MORDE E ASSOPRA

By mariiafada

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#1 em chicklit 02/05/21 Dez coisas que você precisa saber sobre a Maria Madalena: 1. Ela teve seu coração re... More

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AIDAN
DEZESSEIS
DEZESSETE
DEZOITO
DEZENOVE
VINTE
VINTE E UM
VINTE E DOIS
VINTE E TRÊS
VINTE E QUATRO
AIDAN - PARTE I
AIDAN - PARTE II
VINTE E CINCO
VINTE E SEIS
VINTE E SETE
VINTE E OITO
VINTE E NOVE
TRINTA
TRINTA E UM
TRINTA E DOIS
TRINTA E TRÊS
TRINTA E QUATRO
TRINTA E CINCO
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TRINTA E SETE
TRINTA E OITO
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QUARENTA
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QUARENTA E TRÊS
QUARENTA E QUATRO
QUARENTA E CINCO
09/09
QUARENTA E SEIS
QUARENTA E SETE

QUARENTA E OITO

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By mariiafada

A arma agora está apontada para a minha cabeça enquanto eu dirijo.

Estamos seguindo para fora da cidade e isso foi tudo que consegui arrancar de Abraão. Não consigo parar de pensar em Tito caído no chão, o sangue se espalhando no porcelanato... As lágrimas caem em silêncio do meu rosto, acho que estou completamente em choque depois do que eu presenciei.

— Siga pelo viaduto, vamos na direção das cachoeiras.

Eu olho para Abraão com medo e receio, procurando por qualquer tipo de arrependimento na sua expressão, mas o homem parece impenetrável. Está calmo, focado, respiração suave, nem um pingo de tensão nos ombros. É como se estivéssemos saindo à passeio, nem parece que ele está literalmente me raptando.

É assustador.

— Você atirou no seu próprio filho — Murmuro revoltada com a voz ainda rouca de tanto gritar. — Como pode estar tão tranquilo?

Abraão revira os olhos.

— Foi um tiro de raspão, ele vai sobreviver.

— Ele estava caído no chão, sem se mexer! — Eu arfo apertando o volante. — Ligue pelo menos para uma ambulância, faça alguma coisa!

Abraão olha pela janela, distraído, sem carregar consigo um terço da preocupação que eu carrego. Parece mais interessado em se assegurar que não estamos sendo seguidos.

O celular dele de repente começa a tocar, porém Abraão não atende. Apenas olha de relance para a tela e sorri, guardando o aparelho.

— Quem era? — Exijo saber ansiosa. — Era Aidan?

— Concentre-se no caminho que eu te indiquei, Maria Madalena. Isso é tudo que você precisa saber.

Eu torço os lábios, odiando me sentir tão impotente e não poder fazer absolutamente nada ou saber o que realmente está acontecendo. Não sei se Tito está bem, se Aidan sabe o que está acontecendo e qual o plano de Abraão.

Eu odeio o fato de que ele me mantenha no escuro porque sabe que essa é a melhor maneira de controlar o que acontece e garantir que seu plano ocorra como foi elaborado.

Depois de alguns minutos, antes da estrada que leva para as cachoeiras, Rael me faz seguir por uma estrada recém construída que não se prolonga por muito tempo. Ela logo se continua com uma estrada de terra entre uma densa floresta, típica da mata da região do sul da Bahia.

Logo a mata se abre em um grande espaço aberto, onde há uma construção pela metade.

É um grande bloco retangular que ainda nem saiu do cimento. O projeto foi claramente abandonado em seu estado inicial e a natureza já começou a reivindicá-lo para si.

Eu estaciono próximo a uma montanha de areia e cascalho deixada nos arredores da construção. Há materiais de construção largados por toda a parte.

— Só vou dizer isso uma vez — Abraão começa, muito sério e falando cada palavra com uma lentidão intimidante. — Não tente bancar a esperta, não tente fugir. Eu só preciso de você viva, não intacta. Se me atrapalhar, eu vou fazer você se arrepender. E se estragar meu plano, eu vou matar você. Entendeu, Maria Madalena?

Eu apenas balanço a cabeça, concordando. Tenho plena consciência de que ele não está mentindo e não hesitaria em se livrar de mim. Se for conveniente, Abraão vai atirar em mim com a mesma frieza que atirou no seu próprio filho.

— Muito bem. Agora saia do carro.

Desprendo o cinto de segurança e deixo o meu carro, parando de frente para ele. Abraão faz o mesmo que eu, sempre com a arma apontada para mim — tento ignorar esse pequeno detalhe, pois é enervante e uma grande distração que não me deixa pensar direito.

— E agora? — Pergunto, olhando ao redor para as árvores que nos cercam.

Ele me joga um isqueiro.

— Está vendo esse balde? Coloque fogo no que tem dentro dele.

Olho para o grande balde de metal que está a uns passos de mim. Dentro dele há uma mistura de papéis antigos e folhas secas. Pego um dos papéis e acendo, sobre o olhar atento de Abraão. O fogo rapidamente se alastra e uma fumaça escura serpentina para cima.

— E agora? — Torno a perguntar.

— Nós esperamos — Abraão checa o relógio e balança a cabeça para si mesmo. — É, nós esperamos.

Alguns minutos depois, o celular do empresário toca. Ele o tira do bolso e sorri.

— Só fale quando que eu mandar você falar, entendeu?

Eu assinto.

Abraão aceita a chamada e coloca no viva voz.

— Eu vou matar você.

Meu coração salta do peito ao ouvir a voz de Aidan.

— Oi, filho. É bom ouvir a sua voz também.

Ouço a respiração pesada de Aidan do outro lado.

— Onde ela está?

— Se está me perguntando da Madá, ela está ótima. Está comigo, é claro. Nada aconteceu com ela... Ainda.

— O que você quer? Claramente está fazendo isso porque quer algo de mim.

— Me machuca saber que você pensa tão baixo do seu próprio pai. Eu só trouxe minha nora para um pequeno passeio... Você deveria se juntar a nós e ver por si mesmo.

— Então quer que eu vá até onde você está? É isso?

— Ficaria feliz se conseguisse, filho.

— Eu quero falar com a Madá antes.

— Claro!

— Diga que você está bem — Abraão comanda aproximando o celular do meu rosto. — E mais nada.

— Oi, Aidan — Murmuro, a voz tremendo. — Eu estou bem. De verdade.

— Ele te machucou? Tem certeza que não está ferida?

— Ele...

— Isso foi o bastante. Estamos na antiga construção do Resort Rael. Você tem 15 minutos para chegar até aqui. Ou... — Ele abre um sorriso sinistro para mim. — Madá e eu vamos achar outro jeito de nos divertir sozinhos.

Abraão continua com os olhos fixos no Rolex em seu pulso. Tempo parece ser algo crucial para ele nesse momento. O homem está parado ao lado do meu carro, com as chaves nas mãos, como se estivesse preparado para fugir a qualquer momento.

Fico me perguntando por que tanta pressa? O que o fez agir com tanto desespero e imprudência?

— Já se passaram dez minutos — Eu arrisco dizer, apesar dele ter me mandando ficar quieta. — O que acontece se Aidan não chegar a tempo?

Vejo o brilho na testa de Abraão refletir a luz do sol que entra pelas frestas das árvores. Ah, finalmente algum sinal que ele está sim, nervoso.

Ele ergue o olhar para mim.

— Você quer mesmo saber?

Estou prestes a responder que sim quando um helicóptero passa por cima das nossas cabeças. Meu coração dispara.

Abraão ri, quase aliviado.

— Parece que você não vai precisar saber, no final das contas.

Ele anda até a mim.

— O que está fazendo? — Exclamo quando ele se coloca atrás de mim e aponta a arma para o meu pescoço de novo.

— A partir de agora você não fala, entendeu? Se falar, atiro em Aidan da mesma maneira que atirei no bastardo.

Eu apenas concordo, sentindo toda a tensão no meu corpo se concentrar no toque gelado do revólver.

Esperamos em silêncio, com o farfalhar pacífico das árvores de trilha sonora. Nunca pensei que apenas o barulho das árvores provocaria tanto nervosismo em mim. Parece que o meu coração vai sair pela boca.

— Aí vem ele — Abraão sussurra.

E da mesma estrada pela qual entramos, avisto Aidan correndo na nossa direção. Blusa aberta a mangas arregaçadas, rosto vermelho e respiração ofegante.

Quando nossos olhos se encontram, há um brilho de terror neles e seus passos se apressam.

— Pode parar aí — O seu pai adverte.

Ele para ao lado do balde de metal pegando fogo

— Você enlouqueceu de vez — Aidan vocifera. — Não há nada que possa fazer para se livrar das consequências disso.

— Tem certeza?

— Você atirou no meu irmão!

— Se você tivesse deixado o bastardo onde ele pertence, nada disso teria acontecido, não é mesmo?

Aidan ameaça avançar na nossa direção, mas a arma no meu pescoço afunda ali até eu gemer em protesto com a dor. Fecho os olhos, tentando me manter calma.

Aidan entende o recado e fica onde está.

— O que você quer de mim?

— Direto ao ponto, por isso aprecio você, filho. Madá, poderia por gentileza pegar a pasta aqui dentro do meu blazer?

Eu abro os olhos e encaro Abraão. Nunca odiei tanto um ser humano quanto odeio esse homem. Por fim, estendo a mão por dentro do seu blazer e meus dedos facilmente encontram uma pasta fina.

— Jogue-a para o meu filho, querida. Pertence a ele agora.

Eu a arremesso e ela cai aos pés de Aidan. Sem paciência para joguinhos, ele a pega e abre como se esperasse respostas, mas seu rosto só espelha confusão.

— Do que se trata isso?

— Isso... São as provas que a polícia está procurando para me prender. Eu tomei algumas decisões que não deveria... E agora posso ser preso por isso.

Aidan dá mais uma olhada nos documentos e seu rosto fica menos tenso, como se estivesse finalmente entendendo.

— Por fim sua ganancia levou a melhor, não é, velho?

Abraão solta uma risada do fundo da garganta.

— Leia com mais calma, Aidan. Você vê o meu nome em algum lugar aí?

Os olhos de Aidan passam pelos papéis e a incredulidade vai ficando óbvia na sua expressão.

— Você me incriminou por isso?! Nem sei do que se trata essa merda! E você me fez parecer o culpado?

— Não era pra ser assim, mas foi um risco que precisei correr.

Aidan abaixa os papéis e balança a cabeça. Começa a andar em círculos, pensando sobre o assunto. Por fim para e abre um sorriso derrotado.

— Então é isso que você quer de mim?

— Eu não posso ter meu nome envolvido nesse escândalo. Você sabe. Arruinaria tudo que construí nesses últimos trinta anos.

— Quer que eu me entregue para a polícia no seu lugar e leve toda a culpa? Quer que eu declare ter feito tudo sozinho? E em troca... — Aidan olha para mim. — Você nunca mais toca nela ou atrapalha a vida dela novamente.

Começo a entrar em desespero, descordando dos termos desse trato, mas apenas torço os lábios. Não posso arriscar falar nada, não depois de Rael ameaçar atirar em Aidan.

— Você entendeu tudo muito bem, sempre foi esperto. E será recompensado pelo sacrifício, é claro.

Aidan engole em seco. Ele está muito sério, pensando friamente sobre a decisão que está prestes a tomar. Ele não olha para mim quando diz:

— Tudo bem. Se você a deixar em paz, assim como todo o restante da minha família, eu levo a culpa por você.

Ouço Abraão respirar aliviado atrás de mim.

— Sabia que poderia contar com você, meu filho.

— Claro — Aidan retruca com óbvio desprezo. — Agora solte a Madá.

Abraão não se move.

— Eu já disse que sim — Aidan insiste. — Eu me entrego no seu lugar, agora pare de apontar a porra da arma para a minha namorada!

— Tenha paciência, Aidan.

— Pelo o que você está esperando? O que mais você quer de mim? — Ele olha ao redor, procurando por algo, qualquer pista que seja. — Já conseguiu o que você queria.

Sinto meu peito pesar mais a cada batida do coração. Acho que finalmente entendi o porquê estamos ali, o porquê Abraão me pediu para ascender fogo naquele lixo e entregou os papéis para Aidan.

Ele estava criando a cena do crime perfeita. Apenas a palavra de Aidan nunca seria o suficiente, ele precisava garantir que o próprio filho fosse pego em flagrante.

Na deixa perfeita, ouço as primeiras sirenes ao longe, o barulho ficando cada vez mais alto à medida que a polícia se aproxima.

— Seu filho da puta — Aidan deixa escapar, provavelmente chegando à mesma conclusão que eu segundos antes.

— Só fiz o que eu precisava ser feito — Abraão retruca, no seu mesmo tom de voz pragmático e sem emoção de sempre. — Você vai ficar bem, terá a melhor equipe jurídica cuidando do seu caso. Eu já providenciei tudo.

A arma finalmente deixa o meu pescoço e observo enquanto Abraão a lança para o meio da floresta densa ao mesmo tempo que o primeiro carro de polícia aparece na estrada de cascalho.

Depois do primeiro, mais cinco aparecem e o barulho se torna caótico — tudo que posso fazer é observar, o coração pesado e derrotado. Um policial salta do carro e grita para que Aidan largue os papéis no chão e levante as mãos.

Estou balançando a cabeça desesperadamente, com lágrimas nos olhos e a vontade de gritar... Mão há nada que eu possa fazer para impedir que isso aconteça. E pelo olhar de desculpas que Aidan me lança, ele não quer que eu me envolva.

Sou atingida pela mais genuína fúria quando os policiais se aproximam de Aidan para algemá-lo. Avanço na direção dele por puro desespero, mas Abraão me agarra pelo braço.

— O que pensa que está fazendo?

— Me larga! — Eu o empurro com tanta força que o homem tropeça para trás. Sem uma arma, ele não tem como me impedir de fazer absolutamente nada. — Encoste suas mãos nojentas em mim de novo e eu te mato! Entendeu?

Ele sorri.

— Cuidado, Madá. Muito cuidado.

— Vá se foder.

Dou as costas para ele e corro até Aidan, sem me importar que há um bando de policiais armados gritando para não me aproximar.

Estou chorando e tremendo quando me enfio nos braços de Aidan. Quero prendê-lo a mim e impedir de fazer a besteira que está prestes a fazer.

— Por favor, não faça isso — Eu imploro, sussurrando contra sua camisa. — Nós podemos resolver isso de outra maneira.

— Não há outra maneira — Ele me diz com puro carinho, segurando a minha cabeça e beijando a minha testa. — É a minha liberdade pela sua vida, Madá.

— E você acha que eu vou simplesmente aceitar isso?

Senhorita, afaste-se dele agora mesmo ou também será contida!

— Madá...

— Eu vou dar um jeito.

— Você não vai fazer absolutamente nada, me entendeu? Vai me deixar resolver isso sozinho. A única coisa que vai fazer é se esconder e tentar ficar em segurança.

— Não, não vou me esconder! Seu pai vai se arrepender disso — Digo, determinada, olhando no fundo dos olhos verdes e assustados de Aidan. — E eu vou ajudar você.

Só tenho tempo de encostar meus lábios nos dele por alguns segundos antes de uma policial me puxar para longe e deixar que Aidan seja algemado. Há cinco homens em cima dele ao mesmo tempo.

Eu não escuto absolutamente nada do que estão me dizendo enquanto sou revistada. Minha atenção está toda em Aidan: em como ele aceita os termos sem reclamar, murmura algo sobre ser o único ali envolvido na tentativa de se livrar das provas, argumentando que seu pai e eu estávamos apenas tentando convencê-lo a se entregar.

Ele estende ambas mãos e meu coração despenca do peito quando um par de algemas descansa em seu pulso.

Meus olhos focam em Abraão, que observa a cena de longe com o mesmo interesse que eu.

Mas diferente de mim, ele está sorrindo.

xxx

N.A: Pronto, vou deixar vocês absorverem o que aconteceu antes de postar os últimos dois capítulos! Comentem, curtam, isso me inspira a continuar escrevendo!!!

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