Guerra e Dragão

By AmandaCunado

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🥉Colocado no Concurso Nove Caldas / Categoria Fantasia 🥉 Colocado no Concurso Nove Caldas / Categoria Espec... More

PREMIAÇÕES
01 A VERDADE
02 ESCOLHAS
04 DECEPÇÃO
05 GUERRA
06 TRAIÇÃO
07 REVELAÇÃO
08 CONVÊNIO
09 RECONQUISTA
10 ARREPENDIMENTO
11 AMOR
12 CIÚMES
13 ALIADOS
14 TESOURO
15 CURA
16 CHÁ
17 SURPRESA
18 AGONIA
19 EGOÍSMO
20 SANIDADE
21 REENCONTRO
FIM
BÔNUS
AVENTURA EM AÇÃO: PERSONAGEM
AVENTURA EM AÇÃO: Quem de nós?

03 A LENDA

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By AmandaCunado

Quase meio milênio, sem dragão, sem espada e história modificada. Somente o nome de Ziusundra continuou firme contra os longos anos. A capital de Meradomum deixou de ser Assaph. O palácio de Mera, agora era habitado apenas por humanos.

~ ~ ~

O pequeno Abel no alto de seus seis anos estava escondido atrás do trono do pai, no grande salão real. O abrigo esculpido em madeira pauferro, com brasão de dragão em prata, cravejado com olhos de rubi, atravessava séculos.

Os cabelos loiros do príncipe e seus belos olhos azuis, como lápis-lazúli, estavam visíveis na lateral do acento real, bem como uma de suas mãozinhas de pela clara, levemente bronzeada pelos treinos de espada ao sol.

Quando o grande portão, de madeira maciça escura com dragões entalhados, se abriu, o rei Cadmo percebeu imediatamente o pequeno espião atrás de seu trono. Rapidamente dispensou os guardas e conselheiros.

Sozinhos com a porta fechada, Cadmo logo ouviu os gritinhos de alegria do filho, que veio correndo abraça-lo.

Com o príncipe Abel em seu colo, o rei sentou-se no trono macio, de veludo vermelho, e perguntou se o pequeno gostaria de ouvir, o poema de fundação do reino de Meradomum.

Com os olhos brilhando, o pequeno acenou que sim e o rei Cadmo começou:

Ziusundra era um viajante
Cruzou o mar até terras distantes
Desembarcou na Urk antiga
Enfrentou chapadas e fadiga

Entre vilas fundou Meradomum
E logo começou uma luta pelo trono

Sádico, o vizinho, tomou-lhe a força territórios e plantio
Mas um Dragão veio em seu auxílio tardio
Ziusundra curvou-se perante o frio
E uma benção de proteção conseguiu

De sua couraça prateada a própria criatura arrancou de seu peito uma de suas escamas

Com aquela grande placa de prata em suas garras
O dragão pronunciou palavras mágicas
O metal se contorcer ganhando a forma de uma espada
Que possuía o brilho gelado do poder que carregava

Ziusundra recebeu a espada em suas mãos
Com um golpe ceifou vidas sem perdão
Sádico pereceu diante da fúria gelada
E Meradomum se estabeleceu como morada

O Dragão...

— Onde está a espada papai? — interrompeu o pequeno príncipe Abel, com seus belos olhos azuis arregalados.

— Na floresta! Adormecida com o nosso longo período de paz. — disse sorrindo enquanto fazia um rápido afago nos cabelos dourados como trigo do pequeno.

Nesse momento a governanta entrou no salão real.

A senhora já possuía fios brancos, marcando o tempo, que estavam perfeitamente alinhados em um coque coberto por um lenço. Seus olhos eram gentis contemplando aquela cena.

—  Majestade, o tutor do príncipe o aguarda. — ouvindo isso Abel abraçou o pai, com a voz triste pediu para ficar um pouco mais.

— Quero ficar e ouvir todo o poema de fundação do reino. Por favor papai. 

—  Não seria certo deixá-lo esperando, não e mesmo? Vá dê a mão para Lourdes.

Com a despedida forçada, pai e filho se separaram. Abel seguiu para a biblioteca segurando a mão da governanta olhando cada quadro do corredor pensando qual deles era o grande rei que fez a aliança com o dragão no passado.

Chegando a biblioteca o tutor já preparava a mesa com vários livros. Dando as boas vindas foi declarando que teriam um longo dia, pois a arte das letras só pode ser desenvolvida com uma grande bagagem literária.

Quando o príncipe sentou o tutor abriu um dos livros e solicitou que lesse em voz alta. Lourdes já deixara a sala. Vendo-se só com seu professor, Abel não conteve sua curiosidade e demonstrando toda a urgência infantil perguntou:

—  Mestre, porque a espada não está com meu pai? 

Não entendendo do que se tratava o tutor se limitou a franzi o seno, ao que o príncipe acrescentou:

—  A espada do dragão.

—  Ah! Se trata dessa antiga lenda... — refletiu o mestre juntando a ponta dos dedos e relaxando em sua cadeira — Muitos anos se passaram, tantos que não se sabe se essa história é verdadeira. Realmente o rei Ziusundra é conhecido como "o grande" por suas batalhas épicas e marcas dessas batalhas ainda podem ser encontradas nas cidades de nosso reino... — respirando fundo concluiu — Uma lenda inventada para manter os inimigos sobre controle, mas veremos esse tipo de estratégia mais à frente, nesse momento vamos focar nas bases. No trivium!

Abel ficou sem entender aquelas palavras e nem teve tempo para perguntar mais ao professor, que começou a argumentar todas as vantagens do conhecimento.

O príncipe tinha dias bem cheios de compromissos, quando não estava na biblioteca aprendendo a arte das letras estava no jardim treinando esgrima, no estábulo aprendendo montaria e até mesmo no jantar recebia aulas de etiqueta da governanta. Embora parecesse um dia cansativo e uma rotina exigente para uma criança. Na verdade, Abel preferia toda essa agitação e se divertia com seus professores.

Os momentos que menos gostava eram quando ficava em seu quarto sozinho à noite e quando seu pai, o rei, dava grandes festas aos nobres. Por que nessas festas ele ficava sozinho em meio à multidão. Seus tutores davam atenção aos nobres e sempre algumas cortesãs fofocavam sobre o fato da rainha ter morrido no parto, o que o fazia se sentir culpado. Sem mencionar que se aproximar do pai, nesses momentos, era um motivo para os nobres começarem a falar dos perigos de se ter apenas um herdeiro para o trono e que o rei precisava encontrar uma nova esposa.

Mas o tempo foi passando e Abel crescia. Sua dedicação aos estudos mostrava bons frutos e ficava cada vez mais envolvido nos assuntos do país.

Quando tinha apenas doze anos, surpreendeu os conselheiros do rei com uma solução para a doença que causava febre, inchaço no rosto e distúrbios cardíacos. Os lenhadores eram os mais afetados e não se sabia o motivo.

O tutor do príncipe costumava atuar como avaliador de novos trabalhos científicos e Abel passava horas lendo ensaios, que o mestre recebia. Um, em especial, vinha de uma ilha distante, de outro reino, onde o jovem médico Carlos Chagas descrevia uma nova doença. Transmitida pelo besouro "barbeiro".

O rei Cadmo permitiu a adoção de algumas medidas na região afetada e quando obtiveram sucesso, os conselheiros pararam de desejar outros herdeiros, pois o príncipe prometia ser o rei mais sábio já visto.

Foi por volta dessa época que um terrível acidente aconteceu.

Em uma caçada, uma das poucas ocasiões onde pai e filho passavam um tempo juntos.

No meio da floresta o rei avistou um cervo, apontando sua flecha, se mostrava ansioso para exibir ao príncipe suas habilidades na caça.

Contudo a flecha não acertou em cheio e o animal ferido, começou a fugir.

Rapidamente pai e filho atiçaram seus cavalos em perseguição. O cavalo do príncipe conseguiu a vantagem com facilidade.

Enquanto o pai assistia Abel ganhar a corrida algo impensável aconteceu.

O cavalo se desequilibrou e o príncipe se curvou agarrado as rédeas. Cadmo só teve tempo de arregalar os olhos. O pequeno Abel atingiu a grama e pedras com força e logo sumiu por baixo do dorso do cavalo, sendo esmagado. O animal ainda se sacudiu tentando se levantar. Fazendo o menino gritar de dor.

O rei saltou cheio de adrenalina e como que transportado para o lado de seu filho, empurrou o animal, revelando aqueles belos olhos fechados. O peito amaçado, denunciando as costelas quebradas. O pé também estava torcido e a perna quebrada.

Rapidamente foi transportado para o castelo com o maior cuidado, mas ele já respirava com dificuldade. Os médicos da corte enfaixaram a perna que estava quebrada e aplicaram unguento nos cortes. Porém quando desnudou o peito, a mancha roxa denunciava que nada mais poderia ser feito.

A governanta ficou no quarto tratando a febre do príncipe. Longe dali os servos choravam e o rei gritava com os médicos. Desesperado oferecia riquezas para quem curasse seu filho.

Mas era impossível, nem mesmo em outros reinos achariam uma solução e mesmo que um mensageiro fosse enviado, no mais rápido cavalo, não chegaria a tempo. A vida do príncipe poderia acabar naquela mesma noite.

Derrotado o rei retornou ao quarto do filho, o jovem já não estava mais acordado, sua respiração parecia que cessaria a qualquer momento. Pressentido a tragédia a governanta se retirou dando privacidade ao rei.

Em lagrimas ele se culpava, culpava a caçada e até mesmo se perguntava por que estava recebendo tão terrível castigo, primeiro a esposa e agora seu único filho. Então pediu para trocarem de lugar, ele já tinha vivido seus dias.

— Essa criança inocente não têm culpa de meus erros, eu imploro, permita que ele viva e me leve em seu lugar... — por um instante Cadmo esperou um milagre.

Mas nada aconteceu, pelo menos não como ele esperava, pois subitamente as histórias do dragão e como ele podia curar ferimentos com magia, vieram a sua mente. Em um salto, Cadmo abria a porta e ordenava preparar seu cavalo e um esquadrão.

~ ~ ~

Subir a montanha e encontrar o dragão. Parecia que o rei havia enlouquecido, mas aquela altura ninguém mais retrocederia. Os cavalos bufavam atravessando aquela floresta densa e íngreme. Cheia de urtigas e espinheiros de Ora-pro-nóbis.

A cada passo parecia impossível avançar guiados apenas com as luzes das tochas, a lua nem mesmo podia ser vista, por que a copa das árvores a quase vinte metros de altura eram muito expeças. Os cedros e mognos, magicamente, deram lugar a plantas topicais. Palmearias com cachos de frutos pequenos e roxos, além plantas curiosas cujos frutos pareciam olhos.

Em certo ponto quando os oficiais cortaram os arbustos à frente e arrancaram as trepadeiras deram de cara com uma parede da montanha, uma muralha de rocha impossível de ser escalada. Mesmo que seu topo fosse chapado, era praticamente impossível escalar até seu alto.

Tiveram que contornar, porém o rei impaciente começou a gritar chamando o dragão. Às vezes declarando sua identidade, outras quase que desafiando para fazê-lo aparecer.

Foi em um desses momentos que uma clareira foi aberta derrubando as arvores sobre o esquadrão. Assustados os cavalos tentaram fugir e orquestrando toda aquela confusão estava um dragão prateado bem a frente deles.

Com um rosto brilhante e liso encarava o rei. Os oficiais se preparavam para desembainhar suas espadas, contudo estavam paralisados diante da altivez do dragão. Por um minuto lembraram-se de todas as belas histórias, onde ele havia ajudado os antigos reis.

Rapidamente o dragão desfez essa impressão positiva. Com sua crista afiada que descia desde sua cabeça, pelas costas até sua calda. Bastou uma chicotada de sua calda para derrubar mais uma árvore quase esmagando três homens.

Em seguida um gás espeço, como uma neblina de gelo seco, saiu de sua boca se propagando pelo chão e os cavalos assustados fugiram sem rumo.

O rei e dois homens ainda conseguiram controlar seus cavalos, um terceiro simplesmente caiu do cavalo. Como a maior parte do esquadrão havia debandado, os que ali ficaram, corajosamente, desembainharam suas espadas. Na angústia o rei proferiu um pedido ao dragão:

— O meu filho, e único herdeiro, pode morrer essa noite. Tu dragão é o único que pode salva-lo com magia. Por favor, salve meu filho!

Mas o dragão não parecia tocado com o pedido e abriu um sorriso tenebroso mostrando seus dentes como uma ameaça.

De sua boca aberta o gás, que antes assustara os cavalos, agora enchia o chão como uma nuvem aos pés. O guerreiro que estava sem cavalo, por tanto, mais próximo ao gás logo sentiu seu corpo enrijecer, sua espada ficou pesada.

Ele tentou resistir, mas sem sucesso. Cravou sua espada no chão e se apoiando nela com suas ultimas forças alertou antes de cair.

— Fujam... Salvem o rei...

O dragão deu um passo à frente triunfante.

— Tire o rei daqui! — gritou o comandante para seu soldado e logo avançou contra o monstro.

— Não avance Ian! — gritou o rei.

Mas esse já estava pronto para acertar o dragão com sua espada. Ao que o dragão repeliu com sua pata como quem afastando um inseto.

Rapidamente cavalo e homem tombaram. O som do contato da espada contra as escamas serviu de sinal para o único guarda restante agarrar a guia do cavalo do rei e juntos fugirem.

Mas os cavalos deram lentos e pesados passos, o cavalo do rei começou a se abaixar e sem poder dar nem mais um passo, se ajoelhou no chão. O dragão sorria desfrutando do infortúnio dos humanos.

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