STALKER

By Verzanni120815

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🔥CONTÉM GATILHOS ☠️ DARK ROMANCE 🔥☠️* ⚠️Atenção: Aqui só tem 12 capítulos de STALKER. 🔥LIVRO COMPLETO NA A... More

1 - O CASAMENTO
3 - UM PORTO SEGURO
4 - A SOLITUDE
5 - A FOTÓGRAFA
A INCÓGNITA
7 - A GAROTA DA LIVRARIA
8 - O CONFRONTO
9 - AUSÊNCIA
10 - A STALKER
11 - FELIZ ANIVERSÁRIO
12 - O NÚMERO 19

2 - A SOBREVIVENTE

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By Verzanni120815

Sobrevivi ao dia pós-casamento.
Achei que não fosse suportar, mas cá estou eu. De ressaca obviamente, mas viva e quase intacta exceto pelo chão que machuca a minha pele. 

Me levanto e procuro pelo banheiro mais próximo. Acendo a luz baixa apoiando minhas mãos na bancada de pedra de ônix branca, acesa por uma luz de led embaixo.

Pias duplas para uma só pessoa, chuveiros duplos em um só box, quatro banheiros, sendo duas suítes e um quarto para hóspedes.  Um escritório no andar de cima onde ficam os quartos e uma sala com quase duzentos metros quadrados contando com a cozinha integrada com o conceito aberto, é claro. Uma área gourmet de última geração e uma piscina que eu nunca fiz questão de molhar nem a ponta dos pés.

Ok, não posso reclamar da minha vida financeira e nem das pias duplas porque em breve, muito em breve a pia sem dono, terá um dono.

Em breve essa casa vai estar animada com a figura masculina perfeita desfilando por ela. Meu vizinho virá. Eu sei que ele vai passar mais tempo aqui do que eu lá na casa dele porque aqui foi planejado para duas pessoas, então é bem óbvio.

A questão é que ainda não tivemos a oportunidade de nos conhecer, mas vai acontecer.
Tiro a roupa e entro embaixo do chuveiro.

A água está quente. Fecho os olhos imaginando o corpo do meu vizinho suado do pós-treino e me toco pensando nele. Meus gemidos ecoam por todo o banheiro quando grito o nome dele. Depois de recuperar a minha respiração, deixo o jato da água molhar meus cabelos.

Passo o sabonete líquido de amora no corpo.

Gosto do cheiro das amoras.
Amoras têm personalidade. Não gosto do formato que elas têm porque odeio o fato da minha fruta preferida ter vários caroços em sua superfície, mas o sabor e o cheiro me ganham. Tudo a minha volta, tem cheiro de amora. Meu perfume, meu hidratante corporal, minha linha de shampoo, minha loção de banho, o umidificador de ar, meus lençóis cheiram a amora, minhas roupas… Sou um pouco extremista quando gosto de uma coisa. É assim que sou.

Acabo meu banho, subo as escadas para o primeiro andar. Estou completamente nua. A  água escorre pelo o meu corpo e molha os degraus. Entro no meu quarto em busca de roupas.

Escolho uma roupa confortável. Não gosto de ostentação, não gosto de grifes, não ligo para jóias, tampouco para bens materiais. Meu estilo é casual.

Não estou nem um pouco animada sabendo que James está fodendo nas ilhas Maldivas com aquela vadia-platinada-ladra de homens comprometidos, enquanto eu estou congelando nesse frio de Chicago e ainda virgem.

Está fazendo 10°C hoje.

Pego a chave do Volvo e vou para a garagem.
Entro no meu carro e aperto o botão do controle para abrir a porta da garagem que sobe lentamente me fazendo odiá-la por isso.

Estou com pressa!
Mesmo que eu não faça muita coisa na livraria, ao menos me distraio.

Ligo o rádio do carro para ouvir o noticiário enquanto o carro desliza pela estrada úmida e asfaltada.

“A morte do Senador Robert Reymond ainda é um mistério. Ele foi encontrado morto em seu quarto na madrugada desta segunda-feira.
A polícia ainda investiga o motivo do assassinato.
Segundo os vizinhos, não ouviram nada e nenhum suspeito foi visto entrando ou saindo da sua residência ontem a noite exceto duas prostitutas.
O senador foi morto a tiros por volta das duas da manhã.
As garotas de programa afirmam que o assassino é um homem encapuzado que entrou no quarto e o matou a tiros.”

Por idiotice minha, cheguei meia hora atrasada já que esqueci que eu tinha outras prioridades além de chorar e beber por um macho escroto. Estaciono em frente a minha livraria e saio do carro segurando o meu celular.

Graças a Deus, a Clair já está aqui.
Odeio quando ela se atrasa e eu tenho que abrir a loja por culpa do atraso dela.
Eu gosto da Clair, mas ela falha muito como funcionária, porém, engulo a sua falta de responsabilidade porque sei que ela realmente precisa trabalhar.

Ao contrário de mim, que tive a sorte de ter pais bem-sucedidos, ela vive o oposto disso. Apesar de eu não usufruir de absolutamente nenhum centavo dos meus pais, sei que na hora que eu precisar, terei se pedir.

Ela tem um filho de apenas dois anos, paga aluguel e é mãe solo. Então eu não seria capaz de botá-la para fora, mesmo que ela seja péssima no que faz.
Mesmo que ela não entenda quase nada de literatura.

Olho para a minha pequena livraria do outro lado da rua. Meu pequeno refúgio diário. Meu "ganha pão".

Portas de vidro, um janelão também de vidro na frente ao lado da porta, uma fachada na cor bege com o nome ‘BOOKS LOVERS’ na cor terrosa e daqui de fora, posso ver o quão bem iluminado é lá dentro. É possível ver tudo com clareza.
A grande mesa redonda de um oitenta centímetros de altura no meio do ambiente. Os livros mais vendidos ficam nela. As prateleiras altas de canto nas paredes, e mais e mais prateleiras recheadas de livros.

Mais ao fundo, o meu balcão de madeira clara, e um cantinho reservado para os leitores e autores, decorado com um sofá para duas pessoas, e duas poltronas giratórias; tudo na cor bege.

Daqui eu posso ver a Clair limpando o balcão. Ela está distraída com a cabeça baixa. Seus cabelos vermelho-cereja estão presos num coque alto e ela está usando o batom preto que a faz parecer uma vampira de um filme de terror. Ainda não consegui definir seu estilo, talvez seja gótico. O batom preto não fica legal nos lábios dela, já que destacam ainda mais o preto dos seus olhos e o branco da sua pele, o que realmente me remete a uma vampira. Não gosto muito de filmes de vampiros, mas Clair seria a vampira que eu  gostaria de levar para a vida. Uma vampira baixinha, magrinha, desastrada e muito desinformada que mal concluiu o ensino médio. Mãe solo aos vinte anos.

Sorrio me desfazendo do meu pensamento idiota.

Puxo o ar frio para dentro dos meus pulmões e atravesso a rua caminhando em direção às portas de vidro.
Certeza que hoje vai ser um longo dia.
Se ao menos meu vizinho viesse aqui me fazer uma visita… mas ele não é do tipo que ler um livro.

Empurro a porta, mas não viro a plaquinha pendurada do lado de dentro com o nome ‘FECHADO’ na frente.

Antes de abrir, temos que organizar as prateleiras vazias com os livros novos que chegaram ontem.
Clair ainda está distraída limpando o balcão com os fones grudados nos ouvidos, e de quebra, cantando desafinado. 

Pelo pouco que eu entendo, ela está cantando a música Roar de Katy Perry.
Me aproximo dela, mas ela sequer nota a minha presença.

Pessoas distraídas no trabalho me tiram do sério facilmente. 
Encosto no balcão e bato forte com uma mão sob a madeira fazendo um estalo alto.
Ela joga o corpo para trás me olhando com terror no rosto.
Sua cara assustada me faz rir.

— Bom dia, Clair! — Esboço um sorriso e ela leva a mão ao peito para se acalmar.
Posso vê-la ofegar.

— Não faz isso, Amber! Odeio quando você chega sorrateira feito um gato. — Recuperando sua expressão normal, ela guarda os fones laranja-neon na caixinha com a cara emburrada. A sombra preta em seus olhos parece ter sido esfumada com os dedos e borrada propositalmente.

— Acredite, a última coisa que me passou pela cabeça foi te assustar. A questão é que você estava distraída ouvindo música no volume máximo outra vez.
Ela odeia quando a repreendo, mas ela deveria beijar meus pés por aguentar seus constantes vacilos no local de trabalho.

— Eu não acredito em você. Você ama me assustar.
Ela não mentiu.

— Tem razão, amo mesmo, mas hoje não foi proposital.

O que será que Elliott está fazendo agora?

— Rum! Seu balcão já está limpo e higienizado. Agora vou organizar os livros que chegaram sábado.
Com certeza deve está trabalhando com a cara enfiada em seu notebook.

— Maravilha.

Ela sai de trás do balcão e passa por mim. Por um instante reparo no que ela está vestindo.
Calça jeans preta, sapatos cor de vinho, a blusa cor terrosa com o logo da livraria e um moletom preto por cima. Acho que ela é gótica mesmo. Uma gótica que ouve Katy Perry? Tá certo isso?

Ligo o computador e me sento para ler os inúmeros e-mails perdidos de semanas atrás de fornecedores dos livros daqui. Já que hoje eu preciso me distrair, vou ler um por um e responder a todos.
Ou pelo menos quase todos. Passo horas encarando a tela do computador. É meio exaustivo e tedioso.

— Amber, você viu a caixa com os livros do Stephen King?

A voz dela rouba minha atenção.

— Qual deles? — Me pergunto se ela ao menos tem noção de que o King já escreveu mais de sessenta exemplares. Ela nem sabe quem ele é, como saberia disso se nem gosta de ler?

— Aquele com um palhaço na capa.
Balanço a cabeça em negativo. Ela está se referindo ao livro It: A Coisa.

— Meu Deus, Clair... como uma pessoa que trabalha numa livraria não sabe o título de um dos best-sellers mais vendidos daqui?

— Esquece! Encontrei!
Sorrio olhando para ela que está na ponta dos pés tentando alcançar a prateleira de cima onde ficam as caixas com os livros.

— Por que você não usa a escada? Quer ajuda? Essas caixas são pesadas.

— Não… preci…sa. Eu já… estou quase… alcan…çando. — Ela fala com dificuldade enquanto tenta puxar a caixa para mais perto da sua mão.

Ela se estica ao máximo até trazer a caixa para mais perto.

Isso não vai dar certo.

— Clair, espera. Eu vou pegar a escada.

— Não precisa. — Diz Insiste.
Ela puxa mais um pouco, até que acontece o que eu imaginei. A caixa vira por cima dela, mas ela é mais rápida e desvia dando espaço para a caixa se esparramar no chão espalhando todos os livros embalados com o plástico.

— Droga! Puta merda! Desculpe, Amber.
Saio de trás do balcão e corro para perto dela.

— Se machucou?
Sua mão coça a cabeça, e seus olhos estão cheios de constrangimento.

— Não, mas os livros sim.

— Os livros estão bem. Deixa eu ajudar, sua teimosa.

Me abaixo e vou entregando os livros um a um para ela que vai arrumando nas prateleiras.

Pelo menos me distraio da lacuna em branco de hoje.

— E aí? Vai Stalkear o gostosão hoje?

— Estou pensando seriamente a respeito, mas não seja tão agressiva com as palavras, não sou stalker de ninguém. — Eu sei que sou, mas não gosto desta palavra. Me sinto uma criminosa obsessiva quando me chamam assim. — Sou apenas uma observadora. Apenas isso.

Erguendo a cabeça, ela me olha com a mesma cara que a minha mãe fazia quando eu dizia que não queria administrar os negócios da família.

— Sei… uma observadora que sabe até a quantidade de vezes que ele vai ao banheiro.

Certo, é verdade, mas deve haver uma justificativa para isso. Não posso perder os argumentos. E então me lembro das janelas de vidro.

— Mas isso qualquer um sabe, basta olhar através das imensas janelas e paredes de vidro dele. Para uma pessoa tão reservada, ele deveria prezar pela privacidade.

—  É que ele não sabe que tem uma stalker, Amber. Você não tem medo de observá-lo? Medo dele te pegar?
Eu adoraria que ele me “pegasse” de jeito, com força e contra a parede de preferência.  Duas socadas, e eu viraria manteiga naqueles braços que ele tanto malha.

Solto um pigarro antes de falar mantendo minha voz passiva.

— Não tenho medo dele. Eu gosto. A vida dele se parece com a minha. Gosto de acompanhar um pouco da sua rotina. Ele costuma acordar às seis da manhã. Nunca mais tarde que isso, às vezes mais cedo, mas por via das dúvidas, acordo às quatro para não perder minha parte favorita do dia dele: exercício físico.

— Então você faz isso todos os dias?

— Faço — confesso.  

— Por que, Amber?

Dou de ombros. Não me importo com a reação de horror na cara dela.
— Eu gosto de observá-lo.

— E quanto ao James?

— Ele… é passado. — Minto.

—Está tranquila com o casamento dele?

— Sim. — Minto mais uma vez. Estou ficando boa nisso. A verdade é dolorosa demais. A mentira é fácil.

— O que te atrai nesse seu vizinho tão encantador? Ele te faz lembrar do James?

— Não, não. Ele é o oposto, e talvez seja isso que me fascine nele. James é… você sabe… James.

— Acha esse comportamento normal?

—Acho. Todo mundo olha a vida de todo mundo desde os primórdios da humanidade,  a questão é que nem todos contam. — Falo convicta.

Ela me olha com…
O que é isso nos olhos dela?
Repulsa?

— Não acho que isso seja normal, Amber.

— Por acaso se formou em psicologia? Faça-me um favor! Você se expõe todos os dias nos storys do seu Instagram! As pessoas observam a sua vida, sabia? E você também olha a vida delas.

— Mas elas sabem disso, Amber! O seu caso é diferente, é perigoso porque ele não sabe que está sendo vigiado. Existe uma gigantesca diferença. Eu não teria coragem de fazer o que você faz.

Dou de ombros esboçando um sorriso audacioso.

— Mas eu tenho coragem por você.
Ela faz que não.

— Não consigo te imaginar vigiando ele com os binóculos que você disse que comprou. É hilário demais.

Sorrio concordando com ela.

— Isso me fez lembrar da semana passada. Eu estava tão distraída babando por ele enquanto ele treinava, que ele acabou me vendo o espionando com os benditos binóculos. Ele estava fazendo abdominais sem camisa e minha nossa… Gostoso nível hard, Clair! Enfim, ele estava lá, subindo e descendo o tronco e de repente, do nada virou o rosto em direção a minha janela e “Pam!” Foi vergonha na certa. Mas valeu a pena porque logo em seguida, dormi tranquilinha pensando nele.

Meu sorriso é maligno.

Ela me olha horrorizada.

— Deus me defenda! Você é a mulher mais louca que eu já conheci.

— Você diz isso porque não viu o quanto ele é lindo. É sério, você precisa ver, juro que não estou exagerando.

— Não, eu não preciso ver nada, obrigada. Já tenho traumas o suficiente de homens. O último com quem dormi, me deu o Nicholai de presente; não que o meu filho seja uma coisa ruim, muito pelo contrário, mas você sabe das minhas dificuldades para criá-lo. Enfim… mas é sério que ele te viu?

— Muito sério. Ele olhou bem na minha direção. Joguei o binóculo para longe e fiquei pasma olhando para ele. E pra falar a verdade, quase tive um infarto de tanto medo, mas acho que ele não chegou a ver o binóculo. Viu-me com toda certeza, mas acredito que não viu o binóculo porque  fui rápida. E se não chegou nenhum policial na minha porta, significa que está tudo bem. Acredito que ele não se incomode de que uma jovem e solitária garota, goste de vê-lo treinar.

Seus olhos me reprovam.

— Você vai acabar morrendo, Amber.

— Não é assim que acaba pra todo mundo? O fim de todos nós é a morte. E pelo pouco de literatura que conheço, as melhores histórias são aquelas que alguém morre Clair. Agora pára com esse drama desnecessário e vamos terminar de arrumar esses livros nas prateleiras porque temos que abrir a loja.

— A senhora manda, chefinha.

Ela desfila e pega mais caixas para abrir e organizar os exemplares.

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