𝐃𝐞𝐬𝐞𝐧𝐜𝐨𝐧𝐭𝐫𝐨𝐬 | 𝙱...

By aPandora02

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Conseguir um emprego como faxineira no maior centro executivo de direção da S.H.I.E.L.D. foi a luz no fim do... More

❗Importante❗
~ Personagens ~
1 - Alpine
2 - Socializar
3 - Traidor Entre Nós
4 - Invasão
5 - Socorro
6 - Confia Em Mim?
7 - Rodovia (Parte 1)
8 - Rodovia (Parte 2)
9 - Companheiro Caído
10 - Lado Errado
11 - Eu Sou Daiana...
(Parte 2) 1 - O Pacto
2 - Passado E Futuro
3 - Suspeitos
4 - O que aconteceu?
5 - Sujeito Mascarado
6 - Sacrifícios
7 - Dallas
8 - Visita Ao Pesadelo
9 - Ruínas De Um Homem
10 - Viva Por Mim
(Parte 3) 1 - O Que Acontece Depois
2 - Seguir Ou Não Seguir?
3 - Em Frente
4 - O Que Você Omite?
5 - O Passado Sempre Volta
6 - Bons Amigos
7 - Um Novo Capitão América
8 - Digno
9 - Um Símbolo Ou Um Objeto?
10 - Um Quase
11 - Super-Soldados
12 - Convite
13 - Jantar
14 - Ameaça
15 - Ordens
16 - Zemo
17 - Madripoor
18 - Princess Bar
19 - Respira, Expira
20 - Brownie
21 - Certo ou Errado?
22 - Abra Os Olhos
23 - Dog Tag
25 - Pessoas Confusas
26 - Ponto Fraco
27 - Não
28 - Sem Fôlego
29 - Medo
30 - Silêncio
31 - Dor
32 - Liberdade
33 - Planos

24 - Crianças

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By aPandora02

"Então, quando eu estiver pronta para ser mais corajosa

E meus cortes tiverem cicatrizado com o tempo

O conforto irá descansar em meus ombros

E eu enterrarei meu futuro atrás de mim

E eu sempre guardarei você comigo

Você sempre estará em minha mente"

(Home – Gabrielle Aplin)

Zemo tinha informações de que o edifício, que uma vez fora tão sofisticado, atualmente era um lar para desabrigados e possivelmente era onde tinham grandes chances de conseguirem informação sobre Donya ou Karli. O cheiro não era agradável e a temperatura estava baixa, favorecendo o desenvolvimento e a transmissão de gripes que, para pessoas naquela situação, poderia ser fatal, principalmente para as crianças e idosos.

— É uma vergonha o que este lugar se tornou — com desprezo, Zemo observava cada mínimo canto de cima a baixo.

A tintura das paredes estava gasta e descascando. Haviam alguns pontos com mofo e encardidos, rachaduras também se faziam presentes comprometendo o sustento daquelas paredes por muito mais tempo. Andavam em passos lentos pela larga entrada do lado de fora do edifício, cujo centro, ao qual estavam indo, era ao ar livre. Em grandes lixeiras os adultos montavam fogueiras na intenção de se aquecerem como podiam. As vestes viradas em trapos de tão sujas e gastas, mas a única alegria presente alí em meio aquela triste situação, eram as risadas infantis das crianças que corriam de um lado para o outro numa brincadeira, como se o mundo não fosse tão frio e melancólico.

— Quando eu era jovem — prosseguia o Barão —, vinha aqui para festas e jantares fabulosos. Eu não entendia nada de política na época, é claro, mas eu lembro de ser belíssimo.

— Eu não duvido, de verdade — a mulher comentou observando a arquitetura do local que parecia sofisticada, porém largada e nada preservado há anos.

— Vou dar uma olhada lá em cima — Sam os informou apontando para as janelas do terceiro andar, porque ficar falando sobre os tempos melhores daquele lugar não os levaria a nada. — Tentem descobrir algo aqui em baixo — passou a intercalar o olhar entre Daiana e Bucky — e fiquem de olho nele.

— Deixa comigo — Daiana forçou um sorriso convincente, com a cabeça num leve movimento apontando para o canto da parede, onde seus olhos desde o primeiro instante perceberam haver uma vassoura, mas tudo isso num tom descontraído.

Sua ameaça estava clara para Zemo que também forçou um sorriso. Ela não trouxera o seu cabo, pois não haveria como escondê-lo e chamaria atenção, despertando interesse e desconfiança daquelas pessoas quando tudo o que queriam era ser discretos.

— Não vou atrapalhar vocês — Zemo ergueu as mãos em rendição dizendo aos dois quando o Wilson se afastou para começar a própria investigação.

Ainda mantendo os olhos fixos no Barão, os outros dois se aproximaram um do outro, mas observando seus movimentos. Zemo andava calmo e despreocupado pelo redor, passando quase despercebido pelos demais.

Daiana teria mantido a sua atenção nele, como Sam pedira, se o choro de um bebê não tivesse atraído completamente a sua atenção. Instantaneamente virou o rosto naquela direção e viu como uma mulher de cabelos desgrenhados e presos num coque mal feito tinha profundas olheiras sob os olhos e tentava ninar o bebê quase desesperadamente para fazê-lo parar.

De seu colo, embrulhado num pano encardido e saindo fiapos, ergueram-se dois bracinhos curtos de punhos fechados por minúsculos dedinhos. O choro intensificava na mesma medida que a suposta mãe aumentava seus movimentos para fazê-lo se acalmar, mas o resultado era apenas um choro fino mais estridente.

Daiana tinha o coração acelerado tomado de emoções quando quase hipnotizada pela criança e o choro infantil, sequer percebeu quando afastou-se de Barnes sem lhe dizer nada para se aproximar abruptamente daquela mulher que lhe parecia bastante cansada.

— Está balançando ele com muita força — disse antes mesmo que pudesse pensar, os olhos presos no pequeno rostinho contorcido numa careta enquanto usava toda a força de seus pequenos e frágeis pulmões para chorar.

A mulher cessou os movimentos e ergueu os profundos olhos confusos para Daiana por breves instantes antes de se voltar para a criança e persistir com o balançar.

— Ele não para de chorar — choramingou visivelmente exausta como todas as mulheres, mesmo as que não tinham filhos, sabiam ser a maternidade. Não duvidaria se lhe dissessem que aquela mãe não dormia há dias. — Eu já alimentei, mas não sei mais o que fazer.

— Eu posso... — apontou para o pequeno embrulho que se esperneava, pedindo permissão para se aproximar mais e a mulher assentiu, desesperada por ajuda e não importava de quem, nem se nunca a tinha visto por alí. — Ele pode estar com cólica — informou o que era bastante comum em bebês e aquele parecia ter alguns meses, bem menos de um ano. — Ou frio.

Com cuidado puxou o pano que o cobria, lamentando outra vez a situação por ver que tudo o que aquele bebê tinha para protege-lo do frio era uma blusinha de mangas compridas e aquele pano velho que não parecia servir para aquecer nada. Sob a blusa, tocou o peito da criança, arregalando os olhos ao sentir o quanto estava gelado. Definitivamente chorava de frio, deduziu de imediato.

Daiana não pensou duas vezes antes de retirar seu próprio casaco, que era suficientemente quente, e estendê-lo sobre os braços num pedido mudo para que a mulher o colocasse alí. Não se importava que os próprios braços estivessem arrepiados de frio pela brusca mudança de temperatura. A mulher nem hesitou em entregar a criança para uma estranha, possivelmente culpa da exaustão e o desespero por ajuda naquele caso.

Com bastante cuidado, Daiana tirou aquele pano fedido da volta do bebê e rapidamente o envolveu em seu próprio casaco dando várias voltas com ele pelo pequeno corpinho, certificando-se de que se aqueceria em breve. A criança ainda chorava quando Daiana a ajeitou em seus braços, agora devidamente enrolado, e com um balançar suave iniciou um ninar acompanhado de ruídos suaves vindos de sua boca como "Shhh shh Shhh", pois já ouviu de um médico que aquilo funcionava para acalmar bebês.

Poderia demorar um tempinho até que ele estivesse aquecido, mas sabia que funcionaria. Pacientemente, por alguns minutos, manteve o som e os movimentos no mesmo ritmo suave e calmo, vendo aos poucos aquele rostinho pequeno e delicado suavizar a careta chorosa de antes e gradativamente ir se tranquilizando, fazendo os leves sons que os bebês fazem e são capazes de derreter qualquer pessoa.

Sem perceber que era observada com atenção e encanto, Barnes também não tinha mais sua atenção focada no Barão, pois estava preso demais na cena de Daiana, a mulher da sua vida, ninando uma criança nos braços. Definitivamente era uma das cenas mais bonitas que ele já presenciara e estava preso nela. Temia até mesmo que um simples piscar de olhos fizesse sumir aquela imagem que fora capaz de fazer também seu coração bater mais forte, num misto de encanto e tristeza.

Quando o choro se tornou nada mais que alguns ruídos suaves de bebês de algumas semanas, de olhos fechados e incrivelmente calmo comparado a minutos atrás, a mulher pôde sorrir grandiosa e aliviada quando, com o dobro de cuidado para não acordá-lo, Daiana, com um pouco de dificuldades, o devolveu para sua mãe. Adorava crianças e lamentava não poder ter tido a chance de criar os seus próprios e passado por aquela dificuldade de passar noites sem dormir, por isso foi um pouco doloroso afastar-se do bebê tão rápido enquanto ainda apreciava ter aquele peso nos braços, mas ele não era seu. Piorava o desconforto no peito ao pensar que aquele era um desejo que ela nunca poderia realizar.

Quando aceitara aquele maldito acordo e falsa ajuda da HYDRA, sem saber também abdicava, definitivamente, das suas chances de ainda poder viver aquilo. Agora o que lhe restava era assistir outras pessoas realizando o sonho dela sem estar incluída.

— Eu não sei nem como te agradecer — num sussurro, a mulher disse imitando os movimentos suaves do ninar que Daiana começara.

— Não precisa — riu nervosa com todo aquele turbilhão de emoções, desviando da criança para a mulher pouco mais baixa que ela, torcendo para que não notasse o quanto estava afetada.

De repente a moça arregalou os olhos e aflita intercalou entre o filho e a gentil mulher que lhe socorrera.

— Mas o seu casaco...

Daiana ergueu as mãos na frente e balançou a cabeça com um pequeno sorriso.

— Não se preocupe com isso. Ele precisa mais.

A mulher lhe abriu um grande sorriso agradecido pelo gesto de bondade, mas então Daiana lembrou-se do porquê de estarem alí e piscou algumas vezes para se recompor, perguntando-lhe:

— A propósito, saberia me dizer algo sobre Donya Madani? — Soube que talvez conseguir algo a respeito do assunto seria bastante difícil quando viu a expressão sorridente da mulher murchar instantaneamente para desconforto, e os olhos se desviarem agitados ao redor como que com medo de que fossem ouvidas.

— Eu não sei de nada — respondeu apressada, apertando o filho nos braços e se movendo para longe. — Com licença — pediu antes de em passos rápidos se distanciar.

Um tanto frustrada, observando-a ir cada vez mais para longe até sumir de sua vista sem olhar para trás uma vez sequer, Daiana suspirou cruzando os braços. Deu um rápido olhar ao redor, percebendo agora que Zemo interagia com um grupo de crianças reunidas ao redor dele, pois o Barão distribuía para elas a mesma bala que dera para eles no caminho para cá.

Sem mais nada para fazer, aproximou-se de Bucky que também observava a cena com curiosidade, parando ao seu lado.

— O que é que ele 'tá fazendo? — Por estar cuidando de Zemo a mais tempo que ela, supôs que Bucky pudesse lhe esclarecer.

— Eu não faço ideia — frustrou suas expectativas, no entanto. — Aliás, você leva jeito com crianças — comentou inclinando a cabeça para a direção onde ela estava com a desconhecida momentos antes.

Daiana esboçou um pequeno sorriso sem mostrar os dentes.

— Tenho alguma experiência — deu de ombros tentando fazer pouco caso, pois não sabia que ele a observava antes. — Provavelmente ela é mãe de primeira viagem — isso foi algo fácil de se deduzir.

— Tem alguma experiência? — Repetiu em tom de pergunta desviando o olhar franzido para ela que se mexeu desconfortável.

— Ajudei Melinda, a minha melhor amiga que você conheceu naquele dia, a cuidar dos filhos dela quando precisava — explicou com simplicidade, os braços apertando mais ao abraçar a si mesma. — Lemar e John passavam bastante tempo fora quando a Mary nasceu e o Pietro ainda era pequeno para ajudar a cuidar, então eu me oferecia. Levava a Mary para passear para que a Mel pudesse sair e fazer outras coisas por ela mesma, ou quando estávamos na casa dela, eu a deixava dormindo e cuidava das crianças.

Bucky assentiu lentamente, compreendendo.

— Você é uma boa amiga — afirmou e Daiana esboçou um sorriso emocionado.

— As mães sempre precisam de apoio, ajuda e descanso as vezes, principalmente quando não tem um marido presente — disse sem pensar e então arregalou os olhos, apressando-se em corrigir: — Não que o Lemar não seja um pai presente, longe disso. Na verdade, ele é um pai maravilhoso, mas o trabalho exigia que ele passasse a maior parte do tempo fora de casa.

— Diferente do John, sem querer te ofender, esse tal Lemar parece ser uma boa pessoa.

— John também é, ele só está... — procurou pelas palavras certas, um pouco hesitante — passando por muitas mudanças, eu acho. Pode ser estresse, muita pressão sobre ele e apesar de eu estar furiosa com suas atitudes, que agora percebo terem sido um pouco demais e desnecessárias no passado do nosso relacionamento, sei que não é de fato uma pessoa ruim. Todo mundo faz e fala coisas no calor do momento que se arrepende depois, e se disser que não, é hipócrita.

— Isso aqui é um beco sem saída — abruptamente Sam surgiu entre os dois, assustando Daiana cujo coração acelerou e a fez dar um pequeno pulinho.

— Que inferno, Samuel — o xingou dando uma sequência de tapinhas em seu braço, e ele não entendendo o porquê da mulher o estar agredindo gratuitamente. — 'Tá achando que é um demônio 'pra surgir do chão assim?

— Ih — exclamou ele não sabendo de ria de sua reação ou se concentrava em se defender de seus tapinhas inofensivos. — Ficou doida.

— Culpa sua — revirou os olhos voltando a cruzar os braços meio emburrada por agora os dois homens estarem rindo de sua reação.

— E você bate como uma garota — ele provocou sabendo que aquela frase a enfureceria, portanto disse de propósito e afastou-se bem a tempo de levar um tapa muito forte, colocando então Bucky entre os dois que só sabia rir esfregando as pálpebras.

— Vocês têm quantos anos, mesmo? Parecem duas crianças — os repreendeu ainda risonho.

— Mais errada é a sua ex-namorada pré-histórica que envelheceu e esqueceu de amadurecer — o Wilson prosseguiu a provocando. — Eu não fiz nada — se fez de inocente.

— Me assustou — ela o acusou esticando o pescoço para frente, pois o outro insistia em manter o Soldado entre eles por segurança própria.

— Ah, verdade — numa atuação fingindo-se de arrependido, levou a mão ao peito. — Me esqueci que na sua idade os idosos geralmente tem o coração fraco para essas coisas.

Daiana semicerrou os olhos de uma maneira muito ameaçadora e o fitou tão profundamente naquela distância que Sam pôde até mesmo sentir a lateral de sua cabeça latejar tamanha era a intensidade que ela o fuzilava com o olhar.

— Já chega, vocês dois — Bucky interveio erguendo as mãos. — Temos coisas mais importantes para tratar — com o queixo apontou para o sujeito de sobretudo que se aproximava deles com uma expressão convencida, deixando para trás o grupo de crianças entretidas com seus doces.

— Adoro crianças — com um pequeno sorriso, foi tudo o que disse ao trio antes de passar por eles com tranquilidade.

....

Frustrados e de volta à habitação conseguida a eles por Zemo, as portas duplas foram fechadas no baque forte em suas costas quando o quarteto a atravessou. Sam e Bucky foram direto na direção do sofá espaçoso, Zemo para a cristaleira com adega atrás de uma bebida, mas pareceu mudar de ideia e desviou o caminho para os armários, e Daiana continuou dando curtos e lentos passos pelo espaço livre, roendo as unhas.

— Não consegui nada — resmungou Barnes frustrado, passando a mão pelos cabelos sem se importar que os bagunçava. — Ninguém fala sobre a Donya.

— Pensei que eu conseguiria algo com aquela mãe — Daiana suspirou tão chateada quanto —, mas parece ser um assunto restrito entre eles.

— É porque a Karli é a única que está lutando por eles — Sam esclareceu, pois os demais pareciam não terem entendido aquilo ainda. — E ela não está errada — completando assim, simultaneamente dois pares de olhos se voltaram para ele um tanto chocados.

— Como é? — A mulher parou em sua frente, tendo apenas a mesa redonda e espelhada de centro entre eles.

— Por cinco anos — começou — as pessoas foram recebidas em países que as mantinham do lado de fora com arames farpados. Haviam casas e empregos. Todos estavam felizes de receberem as pessoas para ajuda-los a reconstruir. Não era só uma comunidade se unindo, era o mundo inteiro. E aí bum — estalou os dedos. — De uma hora para a outra, tudo voltou ao que era. Para eles a Karli está fazendo alguma coisa.

— Acha que os fins justificam os meios que ela usa? — Bucky se demonstrou frustrado que o Wilson ainda tentasse encontrar alguma justificativa para passar a mão na cabeça da garota depois de tudo o que ela fez. — Então ela não é diferente dele — apontou para Zemo que pacificamente servia numa bandeja de madeira quatro xicaras de chá, demonstrando-se indiferente com a conversa — ou de qualquer um que enfrentamos.

— Ela é diferente — insistiu num tom cansado. — Não é motivada pelas mesmas coisas.

— Ainda assim está machucando pessoas — Daiana se intrometeu cruzando os braços. — Não concordo em rebatermos a violência dela com mais violência, mas ela não é inocente, Sam — enfatizou fitando-o nos olhos. — Então não deveríamos trata-la dessa forma porque também não é uma criança. Você perde qualquer argumento ou justificativa para as suas motivações e lutas a partir do momento que passa a ferir inocentes para alcançar os seus resultados. E a gente sabe que ela não vai parar agora. Talvez até dê para conversar e tentar convence-la, mas se ela decidir que não, vamos ter que tomar decisões difíceis que talvez ela nos force a fazer, goste você ou não.

— Está dizendo que está disposta a matá-la? — Ergueu as sobrancelhas com descrença.

— Não — respondeu rapidamente. — Mas as coisas podem piorar e pode ser que ela nos force a atitudes extremas. Tem pessoas lá fora — apontou para o nada — que não merecem morrer. Eles são pais, são filhos, tem famílias. Eu me coloco no lugar deles.

— Muito generoso da sua parte — o sotaque forte atingiu seus ouvidos, aproximando-se calmamente com uma bandeja em mãos —, principalmente quando não tem isso. Família — destacou e Daiana cerrou as mãos em punhos para o sorrisinho presunçoso nos lábios de Zemo. — Mas estou curioso e foi bom você tocar neste assunto, querida — depositou a bandeja sobre a mesinha a parou na frente dela. — Pretende matá-la?

— Eu já disse que não — ergueu o queixo com mais firmeza em sua voz.

Não mataria mais ninguém. Ponto.

— Sem hesitar... — apertou os olhos, observando com atenção redobrada e curiosidade, sua mente pensando em algo mais. — Mas você tem algo, ou alguém, com quem se importa muito, não é?

Foi a vez de Daiana semicerrar os olhos.

— O que quer dizer?

— Apenas estava pensando aqui, que... — gesticulou as mãos no ar. — Você é extrema. Pacifista demais, mas também ama alguém demais. E se houvesse um conflito entre esses dois pontos? — Esfregou o queixo, voltando a fita-la com curiosidade.

— Do que é que você está falando? — Insistiu com muita pouca paciência, pressentindo não gostar do rumo daquela conversa.

— Alpine o nome dela, não é? — A expressão de Daiana mudou instantaneamente e Zemo sorriu mais largo, satisfeito com sua reação. — No fundo, não quer prejudicar Karli, mas e se ela prejudicasse Alpine, por exemplo? — O coração da mulher acelerou com essa mera possibilidade. — Você ainda se manteria neutra ou desejaria vingança?

Ela estava visivelmente desconfortável para todos. A pergunta e suposição a pegaram de surpresa e ela sequer poderia imaginar Alpine correndo qualquer perigo que fosse. Só isso a fazia se sentir mal. As emoções ameaçarem dominá-la a ponto de as mãos tremerem de raiva e os olhos arderem querendo marejar de tristeza. Ela definitivamente se afundaria em profundo desespero. Já passou pela experiência de perde-la antes e até hoje se arrependia de não ter feito algo mais para evitar aquela situação e mantê-la ao seu lado. Se soubesse que a perderia antes, definitivamente teria feito algo.

Era sua âncora e perde-la de novo era a mesma coisa que matar a melhor parte dela.

Desenvolveu depressão após perder a felina no blip, mas era diferente de ter alguém a matando com as próprias mãos e intencionalmente. Daiana quase conseguia se visualizar pessoalmente arrancando as mãos do desgraçado que ousasse encostar um só dedo nela. Ela não se importaria de acumular mais um trauma. Seria só mais um entre tantos.

Que diferença faria?

Mas ela não queria e nem iria chegar aquele ponto, porque Zemo a estava apenas provocando e Alpine estava muito bem segura com Melinda e as crianças. Era um cenário improvável.

— Já chega! — A voz estrondosa de James cortou o contato visual dos dois. Zemo revirou os olhos para o estraga prazer e Daiana virou o rosto na direção oposta, esfregando a testa para se recompor. — O que foi que aquela menininha te contou? — Quis mudar o assunto.

— O funeral será esta tarde — respondeu sem entusiasmo, ajeitando a preparação do chá que trouxera.

— Sabe que as Dora vão vir te pegar a qualquer momento, não sabe? Na verdade, devem estar te olhando lá de fora agora — o provocou em tom ameaçador. — Continua falando — mandou quando Zemo não fez questão de dizer algo mais.

— E deixar que me entreguem assim que acharmos a Karli? — Pegou uma xicara para si mesmo. — Prefiro continuar com minha vantagem.

Impaciente com seus joguinhos e segredos, Bucky, sem desviar o olhar dele, se pôs em pé e sem demonstrar qualquer ameaça se aproximou do Barão que o acompanhava com curiosidade. Todos observaram quando Bucky abruptamente adotou outra postura ao parar em sua frente, agarrando com agressividade a xícara da mão do Barão e a arremessou contra a parede, fazendo o chão se banhar em liquido transparente quente e milhares de paços de porcelana.

Por um momento, Daiana precisou balançar a cabeça para expulsar de sua mente as imagens de John fazendo quase a mesma coisa com ela, mas não queria que Barnes, de costas para ela, percebesse isso. Não queria que ele se sentisse culpado como certamente se sentiria ao perceber sua reação.

— Quer ver o que alguém consegue fazer com vantagem? — Sua voz quase tremia com a raiva que ele reprimia, ameaçadoramente aproximando o rosto do Barão que, sabendo estar em uma grande desvantagem física alí e que provocar Daiana em sua frente tinha sido bastante arriscado, não se demonstrou abalado ou afetado por sua áurea ameaçadora.

Não podia mentir, porém, dizendo que não havia se assustado ou que também não estava com medo. Os azuis de Barnes estavam escuros em uma raiva muito perceptível e alí notou que havia dado um passo para além da linha e seria inteligente recuar por um momento.

— Pega leve — Sam se pôs em pé num segundo tocando o ombro de Zemo e se enfiando entre os dois homens, afim de criar uma distância segura entre eles. — Não provoca ele — o aconselhou para o próprio bem do loiro.

Era irônico pensar que fora totalmente contra envolver Zemo no assunto, apesar de reconhecer que ele era necessário, e que por insistência de Daiana e Bucky ele estava aqui agora, mas sendo Sam quem o tinha que defender dos dois que o ajudaram a fugir da prisão. Não que as atitudes de Zemo com estes dois fossem não lhes dessem razões para perderem a paciência.

— Vou fazer uma ligação — avisou aos dois que continuavam se encarando, então a Daiana lançou um olhar significativo, pedindo a ela que cuidasse para que a tensão entre eles não se tornasse física e agressiva, pois todos sabiam que Zemo sairia com uma clara desvantagem.

Oiee, me desculpem não ter conseguido postar ontem

Daiana babá, não precisa nem pagar ela kkkkkkk

Eu imagino a Melinda dizendo que não está cansada e a Daiana "Tá sim, vai dormir que eu cuido das crianças". 

O bullying que ela fez com o Steve lá no inicio, ta pagando agora com o Sam kkkkkkkkkkk

Querem ver a Daiana tacar o terror é só encostar na Alpine 👀

• ✨ Me desculpem qualquer erro

♥ Espero que estejam gostando ♥

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