Soa Como Desastre (+18)

Par mariaxttw

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"-Você vai ser minha de novo -Matthew declarou, com a voz mais rígida, do que carinhosa- Não me importa quant... Plus

|CAST|
História dos Personagens 🔥
(1) The Cut That Always Bleed| 2019
(2) Mad Sounds | 2012
(3) IKYWT | 2012
(4) Don't Look Back In Anger| 2012
(5) Enchanted | 2012
(6) Fire For You | 2012 (C.S⚠️)
(7) I Bet You Think About Me | 2019
(8) We Were Made For It| 2012
(10) bad idea, right? | 2014
(11) Mr. Perfectly Fine | 2012
(12) Late Night Talking | 2012 (U.D 🚩)
(13) I Gotta Feeling | 2012
(14) Last Nite | 2012
(15) forget about that night | 2014
(16) Friday, I'm in Love | 2012
(17) Suspicious Minds | 2019
(18) Talk Like That | 2012
(19) Paparazzi | 2019
(20) Love Story | 2012
(21) All My Skins | 2019
(22) Californication | 2012
(23) Hermit | 2012
(24) Afraid | 2019
(25) From the Dining Table | 2019
(26) Party in the U.S.A | 2012 (U.D 🚩)
(27) Mess It Up | 2019
(28) Alone With You | 2012 (C.S ⚠️)
(29) North Dudes | 2019
(30) Timeless | 2019
(31) Radio | 2012
(32) Habits | 2019
(33) Rock And Roll All Nite | 2012
(34) Gold Rush | 2012
(35) Somebody Else | 2019
(36) My Tears Ricochet | 2019
(37) Stressed Out | 2019
(38) Love Is Embarrassing | 2012
LEIAM ISSO AQ!!!
39 | Softcore
40 | Cornelia Street
41 | Anti-Hero
42 | sweet creature
43 | Ultraviolence
44 | Don't Blame Me
45 | As It Was
46 | style
47 | The 1
48 | The Way I Loved You
49 | Mind Over Matter
50 | Hauting Me
51 | So It Goes
52 | Orpheus
53 | the grudge
54 | BOAHG
55 | watch
56 | Fire and Desire (⚠️)
57 | Labyrinth
58 | Like Real People Do
59 | Question...?
60 | Poker Face
61 | Dress (⚠️)
62 | A&W
63 | About You
64 | Remember That Night
65 | Maroon
66 | this is me trying
67 | Make a Sound
ANÚNCIO!!!!
68 | London Calling
69 | Be My Mistake
71 | Big Black Car
72 | Davie
73 | Afterglow (⚠️)
atualizações ⚠️
74 | Daylight
75 | Playing On My Mind
CONTO
76 | Lacy
77 | Shot At Night
78 | Fine Line
os sons !
79 | mad woman
80 | Die For You
81 | Hotel (⚠️)
82 | Fix You
83 | The Archer

70 | Oceans

789 95 83
Par mariaxttw

We hide our emotions
Under the surface and try to pretend

Seafret

•••••••••••••••••••••••••••••••••

70 capítulos!!!! hahahsuha

Eu nunca fui tão longe em uma fanfic, e abandonei a maior parte delas na metade -até mesmo algumas que tiveram alcances maiores-. Mas, essa está tomando lugares especiais no meu coração.

Obrigada a todos que comentam, me motivam e me fazem gostar ainda mais dela ❤️

E aos que estão aqui e nunca deram uma estrelinha sequer, espero que recebam um chifre maior que o da Ammy!!!!!! (brincadeira, desejo isso pra ninguém)


—Você parece cansada. -Matthew comentou, segundos depois de colocar a mão em meu rosto, para analisá-lo.

Eu estava.

Animada e ansiosa também, mas eu estava exausta. Depois de uma noite sem dormir direito, de passar horas no hospital, de terminar materiais com Jesse antes de arrumar as malas para partir, e de passar horas em videoconferência com Mark Williams, no voo, seria estranho se eu então estivesse cansada.

E, pior, por conta de toda a agitação daquele dia, foi impossível pregar os olhos, depois que as reuniões aéreas acabaram.

Na verdade, apenas Dylan conseguiu. Ele passou as três horas que sucederam as conversas de negócios inteiras dormindo. Dormindo profundamente. Me deixando com inveja.

—Eu estou. -confessei, deixando o meu suspiro transparecer aquilo.

—Vamos chegar em pouco mais de 10 minutos. -Matthew falou, ao olhar aquela pequena telinha, à nossa frente.

A primeira vez que eu andei em um avião privado foi com ele. E, foi por conta de Matthew, também, que eu me acostumei com ele tipo de luxo. Faziam anos que eu não pegava um voo comercial e isso era estranho para caralho.

Quase tão estranho quanto o fato de, na verdade, eu estar sentindo um puta saudade de estar em aeroportos. Eu simplesmente os amo. Amo o cheiro de fast-food deles, e as pessoas correndo de um lado para o outro, e os atendentes simpáticos, e os casais se reencontrando, e os Free-shop's e... tudo.

Eu sentia um pouco de falta de várias coisas da vida normal, que eu nunca reparei antes, como poder ir nos Mercados Centrais, ou em sessões comuns de cinema -não que eu não ame as premières, ou não ache o máximo que eu tenha dinheiro o suficiente para alugar salas-, ou... os parques. Deus, eu sentia falta dos parques.

Mas tudo bem. Nada daquilo era melhor do que o que eu tinha agora.

—Você vai ficar na casa de campo conosco. -Matthew declarou.

Franzi a testa, no mesmo instante.

—Casa de campo?

—É. -Matthew deu de ombros- Nós compramos uma casa, a 25 minutos de Londres, ano passado. Você vai gostar dela. E estão todos lá.

Fiquei feliz e nervosa, ao mesmo tempo. Feliz, porque eu amava -verdadeiramente amava- todas aquelas pessoas a quem ele se referia, e eu não via a hora de passar vários instantes conversando com Mary, e me informando dos detalhes de seu casamento, ou de ouvir as histórias de Carly, brincar com Graham e tocar com Alex. Mas... ao mesmo tempo, era estranho.

Eu não mais sabia como era a dinâmica deles. Aquele grupo continuou a vida, depois que eu parei de vê-lo, e era estranho pensar em quanto tudo mudou, então... Havia um tremendo medo de levar um balde de água gelada. Medo de eles não gostarem mais de mim. Medo de um monte de coisas.

—Matthew, eu reservei um hotel.

Não era como eu estivesse esperando ficar hospedada em seu apartamento. Ou, muito menos, em uma casa fora da cidade...

—Isso é um absurdo. -Matthew quase riu, mas havia um certo desgosto em seu tom- Por que você faria isso?

Não respondi de imediato, enquanto eu observava Vênus subir em seu colo, como se soubesse que era a hora de iniciar o pouso. E... voltando à minha atenção a Matthew, eu fiz expressões meio confusas.

—Você não me disse nada.

—Não achei que eu precisasse. -ele deu de ombros- Achei que fosse óbvio, que ia ficar comigo.

—E por que seria óbvio? -eu quase ri.

Acho que tínhamos alguns problemas de fala, naquele sentindo. É claro que isso era apenas uma besteira, mas exemplificava bastante a nossa vida. Diversas vezes, o que era óbvio para ele, não era para mim e...

—Porque você é minha mulher.

Quase engasguei na minha própria saliva. Porque eu definitivamente não estava esperando por aquela resposta. E o susto pareceu fazer o meu sono sumir.

—Sou sua o quê?

Mais uma vez, o homem deu de ombros. Como se nada aquilo significasse. Como se aquela frase não tivesse me dado a porra de um ataque cardíaco. Como se cinco palavras não fossem capazes de me apavorar e me dar vontade de recuar.

—Minha mulher, porra. Você ouviu exatamente o que eu falei.

Mais uma vez, um tremor subiu no meu corpo. Uma certa eletricidade, misturada com movimentos estranhos no meu estômago e eu, simplesmente, não sabia o que sentir com aquilo.

Talvez, ele estivesse brincando. Matthew sempre adorou fazer brincadeirinhas como aquela, principalmente, quando namorávamos. Mas eu não gostava delas. Eu fantasiava e me machucava depois. Não era legal.

—De qualquer forma -ele continuou, quando eu permaneci em silêncio- Cancele essa reserva. Não vai precisar dela.

Por algum motivo, eu senti mesmo vontade de fazer aquilo. Mas eu não ia. Era perigoso demais me deixar levar por aquele desejo de passar aqueles sei lá quantos dias com ele e seus amigos, 24 horas demais. Porque era exatamente o que acontecia 7 anos atrás, quando estávamos juntos. Seria como reviver aqueles inúmeros momentos, em uma realidade completamente paralela. Uma realidade dolorosa de se comparar...

—Não vou fazer isso. -declarei- Eu disse a você que eu precisava de um pouco de espaço.

E disse mesmo. Logo depois de surtar injustamente com ele,  naquele estúdio, e de receber alguns tapas na cara de seu melhor amigo.

Suspirei, me lembrando daquilo, e vendo a madrugada iluminada de Londres se formar em minha vista.

Eu amava a Inglaterra. Eu amava a Inglaterra, porque meu pai -quem eu veria no fim de semana, se tudo ocorresse bem- estava nela. Eu amava esse país porque ele tinha arte e cultura por todos os cantos, e as pessoas falavam de um jeito divertido, e eram estilosas independente da estação, e tinham manias engraçadas e... porque foi onde minha carreira musical iniciou.

Mas aquele ar de felicidade não durou por nem mais 30 segundos completos, quando Matty começou a insistir:

—Mas eu não. -sua voz se tornou incrivelmente séria- Eu estou cansado de tanto espaço. Tive espaço por 7 anos e não gosto dele.

—Você consegue ser um bebê dramático quando quer, não é? -resmunguei.

Mas ele sorriu. Sorriu e era lindo. Lindo e idiota.

—É porque eu sou artista.

Revirei os olhos. Mas eu não podia deixar de me identificar com aquilo, porque eu fazia, exatamente, o mesmo.

Afinal, por que lidar com as emoções de uma forma racional, se eu posso simplesmente me entregar a elas e formar uma enorme tempestade dramática?

—Além do mais, já são 4 da manhã, nesse fuso. -ele constatou- Qual a lógica de você ir a um hotel, à essa hora?

Era um bom ponto, mas não exatamente lógico. Eu fazia isso o tempo todo. Afinal, recepções de hotéis são 24 horas justamente para atender aqueles que chegam de viagens super tarde. Os táxis e motoristas continuam rodando a cidade e...

—Eu respondo: Não tem. Não há lógica nenhuma. -ele concluiu o próprio raciocínio.

—Você  pode apenas pedir, sabia? -falei, meio irritada e meio risonha, ao mesmo tempo- Pedir e dizer que me quer lá.

Matthew olhou para mim como quem se impressionasse, com a minha fala, mesmo que não tivesse nada de chocante. E eu tive que guardar um sorriso para mim. Ele nunca mudava mesmo...

—Você pode ficar com a gente, esses dias? -o homem pediu, com uma voz doce que doía- Nos faria muito felizes.

Nos faria. Não "me faria".

Jesus, eu queria tanto que os outros sentissem aquilo de verdade. Eu queria tanto que eles gostassem de mim, como eu gostava deles.

Meu coração estava palpitando, como se eu fosse uma pequena adolescente, quando falei:

—É claro que posso.

Matthew, mais uma vez, pareceu impressionado, passeando os olhos pelo meu rosto, como quem analisasse as expressões. Até que, enfim, ele sorriu.

—Era só isso? Era só pedir?

Dei de ombros.

—Às vezes, é só o que uma garota quer.

—Oh. -ele meio que arregalou os olhos, antes de as feições suavizarem- Vou tentar mais vezes, então.

Tive que fazer uma cara feia, para esconder o sorriso interno que eu estava dando. Porque eu comecei a me sentir desesperada com o quanto aquela raiva e aquela angústia, relacionadas a Matthew, haviam passado. O que não era exatamente bom. Elas serviam como forma de me proteger e, agora, eu me encontrava extremamente exposta e suscetível a me derreter em seus sorrisinhos...

—Amanhã eu... hm... vou precisar falar algo com você. -Matthew disse, cortando um pouco o assunto.

Ah, Jesus.

—Por que não fala agora?

—Você está muito cansada, para conversas burocráticas.

Oh. Sim. Eu estava mesmo. Se eu houvesse as palavras "setlist", "figurino" ou "palco" mais uma vez nas próximas horas, o meu cérebro ia simplesmente se derreter...

Por isso, fiz um sim com a cabeça, instantes antes de cutucar Dylan, para que o menino se preparasse para o pouso.

Matthew segurou o gatinho mais firme, contra o seu corpo, ouviu a comissária de bordo pacientemente, ajustou o seu assento e, então, observou as luzes, parecendo feliz. Nós tínhamos o amor por esse país em comum. E, um dia, ele também amaria a América, como eu amo.

Eu respirei fundo, tentando controlar a minha excitação, motivada por diversos motivos e me fazendo esquecer de que, um dia ou dois atrás, eu estava me sentindo deprimida, por culpa daquele energúmeno.

Enquanto descíamos da pequena aeronave, Matthew colocou a mão, suavemente, sob as minhas costas e eu fiquei feliz ao perceber que ele sempre fazia aquele movimento gentil. Sempre.

Enquanto entrávamos no carro, e Dylan não demorou nem um segundo para resmungar e se recostar no banco, eu lembrei que ele sempre ficava mal humorado, quando estava sonolento.

Talvez algumas coisas não fossem mudar. E eu gostava disso.

Mas, também, precisava de um tempo para me familiarizar com aquela realidade de volta à mim. E foi o que eu pensei quando, em um movimento casual, Matthew puxou o meu corpo contra o dele, no banco do carro. Como se quisesse apenas me segurar um pouco e...

—Matty. -eu chamei, com um tom suave- Eu... não posso ficar assim com você, nesses dias.

—Assim como?

Suspirei. Era meio difícil de entender e, ainda mais difícil de explicar, que eu apenas estava com medo do quanto eu gostava dele. E que, da primeira vez, eu me enfiei de cabeça, quando ele me deu aquela atenção, e me machuquei. Me machuquei tanto, que eu nunca consegui me apaixonar verdadeiramente por mais ninguém...

Agora, eu via que... porra.

Porra.

Eu estava me apaixonando de novo por ele. Talvez eu já até estivesse completamente apaixonada. Talvez...

—Não vou mais dormir com você. -declarei- Ao menos, não por enquanto.

Ele pareceu se impressionar com aquela resposta, até porque não tinha nada de sexual, naquele primeiro toque. Mas era questão de segundos, para se tornar. Era só Dylan sumir do carro, que o pequeno abraço se tornaria mãos bobas, e a voz suave seria apenas aliciosa e... eu não aguentava.

—Você viu que isso me deixa meio surtada. -concluí.

Matthew balançou a cabeça.

—Você grita comigo e com meus amigos, e eu quem sou castigado?

Meu Deus do céu.

—Não estou castigando ninguém.

—É claro que está. -ele pareceu meio incrédulo, mas, não irritado- Vai me privar de ter isso para mim, quando sabe que, depois, vamos acabar juntos, de qualquer maneira.

—Eu...

—De verdade, ursinha, de que adianta se afastar, se, no fim, você quer estar perto de mim?

Era óbvio que ele estava certo. Era óbvio que tudo aquilo era verdade, mas, ainda assim, não gostei do quão prepotente ele soou.

Matthew falava como se eu simplesmente não resistisse à sua presença, ou como se eu fosse perdidamente louca por ele e... Tudo bem. Eu era mesmo louca por ele. Mas não era por isso, que ele poderia falar como se fosse simples assim...

—Bem, minha vida não gira em torno de você. -Ao menos, não exatamente- E temos muitas complicações para resolver. Não precisamos de mais uma, nesse momento.

—Não tem nada de complicado nisso.

Para mim tem. Para mim era muito complicado e, o fato de eu não saber o porquê, explicitava bastante isso...

Evitei olhar diretamente nos olhos perfeitos de Matthew, quando eu estava falando. Mas, foi impossível não querer arrancá-los e esmagá-los em minha própria mão, quando eles se tornaram brincalhões. E, quando Matthew completou aquele diálogo com:

—Eu aposto um dia. -sorriu, apesar de parecer sério- Um dia inteiro de você resistindo a mim.

—Oh meu Deus. -suspirei, incrédula- Você realmente acha que tem o melhor pau do mundo.

O sorriso do homem apenas se alargou. E eu pensei em como ele ficaria se estivesse sem dentes...

—Eu não. -gesticulou com a cabeça- Mas você acha.

Idiota. Porco. E...

—Pareço que estou dormindo. -Foi Dylan quem falou,  agora- Mas estou ouvindo essa conversinha fiada. E, se vocês continuarem, eu vou me jogar do carro.

Se eu estivesse em outras circunstâncias, provavelmente, ficaria completamente vermelha com aquilo. Mas acabei ficando grata pelo guitarrista ter interrompido.

Obviamente, a gratidão não durou por muito tempo. Obviamente, ele teve que completar com algum comentário típico de Dylan Lawrence...

—Não entendo porque vocês não ficam se comendo e pronto. -sua voz era sonolenta e irritada, ao mesmo tempo- Fariam um bem à humanidade, nos poupando de todo o drama.



Graham era o maior de nós, em termos de estatura. Ele tinha um metro e noventa e quatro centímetros de pura musculatura. Obviamente, não teve muita noção daquilo, quando puxou Ammy para um abraço e quase sufocou-a.

Eu sorri.

O baterista não precisava ter ficado acordado para nos receber, considerando o nosso horário de chegada e considerando que havia um segurança no portão, que poderia fazer isso perfeitamente. Mas ele fez. Porque, apesar de sua aparência de brutamontes e de, muitas vezes, ele ser um pouco curto e grosso conosco, ele era meio delicado.

Delicado o suficiente para passar a madrugada em claro, a fim de nos receber de forma calorosa. Um fofinho. Eu amava ele. Eu amava todos os que estavam nessa casa, com todo o meu coração.

—É tão bom ter a nossa americana favorita de volta. -ele riu, logo depois que soltou-a.

E o sorriso de Ammy, também, era capaz de iluminar a sala inteira.

Amanhã -no caso, em algumas horas- eu mostraria a casa à ela, quando o restante estivesse acordado e houvesse luz. Ela iria adorar o pequeno lago nos fundos, o monte de árvores, a piscina aquecida, a sala de música e o salão de jogos...

—É bom ver os meus britânicos favoritos, também.

Eu quem tive que comprimir o meu sorriso, agora. Principalmente, quando Graham completou:

—Ahhh, Ammy-mi, eu adorei aquela música que você fez sobre nós, é tão...

—Não é sobre vocês! -Ammy interrompeu, jogando um olhar fuzilante contra mim.

Era óbvio que a música era sobre a nossa banda. Óbvio que sim. Ela podia falar um milhão de referências e dar várias explicações sobre "North Dudes", mas, honestamente, não ia colar...

—Onde está a criança? -eu perguntei, cortando aquele assunto.

Porque eu sabia que não levaria a lugar nenhum. É porque eu queria ver John, mesmo que de longe...

—Vou mostrar o quarto a Ammy. -Graham declarou, em nossas direções, e, à essa altura, Dylan já estava indo à cozinha, pegar algo para comer- Depois, eu vou com você até Johnny...

Obviamente, eu não esperei Graham para aquilo. Ele ajudou a menina com as malas e entrou em um dos corredores do primeiro piso, levando-a até o cômodo, mas eu já fui subindo às escadas. Afinal, eu sabia onde meu afilhado dormia.

E lá ele estava.

Devagarinho, abri a porta do 3° quarto, no segundo andar. Devagarinho, dei passos até a cama em formato de castelo, que lá estava.

Nós compramos essa casa, ano passado, no meio do hiatus da banda, porque queríamos passar mais tempo juntos. E porque queríamos estar perto dele, naqueles momentos de descanso.

Aquela casa era grande o suficiente para nos comportar com muito conforto e, mesmo que as reformas não estivessem tonalizadas, cumpria aquele papel perfeitamente bem. Acontece que... ela também foi feita pensada naquele menino.

Porque John Michael não era apenas o primeiro filho de Alex e Carly. Ele era o primeiro bebê da banda. E todos nós o tínhamos como protegido, em todos os aspectos existentes....

Era uma criança de sorte, sem dúvidas. Porque, com 2 anos e 7 meses de vida na terra, ele já era a pessoa favorita de quarto marmanjos que matariam e morreriam por ele. Tinha pais que amava-o mais que tudo, estava rodeado de arte, de música e de todas as coisas boas da vida.

Acho que eu faria qualquer coisa para proteger o brilho daquele menino, para o resto da vida. Brilho esse que irradiava até mesmo quando estava dormindo, tão tranquilo, agarrado em seu enorme travesseiro em formato de guitarra...

—Ele queria ter ficado acordado. -Graham riu, atrás de mim- Disse que estava com saudade dos tios. Mas, um banho quente depois, apagou.

—Carly nos mataria, se tivéssemos atrapalhado seu sono. -eu ri, porque era verdade.

E o baterista concordou com a cabeça. Logo, Dylan também estava aqui, tornando uma criancinha a nossa principal atração...

Foi quase difícil sair do quarto, para deixá-lo dormir em paz, enquanto ouvíamos Graham narrar alguma coisa sobre os preparativos do casamento.

Ele parecia feliz demais. Mary poderia estar cuspindo fogo e uma pilha de nervos completa, por conta do evento que aconteceria em poucas semanas, mas... Graham? Não. Nem um pouco estressado. 

Tanto que ele teria passado o resto da madrugada falando, se eu e Dylan não tivéssemos reforçado a nossa necessidade urgente de dormir. Porque estávamos exaustos. Imagino que o resto da casa também esteja, mas, nós, particularmente, precisaríamos hibernar, para que as forças fossem recuperadas.

Graças às mensagens da madrugada passada, de Ammy, meu sono foi completamente interrompido. E, então, seguido de visitas a hospitais, trabalho agoniado no estúdio e um voo de quase 12 horas.

Eu tinha muito o que pensar, sobre o que aconteceria a seguir. Muito o que refletir, sobre a resistência de Ammy à minha presença, e do porquê ela ter me dito aquelas coisas. Muito o que trabalhar e decidir, mas... Agora, eu só precisava dormir.

Acho que Ammy estava na mesma situação, porque, quando entrei no meu quarto, percebendo  que as malas dela lá estavam jogadas -inclusive, eu teria que agradecer a Graham por ter deixado-a aqui-, e encarando o banheiro aperto, eu levei um pequeno susto.

A menina estava na banheira. Simplesmente desmaiada. Até tive que colocar o dedo abaixo de seu nariz, para saber se estava tudo bem com sua respiração... E estava. Estava tudo bem com os seus sinais vitais, e quando chamei seu nome, ela resmungou de forma sonolenta.

Tão exausta que adormeceu no banho. Jesus, ela poderia morrer afogada.

Quer dizer, provavelmente, não morreria afogada em uma banheira de meio metro de profundidade, mas nunca se sabe...

—Ursinha. -chamei, mais uma vez, entregando-lhe a toalha- Me dê a mão.

Ela obedeceu, ainda sem abrir os olhos, como se fosse uma completa zumbi.

Seus braços encontraram o meu pescoço, e ela praticamente se agarrou a mim, para ter algum equilíbrio. Eu fechei os olhos e tomei cuidado com minhas mãos, enquanto ajudava-a a se secar. Porque, por mais que eu já conhecesse bastante aquele corpinho, eu não queria analisá-lo, enquanto ela estivesse praticamente desacordada.

—Onde você vai dormir? -ela murmurou, quase inaudível, enquanto passava aquela camisa pelos seus braços, e cobria os seios.

Fui obrigado a mexer nas coisas de Ammy, para buscar alguma roupa íntima, quando ela se sentou na cama. Tão exausta que mal conseguia abrir os olhos, ou se mover.

—Esse quarto é meu. -respondi.

Ela fez uma carinha feia, retorcendo um pouco o nariz. Era bonitinho, porque tudo na menina era lindo...

Meu Deus, eu estava tão apaixonado, que era ridículo.

Ammy, lentamente, vestiu a outra peça de roupa, parecendo estar com o cérebro meio distante. Era como se o cansaço acumulado tivesse atingido-a de uma vez só.

—Mas você vai dormir em outro, certo?

Ela estava louca, se pensava que eu ia deixá-la ficar nele, simples assim. Louca, se eu ia abrir mão do meu lindo e planejado quartinho, ou daquela linda e gostosa companhia, por livre e espontânea vontade.

A casa tinha 5 quartos, contando com o de Johnny. E eu tinha a opção de dormir com Dylan ou com Ammy. Apenas um deles tinha um rostinho adorável, para se olhar, ao acordar...

—De jeito nenhum. -balancei a cabeça.

Era quase como se eu estivesse tendo um deja vu. Eu e Ammy, em uma casa cheia dos meus melhores amigos, dormindo no mesmo quarto, graças a Graham e eu tendo pequenos ataques cardíacos, a cada expressão que ela fazia.

A menina resmungou um pouquinho, e choramingou. Mas, obviamente, estava meio sem forças para sair dali.

—Isso é tão clichê. -ela disse, insatisfeita- Dormir na mesma cama, depois de uma pequena discussão...

—Tem um sofá na sala. -eu caçoei- Fique à vontade.

Ammybeth, mais uma vez, me julgou com o olhar. Era óbvio que eu não estava falando sério. Eu não deixaria ela dormir em sofá nenhum, mas gostei de saber que a menina não faria aquilo, para evitar ficar comigo.

Tive que espremer os meus lábios, quando me deitei ao lado direito, que era onde eu sempre ficava, e senti ela se mover na cama. O cheiro de mel e morango, por conta de seu shampoo e perfume corporal, atingiram as minhas narinas, e eu me senti bem.

Eu adorava as coisas que eu já conhecia. E eu já conhecia muito aquele cheiro.

Ammy suspirou, demonstrando, mais uma vez, o quão cansada estava. E, então, colocou um enorme travesseiro separando os nossos corpos. Não tive como não rir.

—Não quero toques, entendeu? -a menina declarou, para mim.

Concordei com a cabeça. E assisti ela adormecer em questão de pouquíssimos minutos, e foi quando eu tive coragem para arrumar algumas coisas da minha mala e ir tomar banho, também.

Já estava amanhecendo,e eu, quase pegando no sono,  quando senti a menina respirar profundamente e se aninhar nos meus braços, jogando aqueles travesseiros no chão, meio involuntariamente.

Eu fiquei completamente quieto, sem mover o meu corpo, enquanto os seus cabelos se espalhavam pelo meu peito nu, e sua cabeça descansava entre meu ombro e o meu pescoço.

Era gostoso sentí-la tão perto, mesmo que ela não estivesse fazendo nada.

Era bom ter a certeza de que, não, Ammy não resistia a mim. E, nem mesmo meio sonâmbula, era capaz de ignorar a minha presença...

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