𝐃𝐞𝐬𝐞𝐧𝐜𝐨𝐧𝐭𝐫𝐨𝐬 | 𝙱...

By aPandora02

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Conseguir um emprego como faxineira no maior centro executivo de direção da S.H.I.E.L.D. foi a luz no fim do... More

❗Importante❗
~ Personagens ~
1 - Alpine
2 - Socializar
3 - Traidor Entre Nós
4 - Invasão
5 - Socorro
6 - Confia Em Mim?
7 - Rodovia (Parte 1)
8 - Rodovia (Parte 2)
9 - Companheiro Caído
10 - Lado Errado
11 - Eu Sou Daiana...
(Parte 2) 1 - O Pacto
2 - Passado E Futuro
3 - Suspeitos
4 - O que aconteceu?
5 - Sujeito Mascarado
6 - Sacrifícios
7 - Dallas
8 - Visita Ao Pesadelo
9 - Ruínas De Um Homem
10 - Viva Por Mim
(Parte 3) 1 - O Que Acontece Depois
2 - Seguir Ou Não Seguir?
3 - Em Frente
4 - O Que Você Omite?
5 - O Passado Sempre Volta
6 - Bons Amigos
7 - Um Novo Capitão América
8 - Digno
9 - Um Símbolo Ou Um Objeto?
10 - Um Quase
11 - Super-Soldados
12 - Convite
13 - Jantar
15 - Ordens
16 - Zemo
17 - Madripoor
18 - Princess Bar
19 - Respira, Expira
20 - Brownie
21 - Certo ou Errado?
22 - Abra Os Olhos
23 - Dog Tag
24 - Crianças
25 - Pessoas Confusas
26 - Ponto Fraco
27 - Não
28 - Sem Fôlego
29 - Medo
30 - Silêncio
31 - Dor
32 - Liberdade
33 - Planos

14 - Ameaça

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By aPandora02

"Tá em dúvida

Não sabe se é normal gostar de dois

Tá entre o que é

E o que já foi"

(Luan Santana - A)

Distraída, Daiana bebia a água de sua garrafinha enquanto olhava do quarto andar do prédio o movimento da rua lá em baixo. Ao seu redor, a música não tão alta da academia tocava nas caixas de som preenchendo o ambiente de uma maneira não incômoda, mas presente, mesmo que todos alí usassem os próprios fones de ouvidos com seus próprios estilos musicais, exceto pelos personal trainers, como ela, pois precisavam de concentração para trabalhar.

O jantar da noite anterior terminou melhor do que ela esperava, na verdade. Na sacada com Bucky, passaram mais tempo conversando do que eles pretendiam, ou talvez a culpa fosse de estarem tão entretidos um com o outro que esqueceram totalmente que não estavam sozinhos. Em algum momento John apareceu, com uma expressão estranha, chamando pela esposa que forçou um sorriso e convidou Bucky para entrar também, mas como desculpa este disse a Sam que estava tarde e eles precisavam ir.

— ...ana.

Balançando a garrafa na mão e curvada sobre a grande janela aberta, pensava sobre como uma conversa de alguns minutos com Barnes foi capaz de não apenas acalmar o nervosismo que antes sentia em sua presença ou toda vez que pensava em tê-lo novamente presente em sua vida, como também a trouxe um pouco de paz.

— ...na.

Ouvi-lo contar sobre como o presidente o ter perdoado por todas as atrocidades que a HYDRA o obrigou a cometer tem sido importante para o seu processo de recuperação, a deixou orgulhosa. Era nítido em seu semblante o quanto ele próprio estava orgulhoso de si mesmo e no fim, frente a frente, eles eram apenas duas pessoas inocentes, que foram usadas e feridas por pessoas cruéis que os obrigaram, contra a sua vontade, a machucar outras pessoas. Nenhum deles queria algo como essa vida novamente. Os dois queriam apenas paz.

Chega de guerra. Chega de pessoas se ferindo.

— Daiana! — Uma mão tocou-lhe o ombro e a puxou um pouco para trás.

Sobressaltou por ter sido arrancada dos pensamentos de forma tão abrupta, fitando confusa a mulher frustrada em sua frente.

— Não estava me ouvindo te chamar, não? — Melinda cruzou os braços e passou o peso do corpo para uma perna.

— Desculpa — pediu largando a garrafinha no chão. — Estava distraída.

—Sei — olhou-a de cima a baixo como quem não acredita. — E posso perguntar o que a distrai tanto esta tarde?

— Estava pensando sobre ontem — deu de ombros tentando fazer pouco caso para não abrir brechas para mais perguntas. — Só isso.

— Hum... — murmurou ainda a olhando daquela forma estranha que fez Daiana semicerrar os olhos.

— O que é que foi?

— Nada — curvou os lábios para baixo. — Você só está... diferente.

— Diferente? — Ergueu uma sobrancelha olhando de canto.

— Mais distraída, e isso tem uns dias — esclareceu. — Mas quantas vezes eu já chamei a sua atenção hoje? — Ergueu uma sobrancelha como ela e Daiana suspirou, reconhecendo que realmente sua mente estava voando alto desde de manhã.

— Tem muita coisa acontecendo.

— Por que não somos sinceras aqui? — Aproximou-se um passo. — Fala sério, Daiana. Eu sou sua amiga, me preocupo contigo, mas ultimamente a gente mal tem conversado sobre os seus sentimentos.

A morena suspirou outra vez e desviou o olhar para qualquer outra direção, o que costumava fazer quando estava desconfortável com algum assunto.

— Fala comigo — pediu quase suplicante tentando fazer com que seus olhos se voltassem a ela outra vez. — Tem alguma coisa a ver com o John? Vocês não estão legais, é isso?

— Mais ou menos — abaixou a cabeça, ainda sem olhá-la.

— Eu estou uma pilha de nervos por você há dias. Preciso de mais que um "mais ou menos" — imitou sua voz de forma estupida.

— Mel... — havia cansaço em sua voz, hesitando por alguns instantes. — Eu sou uma esposa horrível?

— Do que você está falando? — Olhou-a como se outra cabeça tivesse surgido de repente em seu pescoço. — Tu é maravilhosa.

— Mesmo quando me sinto mal vendo meu marido vestido de Capitão América todos os dias, andando pro aí com aquele escudo, mas mesmo assim sorrio para ele todas as vezes como se o apoiasse verdadeiramente? — Desabafou.

Apesar de ter insistido, Melinda não esperava por algo assim sendo jogado para fora tão facilmente quando Daiana costumava resistir mais, mas talvez o cansaço nítido em seu semblante fosse a causa.

— Não — disse após se recuperar da surpresa, pois pensava que o casal não enfrentava mais este problema e que Daiana tinha aprendido a apoiá-lo. — Ninguém te julgaria por isso. Está tudo bem que você não se sinta bem, é compreensível.

A outra riu de uma maneira amarga, calando-a.

— Ele me julgaria.

— Quem?

— O John.

— O John? — Franziu o cenho. — Bem, ele quer que as pessoas o aceitem e o seu apoio como esposa é importante, mas não acho que ele te julgaria.

Talvez não julgasse, pensou. Mas com certeza a faria se sentir culpada.

— Eu só... — esfregou as pálpebras quando as sentiu latejarem — preciso de descanso, eu acho.

Melinda entortou a boca em silencio, observando-a com preocupação.

— Quer ir visitar a minha mãe depois do trabalho? Eu estou indo para lá e mesmo que ela não lembre de você, me pergunta sobre "uma moça que foi visitá-la uma vez".

Suas palavras conseguiram de Daiana um sorriso pequeno, mas sincero. Pretendia visitar o sr. Guerini mais tarde, mas talvez mudasse a visita para amanhã, pois ao menos com a mãe de Mel, ela não precisava fingir ser outra pessoa.

— Eu adoraria.

....

— Oh, você ficou sabendo? — Olivia, a mãe de Melinda, abruptamente mudou de assunto enquanto a filha foi buscar um café em uma das máquinas que ficavam no corredor, na sala de espera. — Steve esteve aqui ontem.

Daiana pouco deu importância por ter cortado de repente o assunto anterior, e ergueu as sobrancelhas fingindo surpresa.

— É mesmo, dona Olivia?

— Sim — a senhora assentiu empolgada, os olhos brilhando. — Eu disse para a Melinda que ele viria, mas acho que ela não acreditou — sussurrou para ela, como se contando um segredo em tom de orgulho de quem conseguiu provar o contrário para aqueles que duvidaram dela. — Steve me trouxe até flores — apontou para o buquê ao lado da cama.

De fato, era um buquê muito bonito.

— Ele sabe que eu adoro rosas amarelas — o afeto tão presente em sua voz fazia os olhos de Daiana ameaçarem arder, anunciando que poderia chorar em breve.

Era reconfortante imaginar que Steve teve por perto alguém que o admirou e o adorou com tanta devoção e carinho como o que era perceptível em todos os traços daquela senhora de cabelos grisalhos. Não sabia ao certo até que ponto podia acreditar em seus relatos sobre seu passado, mas Melinda a havia mostrado uma foto de quando sua mãe era adolescente e ao lado do Capitão. Ambas concordavam que poderia ser uma foto tirada em um momento aleatório e único como quem encontra um ídolo na rua e nunca mais tem contato com aquela pessoa, mas apesar de sua saúde debilitada, Olivia falava com tanta convicção que deixava a qualquer um em dúvidas da veracidade.

As rosas de pétalas amarelas brilhantes que Olivia admirava com tanto carinho agora, no entanto, foram compradas e presenteadas a ela por Daiana há pouco mais de uma hora. É claro que não iria estragar com a verdade o momento daquela senhora, cuja maior felicidade era falar sobre seu super-herói favorito da vida real, principalmente quando estava destinada a passar o resto de seus dias acamada em um pequeno espaço, permitida a caminhar apenas até o banheiro no canto do quarto.

Não se importava que pensasse que fora Steve, ao invés dela, quem a presenteara se isso significasse que o sorriso amarelo permaneceria em seu rosto por mais tempo.

— É mesmo? — Outra vez fingiu surpresa. — Ele tem um ótimo olho para flores, então — as admirou como ela. — São muito bonitas.

— Não são? — Virou-se para a mulher e então outra vez para o buquê posto em um vaso com água, conseguido por uma enfermeira, ao lado de sua cama. — Ele disse que viria hoje de novo.

— Steve gosta muito da senhora — afirmou em um tom mais vago, não sabendo ao certo o que sentia ao tocar no nome do melhor amigo outra vez como se ele ainda estivesse entre eles e fosse entrar por aquela porta a qualquer momento.

— E eu gosto muito dele — assentiu ainda sorridente.

— E como ele está? — Disfarçou bem o nó que sentia formar-se em sua garganta.

Sua vida já estava desmoronando e ela já havia perdido muita coisa, muita gente, então... que mal faria fingir por mais alguns minutos que estava tudo bem e que Rogers iria de fato vir visita-la naquela noite?

— Bonito como sempre — ambas riram de sua resposta. — Continua o mesmo homem sorridente, você já deve saber — gesticulou com as mãos, como se para dizer que era algo que não precisava mencionar ou entrar em detalhes por ser tão óbvio. — Conversou comigo a noite toda, sentado bem aí onde você está — apontou para a poltrona de Daiana.

— E sobre o que conversaram?

— Sobre os velhos tempos — riu fraco e deu algumas tossidinhas, podendo-se ouvir o pulmão debilitado arranhar. Daiana levantou-se e ofereceu para ela um copo de água que foi agradecido com um olhar, sem necessidade de palavras. — E ele falou de você.

Desta vez a mulher não escondeu sua surpresa verdadeira.

— De mim?

— Sim, de você — assentiu após alguns goles. — Me disse que é uma pessoa muito boa e que ele a tem em alta estima. Pediu para que fossemos amigas e eu respondi que não seria difícil, pois qualquer amiga dele e da minha filha, é minha amiga também — Olivia esticou a mão e alcançou a de Daiana, ainda em pé ao seu lado da cama, dando-lhe um leve aperto com a mão enrugada e dedos finos que aparentavam serem bem frágeis. — Gostei muito de você desde a primeira vez que a vi, mocinha.

Daiana piscou algumas vezes para se recompor e então puxou profundamente o ar para os pulmões, esboçando um sorriso um pouco forçado.

— Eu também gostei muito da senhora — respondeu com sinceridade, retribuindo o aperto em sua mão.

Este momento, porém, foi cortado por um vibrar do aparelho celular no bolso traseiro de sua calça. Franzindo o cenho, pegou-o com a mão livre, vendo que quem a ligava era John.

A ligação caiu um segundo antes que pudesse aceitar a chamada, e assim pôde ver pela barra de tarefas que o marido já havia lhe enviado algumas mensagens que não foram percebidas antes.

Seus olhos passavam pelas muitas palavras, lendo-as com rapidez e quanto mais lia, mais nervosa ficava.

Puta merda, pensou indignada.

Bucky está preso.

....

— Que merda aconteceu? — Foi sua primeira pergunta ao chegar na delegacia e encontrar do lado de fora John e Lemar conversando distraidamente, encostados em uma viatura com as sirenes silenciosas piscando como se tudo fosse flores e purpurina naquela noite que, para ela, estava apenas aumentando a dor de cabeça.

Poderia apenas ter ignorado as mensagens de John, mas ele insistiu que ela estivesse presente e, honestamente, mesmo que ele não insistisse, ela estaria alí. Antes poderia fingir que não, mas se preocupava com Bucky, principalmente após terem se reaproximado mais nos últimos tempos. Sabia que apesar do presidente tê-lo perdoado por atos do passado, os quais ele não tinha controle, ainda estava sendo vigiado e qualquer passo para fora da estreita linha estabelecida para ele poderia colocá-lo atrás das grades ou pior. Não era um cenário no qual gostaria de vê-lo.

Barnes esteve preso a vida toda e ela estava disposta a ajudá-lo a não voltar para qualquer amarra.

— Boa noite para você também, meu amor — com um pouco de sarcasmo, o loiro sorriu para ela.

— Fala logo — mandou não muito paciente. — Disse que era grave. Ele bateu em alguém?

Sem perceber, vagou os olhos pelo marido. Afinal, se havia alguém em quem Barnes poderia bater, John era o primeiro que lhe vinha em mente. Nenhum dos dois percebeu esta analise visual que talvez o tivesse ofendido.

— Não, não é nada tão grave, na verdade — ajeitou sua postura relaxada contra a viatura. — Ele faltou em uma das consultas com a terapeuta, a Sra. Raynor.

Diana semicerrou os olhos e intercalou o olhar de um para o outro com desconfiança.

— Só isso?

— É — deu de ombros. — Achei que eu fosse precisar da sua ajuda, mas consegui sozinho que ele não precise mais seguir um cronograma tão restrito — riu nasalado e orgulhoso de seu feito, mas Daiana sabia que sua boa ação não era gratuita, principalmente depois do que vinha observando nas últimas semanas.

— Por quê?

— Ele é muito valioso para ficar amarrado — deu de ombros. — E temos assuntos inacabados.

— Assuntos inacabados? — Repetiu erguendo uma sobrancelha.

— E é aí que você, meu amor — tocou os ombros dela com ambas as mãos, sem nunca perder o sorriso dos lábios —, entra.

Daiana levou alguns segundos olhando nos olhos de seu próprio marido em completa confusão, pela primeira vez em sua vida não sabendo ao certo quais eram os seus próximos passos. John normalmente era alguém fácil de se ler. Estava acostumada a saber suas ações e palavras, mas naquele momento ele era quase indecifrável e ela não estava gostando da sensação que lhe causava.

Seu principal objetivo, até então, é conseguir o apoio e confiança de Sam e Bucky para que as pessoas possam confiar mais nele, e Daiana sabia que ela era a ponte entre os dois lados. Porém, sabia muito bem que a dupla que ele desejava alcançar não atravessaria aquela ponte, tampouco deixariam que ele atravessasse até o lado deles.

Teria então John mudado de estratégia? Era uma possibilidade real e de uma forma desagradável de se considerar, Daiana também sentia que ela teria que fazer mais do que só conversar com os dois velhos amigos. Fazer isso já era desconfortável, então temia o que quer que estivesse por vir.

A começar por agora. Analisando o cenário e as palavras do marido, não havia necessidade de ela estar alí, pois a situação de Barnes parecia estar bem resolvida e nenhum era o seu papel no momento. Mas isto aos seus olhos, pois os do marido lhe diziam outra coisa.

— O que você realmente está planejando, John? — Um pouco hesitante, ela finalmente o questionou.

No entanto, não obteve respostas quando os olhos azuis se desviaram dela para algo sobre seus ombros que apenas fez crescer o sorriso do loiro que esticou o braço para dentro da viatura para pegar algo. Sem esperar, Daiana virou-se curiosa e encontrou há poucos metros deles Bucky e Sam saindo da delegacia lado a lado, falando sobre algo e ambos pareciam entediados ou frustrados com o que quer que fosse.

Não era de se surpreender, afinal, quem gostava de ser algemado e arrastado até uma delegacia?

A mulher sobressaltou com o coração acelerado quando a sirene da viatura a qual estava próxima começou a tocar tão alto em seus ouvidos, desviando sua atenção para o carro e encontrou que quem a acionara fora seu marido que, como uma criança animada, brincava com o som e as luzes piscantes. Ele havia conseguido o que queria: a atenção dos dois homens logo afrente.

— Senhores — afim de conseguir mais da atenção deles, como se fosse necessário, o Walker ergueu a mão a falou alto os cumprimentando, como se não tivesse feito isso minutos atrás dentro da delegacia. — Bom ver vocês de novo.

Ele era, sem dúvidas, o único empolgado naquele momento. Daiana estava frustrada e um pouco constrangida, Lemar mantinha-se calado com um leve ar de desinteresse, e a dupla de cara amarrada não disfarçava o tédio e a má vontade enquanto se aproximavam em passos preguiçosos.

Foi inevitável que os olhos de Bucky e Daiana se encontrassem, e se desviarem era uma tarefa bastante difícil. Apesar da raiva quase totalmente perceptível em sua face, ela sabia que não era dirigido a ela. Durante todo o caminho permaneceram presos um no outro, com James se perguntando incansavelmente o que ela estava fazendo alí. Seria mais um joguinho estupido do Walker de usar a própria esposa para alcançar seus objetivos?

— Olha, se nos dividirmos — o loiro começou a sobre a desvantagem que atrapalhava sua estratégia — não vamos ter chances e vocês sabem disso — intercalou o olhar entre os dois recém chegados.

Mesmo que o assunto fosse sério e Daiana imediatamente percebeu que eles falariam sobre os super-soldados soltos por aí, não conseguiu deixar de perceber e se importar mais que o adequado, por James, de todos os lugares disponíveis naquela rua, ter caminhado calmamente até ela e parado bem ao seu lado. Ouvindo o que o outro falava, Barnes esticou e pousou o braço direito sobre o teto da viatura a qual Daiana estava agora escorada.

Agradeceu por super-soldados não terem uma audição tão apurada quanto a dos vampiros fictícios, do contrário ele certamente ouviria o quão acelerado acabara de deixar seu coração com uma mera aproximação. E se qualquer um além dela soubesse das reações que lhe causava, certamente teria problemas e por isso era importante que se concentrasse tanto em manter sua expressão neutra. Controlar as próprias emoções era uma tarefa que ela teria de lidar sozinha, pois seria estranho pedir conselhos sobre aquilo com alguém.

— O que você tem? — Sam revirou os olhos, querendo apenas ir direto ao ponto para irem embora o quanto antes.

— O nome da líder é Karli Morgenthau — respondeu John com orgulho e satisfação por eles estarem interagindo e aceitando ouvir a respeito do assunto que interessava a todos os presentes. — Rastreamos civis que ajudaram a Karli a se mover de um lugar para outro com facilidade sem ser pega ou rastreada facilmente.

Bucky freneticamente mexia a perna a qual seu peso não estava depositado, um sinal de que, para Daiana dizia, ele estava estressado e tudo o que queria era sair dalí o mais rápido possível.

— Já localizamos uma área que embaralhou o sinal — comentou Lemar, cruzando os braços. — Nossos satélites encontraram o símbolo deles em várias comunidades pela Europa Central e Oriental.

— Acreditamos que ela está levando os medicamentos a um desses campos — o loiro voltou a falar, complementando a informação.

— Há centenas destes espalhados pelo mundo desde o Blip — com nenhuma emoção, tanto na voz quanto nas expressões, Bucky comentou quase sonolento. — Então acho que vão ter que procurar com vontade.

— Minha sorte que eu tenho a visão perfeita, não é? — Brincou cruzando os braços.

— E onde ela está agora, Walker? Você sabe? — Em tom de deboche, referiu-se a líder do grupo que estavam procurando.

Ponto. Daina endireitou sua postura sabendo que James estava disposto agora, como em todos os outros momentos, a provocar seu marido de qualquer forma e aquilo, bem ao lado de uma delegacia, poderia não resultar em boas coisas.

— Não, não sabemos, Bucky — ríspido o respondeu frustrado, pois não era aquele o caminho que esperava que a conversa seguisse.

Sabia que o soldado não seria fácil de conquistar, mas John também era uma pessoa cuja paciência tinha limites.

— Eu já disse para não me chamar assim — apontando o dedo para ele, James avançou em sua direção.

Seus passos foram retidos muito antes quando uma mão se espalmou em seu peito sobre a camisa cinza e a outra agarrou seu braço direito com força, como se ela realmente tivesse o suficiente dela para impedi-lo de conseguir alcançar aquele falso Capitão América. Mas era Daiana quem estava em sua frente e ela não precisava de força física alguma para impedi-lo de fazer qualquer coisa.

Olhou para baixo encontrando aqueles olhos escuros fixos nos seus, silenciosamente lhe pedindo para se acalmar, por mais difícil que isso fosse. Sua jaqueta estava aberta, permitindo que fosse possível sentir o calor de sua mão sobre a camisa que usava, sendo o suficiente par distraí-lo, mas o que mais prendeu a sua atenção era como ela parecia trêmula. Não tanto quanto no jantar, mas ainda assim um pouco. Cogitou, com um gosto amargo na boca, que talvez fosse ele quem lhe causava essa reação. Estava com medo dele? Foi o suficiente para fazê-lo recuar um passo, mas sem perder o toque dela.

— É uma questão de tempo até descobrirmos — John prosseguiu sem ter movido um músculo para a abrupta aproximação do outro.

— Então boa sorte fazendo isso sozinhos — James fez menção de lhes dar as costas e deixá-los para trás, mas a mão de Daiana que segurava seu braço escorregou para o pulso e o segurou.

— Bucky — ela o chamou baixo, facilmente conseguindo sua atenção e outra vez que ele parasse para ouvi-la. — Não podemos ignorar que há super-soldados soltos por aí, então realmente não é só mais fácil trabalhar juntos do que conseguir mais inimizade? É outra pedra que você estaria colocando em seu caminho — tentou persuadi-lo, cansada de toda aquela enrolação.

Sabia que a ideia de trabalharem juntos desagradava a ele e a Sam, mas toda aquela enrolação lhe estava causando dor de cabeça. Não aguentava mais ouvir o marido ao seu redor bolando planos para que formassem um quarteto para combater os rebeldes, e o tempo que desperdiçavam tentando trabalharem juntos, poderia ser usado para solucionar o problema real. Era apavorante para ela que super-soldados estivessem soltos e causando tantas vítimas, como ela vinha acompanhando nos noticiários. Eles poderiam ter suas próprias razões, mas não descartava o fato de que também estavam ferindo pessoas. Pessoas inocentes.

Então que ficasse resolvido por definitivo naquela noite se iriam ou não trabalhar juntos e caso a resposta fosse negativa, se esforçaria para que John esquecesse aqueles dois e se focasse no trabalho que era mais importante.

No Walker, porém, havia nele um pouco de satisfação e desconfiança, pois não lhe passou despercebido como James instantaneamente parou de avançar quando Daiana se pôs em sua frente antes, e agora quando tão facilmente o impedia de partir sem nenhuma raiva ou expressão negativa dirigida a ela. Com os olhos estreitos, olhou das costas dela para ele, que agora o fulminava com o olhar.

Estaria vendo coisas? Franziu o cenho.

Por não estar tão distante dos dois, ouviu perfeitamente quando ela o chamou de Bucky. Pelo o que entendeu, nem mesmo Sam tinha essa permissão, que parecia ser limitada apenas a Steve, e há pouco quase o socou por tê-lo chamado daquela maneira. Mas então porque não diz nada quando ela o chama assim?

Seria Daiana mais próxima de James Barnes do que realmente lhe contara? Algo dentro de si começou a se contorcer e sem que pudesse controlar, o sangue parecia aquecer em suas veias à medida que o tempo passava e ainda próximos eles estavam. Por que não a afastava e pedia para que não o chamasse daquela forma? Por que ela não o solta? Então o que não havia dado tanta importância antes, passa a lhe ser bastante desconfortável.

Sua esposa passou na última noite bastante tempo em uma conversa com o soldado na varanda de sua casa. A troca de olhares entre eles, que pouco havia dado importância, parecia conversar mais do que palavras durante o jantar.

Pressionou os dentes com força.

O que você não está me contando, querida? Se fazia essa pergunta, agora fitando com raiva as costas da mulher.

Naquele momento eles definitivamente pareciam serem mais próximos do que ela havia lhe dito. Se o único contato que tiveram foi em batalhas em que eram rivais e depois companheiros fugitivos, do qual resultou uma breve amizade, como ela alega, como era possível que os sinais ignorados até então gritassem agora o contrário em sua mente? Daiana era honesta, ela não mentiria para o próprio marido, certo?

...certo?

— O que ela está fazendo aqui? — A pergunta de James foi desta vez dirigida ao Walker com rispidez.

— Como é? — Piscou algumas vezes, distraído demais nas possíveis mentiras da mulher com quem se casara.

— Por que a trouxe aqui para nos ouvir discutir sobre isso? — Naquele momento pareciam dois leões disputando visualmente um território. — Não basta forçá-la a situações desconfortáveis, agora também pretende envolvê-la na caça pelos Apátridas?

— O que eu faço ou deixo de fazer com a minha esposa é problema meu, James Barnes — enfatizou aquelas palavras, se descorando da viatura e descruzando os braços ajeitando sua postura, mostrando que estaria pronto para uma briga.

Daiana sentiu sob suas mãos os músculos de Barnes enrijecerem e ela precisou firmar os dedos contra ele quando sentiu que pretendia avançar um passo na direção de John. Ambos se fitavam com raiva e tanto Sam quanto Lemar se puseram em posição para impedirem qualquer conflito entre os dois.

— Está tudo muito intenso para você, não está, Walker? — James o provocou com escárnio, fazendo apenas irritar ainda mais o outro que respirava fundo, o rosto ganhando uma tonalidade vermelha.

— Tudo bem, vamos parar — Sam, temendo que a situação se agravasse com tantos policiais por perto, se pôs entre os dois. — O Walker tem razão —resolveu que o mais seguro seria desviar o assunto de Daiana e retomar para o que discutiam antes. — É essencial que a gente os encontre e os impeça. Mas vocês têm regras de conduta e todo o tipo de autorização que precisam ter — dizia para John que apenas o ouvia irritado, pois sabia que dizia a verdade. — Nós — apontou para si próprio e Bucky — somos agentes livres. Somos mais flexíveis — explicou. — Então não faria sentido trabalharmos com vocês.

Olhando John de cima a baixo, Sam deu-lhes as costas e parou ao lado de Bucky, esperando que os dois se retirassem, mas este mantinha-se parado com o olhar gélido e fixo no Capitão que o retribuía com a mesma intensidade.

— Vou dar um conselho para vocês — com a voz vazia de qualquer empolgação ou animação que alguma vez já fora dirigida a Sam e Bucky, John agora só sabia sentir raiva daqueles dois, principalmente do super-soldado sem um braço. — Fiquem bem longe do meu caminho, de mim e principalmente da minha esposa.

Avançou um passo e um pouco brusco agarrou o pulso de Daiana, afastando-a de Barnes que precisou que Sam o empurrasse para trás no mesmo instante, do contrário teria avançado contra o Walker por tê-la tocado de maneira tão indelicada. Mas precisou se lembrar de que ele era marido dela e a expressão no rosto de Daiana não demonstrava dor, o que o reconfortou muito pouco. Afinal, não conhecia verdadeiramente o homem e não sabia como ele era quando irritado dentro de casa. Daiana era mulher sensível e já a vira tremer mais em poucas semanas enquanto casada com John Walker, do que com ele próprio décadas atrás.

O tremor dela na presença do Walker era de nervosismo, medo e desconforto, enquanto com Bucky sempre fora por um nervosismo tímido. Exceto na época em que ele não era ele, mas sim o Soldado Invernal. Esta época não conta, no entanto.

Então, haviam sim razões para que ele se preocupasse com o que John era capaz de fazer com aquela mulher quando não houvesse alguém por perto. Fez uma anotação mental de procurá-la amanhã para ter certeza de que estava bem e se aquele homem desprezível tivera coragem e covardia de deixar qualquer marca em Daiana, Bucky se certificaria de arrancar suas duas mãos para que não as erguesse para ela outra vez.

Poderia ser um pensamento extremo, mas afastando-se contra a sua vontade e arrastado por Sam, não deixou de olhar para trás e se prender nos olhos castanhos que com pesar se afastava dele, também arrastada, mas pelo próprio marido, levados para direções opostas.

Oiee :)

Se vocês já estavam irritados com o John até agora, é porque ainda não leram o próximo capítulo... preparem as luvas de boxe e os lencinhos. E também um potinho pra guardar a Daiana.

É John, parece que agora tu abriu um pouco teu olho.

A mãe da Melinda confundindo as flores da Dai com um presente do Steve, confesso que me doeu um pouco.

O próximo capítulo vai fazer muita gente respirar fundo de um jeito ruim, sinto muito... Mas vocês meio que vão me agradecer por isso 😅

Bate nele, Bucky. É só bater 🧐

•  Da licença, que só a Dai e o Steve podem chamar o Bucky de Bucky 🥱💅

•  O que vocês acham que vai acontecer agora? 😬

•  Logo mais ta chegando um personagem que eu não sei vocês, mas eu meio que gosto dele kkkkkkkkk

• ✨ Me desculpem qualquer erro

• ♥ Espero que estejam gostando

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