❛CHOICES ── Crepúsculo ❥ [Set...

By madsmatic

115K 11.3K 1.8K

❛ ꧇ 🌲 ՚՚ ✦ 𝗖𝗛𝗢𝗜𝗖𝗘𝗦 ❙ Amélia Vallance - ou Mia, como é conhecida - é uma garota mandona e mimada que... More

𝗖𝗛𝗢𝗜𝗖𝗘𝗦
❚ 𝗖𝗔𝗦𝗧 + playlist
❚ 𝗘𝗣𝗜́𝗚𝗥𝗔𝗙𝗘
ESPECIAL 10K!
𝗣𝗔𝗥𝗧𝗘 𝗜: ──── 𝐜𝐫𝐞𝐬𝐜𝐞𝐧𝐭𝐞
2020, Toronto
1896, Aspen - Parte I
1896, Aspen - Parte II
1911, Columbus
1921, Ashland
1962, Montpellier
𝗣𝗔𝗥𝗧𝗘 𝗜𝗜: ──── 𝐜𝐫𝐞𝐩𝐮́𝐬𝐜𝐮𝐥𝐨
01. Pressentindo o perigo
02. A aluna nova
03. A fatídica aula de Biologia
04. Uma semana no inferno
05. Ciclo sem fim
06. Carros e comida
07. Gangue dos desajustados
08. Tentando entender
09. Abstinência
10. Teorias
11. Rebeldia
12. Visita da humana
13. Pré-jogo
14. A caçada
15. Um final inesperado
𝗣𝗔𝗥𝗧𝗘 𝗜𝗜𝗜: ──── 𝐥𝐮𝐚 𝐧𝐨𝐯𝐚
16. À deriva
17. Devagar
18. Espaço vazio
19. Corpo sem alma
20. Normalidade forçada
21. O suficiente
22. Sempre de volta à La Push
23. É assim que termina
24. Triste, lindo, trágico
25. Fenda no sol
26. Indiscutivelmente errado
27. Dentro da floresta
28. Tragédia grega
(Especial 100k) Extra: versão de Seth
30. Lidando com um monstro
31. Dentes no lugar do coração
32. A beira de um colapso
33. Um garoto com grandes sonhos

29. Anjos como você

476 73 3
By madsmatic

CHOICES

╭────────────────⠀:⠀✦⠀⌇

▬▬▬▬▬ capítulo vinte e nove

⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀

MIA NÃO ESTAVA verdadeiramente sozinha; era mais como uma sensação, uma névoa de solidão que a envolvia como uma manta pesada, mesmo quando rodeada por pessoas. Era como se estivesse presa em uma bolha, observando o mundo exterior se mover enquanto ela permanecia imóvel, aprisionada por seus próprios pensamentos e emoções inquietas.

Ela nunca quis estar sozinha; era seu maior medo desde que podia se lembrar, desde a infância quando descobriu que seus pais não estavam mais lá. No entanto, estar sozinha era tudo o que ela conhecia. Abandonada por sua família biológica, traída pelos meninos que ela pensava amar, até mesmo deixada por si mesma em um ponto em que não conseguia mais lidar com seus próprios sentimentos e pensamentos.

Como uma concha oca, a Cullen não era nada além de solidão e vazio. Sem nada para dar, sem nada para oferecer. Seth não merecia alguém tão destruído assim.

Mia sabia que tinha que acabar com isso antes mesmo de começar. Foi na reserva que tudo começou, e era lá que ela iria resolver tudo.

O garoto estava na praia, parado na areia ao lado dos outros membros da matilha, que estavam dispostos sobre troncos derrubados. Ele estava a alguns metros de distância, observando o pôr do sol sobre o mar revolto no horizonte. Uma cena calmante de assistir. A luz do sol em declínio lançava seus raios dourados sobre a pele bronzeada dele, enquanto a brisa suave bagunçava seu cabelo curto, carregando consigo o aroma de cedro e maresia que chegou até as narinas da vampira

Mia parou na calçada, as mãos cerradas em punho. Se ela realmente quisesse fazer aquilo, precisava concentrar-se em sua raiva e em todos os pensamentos que a convenciam de que o mundo virara de cabeça para baixo.

Sua presença foi instantaneamente notada, o instinto natural dos lobos fazendo com que virassem suas cabeças na direção do cheiro levemente doce. Eles rosnaram, mas mantiveram-se alertas quando Sam se levantou e os mandou ficarem quietos. Ele não estava protegendo a vampira, mas sim evitando que seu bando cometesse alguma tolice irreversível. Afinal, a lei mais forte era e continuava sendo a de que o alvo do imprinting não podia ser machucado sob nenhuma circunstância.

O alfa lançou a Mia um olhar severo e ela captou a mensagem, acenando com a cabeça em concordância.

Seth virou-se para olhá-la, seu olhar esperançoso combinando com as bochechas coradas e os dentes à mostra em um sorriso gentil que ele ofereceu de bom grado. Ele não esperava que ela fosse atrás dele, mas ficou feliz por ela ter feito isso.

O corpo de Mia se retesou quando ele correu até ela, e de repente uma pontada de desespero a invadiu.

— Oi — ele cumprimentou, seu sorriso se ampliando, o que fez seus olhos parecerem ainda mais estreitos. — Fico feliz que você esteja aqui.

Um tumulto de emoções se agitou dentro da vampira. Como ele poderia estar feliz quando aquilo era a pior coisa que poderia acontecer para ambos?

Ela olhou ao redor. — Onde está Jacob? — perguntou, sentindo a usual pontada no peito.

— Com Bella — Seth respondeu de forma simples. — Acho que foram fazer uma trilha.

As sobrancelhas de Mia se franziram e um sorriso sarcástico cresceu involuntariamente em seu rosto.

— Bella? — ela perguntou zombeteira. — Isabella Swan foi fazer uma trilha?

— Foi o que eu ouvi — Seth encolheu os ombros, soltando uma risadinha.

A imagem da garota humana desajeitada tropeçando pela floresta invadiu sua mente. Se Edward descobrisse isso, provavelmente surtaria.

Mia balançou a cabeça para afastar os pensamentos. Não queria pensar no irmão naquele momento.

— Vamos conversar — impôs ela, séria.

Mia olhou de soslaio para o alfa. Sam assentiu. Seth, ao contrário, não esperou por permissão nem mesmo respondeu. Tudo o que ele queria era falar com ela, então não poderia estar mais animado quando ela o pediu para segui-la.

A Cullen tomou a dianteira com o semblante fechado. Ela não queria que nenhum dos lobos ouvisse algo tão íntimo e embaraçoso para ela. Mia nunca teve realmente que lidar com uma cena de rejeição genuína; sempre preferiu se apoiar em seu sarcasmo e hostilidade para afugentar qualquer pessoa que ousasse se aproximar demais.

Por algum motivo, porém, Seth não se parecia com "qualquer pessoa", e isso estava começando a irritá-la.

O lobo permaneceu ao seu lado durante todo o caminho até a floresta sem dizer uma palavra. Podia-se dizer que aquele foi o maior período em que Seth Clearwater conseguiu manter a boca fechada. Se não fosse tão trágico, o garoto poderia até se vangloriar disso para Jacob mais tarde, já que o amigo vivia reclamando do quanto ele falava sem parar.

Eles seguiram pela areia até onde a terra começava a se assentar e as árvores eram engolidas por tapetes de musgo verde e aveludado. Nervosamente, Seth olhou-a de canto, seu semblante marcado por uma expressão indecifrável. Queria saber o que ela estava pensando, o que fazia o vinco da sua testa de mármore se aprofundar e os cantos da boca carmesim se curvarem para baixo. Mais alguns minutos de silêncio e ele provavelmente não suportaria o suspense que ela estava criando.

Para seu alívio, Mia parou de repente, mordendo os lábios antes de virar-se para ficar de frente para ele. Já estavam fora do alcance da audição dos outros, mas a Cullen não sabia exatamente como começar.

— Seth, isso não está certo — ela disse, tentando soar tranquila. Os batimentos cardíacos acelerados de Seth não ajudavam. — Você sabe disso, não é? A lenda... nós dois... Nada disso faz o menor sentido.

O rosto de Seth caiu e ele colocou as mãos nos bolsos do short. Ela não gostou. Claro que não. Essa constatação fez seu peito afundar; ele não queria ser a causa do sofrimento dela.

— Desculpe — ele murmurou, olhando para ela. — Não temos controle sobre isso. Quando olhei nos seus olhos, aconteceu.

— Você não parece arrependido — ela julgou.

— Realmente sinto muito pelo que aconteceu a você, porque está claro que te machucou — ele respondeu firmemente. — Mas não me arrependo por mim. Eu ainda escolheria te olhar todas as vezes.

— Não sabe a dimensão da bobagem que está dizendo, Clearwater — ela riu sem humor. — Tem noção de que agora estamos presos em um destino que nenhum de nós escolheu? — ela retrucou, sem paciência. Ele era bom demais para o próprio bem. Para escapar, ela teria que machucá-lo; caso contrário, Mia sentiu que poderia facilmente cair. — Veja a vampira da lenda. Ela escolheu aceitar o vínculo e olha como terminou para os dois. Eu não quero isso, e você também não deveria querer.

Uma sombra de tristeza atravessou os olhos do lobo enquanto ele absorvia suas palavras. Mia estava sofrendo porque ele tirou sua escolha. E é claro que não era justo. Apesar da dor, ele ainda sacrificaria tudo por sua felicidade. Essa era a razão do vínculo.

— Está tudo bem, Mia. Você não precisa me amar — proferiu ele suavemente. — Sou só eu quem tem o corpo e a alma presos. Então, por favor, não se torture dessa forma.

Naquele momento, Mia soube que Seth seria uma ameaça, como um canhão apontado para suas defesas. Seth soube exatamente o que dizer para deixá-la sem palavras por um momento. O doce lobo era sua nova criptonita. Ela se lembrou das palavras de Isi. "O fogo". Ela nunca poderia permitir que Seth Clearwater derretesse seu gelo.

— Eu sei que não preciso — ela respondeu, seu tom estranhamente calmo. — Mas mesmo que eu precisasse, não poderia. Não sou boa. E eu vi como você acha que deve se desculpar por algo, mas não é sua culpa que eu não sou o que você precisa. Anjos como você não podem voar até o inferno comigo, então tome a decisão sensata e esqueça que esse imprinting sequer aconteceu.

Sem esperar por uma resposta, Mia correu. Ela pôde escutar uma nova rachadura se abrir em seu peito congelado, pois só havia duas possibilidades disponíveis: ou ele se partiria, ou deveria derreter. A vampira já estava acostumada a ter seu coração partido, então era apenas a parte mais lógica dela gritando que doeria menos ter estilhaços do que descongelar a pulsação assustadora que estava adormecida ali.

Seus pés imediatamente tomaram rumo para a casa da anciã e ela engoliu o nó que havia se formado em sua garganta.

Correndo entre as árvores e as samambaias que se rasgavam ao toque de sua pele resistente, a vampira resolveu que ficaria satisfeita. Havia vencido o desafio de Isi e conseguido provar que não seria fraca, mesmo que algo parecesse terrivelmente errado dentro de si.

Isi a esperava na porta de casa, quase como se soubesse que a vampira Cullen estaria ali para se vangloriar de sua conquista.

A velha senhora tinha o semblante enigmático, com uma expressão fechada de quem já tinha vivido o suficiente, e sua postura era firme. Dada a quantidade de conhecimento que a mulher possuía, era fácil entender por que ela agia daquela forma. Mia apenas não gostava de como ela fazia perguntas o tempo todo. Já tinha dúvidas demais para ficar se questionando sobre tudo o que ela fazia.

— E então? — perguntou a mulher sem olhar para a vampira. Em suas mãos, havia um molho de plantas, do qual ela organizava cada galho com os dedos enrugados e finos.

— Fiz o que deveria fazer — Mia deu de ombros, subindo os degraus de madeira. Ela se recostou sobre uma pilastra e cruzou os braços.

— Disse a ele para ficar longe?

— Bem... — ela parou para pensar um momento. Por que não pediu para ele se afastar? Teria sido mais fácil. A vampira revirou os olhos. — Disse que ele deveria tomar a decisão sensata de esquecer o imprinting.

A xamã finalmente olhou para ela, sua fronte enrugada sendo marcada por cinismo.

— Pediu a única coisa que ele não é capaz de fazer — ela soltou uma risada pelo nariz. — Pensei que fosse mais esperta do que isso.

Mia sentiu o sangue ferver e suas unhas se cravaram nas palmas das mãos em resposta.

— Se você parasse de falar em enigmas e me desse um conselho de verdade, talvez eu tivesse pedido a coisa certa — respondeu afiada.

Mia não quis admitir, mas estava com raiva de si mesma. Isi estava certa. Poderia ter dito a Seth que não o queria e que ele deveria se afastar, ao invés de tentar incutir um pouco de senso na cabeça dele. De qualquer forma, estava feito e ela estava livre.

— Não posso deixar de apontar que foram suas escolhas que te trouxeram até aqui hoje e foram as suas escolhas que te fizeram dizer ao garoto o que você quis que ele soubesse — Isi balançou a cabeça, com sua expressão impassível, o tipo que deixava Mia mais irritada. — Quer um "conselho de verdade", como você diz... Muito bem. Fique na reserva se deseja fazer uma mudança real na linha do tempo. E mesmo que isso não esteja mais em sua mente, o que acredito que ainda esteja, você não pode deixar o garoto sozinho. Um lobo pode morrer se o alvo o rejeitar, então se você ainda tem um pouco de humanidade ou mesmo um pouco de respeito pelos outros, não vai fazer isso com ele.

Mia arquejou em descrença, descruzando os braços. A informação a levou a uma espiral de culpa e incerteza. Ela não queria que ele morresse; a ideia causou um nó na garganta e um medo inexplicável varreu seu corpo. Por outro lado, Mia não queria ser responsável pela situação dele. Simplesmente não parecia justo para nenhum dos dois que ele dependesse dela desde o dia em que decidiu fixar seus malditos olhos nela. Se Mia tivesse ficado em casa, se ela não tivesse que se tornar estupidamente a heroína de humanos indefesos, nada disso teria acontecido.

Seth não deveria morrer por causa de sua estupidez.

— Então está dizendo que estou presa aqui, e a ele, para sempre?

— Não. Estou lhe dando uma escolha. Não é isso que você tanto deseja? — Isi lhe deu um olhar profundo, um que poderia penetrar sua alma e cortá-la aberta sem hesitação. — Você pode deixá-lo sofrer, continuar vivendo sua vida sem sentido e fingir que tem algum papel na história das outras pessoas, ou pode mostrar a si mesma que ainda há algo de bom dentro de você, que pode aprender a ser amada e a amar em resposta, e, acima de tudo, pode viver sua própria história.

— Não é justo — murmurou Mia. Mais uma vez, estava cansada demais para sentir raiva.

— Você não precisa decidir agora — respondeu Isi, virando-se para entrar em casa. — Deixe-me te mostrar algo.

⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀

[...]

⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀

Com cuidado, Mia pegou o caderno em suas mãos. Era tão frágil quanto o último que lhe fora entregue, pertencente ao guerreiro Han, mas parecia ainda mais delicado.

— É o diário da sua ancestral — revelou Isi.

A testa de Mia se franziu e ela escorregou para o sofá no centro da sala, abrindo o pequeno caderno imediatamente.

Ela abriu a primeira página. Não havia data ou identificação, mas Mia pôde perceber pelos contornos das letras que era uma caligrafia bonita e antiga, do tipo que se estudava em aulas obrigatórias.

Sem hesitar, a Cullen se aventurou na primeira página.

Meus sapatos afundaram no barro úmido enquanto eu me apressava de volta para casa, com Iris tropeçando atrás de mim. Minha irmã detestava correr e tudo o que envolvesse o movimento de suas pernas, então eu me divertia em vê-la tentar acompanhar meu ritmo.

Chegamos em casa com as saias manchadas de lama e gotas de suor escorrendo pela testa e pescoço. Deveria fazer quase uma hora desde que nos aventuramos na floresta em busca de algumas flores, e voltamos com as cestas transbordando. Então, foi uma surpresa encontrar Sir Masen à porta com as mãos enterradas nos bolsos, seu sorriso cavalheiresco nos aguardando.

Fiz uma graciosa reverência e dei um leve cutucão em Iris para que ela fizesse o mesmo. Minha irmã sempre encontrava uma maneira de se atrapalhar ou simplesmente esquecer as convenções sociais, olhando para mim com seus grandes olhos como os de um cervo diante de um caçador.

Esperava poder exibir boas maneiras diante do cavalheiro que nos aguardava pacientemente, enquanto arrastávamos as barras de nossos vestidos sujos até sua presença. Ele era um homem de bela aparência, com títulos e extremamente cortês, um verdadeiro cavalheiro. Às vezes, eu me pegava imaginando se um dia ele faria uma proposta, pois era frequente sua visita à porta de nossa casa, sempre disposto a nos entreter com sua habilidade no piano.

Iris costumava afirmar que não se importava, mas era evidente o brilho em seus olhos ao vê-lo parado ali, fazendo-a tremer ligeiramente. No entanto, eu não conseguia levar a sério. Iris preferia a companhia de seus livros do que a das pessoas; duvidava sinceramente que ela tivesse verdadeiras intenções de se casar algum dia. Sendo a mais velha, eu estava contente em assumir a liderança e permitir que Sir Masen me cortejasse.

Impacientes, os dedos da vampira avançaram outra página.

Iris desapareceu sem deixar rastro, como uma nuvem de fumaça dispersa pelo vento. Semanas depois, fui informada pelo padeiro de que Sir Masen havia feito uma proposta a ela. Parecia que Iris havia aceitado, contrariando o que eu aparentemente conhecia sobre minha própria irmã e deixando-me sozinha para cuidar da casa e de papai.

Mia parou, sentindo um embrulho no estômago. A história parecia familiar demais, despertando uma sensação desconfortável dentro dela.

A ignorância às vezes era uma bênção, então ela preferiu não aprofundar, adiantando-se para as próximas páginas até encontrar o que buscava.

Não compreendi o que estava acontecendo até que ele me explicasse. O homem diante de mim, radiante de calor e totalmente oposto à minha nova condição, acolheu minhas lamentações como se fossem suas, como se eu não fosse a criatura terrível em que me transformara. Em seus olhos, não havia repulsa pelo monstro que eu me tornara, apenas compreensão e a vontade de me ajudar a enfrentar o que quer te tivesse acontecido.

A transformação teve um preço alto. A criatura que roubou minha alma não tinha a intenção de me deixar viva, mas aconteceu, e eu me tornei um corpo vazio e rígido.

Sentia-me deplorável, é claro. Não desejava ser assim, dependente de sangue humano para saciar o desejo hediondo que queimava em minha garganta. Tornara-me um monstro, e isso era indefensável. Mesmo assim, Han, ciente disso, cuidou de mim.

Han envolveu meu corpo com os braços, e eu sussurrei para ele a melodia suave que ecoava em minha mente. Ele não merecia alguém como eu, mas, sendo a criatura egoísta que era, não o impedi de ficar.

Sei que teria sido mais fácil se o tivesse feito; assim, ele não teria que sofrer. Éramos seres diferentes: ele protegia, e eu matava; eu era a criatura que povoava seus piores pesadelos e histórias de terror. No entanto, não me arrependi de ter ficado, de ter roubado um pouco de sua paz e calor para mim, mesmo que fosse arriscado. Teria revivido aquele momento por séculos, se isso significasse que ainda estaria nos braços dele, porque era exatamente ali onde eu me senti feliz e completa.

Continue Reading

You'll Also Like

11.8K 1.4K 28
Agatha Swift tendo seus 857 anos com aparência de 28. um anjo caído que resolveu ser caçadora de monstros embora ela também fosse uma. Charlie swan s...
94.2K 13.2K 44
╔ ៹ RED PRINCESS ⋆ ╝ descendants fanfic! ❝ Ela adorava cortar cabeças, ele adorava fazer chapéus. Ela queria que ele fizesse chapéus para as cabeças...
48.7K 4.2K 23
Seus olhos foram para a garota de cabelos prateados e não pôde evitar um arrepio que sentiu quando a mesma o olhou novamente de maneira tão intensa q...
107K 6.6K 41
"Tudo o que esta cidade tem para oferecer é mágoa e memórias ruins. É hora de eu seguir em frente ..." Bonnie precisa de uma mudança. Então, ela vai...