𝐃𝐞𝐬𝐞𝐧𝐜𝐨𝐧𝐭𝐫𝐨𝐬 | 𝙱...

By aPandora02

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Conseguir um emprego como faxineira no maior centro executivo de direção da S.H.I.E.L.D. foi a luz no fim do... More

❗Importante❗
~ Personagens ~
1 - Alpine
2 - Socializar
3 - Traidor Entre Nós
4 - Invasão
5 - Socorro
6 - Confia Em Mim?
7 - Rodovia (Parte 1)
8 - Rodovia (Parte 2)
9 - Companheiro Caído
10 - Lado Errado
11 - Eu Sou Daiana...
(Parte 2) 1 - O Pacto
2 - Passado E Futuro
3 - Suspeitos
4 - O que aconteceu?
5 - Sujeito Mascarado
6 - Sacrifícios
7 - Dallas
8 - Visita Ao Pesadelo
9 - Ruínas De Um Homem
10 - Viva Por Mim
(Parte 3) 1 - O Que Acontece Depois
2 - Seguir Ou Não Seguir?
3 - Em Frente
4 - O Que Você Omite?
5 - O Passado Sempre Volta
6 - Bons Amigos
7 - Um Novo Capitão América
8 - Digno
9 - Um Símbolo Ou Um Objeto?
10 - Um Quase
11 - Super-Soldados
12 - Convite
13 - Jantar
14 - Ameaça
15 - Ordens
16 - Zemo
17 - Madripoor
18 - Princess Bar
19 - Respira, Expira
20 - Brownie
21 - Certo ou Errado?
22 - Abra Os Olhos
23 - Dog Tag
24 - Crianças
25 - Pessoas Confusas
27 - Não
28 - Sem Fôlego
29 - Medo
30 - Silêncio
31 - Dor
32 - Liberdade
33 - Planos

26 - Ponto Fraco

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By aPandora02

"Quem vai lutar pelo o que é certo?

Quem vai nos ajudar a sobreviver?

Nós estamos na luta por nossas vidas

(E nós não estamos prontos para morrer)"

(Hero - Skillet)

A estrutura do que parecia ser uma grande fábrica ou depósito abandonado estava degradada. Era visível as largas rachaduras nas paredes dos corredores pelos quais passaram, a tinta desgastada e a camada de poeira sobre os móveis, apesar da bagunça denunciar que muitas pessoas viviam alí. Em silencio, apesar de desconfiados, seguiram a menina loira de aproximados 12 anos de idade que os guiava, até que esta abriu uma porta e calada apontou para uma escada antes de seguir caminhando.

Viram pessoas andando de um lado para o outro no cômodo recém revelado a eles e por isso se deteram no lugar.

— Karli deve estar lá dentro — Zemo avisou aos outros em tom baixo para não serem ouvidos e sua chegada à líder dos Apátridas revelada antes do tempo.

Trocando um olhar com Sam, Daiana assentiu e os dois em silencio se afastaram dos outros e seguiram o caminho apontado pela menina. Era um risco que estavam correndo, mas precisavam fazer isso.

— Aí — ouviram John os chamando assim que alcançaram a porta e se viraram a tempo de vê-lo torcer um braço de Zemo para trás e com a outra mão puxar uma algema.

O Barão, no momento, não era problema deles então não se incomodariam se estava ou não confortável. Desejavam apenas boa sorte para Bucky, que sabiam não ser a pessoa mais paciente do mundo, que ficaria sozinho com o Walker e Zemo, pois Lemar até então se mostrou uma boa pessoa e bastante tolerável que apenas seguia as ordens de seu Capitão, mas sem o hábito irritante do companheiro de testar a paciência dos demais.

— Vocês têm 10 minutos — avisou.

— É sério? — Inconformado, Zemo resmungava de dor.

— Depois vamos fazer do meu jeito — enfatizou aquilo e sabiam que o seu jeito não era a maneira mais adequada, mas a dupla assentiu e seguiu caminho para não perderem mais tempo discutindo com o sujeito, lançando a Barnes um último olhar.

Andaram por longos minutos, sempre com muito cuidado e tentando não fazer contato visual com ninguém, sem encontrarem qualquer problema. O cheiro de vela queimando alcançou seus olfatos assim que atravessaram uma porta de madeira desgastada, e conforme davam passos lentos pelo corredor repleto de vidros, alguns espaços faltando e outros quebrados, uma voz feminina ficava mais alta.

— Eu não me lembro da minha mãe, nem do meu pai — dizia.

Sam e Daiana se entreolharam calados, como ficaram durante todo o caminho, e prosseguiram.

— O mesmo vale para irmãos, avós, primos... O que eu me lembro, é de estar sozinha.

Finalmente pararam em uma das janelas cujo espaço da moldura estava vazio, não tendo nenhuma barreira para atrapalhar a visão que tinham do largo espaço abaixo deles.

— Pior do que estar com fome, com frio ou assustada — quem fazia o discurso, era justamente a figura que estavam atrás há tanto tempo.

O ambiente todo era pesado. Todas as pessoas, e eram muitas, alí reunidas eram visivelmente bastante pobres. As roupas eram todas de cores escuras simbolizando o luto pela mulher de olhos fechados deitada no caixão aberto no centro do salão. Não havia dúvidas, assistindo aquela cerimônia, de que Donya, a falecida, era alguém muito querida e respeitada por todos.

— Eu estava sozinha... até a Mama Donya — a dupla, sem fazer qualquer movimento que denunciasse suas presenças, em respeito permaneceram quietos apenas a ouvindo, dando-lhes aquele momento. — Como a muitos aqui, a Mama Donya me salvou. Ela me deu roupas, comida e amor...

Era impossível não ser tocado por suas palavras. Havia muita sinceridade e sentimento em cada uma. Alí do alto, Wilson e Walker percebiam o quanto os dois lados eram vítimas e que tudo isso possivelmente poderia ter sido evitado se o governo tivesse apenas cuidado dos seus cidadãos da maneira correta. A realidade era triste. A ganancia das pessoas, principalmente as que tinham mais poder, era um dos principais venenos do planeta.

Notaram que foram descobertos quando, ao percorrer os olhos pelo redor, Karli acabou encontrando-os e não foi difícil perceberem que sua postura estremeceu mesmo a distância. Estava preocupada, sabiam. Olhou com medo para todos os seus conhecidos reunidos ao redor dela num momento tão delicado, mas supuseram que assim como eles, ela não gostaria de estragar a cerimônia com um conflito. Entretanto, o medo ainda estava alí e a jovem ruiva não temia apenas por ela, mas por todas aquelas pessoas inocentes e carentes com quem muito se importava.

Para não a deixar mais aflita, a dupla apenas permaneceu parada a fitando de volta. Não queriam nenhuma agressividade. Conversar era o único objetivo e assim seria.

— Ela me ensinou que temos que nos ajudar — prosseguiu seu discurso, dessa vez mais alto e uma postura mais autoritária, como se quisesse que eles a ouvissem. — Porque eles não vão. Sabemos quem eles são. Eles impõem lutas e dificuldades sobre nós e nos taxam de criminosos quando revidamos.

Começou a andar pelo redor em passos lentos, a voz subindo de pouquinho a pouquinho. Aquele era o momento de seu desabafo, principalmente porque quem ela gostaria que ouvisse, estava ouvindo. Era o seu momento de falar sem ser interrompida, e eles a ouviam com a atenção que desejava.

— Mas a luta é o que nos deixa mais unidos. Pessoas que não tem nada em comum, pois nós somos, afinal, simplesmente um mundo e um povo — finalizando seu discurso, ergueu os olhos para cima outra vez. Para eles. — Então vivam de acordo.

Aos poucos, um a um foi se aproximando do caixão e fazendo sua silenciosa despedida. Alguns davam abraços em Karli, outros lhe sussurravam algo rápido, mas poucos minutos depois os três eram os únicos presentes. Aproveitando do momento, a dupla decidiu que estava na hora de descer e se aproximar com cuidado, pois Karli não sabia de suas intenções e não poderiam culpa-la por esperar o pior deles.

Quando desceram, já não havia mais ninguém no salão que parecia muito maior agora vazio, com apenas Karli ao lado do caixão ainda aberto. Seus passos não podiam ser ouvidos apesar do grande silencio devido a lentidão com que caminhavam para lhe dar mais tempo sozinha, mas ela possuía o sentido auditivo mais apurado agora, portanto os notou muito antes.

— Vi vocês lá em cima — disse-lhes de costas o que já sabiam.

— Só queremos conversar — Daiana se pronunciou e a ruiva se virou para eles.

— Viemos sozinhos — Sam acrescentou a mentira e Daiana precisou esconder a careta.

Não sabia onde ele pretendia chegar com uma mentira, sendo que tendo John por perto poderiam facilmente serem pegos no pulo e estragar tudo, quando o que planejavam era justamente conseguir sua confiança. O plano estaria arruinado, mas não poderia dizer nada agora.

— Corajosos — havia um ar de deboche no pequeno sorrisinho que surgiu em seus lábios.

Ela claramente os subestimava, afinal, comparados ela, Sam e Daiana não passavam de dois humanos comuns com algumas habilidades que poderiam destaca-los um pouco dos demais. Ainda assim Karli não pôde deixar de fitar o cabo de madeira que Daiana trazia em mãos.

Estudou sobre ela antes, por mero interesse, e depois de descobrir que também havia se juntado ao grupo dos que a caçavam, em busca de fraquezas. Leu bastante a seu respeito e sabia o que fora capaz de fazer com um objeto como aquele. Entretanto, não se intimidou porque todos os que aquela mulher comum nocauteou, eram homens comuns também, mesmo que precisasse reconhecer que eram altamente treinados e possivelmente maiores que ela, mas não leu nada sobre Daiana ter alguma vez derrubado um super-soldado como ela.

Aquela vassoura, ou o que sobrou do que um dia foi uma vassoura, não lhe faria nem cócegas. Chegava a ser engraçado que a mulher realmente pensasse que estava fortemente protegida com aquela coisinha.

— Sinto muito pela sua perda — Daiana desviou a atenção de Karli em sua arma para o rosto dela.

— Não seja condescendente, eu não sou criança — sua expressão mudou para mais séria, como se Daiana a tivesse ofendido pessoalmente.

— Não estou sendo — retrucou com sinceridade. — Acho que melhor do que ninguém eu sei muito bem como é perder alguém que se ama incondicionalmente.

— Não sabe, não — insistiu num misto de desdém e tristeza. — Não assim — seus olhos tristes se abaixaram, fitando o caixão pelo canto de olho.

A pedido de Daiana, o governo omitiu algumas informações que diziam respeito a sua outra eu. O público, sem que fosse a quem ela mesma contara, não sabiam sobre seu envolvimento com a HYDRA e o Projeto Extremis ao qual foi submetida e que a fez trocar de corpo. Tudo o que sabiam era raso. Pensam que ela pertence ao século 21 e não passava de uma mera faxineira antes de encontrar Steve Rogers e que suas habilidades foram treinadas pelo próprio ou por conta própria. Mas fosse o que fosse, Daiana era bastante conhecida, apesar de as bocas, sites de fofoca e jornais que falavam seu nome não soubessem nem um quarto da sua história.

Karli não sabia que Daiana literalmente perdeu todas as pessoas com quem cresceu na infância ou que conheceu no passado. Que nos dias de hoje, essas mesmas pessoas estavam todas mortas, exceto uma. Que ela perdeu uma amiga querida, mas a via nitidamente toda vez que se olhava no espelho.

Karli não sabia o que ela teve que deixar para trás na ilusão de uma busca por uma vida melhor.

E Daiana não iria discutir com ela para verem quem havia perdido mais. Não em um dia como hoje. Não com uma pessoa que, pelo o que entendeu, era para Karli uma figura materna e que estava em um caixão bem na sua frente. Seria infantil e desrespeitoso.

— Não precisa ser uma guerra, Karli — Sam se pronunciou assim que nenhuma delas parecia disposta a dizer algo mais e isso a fez erguer novamente os olhos um pouco raivosos.

— Começaram uma guerra assim que nos expulsaram das nossas novas casas para a rua — retrucou. — Pessoas de todo o mundo precisam de mim. Milhões delas.

— Eu não posso falar por milhões, mas eu entendo você — a confiança com que falou pareceu afetá-la de maneira positiva. Karli abriu e fechou a boca logo em seguida, sem saber ao certo o que dizer e em dúvidas se deveria realmente acreditar na palavra de um homem que a estava caçando. — Entendo a sua frustração. O desamparo.

Era nítido que todos os três estavam cansados. Que nenhum deles desejavam de fato a guerra, mas este, para Karli, era o único meio para um fim e ela estava bastante empenhada em seguir por ele se fosse necessário.

— Vocês querem que eu pare porque tem pessoas se ferindo, não é? — Em passos preguiçosos, se aproximou de uma das mesas de madeira que haviam alí. — Mas e se eu estiver fazendo do mundo um lugar melhor?

— Não é um lugar melhor se tiver que matar pessoas — a respondeu rapidamente. — É só diferente.

Karli o fitou por breves instantes antes de abrir um sorriso sem vontade.

— Ou você é brilhante ou desesperadamente otimista.

No fundo, com aquela curtíssima conversa que parecia estar indo bem na medida do possível, Daiana fitava aquela jovem com empatia. Queria ajuda-la. Era tão jovem e mesmo assim lutava fazendo o seu melhor para ajudar pessoas que foram abandonadas pelo governo, mesmo que não concordasse com sua forma extrema de fazer isso.

Notava seu cansaço e ter parado para ouvi-los, para conversar, mostrava a Daiana que no fundo Karli era uma boa pessoa, com algumas atitudes ruins que poderiam ser concertadas. Que ela era muito mais que uma terrorista, como a estavam chamando, e agora mais do que nunca desejava que esse conflito acabasse e ela faria o seu possível para ajudar todas aquelas pessoas.

— Não posso ser um pouco dos dois? — Sam inclinou a cabeça para o lado com um sorriso mínimo, o clima de repente tornando-se mais leve e agradável.

— Não — ela riu nasalado balançando a cabeça.

Para Daiana, comparando a sua idade, Karli é apenas uma adolescente que poderia estar fazendo qualquer outra coisa como outros da sua idade, mas estava disposta a ir para a luta pelo bem dos desfavorecidos. Sentiu vontade de abraçá-la.

A ruiva desviou do homem para fitar com cenho franzido a mulher que se calara de repente e agora a fitava com uma expressão suave, beirando a carinho. Apenas uma pessoa a olhara assim, e essa pessoa estava no caixão bem ao seu lado.

— O que foi? — A questionou dando um pequeno pulo para se sentar sobre a superfície da mesa, balançando as pernas como uma criança.

— Apesar de tudo — deu de ombros —, acho que tenho um pouco de orgulho de você.

Sam e Karli simultaneamente a olharam estranho, confusos com suas palavras.

— Como é?

— Não concordo com o seu método violento, mas entendo que esteja desesperada — aproximou-se lentamente até parar ao seu lado, escorando as costas na borda da mesa. — Às vezes o desespero nos faz tomar decisões difíceis sem pensar muito.

Enquanto o trio conversava parecendo estar entrando em alguma harmonia e seguindo pelo caminho agradável que Sam e Daiana pretendiam, esperançosos que saíssem dalí com sucesso no que vieram fazer, a tensão no outro cômodo só fazia crescer. Encostado de maneira despojada na batente da porta, Bucky fazia a guarda do caminho por onde Sam e Daiana passaram poucos minutos atrás para subirem as escadas.

Desde que a dupla sumira de vista, os que ficaram estavam afundados em completo silencio, porque a verdade era que tirando John e Lemar entre si, ninguém alí presente realmente simpatizava um com o outro para manterem qualquer diálogo que fosse, mesmo que referente ao tempo nublado. A tensão, porém, era quase palpável, principalmente quando John se mostrava inquieto o tempo todo. Levantava do banco que estava sentado, andava até a porta, espiava as escadas com frustração, então voltava para o fim do corredor e lançava um olhar para o relógio antes de numa bufada de ar voltasse a se sentar e repetisse os mesmos movimentos poucos segundos depois.

— Não. Não. Não. Não. Não... — repetia freneticamente em sussurros até que sua voz se tornasse mais audível para todos a medida que falava. — Isso é uma má ideia — continuava andando de cabeça baixa como um animal enjaulado.

— Não passaram nem 10 minutos — completamente entediado, Barnes resmungou para ele numa tranquilidade que apenas o fez se irritar mais. Tudo relacionado a James o irritava. Respirar o mesmo ar que aquele homem que deveria estar morto há muito tempo o irritava. — Relaxa aí.

— Não faz isso — furioso, John cuspiu para ele. — Não me trata como criança.

Podia sentir o sangue fervendo em suas veias toda vez que olhava para o homem que agora sabia ter tido uma história intima de amor com a sua esposa. Detestava o fato de saber que ela preferiu dar-lhe as costas para voltar correndo para aquele sem braço entediante e sem emoção.

Seria melhor se James Barnes tivesse permanecido morto como nos últimos 5 anos, era o pensamento que mais fortemente se repetia desde que Daiana lhe contara o envolvimento dos dois no passado.

— Eles sabem o que estão fazendo — o respondeu num suspiro monótono.

Barnes confiava na capacidade de Sam e Daiana. Já teria percebido alguma movimentação estranha se algo tivesse dado errado, mas até então o silencio lhe confortava que estava tudo indo bem. Gostaria que o Walker também entendesse isso e parasse de agir impulsivamente.

Outra vez o Capitão fitava o relógio do outro lado da parede. Este que parecia mal se mover, numa lentidão sufocante e irritante. O tempo estava claramente passando mais de vagar para lhe testar a paciência.

Mas ele decidira que já havia esperando demais. Como não conseguiam enxergar que conversar com Karli Morgenthau era completamente inútil e que mandar apenas Sam e Daiana para se arriscarem sozinhos com ela era suicídio? Eram assim tão incompetentes para não perceberem os riscos? Não o surpreendia que James Barnes tenha se deixado ser capturado pela HYDRA enquanto estava em uma missão. Ele certamente era um incompetente, como se mostrava agora, que nem deveria ter se alistado em primeiro lugar.

— Eu vou entrar — foi tudo o que disse, em tom ordem, antes de ajeitar o escudo em sua mão e em passos firme se aproximar da porta.

Barnes, que fazia esta guarda, imediatamente ajeitou sua postura e o barrou com a mão no ombro, fazendo-o recuar um passo para trás. Lemar, como um bom companheiro, estava num segundo ao lado de John, mas a preocupação era visível em seu rosto enquanto intercalava o olhar entre os dois soldados.

Não importava a experiência que possuíssem em campo de batalha, uniforme que usavam ou quantas medalhas conquistaram, o homem em sua frente ainda possuía, além da vantagem do soro de super-soldado, aquele braço de metal escondido sob a manga da jaqueta e a luva escura. E Lemar sabia que se ele decidisse que ninguém passaria por aquela porta, como John desejava, então ninguém passaria.

E John também sabia disso.

— Tudo isso é muito fácil para você, não é? — O desdém em sua voz foi facilmente capitado por Barnes.

Ainda assim, fitando frente a frente aquele homem desprezível, franziu o cenho o ouvindo, pois não entendera o que ele queria dizer. Os dois possuíam suas razões para detestarem um ao outro e se esforçavam muito para não partirem para a agressão física. Cada um possuía suas razões pessoais acumuladas, mas todos alí, até mesmo Zemo que conhecera John há menos de uma hora, percebera que o gatilho entre eles era a mulher que estava lá dentro, completamente alheia ao que ocorria alí.

Se John a tivesse por completo, talvez não agisse como agia. Era tudo culpa de Daiana, Walker insistia. Ela só tinha uma função: ficar ao seu lado e lhe dar apoio, mas bastou o ex super-soldado pela metade voltar e ela o abandonou muito fácil.

Não tinha nenhuma consideração pelos últimos 5 anos que passaram juntos? Não se importava com o que dissessem sobre o seu marido? A falta de consideração da mulher o enfurecia.

Olhos azuis contra olhos azuis, encarando-se profundamente com nenhum um pingo de simpatia pelo outro. Um transbordava em inveja e o outro desprezo.

— Todo esse soro correndo pelas suas veias — murmurou para Barnes, conseguindo entrar em sua cabeça.

Detestava a forma como Walker falava sobre o soro, como se fosse uma benção. Um presente.

Justamente por causa dessa droga que fora aplicada nele sem o seu consentimento, muitas pessoas morreram, muitas guerras foram travadas, muitos sofreram, ele principalmente. John acreditava que ele era grato a HYDRA por isso? Justo ela, que lhe tirou todas as oportunidades de viver uma boa vida pacata com a mulher que amava?

John Walker o tinha admirado uma vez. Lera sobre ele no museu e ainda assim não refletia nem um pouco sobre como o Soldado se sentia, porque tudo o que ele via em sua frente na época era o melhor amigo de Steve Rogers que se recusara a apoiá-lo e roubou sua esposa dele. Tudo isso graças ao soro. Daiana poderia negar o quanto quisesse, mas John sabia que atualmente ela só sentia mais atraída por James por mera curiosidade. As mulheres tinham essa coisa de serem ridiculamente atraídas pelo perigo ou o incerto, e ele reconhecia que o homem em sua frente exalava isso.

James Barnes não seria absolutamente nada sem o soro.

Não, ele não seria ninguém. O que corre em suas veias é a única coisa que o torna um pouco especial. Sem isso, não teria sobrevivido tanto tempo. Sem isso, ele não era anda.

Deveria ter permanecido morto, repetia repleto de raiva em seu pensamento, fitando com ainda mais intensidade o homem que estragou sua vida.

Deveria ter permanecido morto.

Barnes era uma das principais causas dos seus problemas.

Se se livrasse dele, tudo seria tão mais fácil.

— Barnes — o chamou enfatizante, sabendo que Bucky era limitado apenas a algumas pessoas, e a lembrança o deixou com ainda mais raiva por saber que a sua esposa era uma dessas pessoas para o homem que ele passara a criar uma enorme inimizade. — Seu parceiro e a Daiana estão precisando da sua ajuda lá dentro — ainda havia uma forma de Daiana lhe ser útil, afinal. A usaria para manipular esse homem como desejava. — Quer mesmo o sangue dela nas suas mãos? Ela é habilidosa, eu reconheço, mas não é imortal.

Odiava admitir, mas o Soldado realmente se importava com Daiana. Sabia que ele era uma grande oponente entre eles, mas gostou de ver a forma com que Barnes engoliu em seco e sua expressão abalou-se por uma fração de segundos, a postura confiante e intimidadora sendo afetada enquanto pensava sobre. John quase sorriu com malicia diante dos pensamentos que lhe vinham a mente. Talvez não estivesse em desvantagem. Acabara de ter a confirmação de James Barnes não era intangível ou indestrutível como todos pensavam. Ele possuía um ponto fraco.

....

— Eu conheço um cara — devagar, Sam aproximou-se delas em passos despreocupados — que sabe mais sobre super-soldados que qualquer outra pessoa no planeta — referia-se a Zemo. — E ele diz... — escorou-se na mesa do seu outro lado, fazendo o seu mistério — que você é uma supremacista — sussurrou como se lhe contasse um segredo, de alguma forma sabendo que ela não gostaria de ouvir aquilo.

— Eu? — Karli perguntou ofendida.

— É — o outro deu de ombros, fingindo-se de bem despreocupado.

— Isso é ridículo — exatamente a reação que esperava que ela tivesse. — O que eu faço é acabar com a supremacia. Os monstros que controlam essas corporações que são supremacistas.

— Então deixa eu te perguntar — entrando na onda do Wilson, Daiana a fez se virar para ela do seu outro lado. — Você tem mais soro, não tem?

— E daí? — Isso era um sim e não era bom, mas confirmava a suspeita que tinham.

Daiana inclinou a cabeça para o lado, olhando-a com carinho a todo momento e falando com ela como se falasse com uma criança. De alguma forma, sentiu que o gesto tranquilizava Karli e não era algo forçado por Daiana.

— Você vai aumentar o seu exército — dizia com calma. — E está matando pessoas inocentes.

Queria segurar sua mão, mas imaginou que isso seria um pouco demais. Ela já havia permitido aquela conversa e que Daiana e Sam a ladeassem, não queria que se sentisse encurralada ou algo assim.

— Não são inocentes — respondeu com rapidez. — Elas estavam no meu caminho e se precisar eu mato de novo — disse com bastante confiança e determinação.

Ouvindo-a um tanto preocupada com sua fala, Daiana ergueu as sobrancelhas e curvou os cantos dos lábios para baixo, se limitando a assentir.

— Uau — exclamou Sam.

— Não, não, não.... — repetiu freneticamente ao se dar conta do que havia dito e como soou, não deixando dúvidas na expressão da mulher o que a fez pensar a seu respeito. — Eu não quis dizer isso — saltou da mesa e se pôs de frente para eles.

Então suspirou profundamente buscando pensar direito dessa vez nas palavras antes de dizê-las em voz alta.

— As pessoas que eu enfrento querem tirar a sua casa, Sam — resolveu apelar para o emocional do outro. — Por que está aqui ao invés de impedir eles? — O Wilson se desencostou da mesa e endireitou sua postura para ouvi-la.

— Minha irmã está esperando essa mesma resposta.

Sentindo o clima ficar novamente melancólico, Daiana, que não sabia o que dizer no momento, intercalou o olhar entre os dois.

— Eu não sou seu inimigo — Sam voltou a falar. — Eu concordo com a sua luta, só não aceito a forma com que você está lutando e sei que ela também não aceitaria — apontou para o caixão, apelando para o emocional da mesma forma que a garota havia feito.

Então os três se viraram para o corpo que descansaria para sempre.

Karli tinha uma expressão triste, pois reconhecia e no fundo se ressentia por saber que acabara ferindo e matando pessoas que não verdadeiramente mereciam aqueles destinos, mas estavam no seu caminho. Havia uma forma diferente de fazer o que fez? Era o que agora se perguntava olhando para Mama Donya, e o que ela pensaria se ainda estivesse aqui e ouvisse as notícias que corriam sobre ela.

— Karli Morgenthau — uma voz autoritária e estrondosa ecoou entre as paredes, fazendo-os sobressaltarem com o susto—, você está presa.

Droga! Daiana e Sam pensaram juntos.

— Então era isso, não é? — À dupla lançou um olhar raivoso, quase o de quem acaba de perceber que foi traído e de repente todo o resultado do esforço que estavam tendo foi por água abaixo.

— Não — Sam se apressou a dizer, aproximando-se um passo, mas ela recuava vários.

— Me enganaram até os reforços chegarem? — Intercalava o olhar entre os dois e os outros três que acabavam de entrar pela porta.

— John! — Daiana tentou se colocar na frente do marido.

— Não — a empurrou para o lado sem muitas dificuldades e continuou avançando na direção de da ruiva. — Vocês já tiveram muito tempo para conversar — tentou agarrar a jovem, mas ela o revidou acertando um soco que teria atingido seu rosto se não tivesse erguido o escudo a tempo, sendo arremessado para trás, caindo sobre Sam e levando os dois ao chão.

No meio da confusão, enquanto tentavam processar o que estava acontecendo, Karli conseguiu se virar e fugir pela porta que estava atrás dela, mas sendo seguida com Bucky assim que percebeu sua fuga.

— Que droga — a mulher resmungou ajudando Sam a se levantar.

— Para onde ela foi? — A perguntou apressado assim que se pôs em pé.

— Por alí — apontou para a porta.

Os quatro que ficaram para trás seguiram por aquele caminho, mas precisaram se separar diante dos vários corredores, passagens, escadas e portas que acabaram encontrando. Algumas pessoas tentaram barrar seus caminhos, mas foram desviadas e empurradas para que não os atrasasse. No fim, virando um corredor escuro e bastante empoeirado, Daiana se viu sozinha no que parecia ser um porão onde os poucos raios de sol que entravam pelas frestas das paredes mofadas de pedra, musgos e repletas de teia de aranha, faziam iluminar as partículas de poeira no ar.

Ouviu passos apressados se aproximando e se pôs em posição com o cabo em mãos como uma vez fizera no puro instinto, esperando que se deparasse com Karli ou qualquer um dos seus seguidores, mas Sam entrou ofegante por uma porta e diminuiu os passos ao se aproximar dela. Não demorou muito para que Bucky também surgisse e então os três, frustrados, olharam em volta percebendo que a haviam perdido de vista e não faziam ideia de onde estavam.

— Isso é um labirinto — o Wilson resmungou jogando as mãos para o alto.

Ouviram tiros vindos de algum lugar. O som era abafado, mas indicava que também não estavam tão longe. Os três se entreolharam e correram para uma das portas, tentando seguir o caminho que esperavam os levar para quem queriam. Subiram algumas escadas às pressas e empurraram algumas pessoas sem nunca pararem de correr, pois cada segundo era importante.

Chegando no local, no alto de uma escada de ferro, o cenário abaixo era bastante confuso. Uma mesa estava caída, haviam cacos com algum liquido no chão e marcas de sangue. Zemo estava desacordado jogado próximo da mesa enquanto John e Lemar se encontravam em pé no meio de tudo isso, olhando-os lá de baixo.

— O que a gente perdeu? — Sam os questionou olhando para toda a bagunça.

• Oiee

• Meio tarde, mas postei no dia certinho kkkkk

• Daiana é tão gente boa que não consegue sentir raiva da Karli, querendo só abraçar ela e confortar 🥺🥺

• Sinto repudio toda vez que tenho que escrever do ponto de vista do John 🥴

• Sobre a Karli falando que a Daiana não entende sobre perdas... se fossemos fazer uma votação de quem sofreu mais nessa fic, quem será que é? 😅

• Bucky é forte, mas falou da Daiana machucada que ele cede rapidinho. Acho fofo ou sinto raiva? 🤔

• Nosso querido John, como sempre, colocando todo mundo em risco 🥰

• Eu surtei um pouquinho no próximo capítulo CIHNWQIUDNWQUDIUWS

Ai gente... tem umas coisas pra acontecer que eu nem sei como conto pra vocês 😶

• ✨ Me desculpem qualquer erro

♥ Espero que estejam gostando ♥

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