𝐃𝐞𝐬𝐞𝐧𝐜𝐨𝐧𝐭𝐫𝐨𝐬 | 𝙱...

De aPandora02

33.1K 3.7K 3.5K

Conseguir um emprego como faxineira no maior centro executivo de direção da S.H.I.E.L.D. foi a luz no fim do... Mais

❗Importante❗
~ Personagens ~
1 - Alpine
2 - Socializar
3 - Traidor Entre Nós
4 - Invasão
5 - Socorro
6 - Confia Em Mim?
7 - Rodovia (Parte 1)
8 - Rodovia (Parte 2)
9 - Companheiro Caído
10 - Lado Errado
11 - Eu Sou Daiana...
(Parte 2) 1 - O Pacto
2 - Passado E Futuro
3 - Suspeitos
4 - O que aconteceu?
5 - Sujeito Mascarado
6 - Sacrifícios
7 - Dallas
8 - Visita Ao Pesadelo
9 - Ruínas De Um Homem
10 - Viva Por Mim
(Parte 3) 1 - O Que Acontece Depois
2 - Seguir Ou Não Seguir?
3 - Em Frente
4 - O Que Você Omite?
5 - O Passado Sempre Volta
6 - Bons Amigos
7 - Um Novo Capitão América
8 - Digno
9 - Um Símbolo Ou Um Objeto?
10 - Um Quase
11 - Super-Soldados
12 - Convite
13 - Jantar
14 - Ameaça
15 - Ordens
16 - Zemo
17 - Madripoor
18 - Princess Bar
19 - Respira, Expira
21 - Certo ou Errado?
22 - Abra Os Olhos
23 - Dog Tag
24 - Crianças
25 - Pessoas Confusas
26 - Ponto Fraco
27 - Não
28 - Sem Fôlego
29 - Medo
30 - Silêncio
31 - Dor
32 - Liberdade
33 - Planos

20 - Brownie

257 38 48
De aPandora02

"Dói saber

Que os nossos filhos nem vão nascer

Dói saber

Que não vai ter festa e nem briga pelo seu buquê"

(Henrique e Juliano – Evento Cancelado)

Sharon, apesar de ser uma fugitiva em um lugar péssimo e perigoso como Madripoor, parece ter se adaptado bem em viver como uma traficante, apesar de todo o ressentimento perceptível em sua voz ao falar sobre sua vida atual e o que teve que deixar para trás, como a sua família. O prédio que pertencia a ela, e para onde os levou, era muito elegante, sendo um contraste gritante comparado a Cidade Baixa onde estavam.

— Toma, para você — após conseguir para Bucky uma roupa mais confortável e deixar para que Sam escolhesse entre as opções conseguidas por ela, estendeu para Daiana algo retirado de seu próprio roupeiro. — Temos quase o mesmo tamanho, então vai servir — deu de ombros.

— Obrigada — agradeceu por também ver um par de botas escuras de saltos curtos entregues a ela, e assim não teria mais que se preocupar com vestidos e torção no tornozelo. — Onde posso me trocar?

— Por aqui — fez sinal para que a seguisse.

Deixando o trio masculino para trás que conversavam entre si com algumas trocas de farpas, nada fora do comum, Daiana foi guiada até o outro cômodo que era um quarto de hospedes, como informado por Sharon. Daiana não pôde disfarçar a sua surpresa. Era um cômodo bastante grande e finamente mobiliado com uma cama de casal bastante confortável que a chamava para descansar. Seus músculos tensos lhe pediam aquilo também.

Passariam a noite alí e mais tarde discutiriam sobre o próximo passo a ser dado.

—Fica a vontade — disse a loira com a mão na maçaneta, achando graça de sua reação para o redor. — Sabe o caminho de volta, não é?

— Sim — assentiu.

— Ótimo.

E a porta foi fechada. A morena deu mais alguns passos, observando o seu redor com admiração e mais calma. Deixou as roupas entregues a ela sobre a cama, retirou os saltos que começavam a incomodá-la e caminhou pelo espaço. Não haviam fotografias como em sua casa. Era um local muito bonito de se viver, mas não haviam lembranças pregadas nas paredes, nem em molduras sobre os móveis. Isso não tornava aquilo um lar, pois era, apesar de belo, frio.

Deslizou as pontas dos dedos sobre a superfície de uma cômoda, nada surpresa ao ver que nem mesmo uma pluma de poeira foi capturada por ela. Através da janela pôde ter uma visão ainda mais contrastante entre a Cidade Alta e a Cidade Baixa. Apesar do ar não ser muito melhor comparado a onde estavam, era igualmente bem iluminado por luzes coloridas nos prédios e nas ruas, mas a movimentação era diferente. As pessoas dirigiam mais do que andavam e os carros eram sem dúvidas os modelos mais caros. Não era incomum, pelo que pôde perceber, ouvir o ronco dos motores de carros esportivos.

Sem lei, corridas que em outros lugares seriam consideradas ilegais, era perfeitamente normal naquele lugar.

As pessoas vestiam os tecidos mais caros e usavam mais joias, o asfalto era plano e as ruas limpas. Notou também que na portaria de todos os prédios pelos quais passaram, como o que estavam agora, seguranças fortemente armados. Não fazia muito tempo que estava naquela ilha e já havia se acostumado com aquela visão, o que era preocupante.

Havia parado de chover, no entanto. Talvez isso fosse um bom sinal, mas ultimamente aprendera a voltar a desconfiar de tudo.

Num suspiro afastou-se da janela e caminhou de volta até a cama, onde se sentou. O corpo afundou de forma confortável sobre o colchão macio e, envolvida por um silencio que a permitia tranquilamente ouvir seus próprios pensamentos, pôde refletir um pouco sobre sua vida e o caos que ela era.

Lembrou-se da ligação inoportuna de John. Ele estava furioso e todos, recordou-se constrangida, ouviram isso. Era uma situação da qual ela não podia fugir ou inventar mais desculpas. Quando se tornara tão covarde? Aquilo era frustrante.

Era de certa forma compreensível, afinal, havia dois dias que ela sumira de casa sem lhe deixar recado algum. Seu telefone neste exato momento, lembrou-se, estava com Sam, então não poderia aproveitar da privacidade momentânea para verificar as mensagens enviadas pelo marido, nem tentar ligar para ele e conversar. Era lamentável que se sentisse melhor tendo uma conversa com John pelo telefone do que pessoalmente. De qualquer forma, fosse qual fosse a opção que escolheria, sentia-se exausta só de imaginar passar por outra discussão estressante.

Suspirou frustrada outra vez e se pôs em pé. Não sabia quanto tempo havia se passado, mas um tanto tarde se lembrou de que poderiam estar esperando por ela no outro cômodo enquanto ela tentava relaxar. Iria se trocar e apressar os passos até o trio que ela deixara há alguns longos minutos.

Levou as mãos para as costas e no mesmo instante fez uma careta soltando um resmungo chateado por não conseguir alcançar o zíper e quando o fez, com a ponta dos dedos, parecia emperrado porque não descia de jeito nenhum. Quem a ajudou a se vestir foi a vendedora na loja de grife que Zemo os levou, então não se atentou àquele detalhe antes, do contrário teria pedido a Sharon, antes de sair, para fazer aquele favor.

Se contorceu um pouco para tentar sozinha de todas as formas, mas não demorou para seus braços se tornarem doloridos e cansados para que ela desistisse quase suando pelo esforço. Bufando, olhou ao redor. Não havia nada que pudesse usar para ajudá-la, então tudo o que lhe restava era retornar à sala a pedir aquilo a Sharon.

Ouviu naquele mesmo instante duas batidas na porta para o seu grande alivio. Tinha certeza de que era Sharon. Teria esquecido de lhe entregar algo? Era bem possível.

Girou a maçaneta quase com um ar aliviado, mas ergueu as sobrancelhas em surpresa e confusão por encontrar em sua frente não os cabelos loiros que esperava, mas os curtos e escuros do homem vestido com um blazer escuro que, diga-se de passagem, lhe caia muito bem. Muito, muito bem. Repreendeu-se por não conseguir evitar passar os olhos por ele, confirmando outra vez aquele pensamento.

Lhe caia quase tão bem quanto o uniforme do exército.

— Bucky — se forçou a se recompor, pondo a culpa no cansaço que a fazia pensar mais lentamente que o normal. — Algum problema? — Perguntou quando limpou a garganta.

— Você estava demorando — ergueu a mão para coçar a nuca um pouco desajeitado. — Então decidi vir conferir se estava tudo bem... Nenhum lugar aqui é seguro — justificando meio desajeitado como pouquíssimas vezes se podia ver, ele tinha os olhos baixos para o chão enquanto falava.

Daiana sentiu o coração bater um pouco mais rápido. Em outras palavras, ele estava preocupado com sua segurança mesmo que estivessem no quarto andar daquele prédio e que ele certamente poderia ouvir qualquer movimentação estranha que acontece mesmo da sala, pois a distância entre os cômodos não era tão grande. Todavia, preferiu pessoalmente vir conferir. Ela tinha mesmo demorado tanto assim? E sequer tinha conseguido tirar o vestido.

— Eu estou bem... — assegurou lentamente, buscando por palavras para que não afundassem num silencio constrangedor. — Só estou tendo dificuldades em puxar o zíper do vestido — jogando o polegar sobre o ombro, indicou que ele estava em suas costas e ela não o alcançava.

— Eu posso te ajudar se quiser — Bucky se ofereceu antes mesmo que pudesse raciocinar o que havia acabado de sugerir.

A surpresa estava estampada no rosto dos dois, e ele se arrependeu imediatamente quando segundos se passaram com apenas uma troca de olhares arregalados e as bochechas dela começaram a ganhar um tom mais avermelhado. Quis bater em si mesmo por isso. Era muito ousado e impróprio da parte dele se oferecer para puxar para baixo o zíper do vestido de uma mulher casada. Ela certamente pensava a mesma coisa.

Abriu a boca para se desculpar, bem embaraçado, quando ela o respondeu antes disso para a sua grande surpresa:

— Eu agradeceria — forçou um sorriso tentando se manter calma e indiferente apesar de ter certeza que os sinais de seu corpo a denunciavam descaradamente, principalmente suas bochechas.

Bucky não podia mais se afastar. Havia se oferecido e agora a tinha de costas para ele, puxando para frente todo o cabelo e dando-lhe permissão para tocá-la, mesmo que de forma inocente. Por ser um vestido de gola, o zíper ia da parte de trás do pescoço até o fim de sua coluna, um caminho bastante perigoso e tentador para suas mãos percorrerem enquanto deixava mais e mais pele exposta e a centímetros de seu toque, principalmente por deseja-la de uma maneira que de inocente nada possuía.

Perguntou-se se ela ainda aceitaria sua ajuda caso soubesse dos cenários que involuntariamente surgiam em sua mente e dos quais tentava lutar contra, pois em todos eles os dois estão tão próximos que centímetros não poderiam ser contados entre eles. O ambiente estava favorável a estes cenários por estarem a sós. Bastava apenas dar um passo e a porta estaria trancada em suas costas.

Era completamente impróprio e mesmo que Daiana não fosse casada, ambos pertenciam a um tempo em que o cortejo era primordial. Portanto, ceder aos desejos muito dificilmente seria provável naquela situação.

Todavia, nem por isso era fácil.

Ambos estavam nervosos. Não é nada demais, diziam a si mesmos. É só abrir o vestido e então ele poderia se retirar ou esperar por ela no lado de fora enquanto Daiana se trocava. Com a porta fechada entre eles. Bem fechada.

Daiana precisou fechar os olhos e sem perceber puxou profundamente o ar para seus pulmões ao sentir as mãos dele esbarrando levemente contra o tecido de veludo do vestido, mas tão quentes que ela podia sentir o calor do toque por sob ele, quase como se a tocasse diretamente sem barreira alguma. Nenhum dos dois se atentou ao fato de que puxar um zíper poderia levar menos de dois segundos e poupá-los do constrangimento que fazia suas bochechas queimarem, e que Barnes realizava aquele gesto de uma maneira muito lenta e quase torturante.

Entretanto, aquela tortura não parecia de fato ruim para os dois.

Com as mãos quase na metade de suas costas, não pôde evitar correr o olhar para a pele que por ele ia sendo exposta. Engoliu em seco ao não encontrar nenhuma renda ou tecido algum de sutiã. Logo deduziu que o vestido devia ter o próprio bojo, portanto tornando o uso da peça feminina algo dispensável. Era quase como se o diabo o estivesse testando.

Queria tocá-la. Céus, como queria. Sempre quis. Era uma tortura, desta vez uma bem ruim, tê-la tão perto daquela forma e tão inalcançável ao mesmo tempo. Maldito Walker, não pôde deixar de ter tal pensamento, um tanto enfurecido e enciumado ao pensar quantas vezes ele pôde ter tudo aquilo entre as mãos.

O zíper finalmente chegou ao final, mas as mãos de Barnes se demoraram um pouco em soltá-lo. Sem perceber este detalhe, tentava organizar os pensamentos em um conflito interno que pelo bem da moral dos dois, deveria se afastar o mais rápido possível e parar de pensar na possibilidade de convencê-la a aceitar que o deixasse trancar aquela porta, com os dois dentro do quarto, e jogá-la sobre a cama a apenas alguns poucos metros de distância deles. Seria muito fácil e rápido carrega-la até lá.

Seria um segredo, se entrassem num acordo. Ninguém precisaria saber... mas não. Ainda que ela quisesse tanto quanto ele, tinha princípios e sugerir que Daiana traísse o marido, mesmo que o sujeito desprezível e pouco merecedor de sua pessoa fosse John Walker, seria uma grande ofensa para ela.

Não ajudou nada seu autocontrole, no entanto, quando a mulher o olhou por sobre o ombro com as faces coradas.

— Pronto — limpando a garganta, um tanto desorientado, Barnes abaixou a cabeça desviando o olhar para qualquer ponto que não fosse ela e recuou alguns passos.

Não poderia passar mais tempo naquela situação, ou temia o que poderia fazer.

Segurando a parte da frente do vestido, agora folgado, para que não caísse e revelasse bem mais do que ele já havia visto, ela rapidamente se escondeu atrás da porta e segurou forte a maçaneta com a outra mão.

— Eu... — tentou controlar a respiração, espantada por perceber como estava ofegante sem ter feito nada. — Já vou voltar para lá.

Esperou apenas que Barnes assentisse, ainda sem ousar erguer o olhar para ela, para fechar a porta com um pouco mais de força que o adequado. Colou as costas nuas contra a madeira branca e respirou profundamente. O que foi isso?

Tentava se recompor. Sabia desde sempre que sentia atração por Bucky, mas não imaginava que se, inconscientemente, desse um passo a mais como aquele simples gesto, perderia facilmente o seu raciocínio. Ainda queimava em sua pele o caminho pela qual as mãos dele deslizaram, mesmo não a tendo tocado diretamente. Sentia-se quase febril e isso não era bom, certo? Soltou um resmungo e fechou os olhos para tentar se recompor.

— Droga — bateu de leve a nuca contra a madeira.

....

Sem dúvidas as botas eram muito mais confortáveis e a calça legging junto da blusa de mangas longas formava um look além de confortável, simples e bonito. Muito melhor para se fugir de criminosos armados que o traje anterior.

Demorou-se um pouco mais no quarto do que esperava, nervosa por uma razão que ela sabia muito bem. Uma razão que tinha nome, sobrenome, um braço de metal, senso de humor escasso e uma típica cara de tédio.

— Olha só quem voltou — Sharon, escorada na parede ao lado de uma grande janela e com um copo de whisky na mão, avaliou-a de cima a baixo, atraindo a atenção para a dama que acabara de chegar ao cômodo. — Ficou muito bom em você.

— E eu agradeço novamente pela gentileza — esboçou um pequeno sorriso, juntando as mãos em frente ao corpo.

— Aliás, é bom que tenha chegado agora — disse assim que terminou de beber. — Estávamos justamente falando sobre o novo Capitão. Como ele é?

Bucky deu uma risada amarga e desviou o olhar de Daiana para qualquer outro ponto naquela grande sala de estar.

— Você não faz ideia — ele resmungou.

— Então você não gosta do novo Capitão América que é marido dela — afirmou o pensamento e apontou para Daiana tentando entender a situação. — Mas vocês dois estão aqui e ele está onde? — Franziu o cenho.

— Provavelmente nos Estados Unidos — Daiana, desconfortável com o assunto, deu de ombros tentando fazer pouco caso.

— Provavelmente? — Riu nasalado. — Que relacionamento é esse que a mulher sai do país com não só um, mas dois caras, tira um terceiro da cadeia de alta segurança e vem parar no lugar mais perigoso da terra sem o casal saber onde o outro está? — Inclinou a cabeça para o lado, genuinamente curiosa.

Se apontasse daquele jeito, como fazia, era realmente algo bem confuso e catastrófico.

— Nós brigamos — respondeu vagamente, querendo apenas encerrar o assunto.

— E você sabe como se vingar — assentiu levemente a fitando com um ar de respeito. — Não é engraçado como as coisas mudam tão rápido? — Se afastou da parede e caminhou até o sofá onde Bucky, de forma despojada, estava sentado ocupando sozinho dois espaços. — Aliás, sr. James — adotou um ar de graça ao sentar-se ao seu lado, cruzando as pernas e esticando um dos braços nas costas do Soldado sobre o estofado do sofá. — Antes de ser o cachorrinho dele — apontou para Zemo —, você era o "Sr. América". O melhor amigo do Capitão — riu divertida mordendo o lábio inferior.

Bucky ergueu as sobrancelhas para a mulher.

— Uau — exclamou sem muita emoção antes de desviar o olhar para Sam que se movia agora para perto da janela. — Ela 'tá terrível.

— E faz muito tempo que eu não te vejo também — passou os olhos curiosos sobre ele que se voltou a ela. — Da última vez tinha um cabelo maior que o meu — brincou risonha.

— Mais hidratado também — Sam foi outro que não resistiu a provocação, recebendo de Barnes um olhar sério de repreensão para não a incentivar a prosseguir.

— O tempo te fez bem — voltou os olhos para os dele após encerrar sua análise. — 'Tá até mais bonito — assentiu lentamente, como se aprovando e gostando do que via de perto.

Daiana imediatamente semicerrou os olhos e cruzou os braços mudando o peso do corpo para a outra perna, de repente bastante incomodada com a proximidade que eles estavam naquele sofá de três lugares. Tinha três lugares, então eles podiam muito bem se afastar um pouco. Porque James tinha de ocupar o centro de dois deles?

— Pensei que só tivesse olhos para o Steve, Sharon — incapaz de conter uma pitada de ironia, Daiana provocou sutilmente os lembrando da última vez que se encontraram pouco antes de sumirem do mapa, e ao entregar os itens deles que ela roubara do governo, o puxara para um beijo enquanto Daiana, Sam e Bucky esperavam e assistiam tudo de dentro do carro.

Com um sorriso pequeno e convencido, caminhou calmamente até Zemo, arrastando sobre o balcão de vidro o copo baixo e largo para que ele lhe servisse um pouco do Whisky que também estava tomando. Do Barão, recebeu um olhar satisfeito não tardando em seguir o pedido silencioso da dama, agarrando a garrafa e derramando o liquido para ela. De Sharon e Sam recebeu um olhar diferente. Ambos tinham os olhos semicerrados com um resquício de diversão que parecia ir crescendo enquanto intercalavam o olhar entre Bucky e Daiana.

Sharon não sabia sobre o envolvimento aprofundado deles, mas... seria possível? Achou a hipótese divertida.

No fundo, se fosse aquilo mesmo que estava pensando, Sam estava quase saltitando, pois poderia haver uma chance de afastar Daiana do projeto ruim de Capitão América para aproximá-la de quem Steve realmente gostaria de vê-la unida. Particularmente, ele também tinha preferência pela dupla antissocial.

Quanto a Barnes, que desde que Daiana chegara após o constrangimento no quarto, vinha, tal como ela, evitando com muito esforço olhá-la, mas foi pego de surpresa por suas palavras e não resistiu a acompanha-la com o olhar. Cada movimento seu desde o caminhar confiante como há algum tempo não via, a cabeça erguida e o gesto de levar o copo aos lábios sem mais a cor vermelho marcante, era hipnotizante. Seria muito emocionado se pensasse que dissera aquilo por ciúmes dele, ou foi apenas um comentário casual sem grande importância?

— Atração momentânea — a loira ao seu lado deu de ombros. — Convenhamos que o Steve era alguém bastante atraente... — os olhos apertados continuavam fitando a Daiana com um ar provocativo.

— Não sei — disse após beber um pouco do liquido apesar de nunca ter sido muito chegada a bebidas alcoólicas. — Sempre o vi como um bom amigo — e era verdade.

Não havia quem pudesse dizer que Steve não era bonito, mas ela nunca viu além disso no sentido romântico.

— Eu entendo — inclinou a cabeça e girou entre os dedos o copo vazio sobre sua coxa. — Quando temos olhos para uma só pessoa, até a mais bonita do mundo fica ofuscada — provocou para tentar confirmar seus pensamentos, erguendo os olhos a tempo de ver como ela e James desviaram o olhar ao mesmo tempo, tentando disfarçar.

Prendeu a risada e virou o rosto na direção de Sam, que também observava bastante satisfeito com o constrangimento dos dois antissociais que ignoravam suas mensagens, e assentiu muito sutilmente para a loira. De alguma forma, ele sabia o que ela queria saber e ele estava confirmando vendo um sorriso travesso curvar seus lábios.

— Vocês já discutiram sobre o soro? — A morena foi mais rápida em fazê-los desviar daquele assunto, como ela pretendia desde o início, voltando ao palco principal dos seus problemas.

— Sim — Sharon a respondeu, a diversão instantaneamente fugindo de suas expressões. — Eu vou ver o que posso fazer para ajudar vocês e o Wilson prometeu limpar o meu nome — enfatizou aquela palavra olhando diretamente para ele quase como uma ameaça se não cumprisse, sem mais a cumplicidade anterior.

— Que responsabilidade, hein — ergueu as sobrancelhas para o citado, como se desejando boa sorte com aquela missão. — E qual é o próximo passo?

— Tenho muitos contatos por aqui e vou precisar falar com um especifico, mas ele só vai poder amanhã numa festa — informou Sharon levantando do sofá para um alivio que Daiana achava que não tinha o direito de sentir. — Então espero que não estejam muito cansados para poderem aproveitar.

....

Sam havia devolvido, pouco antes de se retirarem para dormir, o celular de Daiana. A bateria precisava ser recarregada e sabia que poderia conseguir facilmente um carregador, mas não sabia se queria realmente ter alguma fonte de comunicação com John. Não imaginou que aqueles dias distante dele lhe fariam tanto bem, quando há não muitas semanas atrás esperava que ele retornasse para casa e passassem um tempo juntos. Não podia negar que as coisas, principalmente os sentimentos, estavam mudando.

Por falar em sentimentos, tentava agir naturalmente na presença de Barnes, mas algo entre eles havia mudado também. Se era bom ou ruim, não sabia dizer, mas a deixava nervosa.

Por outro lado, foi bom poder recuperar as energias em uma noite longa numa cama bastante espaçosa e confortável. Isso a deu um pouco mais de ânimo na manhã seguinte quando despertou e se reuniu com os outros para o café. Sharon recomendou que não se aproximassem das janelas para não serem vistos, nem saírem do edifício para não correrem o risco de serem identificados, pois seus rostos e nomes já estavam circulando por toda a ilha, junto de uma grande recompensa para capturá-los como os assassinos de Selby. Isso não era bom.

Mas, como ela havia dito, tinha muitos contatos na região, mais do que na Cidade Baixa, e por isso a festa que os levaria mais tarde e que pertencia a um de seus aliados, era um local seguro. Ninguém os perseguiria ou faria algum mal se os vissem com ela.

Ao menos contavam com isso.

Novamente vestida com roupas emprestadas por Sharon, a camisa social marrom e a calça escura, com o mesmo par de botas lhe caia bem e era adequado para a ocasião, entretanto, não abriu mão do coldre com o bastão portátil. A música tocava alto nas caixas de som e a multidão pulava no mesmo ritmo das batidas com a mão para o alto. Era um ambiente elegante, considerando que era uma festa na parte mais rica da ilha.

Sharon conseguiu que passassem pela segurança sem nenhum problema.

— Finalmente um ambiente agradável — Zemo comentou com satisfação olhando ao redor.

— Eu vou ir lá em cima — Sharon apontou para o que parecia ser um camarote de vidros escuros — conseguir o que precisamos e já volto. Se divirtam e tentem não arrumar confusão — não esperou respostas e apressada se retirou.

— Ouviu, Sam? — Daiana o cutucou na costela com o cotovelo. — Sem confusão.

Com deboche e as mãos na cintura ele a olhou de cima a baixo.

— Já se olhou no espelho hoje?

Jogando a cabeça para trás e dando uma gargalhada a mulher deu um tapa em seu ombro. Ao se recompor, tornou a ficar séria buscando um certo loiro ao seu redor, mas tudo o que via eram braços jogados para cima e pessoas desconhecidas pulando, rindo e cantando a música que tocava tão alto ao ponto do chão sob seus pés vibrar.

— Cadê o Zemo? — Gritou aos dois que ainda estavam com ela.

Imediatamente buscaram com os olhos pela figura especifica na multidão.

— Acho que eu achei — Bucky avisou alto, olhando para um ponto fixo.

Mesmo que Daiana esticasse o pescoço não conseguia enxergá-lo, então deixou que o soldado os guiasse e alguns passos depois estavam sentados em banquinhos de um bar bem iluminado com leds coloridos e de olhos em um Barão que distraidamente dançava com as outras pessoas como se não tivesse nenhuma preocupação na vida. Chegava a ser engraçado assistir, pois seu perfil contradizia com o ambiente.

— Você parece melhor do que eu esperava — comentou Sam ao seu lado direito.

— E o que você esperava? — Desconfiada, ergueu uma sobrancelha sem parar de mexer seu corpo tentando acompanhar a batida da música de forma discreta.

Os movimentos eram lentos e tímidos, pois pouquíssimas vezes esteve em festas semelhantes àquela e as que se lembrava, eram em grandes salões com violinos e piano, com um vasto espaço para os casais dançarem apaixonadamente. Mas aquela era uma época diferente e os bailes estavam diferentes hoje em dia.

— Para uma senhorinha de 100 anos? — Fez uma expressão pensativa e ela parou de dançar para encará-lo boquiaberta.

— Não zombe da idade de uma mulher — deu-lhe outro tapa no ombro, ouvindo sua risada sob a música. — É indelicado.

— Esperava que fosse mais travada — completou.

— Eu sei me adaptar as vezes — deu de ombros. — Mas e você?

— Eu?

— Não vai curtir? — Com um movimento do queixo apontou para o salão em sua frente.

— Não quero humilhar nenhum mero mortal — fez graça e ela estreitou os olhos.

— Ah, para — empurrou seu ombro para que se afastasse e fosse para o meio da pista. — Vai mostrar 'pra essa gente como é que se dança.

O Wilson riu mais alto e saltou do banquinho seguindo seu conselho após resistir por alguns instantes. Que mal faria aproveitar um pouco? Era solteiro, bonito e apesar de estar com problemas financeiros no banco e ter uma recompensa pela sua cabeça naquela ilha, merecia uma distração.

Não demorou muito para que os dois que restaram no bar o perdessem de vista, mas tranquilos por saberem que ele estaria bem. Entretanto, manteriam os olhos em Zemo. Este não era confiável.

— Não vai curtir o baile também? — Dirigiu-se a ele após um momento de silencio entre os dois.

Não pôde deixar de notar a maneira torta que olhava para tudo ao redor, tendo certa graça nisso, pois Bucky, apesar da aparência jovem, não escondia que sua alma tinha mais de 100 anos e diferente dela, ele não teve muito tempo para se adaptar às modernidades do século 21. O soldado fez uma careta de desgosto antes de lhe responder:

— Meu conceito de baile é bem diferente disso aqui — resmungou e Daiana não pôde deixar de assentir com certo lamento.

— Às vezes também sinto falta da nossa época— confessou agora quieta no banco, batucando os dedos no balcão no ritmo da música.

— Posso te fazer uma pergunta — mudou abruptamente de assunto, virando o rosto para ela que ergueu as sobrancelhas em uma breve surpresa antes de desfazê-la.

— Claro. O que é?

— Naquele dia, na sua casa... — não sabia bem como abordar o assunto, mas era algo que o vinha atormentando mesmo sabendo que poderia ser nada demais. — Eu perguntei se o nome dela era Alpine e você disse que sim, porque uma vez eu disse que era um nome bonito — a lembrou e a viu mexer-se um pouco no banco. — Mas quando adotou Alpine — prosseguiu atento a ela —, você não se lembrava de mim, correto? Então não a batizou por minha causa como deu a entender...

Deixou a frase no ar para que ela afirmasse ou não. Daiana deu um sorriso sem vontade, subindo os olhos para ele.

— Quando eu acordei no hospital, realmente não me lembrava de nada — confessou o que ele já sabia. — Não me lembrava de você, mas eu tinha a sua dog tag — apontou para a mesma pendurada em seu pescoço, devolvida para ele quando tiveram uma breve discussão antes de chegarem em Wakanda anos atrás. — Quando adotei ela, precisava de um nome e o único que ficava rodando a minha cabeça era Alpine. Eu não sabia bem o porquê, mas sentia que era especial. Então a batizei assim e quando pude recuperar as memórias — apontou para ele fazendo um breve intervalo —, lembrei da primeira vez que ouvi. Você me disse que era bonito.

— Você não gostou a princípio — acusou com um pequeno sorriso ladino ao ser atingido pela memória.

— É claro que não — riu outra vez. — Estávamos discutindo o futuro e entramos no assunto filhos. Você sugeriu que se um dia tivéssemos algum e fosse menina, o nome dela seria Alpine. Isso é nome de gato — disse a ele o mesmo que disse naquela época.

— Claro que não — retrucou fingindo-se de ofendido. — É muito bonito. Você até escolheu esse para a Alpine.

— Sim, porque ela é uma gata — riu mais ainda ao enfatizar o óbvio.

— Você também não pode falar nada — a empurrou de leve com o cotovelo. — Disse que se tivéssemos um menino seria Bowie — fez uma careta, exatamente como naquela época e não deixou de repetir sua irritação forçada como se a sugestão fosse ofensiva.

— Bowie é um nome bonito — o defendeu fortemente cruzando os braços.

— Parece brownie, Daiana — repetiu as palavras que ela já havia ouvido. — Nunca conheci alguém chamado Bowie — fez uma voz engraçada como aversão. — Toda vez que eu olhasse pra criança ia pensar em brownie.

Mais do que ouvindo-a e vendo-a gargalhar com aquela boba discussão outra vez, Barnes se viu refletindo sobre como era boa aquela sensação momentânea que sentia agora. Estavam ambos alí novamente, com mais de 100 anos de idade, aparência por volta dos 40, discutindo e rindo como os dois jovens ingênuos e apaixonados que eram fazendo planos aos 18 e 25 anos.

Doeu, mas ele precisava disfarçar. Doeu por pensar na diferença das épocas e a forma como falavam sobre o assunto agora. Antigamente falavam como algo que viria a acontecer porque ambos planejavam aquilo, queriam ser uma família. Mas agora, mesmo que possam ficar juntos, falavam de seus filhos no passado, porque eles nunca iriam nascer, nunca nem mesmo existiriam, mesmo se quisessem.

— Porque ele seria um docinho — tentou justificar o comentário dele de forma que apoiasse o seu gosto pessoal.

— Você é péssima — ergueu as sobrancelhas e balançou a cabeça como se a mulher fosse um caso perdido, ouvindo a risada alta, porém um pouco abafada ao seu lado.

Oiee :) Eu adorei escrever esse capítulo 🙂

• Sim, a música do inicio foi pra ferir aqui no final 💔

Capítulo mais tranquilo e fofinho. Teve tensão, ciúmes, provocação e até nostalgia entre o casal 🥰🥰

Eu simplesmente amo esses momentos deles mais leves 🥺

Claramente péssimos com nomes, deve ter sido por isso que o destino não deixou eles terem filhos. Pobre da criança.

• Gostam de brownie??

Sharon e o Sam se unindo kkkkkkk

• Eu não sou boa fazendo capas, mas a anterior  estava me incomodando porque era muito cinza, dai troquei.

• Faço parte do numeroso grupo de leitores que ODEIAM qualquer traição romântica. Portanto, mesmo que eu queira a Dai com o Bucky, ela ainda é casada com o encosto do John. Não passo pano pra nenhuma traição, mesmo que da protagonista e mesmo que ela esteja casada com um  estrume. Então qualquer relação a mais entre ela e o Bucky no sentido romântico só vai acontecer  de fato quando a querida falar na cara do John que eles não estão mais juntos e ele estiver CIENTE disso. Ok? Até lá ficamos com as migalhas 😭😭

• ✨ Me desculpem qualquer erro

♥ Espero que estejam gostando ♥


Continue lendo

Você também vai gostar

35.7K 2.3K 86
Reações de Girls Groups de Kpop. Essa fanfic não tem intenção de ofender nenhum idol e nem manchar sua imagem, livro de fã para fã! 🥇CLC 🥇 SOMI 🥇...
56K 5.6K 57
Adolescência pode ser a fase mais divertida da vida, mas, quando algo sai fora do programado, ela se transforma em algo bem difícil. Julia não sabia...
Depois Da Visita De mrenarav2

Ficção Adolescente

8.3M 543K 77
no final, eu tive que escolher pela dor, que ele me causou. |História de Luíza e Coringa|
Love Sea De ‎

Ficção Adolescente

10.7K 625 34
Tongrak é um escritor gostosão que está em busca de ideias para terminar seu romance ambientado no lindo mar. Mahasamut, um homem moreno e bonito, te...