𝐃𝐞𝐬𝐞𝐧𝐜𝐨𝐧𝐭𝐫𝐨𝐬 | 𝙱...

By aPandora02

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Conseguir um emprego como faxineira no maior centro executivo de direção da S.H.I.E.L.D. foi a luz no fim do... More

❗Importante❗
~ Personagens ~
1 - Alpine
2 - Socializar
3 - Traidor Entre Nós
4 - Invasão
5 - Socorro
6 - Confia Em Mim?
7 - Rodovia (Parte 1)
8 - Rodovia (Parte 2)
9 - Companheiro Caído
10 - Lado Errado
11 - Eu Sou Daiana...
(Parte 2) 1 - O Pacto
2 - Passado E Futuro
3 - Suspeitos
4 - O que aconteceu?
5 - Sujeito Mascarado
6 - Sacrifícios
7 - Dallas
8 - Visita Ao Pesadelo
9 - Ruínas De Um Homem
10 - Viva Por Mim
(Parte 3) 1 - O Que Acontece Depois
2 - Seguir Ou Não Seguir?
3 - Em Frente
4 - O Que Você Omite?
5 - O Passado Sempre Volta
6 - Bons Amigos
7 - Um Novo Capitão América
8 - Digno
9 - Um Símbolo Ou Um Objeto?
10 - Um Quase
11 - Super-Soldados
12 - Convite
13 - Jantar
14 - Ameaça
15 - Ordens
16 - Zemo
17 - Madripoor
18 - Princess Bar
19 - Respira, Expira
20 - Brownie
22 - Abra Os Olhos
23 - Dog Tag
24 - Crianças
25 - Pessoas Confusas
26 - Ponto Fraco
27 - Não
28 - Sem Fôlego
29 - Medo
30 - Silêncio
31 - Dor
32 - Liberdade
33 - Planos

21 - Certo ou Errado?

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By aPandora02

"Olhe só a bagunça que eu fiz

Não tem pra onde correr, é

Segurando uma arma carregada

O vazio

Como um padre atrás do confessionário, eu julgo a mim mesma"

(Melanie Martinez – Void)

Sharon havia conseguido na noite anterior o que eles precisavam: a localização do laboratório do homem que estava ilegalmente produzindo o soro de super-soldado e após o almoço do dia seguinte, era exatamente para onde estavam indo. Era um porto em funcionamento, mas em condições não muito boas e repleto de contêiners. O som mais proeminente, e de uma maneira agradável, eram os das ondas quebrando ao se chocarem com as pedras ou as paredes de material construídas pelo homem para sustentar aquele lugar. Ouvia-se também as gaivotas sobrevoando sob um céu nublado de tempo frio, principalmente naquela área por estarem tão perto do mar.

— Madripoor sabe como dar uma festa — comentou Sam esticando os músculos um pouco doloridos por terem ido dormir bem tarde, ainda sentindo um pouco de sono.

— E você estava soltinho, soltinho — Daiana provocou arrancando dele uma risada.

— A gente tem que aproveitar as oportunidades.

— Com essa recompensa pela cabeça de vocês — interrompeu Sharon mais séria, a todo momento olhando em volta para garantir que não estavam sendo seguidos ou correndo risco de esbarrarem em alguém — quanto mais tempo ficarem em Madripoor, menos chances tem de sair.

— Que reconfortante — Zemo resmungou olhando despreocupado para o céu.

— Ele 'tá lá dentro — a loira parou de andar, fazendo com que os demais também parassem, e apontou para um contêiner específico. — Contêiner 4261. — Enfiou a mão no bolso e estendeu para eles os comunicadores que havia conseguido. — Eu vou ficar de olho aqui fora enquanto vocês falam com o Nagel, mas sejam rápidos. Estamos sem tempo.

— Posso ficar aqui fora com você — Daiana se ofereceu colocando no ouvido o seu pequeno comunicador.

— Sem chance — Bucky contrariou no mesmo instante. — Vai ficar do meu lado o tempo todo. Não é seguro ficar aqui fora.

— Qual a diferença estar lá dentro e aqui fora? — Franziu o cenho. — Não tem ninguém aqui além dos trabalhadores e foi fácil desviar deles. Além de que não acho justo irem quatro pessoas para interrogar uma, e apenas a Sharon ficar de vigilante — apontou para a mulher.

— Ele 'tá certo — para o aborrecimento de Daiana, a outra não estava ao seu lado. — Agora está calmo, mas vocês ainda são procurados — olhou com preocupação ao redor. — Caçadores de recompensas podem chegar a qualquer momento e te identificarem bem rápido.

Suspirando, ela apenas deixou os ombros caírem reconhecendo a derrota, evitando olhar para a expressão convencida que ela sabia que Bucky exibia agora.

— Boa sorte — desejou a loira para eles antes de se afastar em passos apressados.

— Então vamos lá — Sam os incentivou tomando a frente e parando na entrada do contêiner.

— É esse aí? — Daiana olhou em volta enquanto o homem puxava as travas da porta.

— 4261 — ele confirmou apontando para o número marcado com tinta branca no canto superior direito.

Todavia, assim que a porta foi aberta tiveram uma surpresa ao encontra-lo completamente vazio. Esticando o pescoço por sobre o ombro do Wilson, Daiana franziu o cenho e perguntou:

— 'Tá certo isso? — Perguntou a qualquer um que estivesse disposto a responder.

— Sharon — Sam a chamou no comunicador, tão intrigado quanto a outra. — Tem certeza que é esse mesmo? Está totalmente vazio.

Absoluta, tem que ser — respondeu ela do outro lado.

Tirando do bolso uma lanterna, Zemo iluminou o local para eles e então os quatro adentraram, ficando Bucky na porta vigiando por uma fresta.

— Se isso aqui for uma armadilha, eu vou ficar tão brava... — cantarolou seu resmungo para aliviar a tensão, a voz baixa de Daiana ecoando pelo pequeno espaço com ferrugens por todos os lados. — Pessoas vão ser nocauteadas... — continuava.

Sua cantiga improvisada foi interrompida quando levou um pequeno susto ao virar para trás conferindo se Bucky estava bem, e um som consideravelmente alto ecoou em suas costas fazendo-a virar-se outra vez para ver que Zemo havia descoberto um tipo de parede falsa na outra ponta do contêiner. Genuinamente surpresa porque nunca teria imagino aquela possibilidade, curvou os cantos dos lábios para baixo e o observou empurrar com um pouco mais de força, revelando então uma porta camuflada sem maçaneta.

O Barão virou-se para eles. O trio trocou olhares e como se tivessem mesmo uma boa comunicação, os dois homens enfiaram as mãos nas costas para pegarem suas armas e a mulher desceu a sua para o coldre, agarrando, sem acionar, o bastão portátil por precaução.

Zemo deu um passo para o lado, permitindo que o Wilson fizesse a frente do caminho em passos cautelosos e olhos atentos. Caminhou atrás dele sendo seguido por Daiana e Bucky logo atrás, cuidando as costas do grupo. Havia uma escadaria bem suja que os levaria para um andar superior, a qual subiram com cautela.

Com armas em punho, adentraram sorrateiramente um ambiente mais frio que o exterior. Uma música tocava suavemente em algum lugar, servindo a favor deles para abafar qualquer ruido que vissem a fazer sem querer, e assim não denunciar sua aproximação. Diferente do lado de fora, tudo alí era muito limpo do chão ao teto e branco. Os muitos frascos de vidros em diversos formatos, alguns com líquidos coloridos e outros vazios, organizados em prateleiras e armários dizia a eles que estavam no local correto. Aquilo, por incrível que pareça, era mesmo um laboratório muito bem escondido.

A iluminação era baixo num tom azul. Aparentava ser um espaço bem grande, mas as grandes e muitas máquinas e objetos por todos os lados o tornava pequeno, quase apertado. Em pouco tempo haviam vasculhado por tudo e avistaram apenas uma única pessoa trabalhando. Um homem, entretido demais balançando a cabeça com a música, de costas para eles sem perceber que não estava mais sozinho e continuava trabalhando com concentração.

Os quatro trocaram olhares e foi Daiana, quem estava na ponta e mais perto do tocador, que deu dois passos para o lado e retirou a agulha do toca discos de vinil antigo que brevemente a lembrou de sua época. Mas não era o momento para nostalgias.

O homem sobressaltou assustado quando a música abruptamente parou, afundando-o num silencio que durou muito pouco. Virou-se para conferir o que havia acontecido, arregalando os olhos ao se deparar com um homem apontando uma arma para ele, outro loiro que o encarava seriamente e um mulher olhava em voltando girando sem dificuldade alguma um pequeno bastão, não acionado, entre os dedos.

— Dr. Nagel? — Sam o indagou.

— Quem são vocês? O que querem? — Tentou disfarçar o tremor em sua voz.

Afinal, quem não ficaria tendo uma arma apontada para si?

— Sabemos que você criou o soro de super-soldado — informou com a voz forte e o cientista engoliu em seco.

— Saiam do meu laboratório — tentou soar autoritário e talvez fosse uma atitude perigosa, mas vendo que o homem abaixou a arma, apressou os passos contorna-lo e imediatamente se dirigiu até o caminho que o levaria para a saída.

Não deu nem três passos para longe do sujeito e dos outros dois quando percebeu que não eram apenas três pessoas que invadiram seu espaço, mas quatro. Paralisou completamente ao se deparar com aquele homem que o fitava tão fria e seriamente, raiva mais do que perceptível em seu olhar. Todos os seus sentidos lhe diziam que a fonte dessa raiva era ele.

Não havia ninguém em Madripoor que não tenha ouvido falar do Soldado Invernal, principalmente ele que era justamente quem esteve estudando e produzindo o mesmo soro que corria nas veias daquela máquina de matar parada bem em sua frente. O coração batia mais rápido com a eminente presença do perigo e era impossível não se sentir ameaçado agora.

Apesar do braço estar coberto pelas mangas longas de seu blazer escuro, a mão não estava e o metal, que ele sabia ser de vibranium, nada mais que o metal mais forte da terra, brilhava a cor prata com listras douradas. Se não havia entendido a gravidade da situação que estava antes, agora mal conseguia respirar direito. Seu braço foi fortemente agarrado acima do cotovelo e o sujeito com quem falara antes agora o segurava.

— Sabe quem é ele, não sabe? — Sam apontou para Barnes que não movera um músculo, aproveitando-se do medo que transbordava do homem que agora tremia. — Esse — sem delicadeza alguma o forçou a se virar para o outro lado — é o Barão Zemo. E ela — agora apontou para Daiana, que antes não havia prestado tanta atenção para reconhecer, e que parou de girar o bastão entre os dedos e apenas o segurava em frente ao corpo com as duas mãos, fitando-o seriamente e com raiva por estar frente a frente com o cara que estava produzindo aquela porcaria que estragou a vida de tantas pessoas — é a Daiana, mas talvez você a conheça como Dama Mortal. Não é uma informação tão importante, mas também é a esposa do novo Capitão América. Já ouviu falar deles, não é?

O homem estremeceu, mas se manteve calado como se todas as palavras tivessem entalado em sua garganta e a breve valentia de antes se dissipou no ar num piscar de olhos, abandonando seu corpo com muita facilidade. Reconhecia o perigo de estar rodeado por aqueles quatro que não eram pessoas comuns e que o fitavam claramente enfurecidos, sem estarem muito abertos a diálogos. Acreditava que não tremeria tanto nem na presença dos piores criminosos que ele já pôde encontrar em Madripoor vivendo naquele lugar há anos.

— Você parece ser um cara esperto — Sam, ainda o segurando com força, arrastou-o para perto de Bucky onde havia uma cadeira giratória.

A todo momento o homem, certamente por medo e não respeito, evitava olhar diretamente nos olhos do soldado, encolhendo os ombros e abaixando a cabeça quando foi forçado a passar por ele. Sendo jogado na cadeira vaga, Sam, sem muita paciência para conversas vagas, prosseguiu:

— Então, sobre o soro que está produzindo. Eu sugiro que comece a abrir o bico.

— Que tal uma... — limpou a garganta erguendo a cabeça para falar com Sam e evitando os outros três — contraproposta? Me faça uma oferta melhor e eu falo.

Apesar de ser contra a violência, Daiana quis dar com o bastão de leve na cabeça dele. Nada muito forte para não sangrar, apenas para que ele se pusesse em seu lugar, pois não estava em posição de exigir nada.

Gente... — ouviram um sussurro feminino no comunicador. — Temos companhia.

Isso era péssimo. Sabiam que caçadores de recompensas de toda a ilha estavam cientes de que eles ainda estavam em Madripoor e os caçando por todos os cantos. Não iria demorar, é claro, para os encontrarem. O tempo estava passando e não podiam abusar da sorte.

Ao ouvir o aviso da outra, Daiana sentiu um pouco de sua raiva diminuir para que a ansiedade e medo pudessem aumentar. Tentou controlar a respiração e expressões para não deixar escancarado para o refém deles que estavam tão em desvantagem quanto ele no momento.

Todos os caçadores de recompensas estão aqui. Vamos! — Ela os apressou com a voz um pouco mais ofegante, fazendo-o deduzirem imediatamente que acabara de confrontar com alguns deles para lhes dar cobertura.

Impaciente e nervoso com o mero pensamento de serem cercados e pôr não apenas a própria vida, mas a de Daiana em risco porque aquele bastardo estava querendo fazer uma contraproposta para abrir a boca, Bucky agarrou a arma presa no cós da calça em suas costas e encostou o cano na lateral de sua cabeça. Satisfeito, o viu puxar com força o ar, mas não o soltar.

— Fala! — Sam mandou, ficando igualmente impaciente.

Diante do silencio e os segundos passando, o coração da mulher batia cada vez mais rápido. Bucky apertou os lábios quando pelo canto de olho viu o esforço que ela fazia para disfarçar, mas passou a apertar com mais força o bastão entre as mãos e a olhar constantemente para a direção da saída, por onde haviam entrado.

Cansado do silêncio do homem, desviou a arma alguns poucos centímetros de sua cabeça e atirou em qualquer lugar atrás dele antes de rapidamente voltar a encostar o cano, agora quente, contra a lateral de sua cabeça, provando que não estavam com paciência para mais enrolação e que a arma estava carregada, caso ele tivesse alguma dúvida. O cientista sobressaltou na cadeira com o susto, o coração batendo cada vez mais forte contra o peito. Engoliu o grito de horror, finalmente parecendo perceber que não estava em uma boa posição no momento.

— 'Tá bem — disse apressado, erguendo as mãos muito trêmulas, os olhos fixos no chão. — 'Tá bem. Eu fui levado ao programa Soldado Invernal da HYDRA para retomar o trabalho depois que cinco teste com cobaias falharam na Sibéria — pôde respirar um pouco mais aliviado quando Barnes, vendo-o falante desta vez, abaixou a arma. — Quando a HYDRA caiu, fui recrutado pela CIA. Eles tinham amostras de sangue de uma cobaia americana.

No mesmo instante Sam e Bucky trocaram olhares pesados, pois souberam imediatamente que o sangue era de Isaiah, que fora cobaia por mais de 30 anos, sendo submetido a testes e experimentos diários numa prisão.

— Com traços semi-estáveis do soro no sistema — o cientista prosseguiu. — Depois de muito trabalho, fui capaz de isolar os compostos necessários no sangue dele. Eu fui um Deus — dizia agora com orgulho e um brilho desprezível no olhar. — Eu fiz o que nenhum outro cientista, desde Erskine, foi capaz de fazer.

Pelo canto de olho Daiana percebeu que o Barão se afastava muito lentamente deles, recuando passo por passo fingindo observar sem muita importância os frascos ao redor. Talvez fosse por não se demonstrar suspeito ou por estarem envolvidos demais nas palavras do cientista, que Sam e Bucky não lhe dirigiram alguma atenção. Mas ela manteve-se atenta, seguindo-o com os olhos.

O loiro se colocou atrás de uma prateleira, que apesar das pilhas de frascos de vidro estarem em sua frente, era possível vê-lo, meio distorcido, do outro lado. Vendo-o se afastar demais e não gostando disso, ela o seguiu com passos lentos e silenciosos também.

— Mas o meu seria diferente — continuava a ouvir o outro falar. — Sem máquinas barulhentas ou corpos musculosos. O meu seria sutil, otimizado... perfeito — quanto mais ele falava, mais Daiana se afastava de sua passividade.

Ouvi-lo falar daquele maldito soro como algo divino criada pelo homem era... repugnante. Ela sentia raiva em pensar quantas pessoas foram mortas e submetidas a décadas de tortura por causa disso, causando não apenas danos físicos, mas psicológicos irreparáveis. Transformar pessoas em armas... a humanidade estava doente há muito tempo.

— Por que nunca ouvimos falar disso? — Ouviu então a voz de Sam, parecendo incrédulo com as novas informações.

— Porque... Antes de conseguir completar o meu trabalho, virei poeira.

Ah sim, ela se lembrava bem dessa época. Estava na sua lista de traumas.

Franziu o cenho vendo que Zemo bem lentamente começou a deslizar as pontas dos dedos pela superfície de uma mesa, olhando-a de cima a baixo com discrição.

— Aí quando voltei, já eram cinco anos depois. O programa foi abandonado, então eu vim para cá — disse como se fosse algo muito simples e rotineiro, quase como comprar ou alugar uma casa. — O Mercador do Poder ficou feliz em patrocinar a recriação do meu trabalho.

— Quantos frascos você fez? — Dessa vez Sam tinha a voz mais grave.

— Vinte — com essa resposta, todos que o ouviam arregalaram os olhos com muita preocupação.

Aquilo era ruim. Não, era péssimo.

Então não eram apenas oito super-soldados soltos lá fora fazendo o que bem queriam, eram vinte.

— A Karli Morgenthau roubou todos eles, então... — havia um tom de raiva e impaciência na sua voz agora. — Eu nem imagino o que o Mercador do Poder planeja para essa garota.

Os olhos de Daiana foram novamente desviados quando capturaram outro movimento de Zemo. Os dedos enluvados que deslizavam antes sobre a superfície plana da mesa, fazia o mesmo só que em sua parte de baixo, como se procurassem algo e pararam quando pareceu encontrar.

— Onde a Karli está agora? — O Wilson questionou cruzando os braços.

— Eu não sei onde ela está, mas uns dias atrás ela ligou e perguntou se eu poderia ajudar uma tal de Donya Madani. A coitada tinha tuberculose.

Daiana juntou as sobrancelhas, os olhos fixos e surpresos na pistola que Zemo acabara de encontrar presa debaixo daquela mesa e retirar de lá sem nenhuma dificuldade, ou chamar a atenção dos outros dois. Ele estava crente de que estava tudo bem até erguer a cabeça e seus olhos encontrarem os sérios dela, encarando-o profundamente.

Que droga de mulher, ele pensou um tanto revoltado por ser tão enxerida e agora correr o risco de estragar seu plano.

Mantiveram aquele contato visual por um bom tempo, quase numa competição de quem não pisca primeiro.

— Típico de superpopulação em campos de deslocados — continuava falando o cientista.

Numa linguagem silenciosa, Zemo desviou o olhar para a figura destorcida pelos frascos, sentada na cadeira giratória e sendo interrogada antes de voltar a encarar a mulher que o pegou no flagra. Daiana apertou os dentes, seus princípios estando quase a prova naquele momento.

Entendeu o que ele tinha em mente. A vida daquele homem estava praticamente em suas mãos. Poderia avisar aos outros dois que Zemo encontrara uma arma e o que planejava fazer com ela, ou podia manter-se calada e distante, deixando que as coisas acontecessem como se não soubesse de nada.

Acreditava que o sujeito não tinha família, do contrário, não teria vindo parar num lugar como Madripoor. Tampouco era uma boa pessoa. Ainda assim era uma vida. Uma vida que estava brincando com a de outras ao fingir ser Deus e por causa disso inocentes estavam sendo feridos outra vez.

Seu conflito interno lhe fazia querer jogar tudo para o alto e chorar.

O que era certo e o que era errado?

De qualquer forma, ele sabia como produzir o soro. Era inteligente o suficiente para tê-lo aprimorado de uma forma discreta e não estava usando esses conhecimentos para salvar vidas, o que era um ponto a se considerar.

Vinte frascos já estavam sendo um problemão, quem poderia garantir que ele não iria produzir outros e distribuir para pessoas ainda piores? Principalmente em um lugar como Madripoor, as chances daquele soro cair nas mãos do tipo de pessoas extremamente perigosas que viviam alí era um cenário catastrófico. E Zemo, que repudiava aquele soro, pensava quase da mesma forma. Sua fórmula deveria ser destruída eternamente, tal como todos os que sabiam minimamente sobre ela.

A decisão de escolher tirar uma vida para salvar futuras era muito difícil e independente de sua decisão, ela iria se remoer por aquilo.

Zemo balançou levemente a cabeça para os lados, escondendo a arma nas costas com as duas mãos para trás e em passos bem lentos se aproximou dela outra vez, sem desviar o olhar dos seus. Apenas quando estava ao seu lado, ainda com a arma em mãos, voltou a atenção para o cientista sem levantar nenhuma suspeita.

O silencio de Daiana era a sua resposta e decisão.

— O que aconteceu com ela? — Sam se referiu a Donya.

— Não é meu corpo, nem minha fazenda — deu de ombros demonstrando o quão pouco se importava com as vidas alheias que não fosse a dele próprio.

Era bom ouvir aquelas coisas, faria o remorso de Daiana ser um pouco menor.

— Tem algum soro nesse laboratório? — Pela primeira vez a voz grave de Barnes se fez presente desde que puseram os pés naquele espaço.

Era uma informação importante, foi bom ele ter lembrado de perguntar.

À sua pergunta, porém, o cientista não parecia disposto a responder. Com a boca calada, ele desviou o olhar para todas as direções menos para ele.

Por não ser uma pessoa de muita paciência, e talvez se o cientista soubesse disso teria atitudes diferentes das que estava tendo desde o início, James ergueu novamente a arma e empurrou o cano dela contra a cabeça do outro, fazendo-o fechar os olhos e ser forçado a se inclinar para o lado oposto.

— Não — respondeu trêmulo, bem diferente de quando se gabava pelos seus feitos com o soro.

— E agora? — O soldado questionou a Sam, dando um último empurrão bruto com o cano da arma na cabeça de Nagel antes de afastá-la dele, podendo ouvi-lo suspirar aliviado.

Antes que o outro pensasse no próximo passo, Sharon entrou às pressas no laboratório atraindo a atenção de todos com sua agitação. O rosto ferido formando hematomas e o lábio sangrando um pouco.

— A gente 'tá totalmente sem tempo — as palavras dela eram falhas e ofegantes, confirmando que estavam numa situação bem ruim fazendo a tensão de todos aumentar.

Mal puderam piscar no segundo seguinte e um tiro foi disparado, o som alto ecoando no espaço fechado causando desconforto em seus ouvidos e cabeça. Daiana, que já sabia o que aconteceria, fechou os olhos e desviou o rosto da cena. Uma coisa era saber que consentiu com uma atrocidade como aquela, outra era ter a imagem gravada em sua mente para sempre.

— Não! — Ouviu tarde o grito de Sam que se jogou contra o corpo do Barão.

Sharon foi rápida em agarrar a arma de sua mão e jogá-la no chão, mas Zemo, tendo feito o que pretendia, sequer lutava contra eles.

— O que você fez? — Sharon, aturdida, fitava com horror a cena.

O homem que há segundos atrás conversava, foi jogado para trás com o impacto da bala e agora, caído no chão, uma poça de sangue se formava ao seu redor. Não havia respiração e sequer movimento algum. O tiro foi fatal e ele morreu na hora.

Um misto de alivio e remorso corroíam Daiana, sentindo sua garganta se fechar outra vez.

Não tiveram tempo para discutir, entretanto.

A parede próxima a eles foi num segundo atingida por uma explosão forte que destroçou e derrubou tudo o que estava pela frente. Não tiveram tempo de reagir. Com a força do impacto tão inesperado, num segundo todos foram arremessados ao chão sob e sobre destroços.

❗ Tô pensando em postar outro amanhã hihihi 

• Oiee :)

• Bom... não é de hoje que a gente sabe que a Daiana não é de toda boooa.

• O que acharam da atitude da Daiana de não intervir contra o Zemo?

• Toda vez que alguém fala do soro como algo bom, eu fico morrendo de raiva pensando em como o Bucky deve se sentir ouvindo isso.

• No próximo capítulo a gente vai testar se o coração do Bucky tá saudável hihihihi

Daiana assim olhando para o Zemo: 🤨🤨

• ✨ Me desculpem qualquer erro 

• ♥ Espero que estejam gostando ♥

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