Never Be Alone [Camren]

By shwolvrs

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"Você está dizendo que eu estou morto, em uma dimensão singular, tenho uma dívida, a qual eu não faço ideia d... More

01 | Leaving On A Jet Plane
03 | Hotel California
04 | In The Stars
05 | Lost Boy
06 | In My Life
07 | All I Want
08 | Landslide
09 | Keep Myself Alive
10 | Dancing With Your Ghost
11 | This Town
12 | Everyone At This Party

02 | Knocking On Heaven's Door

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By shwolvrs

E aí, famiL?!

Estou aqui pra mais um capítulo! Muito obrigado a cada um que tá aqui, especialmente aos que vieram do meu TikTok. Obrigado mesmo por esse voto de confiança que estão me dando, juro que vai valer a pena! Cada palavrinha que solto é um abraço de gratidão, e quero que saibam o quanto cada curtida, comentário e mensagem fazem meu dia.

Inclusive, meu user é o mesmo em todas as redes e o icon também, então me achar é fácil! Os da Mari são quase a mesma coisa também, mudam só o número de "_".

Esse início da estória não vai ter tanto diálogo, porque é um resumo de tudo o que tá acontecendo. Como eu acredito que ninguém queira shawmila e zauren por aqui, tô tentando desenvolver ao máximo, mas o mais rápido possível, e cenas mais concretas acabam que tomam espaço demais de uma história. Mas fiquem tranquilos, porque não vai ser sempre assim, vai ter muita boiolagem em discurso direto!

Um beijo pro meu amor, que ajudou na revisão do capítulo! Te amo, Lu!

Sem mais enrolação... bora nessa! Ah, qualquer erro, me avisem que depois eu e a Mari consertamos! Beijos!

____________________

"Mama, take this badge off me
I can't use it anymore
It's getting dark, to dark to see
I feel I'm knocking on heaven's door"
Bob Dylan

Nos primeiros dias no acampamento do exército, Shawn se viu imerso em um ambiente desafiador e repleto de disciplina. A transição da vida civil para a militar não foi fácil, mas ele estava determinado a se adaptar e cumprir seu dever.

Ao chegar ao camping¹, foi recebido por uma equipe de instrutores experientes, cuja missão era treiná-lo e prepará-lo para o que estava por vir. Os dias começavam cedo, com reveille² soando antes do amanhecer, e todos os militares se levantando em um ritmo sincronizado para o início de um novo dia.

As manhãs eram dedicadas ao treinamento físico intenso. Os membros das Forças Armadas corriam, faziam flexões, exercícios de resistência e passavam por um rigoroso treinamento de combate. Mendes, conhecido por seu comprometimento com a forma física, rapidamente mostrou sua determinação e disposição para enfrentar os desafios.

As tardes eram preenchidas com formação teórica e prática. Shawn estudava táticas militares, aprendia a operar equipamentos específicos e treinava em técnicas de sobrevivência, ele estava cercado por colegas, muitos deles experientes e alguns enfrentando o albergue pela primeira vez. Os laços de amizade começaram a se formar à medida que compartilhavam o peso dos desafios, e, em pouco tempo, não eram mais apenas ele e Juan.

No início, houve momentos de dúvida e exaustão. A capacitação era corporal e mentalmente desgastante, e a disciplina rígida muitas vezes testava os limites dos oficiais. No entanto, Shawn manteve sua determinação e foco, lembrando-se da razão pela qual estava ali: cumprir sua missão e proteger seu país e família.

Por mais que tudo aquilo parecesse um teste de fogo, Shawn estava determinado a emergir desse desafio como um oficial forte e preparado. Ele sabia que havia muito trabalho pela frente, mas estava determinado a enfrentar qualquer obstáculo que surgisse em seu caminho.

À medida que os turnos passavam, ele via suas habilidades melhorando. Seu treinamento incluía práticas de tiro, navegação em terrenos difíceis e simulações de situações de combate. Ele estava aprendendo a operar veículos e a compreender as complexas estratégias do exército.

Uma das experiências mais marcantes para Shawn foi a capacitação de sobrevivência em ambiente selvagem. Ele e seus parceiros foram levados para uma área remota, onde tiveram que usar suas habilidades para encontrar comida, água e abrigo. Foi um teste de resistência e capacidade de adaptação, e o Tenente descobriu que era capaz de superar desafios que nunca imaginara enfrentar.

Durante seu tempo livre, aproveitava para escrever cartas para sua família. Ele sentia a dor da ausência de Camila e Mateo, queria manter o vínculo com eles, mesmo que estivesse longe. Suas palavras eram cheias de amor e saudade, e ele compartilhava as experiências que estava vivendo no acampamento.

"Minha señorita,

Espero que essa cartinha chegue até vocês cheia de abraços e sorrisos. Escrevo de um lugar meio longe, onde o sol brilha forte, mas nada se compara ao brilho que a presença de vocês traz à minha vida.

O acampamento aqui tem sido uma aventura e tanto, com treinos que desafiam até a alma. A disciplina é meio brava, mas não se preocupe, estou aprendendo a marchar no ritmo. Por falar nisso, lembrei-me de você e Mateo durante um treino de marcha; parece que ganhei uma medalha imaginária de 'melhor marchador do acampamento'. Foi Juan quem me deu o título, mas continua sendo uma conquista.

As manhãs começam cedo demais, parece que alguém confundiu reveille com soneca infinita. Exercícios físicos que fazem qualquer academia parecer brincadeira e treinamentos que me fizeram questionar se já assisti a todos os filmes de ação possíveis. À noite, rola uma espécie de confraternização com os colegas. Acho que eles não sabem, mas você também faz parte dessa festa long-distance³ agora.

Apesar dos momentos difíceis, encontrei colegas que até considero chamar de amigos. A união aqui é tão forte que quase me esqueço do que é saudade. Quase, porque aí lembro de vocês e percebo o tamanho do vazio que só a presença de vocês preenche.

Ah, sinto falta de cada pedacinho da vida cotidiana, das conversas sem sentido, das risadas espontâneas e até das brigas pelo controle remoto. É como se cada refeição fosse uma jornada gastronômica solitária sem vocês por perto. Mas sabe de uma coisa? Isso me dá um motivo a mais para treinar, dar meu melhor e voltar mais rápido.

Durante meu tempo 'livre' (se é que isso existe por aqui), dedico pensando em vocês. Essas cartas são meu jeito de compartilhar minhas peripécias e manter o vínculo mais forte do que nunca. Mesmo longe, sinto que nossa família é um porto seguro, e essas palavras são uma ponte até aí.

Camila, mesmo que estejamos separados por uma distância considerável, meu coração está batendo forte por você. Cada desafio que enfrento é um degrau a mais para voltar e abraçar minha família. Você é meu pilar, minha musa e meu amor constante. A saudade é só um lembrete de como sou sortudo de ter você.

Imagino que Mateo esteja crescendo a passos largos e mal posso esperar para voltar e ouvir todas as histórias mirabolantes e ver as artes que ele anda aprontando. Dê a ele um abração por mim e prometa que vou compensar todo o tempo perdido com brincadeiras quando eu voltar.

Prometo que estou me dedicando ao máximo para cumprir minha missão e voltar logo para o nosso ninho. Conto os dias, as horas e os minutos para reviver o nosso cotidiano juntos.

Com todo meu amor e ansiedade para voltar logo,
Shawn"

Conforme os dias viravam semanas, o homem notou um amadurecimento em si mesmo. Sua disciplina estava mais rígida, sua resistência física estava aumentando e ele estava se tornando mais confiante e competente. Os desafios que enfrentara no acampamento estavam moldando-o e ele estava determinado a se tornar o melhor militar possível.

A vida de Shawn no campo era realmente uma jornada de desafios, no entanto, havia um raio de luz que iluminava seus dias e aquecia seu coração: os desenhos de Mateo.

Semanalmente, Mendes recebia uma carta com um envelope cuidadosamente selado, decorado com cores vibrantes e desenhos infantis. O nome "Papai" vinha escrito com letras caprichadas e, ao abrir os envelopes, deparava-se com tesouros inestimáveis.

Seu filho tinha um talento natural para a arte, e seus desenhos eram uma expressão de amor, carinho e criatividade. A cada sete dias ele escolhia um tema diferente, desde retratos da família, até representações de super-heróis e aventuras imaginárias. Cada traço era feito com dedicação, e a alegria de Mateo era palpável em cada obra.

Shawn tinha um ritual especial para as gravuras do garoto; ele as mantinha cuidadosamente expostas em seu alojamento, colados nas paredes e até no teto de seu beliche. Cada vez que olhava para os esboços, sentia-se mais perto de sua família, mais perto de casa.

No entanto, os desenhos não se limitavam apenas ao espaço pessoal de Mendes. Ele compartilhava o carinho de Mateo com seus colegas de equipe, que faziam o mesmo, e o abrigo se tornou um museu improvisado de arte infantil. As ilustrações se tornaram uma fonte de inspiração e motivação para Shawn e seus companheiros. Nos momentos de exaustão, de dúvida e de saudade, os olhos se voltavam para as paredes decoradas com as criações. Eles eram um lembrete daquilo pelo qual eles estavam lutando, das famílias que estavam longe e da importância de seu serviço.

A cada novo desenho que recebia, o Tenente sentia uma renovação de energia e um senso de intento. Mendes tinha planos de um dia criar um álbum de recordações, uma coleção dos desenhos que representavam os anos de sua vida militar e os momentos de sua família que ele tinha guardado no coração. Quem sabe não se tornaria um pivô para o próximo livro de Camila?

Como Mateo ainda não sabia ler, ele percebeu que os rabiscos eram uma forma perfeita de se conectarem diretamente, sem a necessidade de Camila explicar ao filho o que estava havendo. Assim, ele começou a retribuir os adoráveis desenhos que recebia com criações suas. As mensagens eram transmitidas por meio de imagens, cores e traços, era como se eles tivessem seu próprio idioma secreto.

Ele dedicava tempo e carinho para criar desenhos que refletissem suas experiências no acampamento e seus sentimentos pela família. Desenhava imagens de soldados em formação, aviões de combate e, ocasionalmente, ilustrações de sua casa e de seu quartinho, para que Mateo soubesse que ele estava sempre pensando neles.

Cada correspondência que Shawn enviava continha uma nova arte, e o pequeno Cabello mal podia esperar para abrir as cartas e ver o que seu pai havia feito naquela semana. Os esboços eram uma fonte de alegria e de conexão. O pequeno adorava folhear as caricaturas e criar suas próprias histórias a partir das imagens, suas próprias interpretações. Para o garoto, cada desenho era um tesouro que ele guardava com carinho.

Enquanto o Tenente mantinha a conexão com sua família, Juan também encontrava uma forma de se comunicar com seus entes. Ambos estavam envolvidos na mesma missão militar, mas para o mais novo a experiência estava sendo muito mais desafiadora.

Assim como Shawn, escrevia cartas à parentela, no entanto, as palavras que preenchiam os papéis carregavam um peso diferente. Ele enfrentava não apenas as dificuldades físicas inerentes à vida nas Forças Armadas, mas também desafios psicológicos que o deixavam exausto em todos os sentidos.

A distância da prole, o desgaste físico e emocional da missão tornavam a comunicação por meio das cartas melancólica. Ele compartilhava suas experiências, suas preocupações e seus momentos de saudade. Através das palavras escritas, tentava transmitir o amor e o carinho que sentia por eles, mesmo que as condições ao seu redor fossem extremamente desafiadoras.

O latino precisava encontrar forças para manter a calma e a determinação em suas epístolas, pois sabia que sua família estava ansiosa por notícias e, apesar de tudo, queria transmitir a eles uma sensação de segurança e esperança. Sua experiência estava sendo muito mais exaustiva do que ele os deixava imaginar.

Enfrentava situações de alto estresse, onde suas habilidades e sua coragem eram constantemente testadas. O desgaste físico resultante desses desafios era evidente, mas o peso psicológico era igualmente significativo. Juan carregava consigo o peso das decisões difíceis que precisava tomar, a pressão de liderar sua equipe e a responsabilidade de cumprir a missão.

A troca de cartas, tanto por parte de Shawn, quanto de Juan, tornou-se uma maneira poderosa de se manterem conectados com suas famílias. Enquanto as palavras eram escritas em papel, os sentimentos que expressavam eram reais e poderosos. Os bilhetes eram uma prova da força do amor e do comprometimento que Shawn e Juan tinham com aqueles que amavam, independente da situação.

Enquanto a jornada principal se aproximava, os dois continuavam a se preparar para o que estava por vir. Shawn estava pronto para enfrentar o caminho que tinha pela frente, confiante de que seu treinamento o havia transformado em um soldado preparado para cumprir seu dever. Já seu cunhado não podia dizer o mesmo.

O embate em si, era um turbilhão de caos e desafios implacáveis. Shawn e Juan estavam profundamente imersos no confronto, enfrentando uma série de desafios que testavam sua resiliência, ainda mais do que no abrigo. Os dias e as noites eram uma montanha-russa de tensão, perigo e saudade de suas famílias.

Os confrontos eram intensos, com disparos de armas de fogo e explosões ecoando pelo ambiente. A equipe dos dois era constantemente chamada para missões de patrulha, onde enfrentavam inimigos hostis e a constante ameaça de emboscadas. Eles estavam em uma situação de luta real, onde a vida estava em constante risco.

Infelizmente, a guerra tinha seu preço, e eles viram colegas perderem a vida em meio aos confrontos. A perda de amigos era um golpe emocional profundo que afetava todos os guerrilheiros. Cada baixa era um lembrete sombrio da brutalidade do embate e do perigo constante que enfrentavam.

Juan, em particular, estava lutando com crises de ansiedade intensas. O estresse, a pressão e a exposição constante à situações perigosas estavam cobrando um preço alto sobre ele, estava tendo dificuldade em controlar o medo que o assombrava, e as noites, muitas vezes, eram atormentadas por pesadelos.

Cabello ansiava por sua família, por Camila e por sua mãe. Ele sentia a dor da carência agravada pela situação perigosa em que se encontrava. Os momentos de desespero eram frequentes, e ele lutava para manter a compostura em meio ao caos.

Shawn também estava enfrentando sua própria batalha interna. Ele se sentia psicologicamente frágil, à medida que os dias se transformavam em semanas e as semanas em meses. A guerra o desafiava de maneiras que ele nunca poderia ter imaginado.

As imagens de Mateo e de sua esposa eram sua âncora emocional. Ele mantinha fotos deles em sua mochila e as olhava nos momentos de solidão e incerteza. As lembranças de seu filho, de Camila e de sua casa eram o que o mantinha sã. Ele sabia que precisava retornar a eles em segurança, mas a jornada até lá parecia cada vez mais longa e difícil.

A cada dia, se esforçava para manter o foco. Ele liderava pelo exemplo, mostrando coragem e determinação, mas internamente carregava o peso da responsabilidade e da preocupação com a família. As noites muitas vezes eram preenchidas por longas conversas com seus colegas, onde compartilhavam suas dificuldades diante aquele cenário ríspido.

Os momentos de descanso eram raros, mas quando ocorriam, Shawn e Juan se reuniam para oferecer apoio. Eles compartilhavam histórias, desabafavam sobre suas preocupações e encontravam conforto na compreensão que apenas um irmão pode oferecer.

No entanto, a guerra não dava trégua, e eles sabiam que precisavam continuar, não importando quão exaustos e sobrecarregados se sentissem. O compromisso com o mandato e com seus colegas era a força motriz que os impelia a seguir adiante, mesmo quando a fadiga física e emocional parecia esmagadora. A incerteza do futuro, misturada com o perigo constante, tornava a situação insuportável.

A família esperava ansiosamente por notícias, ansiosa por qualquer sinal de que os dois estavam bem. A distância era torturante, e as palavras nas cartas muitas vezes eram insuficientes para acalmar os corações preocupados. No entanto, o embate tinha seu próprio ritmo, e os soldados estavam à mercê das circunstâncias.

Aquela noite, o acampamento estava envolto em escuridão, iluminado apenas pelas esporádicas explosões ao longe. Juan estava sentado em sua barraca, as mãos trêmulas e o peito apertado. A ansiedade o envolvia de forma avassaladora, deixando-o em um estado de pânico.

Shawn sentiu imediatamente que algo estava errado. Ele entrou no abrigo quando liberado da vigia, preocupado, e encontrou seu cunhado sentado com o olhar perdido, lutando para controlar sua respiração.

— O que aconteceu? — Perguntou, tentando manter a calma, mas seu próprio coração estava batendo rápido de preocupação.

Juan tentou falar, mas sua voz saiu trêmula e incoerente. Ele não conseguia articular as palavras, sua mente estava dominada pelo medo e pela ansiedade.

— Ei, respire fundo, está tudo bem. Estamos aqui juntos, ok? — Shawn tentou acalmar, colocando uma mão reconfortante em seu ombro.

Mas a agonia de Juan persistia.

— Não, Shawn, eu não consigo! Eu não consigo mais! — O tom do garoto deixava seu desespero evidente.

O mais velho sentiu uma onda de pânico agonia crescendo dentro de si. Ele estava acostumado com as crises de Juan, mas vê-lo nesse estado sempre o deixava completamente desnorteado. Sua mente corria em busca de palavras para acalmar o rapaz, mas nada parecia suficiente.

— Juan, por favor, tente respirar devagar — começava a se desesperar, vendo a cor sumir do rosto do outro. — Está acabando! Já está acabando, eu prometo.

O soldado tentou seguir o conselho, mas o colapso continuava inabalável. Shawn podia ver o desespero nos olhos de seu cunhado, e a sensação de impotência o dominou.

— Têm crianças, cara — um soluço agoniado saiu de sua garganta. — Crianças. A cada bomba que soltamos, penso nisso. Podia ser Mateo ali, Shawn.

Mendes suspirou, sentindo a pressão da situação.

— Eu sei que é horrível, não ache que não - sua voz ficara trêmula. — Eu pensei em desistir nesse mesmo dia, pelo mesmo motivo, mas não podemos. Você sabe que não podemos. Pense em Mateo como eu penso, pense que você precisa voltar pra ele.

Os olhos de Shawn, fixos no rosto aflito do mais novo, refletiam uma mistura de preocupação e desamparo. O coração de Juan, outrora compassado, agora parecia um tambor desgovernado, marcando uma cadência acelerada. Seu corpo, refém da ansiedade, tremia sutilmente, e sua mente, uma tempestade de pensamentos desconexos, buscava desesperadamente uma ancoragem.

— Você é forte e corajoso, e eu estou aqui com você, não importa o que aconteça. E, mesmo que pareça difícil agora, nós encontraremos um jeito de superar isso, em casa, com Mateo, Camila, sua mãe...

Shawn, observando a angustia, sentiu um arrepio sutil percorrer sua espinha. A empatia se misturava com uma inquietação crescente, formando um nó na garganta. Cada suspiro de Juan parecia um chamado de socorro, ecoando nas paredes do alojamento.

Na tentativa de acalmar a tormenta interna, o Tenente, com mãos trêmulas, buscou suavizar o próprio desespero. Palavras eram escassas, pois, diante da intensidade do momento, expressões de conforto ganhavam contornos mais profundos.

O silêncio, por vezes ensurdecedor, foi preenchido pelos sussurros contidos de Shawn, tentando dissipar as sombras que envolviam Juan. Contudo, a linha tênue entre a ansiedade de um e o pânico do outro ameaçava romper-se.

Em meio à penumbra, as lágrimas deslizavam pelo rosto do soldado, traçando caminhos de vulnerabilidade. Shawn, lutando contra seu próprio desconforto, oferecia um suporte emocional, uma bússola em um mar revolto.

A inquietude dos dois despertou a médica chefe da unidade de seu breve repouso, os sentidos aguçados diante da angústia que pairava no ar.

O corredor, formado pelas beliches, conduziu Lauren até onde Juan e Shawn compartilhavam uma batalha silenciosa contra as sombras internas. A tensão era palpável, como uma corrente elétrica carregando a atmosfera.

Lauren deparou-se com a dança tumultuada das emoções, os olhares refletindo um desespero compartilhado. O desassossego, um ruído incômodo, reverberava pelas paredes, como se as próprias estruturas do espaço sentissem o peso do momento.

— O que está acontecendo aqui? — Indagou, sua voz sendo um farol de serenidade em meio à tempestade emocional.

Juan, incapaz de articular dialetos coerentes, lançou um olhar marcado pela aflição, enquanto Shawn tentava explicar a batalha interna que ambos enfrentavam. O desespero ganhava contornos tangíveis, mas Janregui, com olhos perscrutadores, buscava enxergar além das superfícies tumultuadas.

— Shawn, me ajude a levar o Juan para um lugar mais tranquilo — Lauren tinha uma voz firme, expressava confiança.

O Tenente assentiu, grato por qualquer ajuda que pudesse receber. Eles ajudaram o latino a se levantar e o guiaram para um local mais afastado, onde a escuridão da noite oferecia um refúgio contra os horrores da guerra que os cercava.

— Respirar. Vamos começar por aí — sugeriu Lauren, seus gestos transmitindo calma e compreensão.

Seu olhar encontrou o deles, estabelecendo uma conexão silenciosa que transcendia as palavras. Em um gesto quase coreografado, ela começou a respirar profundamente, como se conduzisse uma sinfonia de tranquilidade.

— Sintam o ar entrando e saindo — sua voz, suave e cadenciada, envolveu-os como um manto protetor.

Com maestria, guiou-os por uma série de exercícios respiratórios. Cada inalação era uma oportunidade de acalmar a mente turbulenta, enquanto cada expiração dissipava as nuvens escuras que pairavam sobre eles.

— Você está seguro aqui, Juan — ele disse diretamente, percebendo o desespero maior vindo de sua parte. — Respire profundamente, inale e exale. Concentre-se em sua respiração, esqueça o resto.

Shawn observava a interação entre seu cunhado e amiga, a gratidão se misturando com a preocupação em seu rosto. Juan lentamente começou a recuperar o controle de sua respiração, graças à orientação de Lauren.

— Está melhorando, viu? Continue respirando assim. Você é forte, vai superar isso.

Ela não apenas tranquilizava com palavras, mas também com toques compassivos nos ombros, um gesto empático que transmitia mais do que qualquer discurso. Sua presença era a âncora que os impedia de serem levados pelas correntezas agitadas da aflição.

— Não há pressa aqui. Vamos enfrentar isso juntos — murmurou Lauren.

À medida que a serenidade se instalava, a médica introduziu técnicas de visualização, transportando-os para lugares serenos em suas mentes. Uma praia tranquila, onde as ondas sussurravam segredos de paz, e uma floresta, onde o murmúrio das folhas contava histórias de renovação.

Aos poucos, os músculos contraídos relaxaram, e a tormenta emocional começou a ceder. Os olhos, antes desesperados, tornaram-se calmos, refletindo a quietude conquistada. Lauren, como uma guia habilidosa, conduziu-os para fora do redemoinho, até a costa segura da estabilidade emocional.

As palavras da mulher eram como uma poção reconfortante, infundindo esperança nas veias dos dois homens. Ela guiava-os por corredores emocionais desconhecidos, onde a vulnerabilidade era abraçada como parte intrínseca da jornada humana.

Quando o silêncio retomou seu reinado, com um sorriso suave, a mulher deixou-os à mercê de suas próprias respirações tranquilas. O local, antes carregado de agonia, transformou-se em um santuário de alívio, onde a força do presente venceu as sombras do passado.

Juan e Shawn, apesar das cicatrizes emocionais, sentiam-se renovados, como se Lauren tivesse insuflado vida nova em seus espíritos cansados. A noite, inicialmente marcada pelo desespero, transformara-se em um capítulo de superação e aprendizado, moldando-os para os desafios que ainda estavam por vir.

Ao longo dos dias, Shawn, Juan e os outros militares compunham uma equipe unida, sempre alerta para possíveis ameaças. A escuridão da noite trazia consigo a tensão dos combates que aconteciam ao redor, e a necessidade de manter o acampamento seguro era uma prioridade constante.

Enquanto a noite avançava, os soldados se revezavam nas patrulhas, mantendo os olhos abertos e as armas prontas. A amizade e o apoio eram essenciais para enfrentar as longas horas de vigília e para superar o medo que muitas vezes os assombrava.

Apesar das dificuldades e das incertezas, a unidade dos militares era inquebrável. Eles compartilhavam risos, histórias e momentos de reflexão durante as noites no acampamento, encontrando forças uns nos outros para continuar lutando.

A guerra impunha desafios constantes, mas a determinação e a solidariedade dos oficiais eram mais fortes. Eles sabiam que estavam no mesmo barco, enfrentando a escuridão da noite e os perigos juntos.

Certo dia, Lauren pegou cuidadosamente o kit de primeiros socorros e começou a limpar um machucado na mão de Shawn. A ferida, resultado de um pequeno acidente durante uma patrulha, doía profundamente, e ele não conseguiu evitar um gemido de dor quando o algodão embebido em álcool tocou sua pele sensível.

— Desculpe, eu sei que dói. Mas precisamos limpar isso para evitar infecções — disse Lauren, sua expressão demonstrando compreensão.

Shawn respirou fundo, assentindo, tentando lidar com a dor aguda que percorria sua mão. Ele sabia que Lauren estava fazendo o que era necessário para mantê-lo em boa forma de combate.

— Quem diria que meu primeiro machucado seria por conta de um galho de árvore, e não um tiro, ou uma bomba — brincou, fazendo a mulher rir.

A doutora continuou a limpeza com cuidado, sendo o mais gentil possível, mas o processo não era indolor. Shawn fechou os olhos por um momento, concentrando-se em manter o controle.

Ele observou a expressão cansada no rosto da médica, enquanto ela continuava seu trabalho incansável. Sabia que todos estavam sobrecarregados com a missão, mas algo o impulsionou a puxar um assunto com ela para oferecer uma pausa momentânea.

— Você está péssima — a voz, por mais que com um tom descontraído, soou preocupada.

Lauren olhou para ele, esboçando um pequeno sorriso cansado.

— Obrigada — respondeu, entrando no clima. — Estou bem, não se preocupe.

Shawn assentiu, compreendendo a responsabilidade que ela tinha como médica da unidade.

Jauregui não tinha hora para dormir. A guerra cobrava seu preço, e o acampamento era um local onde as feridas eram frequentes e inúmeras. Como a única cirurgiã da unidade, ela estava sempre alerta, pronta para responder às emergências médicas a qualquer hora do dia, ou da noite.

Enquanto os homens lutavam nos campos de batalha, ela estava nos bastidores, cuidando das consequências físicas de todo aquele conflito. Realizava cirurgias complexas, suturava feridas profundas e fazia o possível para salvar vidas. Seu comprometimento era incansável, sua dedicação à equipe, inabalável.

As horas se mesclavam, e Lauren dormia apenas quando podia. Seus olhos refletiam a exaustão, mas ela não mostrava sinais de fraqueza. Sabia que seu papel era crucial, que a saúde dos soldados dependia de seu trabalho árduo e de sua perícia cirúrgica.

Ela era uma heroína silenciosa, que dava tudo de si para manter a unidade saudável e pronta para o combate. E, embora as noites fossem longas e as feridas, numerosas, continuava a lutar, determinada a fazer o que fosse necessário para manter seus parceiros vivos. A guerra era implacável, mas a esperança residia no comprometimento e no sacrifício de pessoas como ela.

— Kaleb está com quantos anos? — Shawn perguntou de repente. — Ele mudou muito desde a última vez que o vi.

Lauren continuou cuidando do machucado, mas seu sorriso se ampliou, e seus olhos se encheram de ternura.

— Ele está com treze anos — respondeu com orgulho e carinho em sua voz. — É um garoto incrível. Inteligente, engraçado e com um coração imenso. Eu sinto muita falta dele.

A conversa trouxe à tona a força de sua conexão mãe-filho. Mesmo no meio do caos da, lembrar-se de seu menino era um raio de luz que iluminava os momentos mais sombrios. A saudade dela era evidente, mas também a motivava a continuar lutando, não apenas pelos soldados ao seu redor, mas pelo futuro de seu filho. E, apesar da distância, a relação deles permanecia inabalável, uma âncora de amor e esperança em meio à tempestade.

Shawn compreendeu a profunda falta que Lauren sentia por seu filho, porque ele próprio também vivia a mesma experiência. Apesar de seu comprometimento com o dever de proteger seu país, seu coração estava dividido entre o campo de batalha e a família que deixara para trás.

Ele refletiu sobre as noites em que Mateo provavelmente olhava para o céu estrelado, desejando a presença de seu pai. Shawn entendia as noites em que Lauren devia sentir o mesmo aperto no peito, pensando em seu filho distante.

— Quando eu tinha a idade dele, queria ser pintor - ele riu lembrando. — Mas acabou que não deu muito certo.

Lauren riu, concordando.

— Ele tem uma banda com os amigos - seus olhos brilharam ao lembrar. — Eles são apaixonados por música e tocam juntos desde que eram crianças. Kaleb é o baterista. É um ótimo cantor também, mas jamais em público.

A expressão de Lauren mostrava orgulho e alegria ao falar de seu filho e de sua jornada musical. Shawn ouvia atentamente, e um sorriso de se formou em seu rosto.

— Música é uma ótima forma de expressão artística — Shawn concluiu.

— Sim — Lauren concordou. — Ele sempre teve muita dificuldade de se expressar, igualzinho ao pai. Colocamos ele na aula de música desde cedo, junto com meu marido.

— Ah, seu marido é músico também?

Lauren assentiu.

— Tecnicamente — ela riu. — Ele é produtor. E Camila?

Ela questionou interessada e Shawn sorriu. Seus pensamentos voando de volta para seu lar.

— Ela é escritora — o orgulho em sua voz era nítido.

— Sério? — Ele assentiu. — Ela já tem algum livro publicado?

— Vários, ah — um gemido de dor ecoou, quando a médica mexeu em seu ferimento com um pouco mais de força.

— Desculpe — pediu. — Diga-me um.

— O meu preferido é a releitura de Cinderella que ela fez.

— Ah, que incrível! — Ela disse, sincera. — Assim que voltarmos eu quero um exemplar!

— Pode deixar! — Riram juntos.

O assunto foi abruptamente rompido por um rapaz que chegou carregado por seus companheiros, gritando de dor. Seu rosto contorcido de agonia ecoou pelo ambiente, e todos os olhares se voltaram para a cena que se desenrolava diante deles.

Os gritos angustiados do homem enchiam o ar, fazendo com que todos os presentes sentissem um calafrio percorrer suas espinhas. Lauren, mesmo exausta, não perdeu tempo. Ela se levantou e correu na direção do soldado ferido, com Shawn seguindo logo atrás. A prioridade era aliviar a dor e estabilizar o estado dele, e a médica estava determinada a fazê-lo.

O oficial foi deitado com cuidado em uma maca improvisada, mas sua dor era tão intensa que ele se contorcia e gritava, incapaz de se acalmar.

— O que aconteceu? — Ela perguntou, mantendo a calma em meio ao caos.

Um dos soldados que o havia carregado até ali respondeu rapidamente:

— Ele tomou um tiro na perna durante o confronto, Doutora.

Lauren assentiu, avaliando a gravidade da situação. Ela sabia que cada minuto era crucial quando se tratava de um ferimento de bala. Sem hesitar, começou a examinar a perna do soldado e a fazer as perguntas habituais para entender a extensão do dano.

A tensão no acampamento era notável, e Mendes, enquanto observava a cena, notou algo que o fez gelar por um momento. Um dos soldados que estava ajudando a carregar o ferido era Juan. Os olhos do Tenente se arregalaram quando percebeu a situação.

Enquanto o homem gritava de dor, Juan começou a mostrar sinais de uma crise de pânico. Seu rosto empalideceu, e sua respiração acelerou descontroladamente. Ele tentava manter a compostura, mas a pressão da situação e o perigo iminente estavam se tornando demais para ele suportar.

Shawn, conhecendo seu cunhado e companheiro de missão, sabia que era crucial agir rapidamente. Ele correu até o latino, tentando bloquear o olhar de seu rosto em agonia e agarrando seus ombros com firmeza.

— Respire fundo. Ele vai ficar bem, está consciente. Ok? Está tudo bem — a voz de Shawn era firme sólida, mas repleta de empatia.

Enquanto a situação caótica se desenrolava ao seu redor, o mais novo estava à beira de um colapso. Sua mente estava repleta de uma mistura angustiante de medo, ansiedade e pânico. Cada batida de seu coração ecoava em seus ouvidos como um tambor ensurdecedor, e sua visão começava a embaçar.

O rapaz que gritava de dor, a urgência da situação e o cenário de guerra contribuíam para a espiral de desespero que o envolvia. Sua respiração se tornou rápida e superficial, como se não conseguisse obter oxigênio suficiente para acalmar a tempestade que rugia dentro de si.

Suas mãos tremiam incontrolavelmente e ele lutava para manter as pernas firmes. A sensação de impotência era avassaladora, e o terror da situação se manifestava em seu rosto pálido e suor frio que escorria por sua testa. Juan sentia-se como se estivesse à beira de um abismo, e a escuridão do pânico o envolvia implacavelmente. Ele estava perdido em seu próprio labirinto, incapaz de encontrar uma saída.

Com o coração apertado e desesperado para ajudar seu cunhado, Shawn segurou os ombros de Juan com ainda mais firmeza constância, olhando profundamente em seus olhos. Sua voz era uma âncora de calma no meio do turbilhão de emoções.

— Juan, escuta, está tudo bem. É Lauren ali, você sabe que ela é foda. Se acalme e respire comigo — começou a respirar lenta e profundamente, dando o exemplo para o outro.

Ele tentou sincronizar a respiração de Juan com a sua, uma técnica que aprendera para momentos de tensão, com a médica a poucos metros deles. Era uma maneira de ajudar a diminuir a frequência cardíaca e a ansiedade. Enquanto faziam isso, Shawn continuou a falar em um tom reconfortante.

— Isso mesmo, cara. Você está seguro. Nós somos uma equipe, e vamos superar isso juntos. Lembre-se do que estamos treinados para fazer — ele tentou relembrar a Juan de sua formação e do treinamento que receberam para lidar com situações difíceis.

Aos poucos, a respiração de Juan começou a se acalmar e as mãos a tremer menos. Shawn o abraçou com força, deixando um beijo em seu rosto.

— Eu te amo. Estou aqui com você, mantenha a calma.

[...]

Os tiros ecoavam ao redor deles, como uma tempestade de metal e fogo. Explosões faziam o chão tremer e a fumaça obscurecia o cenário. No meio do confronto frenético, Shawn e Juan estavam lado a lado, enfrentando os soldados de Israel em uma batalha intensa e súbita.

O instinto de sobrevivência e o treinamento militar entraram em ação, enquanto eles se moviam de cobertura em cobertura, trocando tiros com o inimigo. A adrenalina bombeava em suas veias, e a concentração era total. Cada momento poderia ser o último, e a luta pela vida era feroz.

Eles compartilhavam uma comunicação silenciosa, confiando um no outro para cobrir as costas e se manterem protegidos. A lealdade que haviam construído como companheiros de missão e como membros da mesma família os unia em uma sinergia impressionante.

No meio do fogo cruzado, estavam ofegantes, com o coração batendo descompassado e o medo presente em cada respiração. Os tiros zumbiam ao redor deles, e o som das balas atingindo obstáculos próximos fazia com que se encolhessem em busca de proteção.

A fumaça da batalha e o cheiro de pólvora impregnavam o ar, tornando a situação ainda mais opressiva. Em meio a esse caos, a única opção era se manter na defensiva e reagir aos ataques da melhor maneira possível.

Eles disparavam suas armas com precisão, respondendo ao fogo, sabendo que a menor hesitação poderia ser fatal. A tensão era palpável perceptível, a luta pela sobrevivência os mantinha alerta, e a única coisa que importava naquele momento era manter-se vivo.

No meio do confronto intenso, um soldado que estava junto dos dois levou um tiro no ombro. O impacto o fez gritar de dor e se curvar, largando sua arma, Shawn, mantendo a cabeça baixa para se proteger dos tiros, correu até o homem machucado. A adrenalina corria em suas veias, mas ele manteve a calma e determinação necessárias em uma situação como essa.

Ele se ajoelhou ao lado do companheiro, segurando seu ombro ferido com cuidado. O soldado estava com o rosto contorcido de dor, e o sangue escorria do ferimento. Shawn sabia que precisava agir rapidamente.

— Respire, ok? Respire e não se mexa muito — as palavras de Shawn eram carregadas de empatia e determinação.

Ele rasgou um pedaço de sua própria farda e, com cuidado, pressionou o tecido contra o ferimento para conter a hemorragia. Enquanto fazia isso, sua mente trabalhava rápido, calculando as melhores opções para conseguir ajuda médica o mais rápido possível.

O cenário continuava violento ao seu redor, mas Shawn estava determinado a não deixar seu companheiro ferido para trás.

Juan, agora ao lado deles, encontrou um momento de refúgio temporário atrás de um tronco de árvore. Ele se encostou, fechou os olhos e permitiu que as lágrimas rolassem livremente por seu rosto. A situação tinha um peso inimaginável, e a pressão emocional que ele estava enfrentando era esmagadora.

Seus soluços eram abafados pelo barulho dos tiros e explosões ao redor. O homem estava tentando se recompôr, buscando forças para continuar, mas as marcas emocionais da guerra eram profundas e difíceis de superar.

Shawn, consciente do estado do outro, sentiu uma onda de angustia por seu cunhado e companheiro de missão. Ele sabia que, assim como ele, Juan estava lutando não apenas contra o inimigo, mas também contra seus próprios medos e traumas.

Um tiro atingiu um local perigosamente próximo de Shawn, fazendo-o se encolher em busca de proteção. A adrenalina correu ainda mais rápido por suas veias, e a urgência da situação ficou clara em seu rosto. Mas mesmo em meio ao perigo, ele não hesitou.

Shawn, deixando o ferido em um local seguro, correu até onde Juan estava, ainda abalado e chorando. O rosto do Tenente estava tenso, mas determinado, e ele sabia que a segurança de seu cunhado era uma prioridade absoluta.

— Juan, precisamos nos mover daqui. Não podemos ficar expostos — a voz de Shawn era firme, mas preocupada.

Ele estendeu a mão para ajudar Juan a se levantar, buscando uma saída segura da situação crítica em que se encontravam.

Enquanto Shawn buscava freneticamente um lugar seguro para ele e Juan, o inesperado aconteceu. Uma súbita, aguda e devastadora dor atravessou seu pescoço, como se tivesse sido atingido por um raio. Suas pernas vacilaram, e ele caiu de joelhos no chão empoeirado. Toda a cena ao seu redor parecia distorcida, como se estivesse em câmera lenta, enquanto a agonia o consumia.

Ele se agarrou à dor ardente que irradiava de seu pescoço, sua mão coberta de sangue quente. A visão ficou turva, e o rugido da batalha em seu ouvido parecia distante e irrelevante. A guerra havia se aproximado de Shawn.

— Shawn! — Juan gritou.

Diante da cena chocante de Mendes sendo atingido, o latino sentiu o pânico começar a se insinuar. A visão de seu cunhado ferido, a dor evidente e o sangue que manchava a farda eram suficientes para desencadear uma onda de desespero. Sua respiração acelerou, e ele teve que se esforçar ao máximo para não entrar em uma crise.

No entanto, o instinto de proteger e cuidar, fortalecido pela relação familiar e pela ligação construída na missão, era mais poderoso do que o medo que o abraçava. Juan lutou para recuperar o controle sobre seus próprios nervos, sabendo que, naquele momento crítico, seu cunhado precisava de sua ajuda.

Ele se aproximou de Shawn, tentando esconder a tremulação de suas mãos e a ansiedade que o oprimia. Mesmo em meio à turbulência da guerra e à dor inimaginável do homem, a latino estava determinado a ser o apoio que o mais velho precisava. Eles enfrentariam juntos a tempestade de adversidades que se desenrolava à sua volta.

— Shawn, não feche os olhos, mantenha-se comigo — a voz estava trêmula, mas, pela primeira vez em meses, Mendes não conseguiu perceber. — Lembre-se de Camila, de Mateo. Eles estão esperando por você. Você não pode desistir, cara, não agora.

Mesmo com o pedido ecoando em seus ouvidos, Shawn não pôde resistir à dor insuportável que o dominava. Sua visão embaçou e, então, ele desmaiou no chão poeirento do campo de batalha.

A guerra continuava a rugir ao seu redor, mas tudo se tornou silencioso e escuro. A consciência se desvaneceu, levando-o para longe da brutal realidade daquele momento. Enquanto ele estava inconsciente, a batalha feroz continuava, e Juan ficou sozinho, desesperado para encontrar ajuda e garantir a sobrevivência de seu cunhado em meio à violência incontrolável.

[...]

Mendes acordou com um sobressalto, sentindo uma injeção em seu pescoço e a visão turva se tornando gradualmente mais nítida. A primeira coisa que viu foi o rosto preocupado de Lauren ao seu lado. Seus olhos estavam cheios de urgência, refletindo a gravidade da situação.

A dor latejante em seu pescoço o lembrou instantaneamente da bala que o havia atingido, e ele tentou mover-se, mas a fraqueza o dominava. A visão da médica ali, desesperada e fazendo o possível para salvá-lo, era um vislumbre de esperança em meio à escuridão.

— Fique calmo, ok? Vai ficar tudo bem, só preciso que não feche os olhos novamente — a voz de Jauregui era firme, ela estava fazendo tudo ao seu alcance para estabilizá-lo.

Shawn, mesmo debilitado, sabia que a luta pela sobrevivência continuava, e a presença de Lauren era uma âncora de esperança. Ele estava consciente, mas sentia uma completa paralisia em seus membros. Seu corpo parecia uma jaula de dor e fraqueza, imobilizado pela lesão que a bala havia causado em seu pescoço. Cada tentativa de mover um braço ou uma perna era frustrante, pois os músculos simplesmente não respondiam.

— Lauren, eu não consigo me mexer — sua voz quase não saiu. — Eu não consigo me mexer.

O olhar da médica estava carregado de compaixão e dor enquanto ela observava o homem incapaz de se mover e claramente angustiado pela paralisia que o assolava. As palavras de desespero dele ressoaram no ar, ecoando a intensidade do sofrimento que estava enfrentando.

A agonia daquele momento era compartilhada por ambos, e o rosto de Lauren mostrava a dor que sentia por não poder fazer mais. A vida de seu amigo estava em suas mãos. O olhar de Jauregui, por mais compassivo que fosse, transmitiu a Shawn uma verdade dolorosa que ele começou a entender. Pela expressão dela, ele percebeu que a lesão poderia ter causado danos irreparáveis, que ele talvez nunca mais pudesse recuperar a mobilidade. Essa consciência se abateu sobre ele como um golpe avassalador.

Desespero tomou conta do Tenente. Lágrimas brotaram em seus olhos, escorrendo silenciosamente por suas bochechas. A sensação de impotência, de estar à mercê de uma guerra que o havia deixado paralisado, o inundou. Ele não conseguia segurar as lágrimas, e seus soluços ecoaram no ambiente.

— Lauren... por favor, não — ele disse desesperado. — Por favor.

Uma única lágrima silenciosa escorreu dos olhos de Lauren enquanto ela testemunhava seu desespero. Aquela lágrima era um reflexo do carinho que ela sentia por ele, da dor que compartilhava naquele momento terrível. Apesar de sua profissionalidade e determinação, ela também era humana, e o sofrimento de seus pacientes a tocava profundamente.

Lauren permaneceu ao lado de Mendes, sua mão segurando a dele com gentileza, sabendo que não havia palavras que pudessem aliviar o peso da realidade que ele enfrentava. Enquanto a lágrima solitária traçava um caminho silencioso por sua bochecha, ela continuou a fazer tudo o que estava ao seu alcance para ajudar Shawn.

— Isso é pior do que morrer, Lauren, por favor — seus soluços ecoavam pelo local.

Em seu olhar, a mulher viu um pedido silencioso que atravessou as barreiras da linguagem. Era como se ele implorasse com os olhos para que ela não o ajudasse mais, para que não prolongasse sua agonia em uma vida marcada pela paralisia. Era um pedido de misericórdia, de aceitação da terrível realidade. A batalha que travavam não era apenas contra a lesão, mas também contra a dor e o desespero.

— Shawn... — ela chamou baixo.

— Por favor, Lauren. Não faça isso comigo.

As lágrimas nos olhos de Lauren tornaram-se mais intensas à medida que ela tentava convencer Shawn a não desistir. Ela falou com a voz embargada, seu coração pesado de emoção:

— Shawn, eu sei que isso é incrivelmente difícil, mas você tem uma família esperando por você em casa. A Camila, o Mateo... eles precisam de você. Por mais difícil que seja a jornada, eles estão dispostos a enfrentá-la contigo, eu tenho certeza. Não desista deles. Não desista de si mesmo.

Ela estava apelando para o amor de Shawn por sua família, tentando reacender a chama de esperança que ainda existia em seu coração. Ela entendia a dor que ele sentia, mas também conhecia a força que o amor poderia proporcionar. A batalha estava longe de terminar, e a decisão de Shawn seria um momento crucial em sua jornada.

Shawn olhou nos olhos de Lauren, suas palavras carregadas de resignação e dor. Ele respirou fundo e, com a voz trêmula, expressou sua decisão:

— Lauren, eu não vou conseguir ajudá-los. Eu não quero que eles me vejam assim, que eles convivam comigo assim.

A voz do homem vacilou, e seus olhos encheram-se mais e mais de lágrimas. A desistência era uma decisão angustiante, mas, para ele, parecia ser a única opção em face de uma vida marcada pelo sofrimento contínuo.

— Por favor.

Lauren chorou intensamente, lágrimas escorrendo por seu rosto, enquanto compreendia a decisão de Shawn. Seu coração estava partido pela dor que ele estava enfrentando e pela escolha que estava prestes a fazer. Ela deixou de mexer no machucado, suspendendo o tratamento, e, em vez disso, concentrou-se em tornar seus momentos finais o mais confortáveis possíveis.

Ela segurava sua mão, transmitindo uma profunda empatia e solidariedade. Em meio ao caos da guerra, naquele momento de despedida dolorosa, havia uma conexão humana que transcendia o sofrimento. Lauren sabia que a decisão de Shawn era sua e apenas sua, e ela respeitava isso.

— Minha aliança — ele sussurrou. — Dê a ela. Cuide dela, Lauren.

Lauren assentiu. Enquanto as lágrimas continuavam a escorrer, ela permaneceu ao seu lado, compartilhando aqueles momentos finais com compaixão e respeito, mesmo que seu coração estivesse despedaçado pela tristeza.

— Obrigado — Shawn sussurrou trêmulo, sua voz cheia de gratidão e paz.

Seus olhos se fecharam suavemente, e as lágrimas que haviam represado começaram a escorrer pelo canto de seus olhos. Uma sensação de paz e aceitação envolveu-o, prestes a embarcar em uma jornada que o levaria para além deste mundo.

As últimas imagens que inundaram sua mente foram de Mateo e Camila. Ele viu o rosto sorridente de seu filho, o garotinho que ele tanto amava, cheio de alegria e curiosidade. As lembranças das risadas compartilhadas, dos abraços apertados e dos momentos especiais que dividiram vieram à tona. E, em meio a essas lembranças, ele sorriu com gratidão.

Shawn também viu o rosto de Camila, a mulher que roubou seu coração e com quem compartilhou todos os altos e baixos da vida. A paixão, o amor e a cumplicidade que compartilharam brilhavam em sua mente como um farol de esperança. Ele sabia que a saudade seria uma parte difícil de seu adeus, mas ele escolheu acreditar que o amor que sentiam um pelo outro era algo eterno, que transcenderia a barreira da morte.

Com um suspiro suave e um último pensamento de gratidão, Shawn se entregou à paz que o aguardava. Ele partiu com a serenidade de alguém que aceitava seu destino, sabendo que sua passagem era apenas o começo de uma nova jornada. Naquele momento, ele encontrou a paz que tanto ansiava.

Enquanto a guerra continuava lá fora, a vida do Tenente chegou ao seu fim. Mas o que ele deixou para trás permaneceria como uma lembrança eterna, um legado de coragem, amor e sacrifício. E, em algum lugar, nas memórias de Mateo, Juan e Camila, Shawn viveria para sempre, um herói que nunca seria esquecido.

____________________
SUMÁRIO

1. Camping
Forma de atividade ao ar livre. que envolve a montagem temporária de abrigos, como barracas, em áreas naturais.

2. Reveille:
Tradicional melodia de trombeta usada nas Forças Armadas para sinalizar o início do dia. Tocada ao amanhecer, a música serve como um chamado para os militares se levantarem, se prepararem para o dia e hastearem a bandeira. Essa prática tem raízes históricas e é uma tradição que simboliza a disciplina e a ordem nas forças militares ao redor do mundo.

3. Long-distance:
Algo que ocorre ou é aplicável a grandes distâncias. No contexto de relacionamentos, geralmente descreve situações em que as pessoas envolvidas estão separadas por uma considerável distância geográfica. Isso pode ser aplicado a amizades, relacionamentos românticos ou até mesmo comunicação e colaboração em geral.

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