Por Oliver
Depois de fazer um atendimento em uma das alas, volto à minha sala.
Em minha sala, lembro de minha noite com Meg, mesmo com ela tentando me matar a cada segundo hoje, vejo que ela confia em mim e isso me faz ficar cada vez mais apaixonado por ela.
Enquanto tomávamos café da manhã, percebi que ela comeu todas as panquecas que estavam no balcão, até a minha. Seu sono em excesso e suas variações de humor, 'suas idas ao banheiro durante a madrugada...chegaram a me fizeram pensar em uma possível gravidez. O que muito me agrada...
Mesmo quando eu era um cara que não tinha compromisso com as mulheres, sempre tive a maior vontade de ser pai. Deve ser incrível a sensação de ter alguém, tão pequeno, indefeso e tão dependente de você.
Acabo deixando esses pensamentos de lado, sabendo que Meg não quer ser mãe agora e, devido ao chip anticoncepcional usado por ela, não há a possibilidade de que eu seja pai, não pelos próximo três anos. Não agora, mas o meu maior sonho é ser pai e ainda ter Meg como a mãe desse filho...
Saio dos pensamentos, e me concentro no trabalho do dia, Meg não poderá almoçar comigo, já que estará ocupada.
O dia passa rápido e, como não há mais nada para eu fazer aqui, resolvo ir para casa.
Em meu carro, no sinal parado, entro em meu e-mail e verifico o resultado de meus exames e, como sempre, tudo está certo.
Até penso em ver o de Meg, mas o sinal verde não me permite.
Chego em casa, retiro meus sapatos e ouço barulhos na cozinha. Pela hora, Cora não está mais aqui, tudo indica que tem uma certa pessoa por lá, atacando algo e fazendo uma comida extremamente gostosa, porque o cheiro está absurdamente bom.
Ao me encaminhar para a cozinha, a imagem à minha frente me deixa impactado. Meg está com uma blusa minha, cozinhando, escutando música e com um pote de uva com doce de leite do lado.
Meg tem uma beleza inconfundível e incomparável. Ela é perfeita.
Dona de uma beleza só dela, Meg pode usar com a roupa mais chique e com a melhor maquiagem, que ela fica linda. Mas, em minha opinião, "nua e crua", em sua forma mais pura, com os cabelos soltos, molhados, revoltos. Ela é a personificação da beleza!
Cada dia Meg está ainda mais linda, mas ultimamente, sua beleza tem sido ainda maior. Como ela consegue? Sinceramente, eu não sei. Seu rosto parece estar um pouco mais redondo, a deixando ainda mais bela.
Eu realmente entrei pro grupo de homens extremamente apaixonados e melosos e, para ser sincero, não me arrependo disso!
-Está aí há muito tempo? - me pergunta, se virando pra mim, me fazendo fugir de meus pensamentos.
-Tempo o suficiente para saber que eu sou o homem mais sortudo desse mundo por ter você do meu lado, minha princesa! - digo me aproximando de Meg.
-Hmmm... chegou romântico hoje, é? -diz, no momento em que eu a abraço, dando um beijo em sua testa.
-E tem como não ser, com uma mulher como você?
Meg sorri e me beija.
-Tome um banho que a janta está quase pronta. Eu estou morrendo de fome! - diz enquanto come uva verde com doce e leite.
-Quer?
-Isso não irá te fazer mal não, né? - digo ao vê-la comer e lambuzando os dedos.
-Não, isso é maravilhoso! Prova...
-Não, obrigado. Tô com medo de morrer!
Meg sorri e eu subo para tomar um banho.
Debaixo da água fria, penso em fazer uma reunião com a equipe de neurologia, acho justo aumentar nossa equipe. Conversarei com Meg antes de dormirmos.
Enquanto passo o shampoo em meu cabelo, sinto Meg entrando no box.
Me viro para ela e seus olhos acesos indicam que esse banho vai demorar mais que o esperado.
-Espero que não se incomode de eu ter entrado. Só quero tomar um banho com meu noivo...
-Me incomodar? Você é sempre bem vinda!
-Bom saber! -diz e, com seus olhos nos meus, ataco sua boca em um beijo intenso, enquanto a encosto sobre a parede fria do box...
(...)
Acordo e vejo que já são seis e trinta e dois.
Pelo que vi da escala de Meg, ela não tem nenhum paciente marcado. É melhor que ela fique em casa descansando.
Me arrumo e tento chamá-la para avisar que estou saindo, mas ela nem se mexe. Desde quando Meg tem o sono tão pesado? Bem, nossa noite foi longa, deve ter sido isso. É melhor que ela descanse.
Antes de sair, dou uma sacudida nela, para me certificar de que ela está bem.
-Se me sacudir mais uma vez, juro que jogo esse controle em você, Oliver.
-Também te amo, Meg. Durma bem.
Ela está bem!
Antes de sair de casa, meu pai me liga e acaba perguntando por Meg. Relato o acontecido e ele só ri.
No hospital, encontro com James no corredor.
-Agora meu dia está perfeito. Encontrar com meu irmão preferido agora de manhã é só pra quem tem sorte mesmo.
Esse puto está querendo alguma coisa.
-Bom dia, James! O que quer?
-Nossa! Não se pode falar mais nada que eu já quero alguma coisa. Você está igual a Meg!
-Bora, James...
-Qual a probabilidade de você me ajudar a ficar com a amiga de Meg?
-Qual delas?
-Selena. Não me diga que ela é comprometida, que eu tenho um ataque cardíaco aqui mesmo.
-Até onde sei, ela é solteira. Mas, como Meg, ela é braba.
-Adoro mulher braba! Ela já deu indícios de que está na minha.
-Sério?
-Sim. Eu perguntei se ela queria carona e ir no Pub aqui do lado comigo, enquanto ela caminhava pelo corredor, indo para a sala dos biomédicos. E ela me respondeu que tinha mais o que fazer. Ela é tão linda...
-Isso é está na sua, James? - pergunto sem segurar o riso.
-Sim. Se ela não quisesse nada, ela não iria me responder. Me ajuda aí, cara!
-Eu não sou bom com isso não, por que não fala com Meg?
-Já falei, mas ela foi embora ontem e não me respondeu. Vou esperar que ela chegue para perguntar.
-Meg não virá hoje, James. Está de folga.
-Bom, vou ligar pra ela então.
-Nããão! Tá maluco? Meg tá com várias personalidades diferentes. Ontem ela estava me amando, hoje ela ameaçou jogar o controle na minha cara! Não a acorde, por favor! Assim que ela me ligar, eu falarei com ela.
-Vivi para ver você com medo de mulher. Que maneiro! - diz rindo da minha cara.
-Não estamos falando de qualquer mulher, estamos falando da minha... estamos falando de Meg!
Acabamos rindo e conversando um pouco mais.
(...)
Os dias passaram rápido e amanhã é dia de irmos para a casa dos meus pais e encontrar nossa família.
Meg continua com suas alterações de humor e com a libido mais aflorada que o normal. Perdi as contas de quantas vezes fui "atacado" por ela na madrugada, mas não nego que gosto de minha noiva assim.
Essa semana foi bastante desgastante para Meg, pois a peguei dormindo algumas vezes em sua sala. Por isso, acabei tomando a iniciativa de aumentar nossa rede de neurologistas. Meg adorou a idéia.
Chego em casa por volta das nove e meia da noite, Meg me convidou para jantarmos fora.
Ao chegarmos ao restaurante, não tão longe de minha casa, peço um vinho para nós dois, mas ela se recusa, alegando que não está afim de beber nada alcoólico. Sem perder nenhum movimento seu, percebo que Meg parece estar meio aérea.
-Oliver, abra essa caixa apenas quando eu disser que pode, sim? - diz, enquanto bebe um gole de seu suco.
-Fiquei curioso, mas como temo pela minha vida, não abrirei até que você diga para eu abrir. - digo e vejo que ela sorri.
-Oliver, você se lembra desse restaurante? -pergunta e percebo que ela escolhe cada palavra a ser dita.
-Sim! Como eu poderia me esquecer? Foi aqui que nós nos reconciliamos e decidimos seguir nossa vida juntos.
-Bom garoto! - diz e percebo que, mesmo que ela esteja tentando soar mais engraçada, Meg está um pouco tensa.
-Meg, está tudo bem? Eu estou preocupado.
Ela sorri, respira fundo e segura minha mão esquerda.
-Oliver, não o chamei aqui por acaso...
Em primeiro lugar, quero agradecer por ser o melhor companheiro que uma mulher pode ter. Mesmo com seus defeitos, como qualquer um, você é perfeito pra mim. Sei que nossas vidas mudarão de hoje em diante, mas o que jamais irá mudar, será o orgulho de nossa história e de ser sua noiva. Se me perguntassem se eu mudaria algo em você, a resposta seria não! Eu te amo do jeito que você é e sou feliz por ter você em minha vida, hoje e sempre! - diz e vejo seus olhos marejados. - Sabe, quando éramos apenas amigos, eu costumava dormir e agradecer a Deus por ter você do meu lado, depois que começamos a namorar, passei a dormir e agradecer a Deus por termos escolhido um ao outro para caminharmos juntos. Depois que fez de mim sua noiva, ao me pedir em casamento, eu agradeci a Deus pela família que estávamos formando. Há alguns dias, o motivo do agradecimento é outro.
Estávamos? Não estamos mais? Eu vou surtar aqui, Meg vai terminar comigo.
-Meg, você está terminando comigo?
Ela me olha, com os olhos marejados e sorri.
-Claro que não! Não mesmo. Apenas me deixe concluir...
-Certo. - vejo que Meg limpa algumas lágrimas que escorrem pelo seu rosto. Viro toda a taça de vinho em minhas mãos.
-Oliver, nos casaremos em poucos meses e nossos planos eram de casar, ter nossa tão sonhada lua de mel e filhos, apenas após o casamento, para ser mais exata, depois de três anos. Mas nem tudo sai como planejamos. Nesse percurso, acho que pulamos etapas e não será necessariamente nessa ordem. E vou lhe confessar algo: quando se trata de nós dois, tudo é muito intenso e fora de nosso controle e se não fosse assim, não seríamos nós dois!
Com essa última frase, meu corpo gela e meu coração dispara.
-Meg, o que está havendo? Por que escolheu esse restaurante, porque suas orações mudaram? Que etapas pulamos?
Disparo perguntas sobre ela, que acha graça da situação. Deixo toda minha etiqueta e educação de lado e, tremendo, encho minha taça de vinho até a boca, quase transbordando.
Empurra a caixinha para mais perto de mim.
-Ainda não abra. Oliver, eu lhe trouxe aqui, porque, por minhas contas, na noite em que nos reconciliamos, fomos presenteados e não foi somente com nossa reconciliação. Quando eu digo que há uns dias eu mudei minha oração, é porque eu não agradeço apenas por ter você em minha vida e nem por nossa futura família a ser formada e quando digo que pulamos etapas, é porque... - Meg aperta minha mão e percebo sua mão gelada e tremendo. - Abra a caixa, Oliver.
Meg não para de chorar e meu coração parece saltar pela boca.
Tento abrir a caixa, mas minhas mãos trêmulas quase não me permitem.
Com muito sacrifício, consigo abrir. Ao olhar para a caixa, minhas lágrimas escorrem pelo meu rosto e não sei o que dizer, as palavras me fogem à mente.
-Meg...- digo com a voz trêmula. Meg segura minha mão e seu sorriso misturado ao seu choro, mostra que ela está tão nervosa quanto eu.
-Oliver, quando nos reconciliamos, nesse restaurante e depois fomos para minha casa, você me deu o melhor presente que uma mulher pode receber. Quando eu disse que minhas orações mudaram, é porque agora, eu não oro mais pela família que iremos formar e sim pela família que já somos. Oliver, eu estou grávida!
Por uns segundos, fico parado absorvendo cada palavra de Meg e olhando para a caixinha em minha frente, enquanto sinto algumas lágrimas rolando em meu rosto. Agora tudo faz sentido e percebo que eu não estava errado.
A minha mulher está grávida!
Caralho! Eu vou ser pai!
-Oliver, você está bem? -pergunta Meg, me catucando, me tirando de meus pensamentos.
Me levanto, todo destrambelhado, derramando a garrafa de vinho na mesa e deixando a cadeira cair. Pego Meg em meu colo e percebo que todos nos olham, mas eu não estou nem aí.
-Meg, eu te amo muito e pode ter a certeza de que hoje é o dia mais feliz de toda minha vida!
Abaixo em sua frente e dou um beijo em sua barriga, conversando com meu filho.
MEU FILHO! É algo tão forte de se dizer e, ao mesmo tempo, um misto de sensações me invade, ao proferir essas palavras.
-Oi! Sou eu, seu pai. Eu sei que eu não sou perfeito e estou muito longe disso, mas eu quero que você saiba que eu já te amo muito e que eu darei minha vida por você e por sua mãe, se necessário for. Eu farei com que sinta orgulho de ter-me como seu pai. Eu te amo, meu filho e já estou ansioso por sua chegada!
Me levanto e seguro o rosto de Meg em minhas mãos.
-Meg, eu te amo e se eu morresse hoje, eu morreria sendo o homem mais feliz desse mundo! Obrigado, meu amor!
Lhe dou um beijo calmo, enquanto uma de minhas mãos está em sua cintura e outra em sua barriga. Meg fica envergonhada por ouvir aplausos dos clientes do restaurante.
-Eu te amo, Oliver! E nada de pensar em morrer, agora você tem um filho pra criar! - diz sorrindo e colocando sua mão sobre a minha, que está em sua barriga.
Eu sou o filho da puta mais sortudo desse mundo!