encaminho eles para entrar no apartamento)
Subimos para o meu andar e logo abro a porta, entramos, Freen, Yuki e Nun ainda estavam no sofá conversando.
-Gente.. (Chamo a atenção delas e nos aproximamos) Eu trouxe o meu irmão Richie e o meu primo Marcel..
Todos se comprimentam e logo todos se sentam na sala.
-Freen eu trouxe o meu irmão porque ele é um ótimo advogado criminalista, ele pode cuidar de tudo… E o Marcel é um excelente advogado empresarial..
Freen olhava com uma expressão triste mas prestava atenção em tudo que falávamos.
-Freen (Richie fala) Eu sei que é momento muito difícil para você agora, mas eu preciso que você entenda que o que aconteceu com você é um crime gravíssimo, a pena para o est*pro marital é até maior, eu posso adiantar a prisão do Kirk, mas eu não posso manter ele lá por muito tempo se você não prestar depoimento e fazer o exame físico…
-Eu vou ter… eu não sei se consigo..
-Amor (Seguro as mãos dela) Eu vou estar com você o tempo todo, o que aconteceu com você não pode ficar impune.. entende?
-(Ela assente e aperta as minhas mãos) Tá, eu vou!
-Freen, becky tomou a liberdade de me explicar sobre a sua empresa e suas desconfianças, como o Kirk vai ser preso agora, eu posso tomar conta das suas ações enquanto você se recupera e investigar se há alguma ilegalidade na empresa por parte dele, isso pode até ser adicionado como mais uma acusação sob ele. Eu só preciso de carta branca, isso depende de você (Marcel fala e Freen assente)
-Bom (Richie se levanta) Eu vou cuidar agora mesmo para que ele seja levado para a delegacia, mas vocês tem que ir no máximo daqui 1 hora pra lá também. Becky me passa o endereço da empresa.
[...]
POV KIRK
-Não te vi no clube esse final de semana Kirk, onde estava? (Nop fala enquanto conversamos na minha sala)
-Passei o final de semana com a nita, estava precisando relaxar (Coloco os pés em cima da mesa)
-Não está preocupado com o seu casamento? Pelo que eu sei está indo por água abaixo.
-Aí é que você se engana, essa noite até tirei o meu atraso com a Freen (Abro um sorriso de lado)
-Quê, achei que a Freen tinha te pedido divórcio..
-Freen não tem que ter opinião Nop, o que ela acha ou o que ela quer, não me interessa, eu só quero ela quietinha pra mim quando eu chegar em casa..
Nesse momento a secretária entra assustada seguida se dois policiais com um papel em mãos, tiro os pés da mesa na hora.
-Desculpe senhor Kirk, eles foram entrando (Ela fala afobada)
-Kirk Adulyadej, você está preso por estupro.
-O QUÊ? (Me levanto assustado)
-Você tem o direito de permanecer calado (Um deles vem em minha direção e me algema) Tudo que disser pode ser usado contra você depois. (Me empurra até a porta)
-O quê vocês estão fazendo? Estão malucos??? Me soltemmm, vocês não sabem com quem estão lidando!! (Tento me soltar).
[...]
POV RICHIE
Já na delegacia, Freen já tinha dado o seu depoimento, confesso que não cuidei de muitos casos de abuso sexual mas o depoimento dela foi muito forte, me faz repugnar ainda mais homens assim, Becky ficou o tempo todo ao lado dela, só não pode entrar na hora do depoimento.
-Freen está na hora do exame físico (Acompanho elas no corredor)
-Amor (Becky abraça Freen) Eu não posso entrar com você lá mais eu vou estar bem aqui tá? Eu não vou sair daqui.
-Tá (Elas desfazem o abraço e uma policial acompanha Freen até a sala)
-Ele já está aqui na cela temporária e também já foi ouvido (Falo com Becky no corredor que esperava freen sair do exame) Você fica aqui, vou solicitar falar com o marginal.
-Richie (Minha irmã segura no meu braço e me olha profundamente nos olhos) Eu quero ele definhando aqui dentro até o seu último dia!
Apenas confirmo com a cabeça e vou falar com o delegado.
-Isso não é um pedido apropriado advogado.
-Eu insisto delegado, não é nada demais, tenho umas coisas a direcionar a ele, tenho certeza que o senhor não vai me negar isso. (O olho)
-Seja breve.
[...]
Eu estava sentado na sala de visitas enquanto esperava, a porta se abre e o homem alto, magro, entra algemado ainda de terno.
-Gostou da pulseira? É a última moda entre os criminosos (Falo ainda sentado esperando ele se aproximar da mesa, ele me olhava desconfiado)
-Quem é você?
-Ah certo (Abro um sorriso debochado) Eu não me apresentei, que falta de educação minha, sou Richard Armstrong mais conhecido como o cara que vai fazer você apodrecer aqui dentro (Abro os braços me exibindo)
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