equalize | kelmiro

Od bisborriah

10.4K 677 676

[ONE SHOTS] "E eu acho que eu gosto mesmo de você, bem do jeito que você é. Eu vou equalizar você numa frequê... Více

um.
três.
quatro.
cinco.
seis.

dois.

1.9K 115 153
Od bisborriah

Olá! Voltando com mais uma one shotzinha dos meus queridos. Dessa vez, KelMiro vai dançar coladinho no bar! 💜🚜

Espero que gostem!

A Lua já está alta no céu quando Ramiro encosta a caminhonete no local de sempre, bem ao lado do Naitandei, e sai com a mochila que agora costuma levar consigo, já que passou a dormir várias noites da semana no quarto de Kelvin. Na verdade, ele acha que o seu guarda-roupa inteiro – que não é tão grande assim – já está naquele quartinho aconchegante, misturado aos pertences extravagantes de Kelvin numa perfeita harmonia.

O homem alto caminha com sua postura centrada até a porta de entrada do bar, logo percebendo que essa vai ser uma noite lucrativa para o Naitandei, se considerar o fato de todas as mesas estarem ocupadas e que também há algumas pessoas do lado de fora, encostadas à parede desgastada enquanto jogam conversa fora. Ramiro cumprimenta alguns conhecidos com um "Oba!", mas não se prolonga muito, pois já sente as mãos pinicando para abraçar, tocar e agarrar Kelvin.

— Ê, Iná, boa noite! — Ele cumprimenta com um aceno de cabeça a moça que passa ao seu lado segurando uma garrafa de bebida alcoólica. Em resposta, a mulher também lhe cumprimenta com um sorriso receptivo e aponta para a cozinha antes mesmo que Ramiro faça a pergunta que estava em sua mente.

Acontece que esses mesmos passos dados agora já viraram rotina entre Ramiro e todos os que trabalham no bar. Ele chega, cumprimenta quem vê por perto e logo pergunta por Kelvin – a não ser nos dias em que o próprio rapaz vai receber-lo na porta, geralmente quando o movimento do estabelecimento está mais fraco. A relação entre o peão dos La Selva e os funcionários do Naitandei é agradável, e pode até ser chamada de amizade, mas todos ali sabem que a única pessoa pela qual Ramiro moveria rios e montanhas é Kelvin.

Com o coração já acelerado, do jeito que sempre fica quando ele está prestes a ver Kelvin ou perto dele de qualquer forma, Ramiro abre caminho entre os casais dançando pela pista do bar e vai até a porta da cozinha. O homem a abre devagarinho, sabendo que ninguém o iria escutar mesmo que batesse, por causa da música alta e do barulho de panelas sendo remexidas.

A primeira pessoa que Ramiro enxerga é Zezinho, ocupado fritando os salgados que são servidos como petiscos para os clientes.

— Oba, Zezinho! — Ramiro cumprimenta, mas não repara se o cozinheiro o responde, pois sua atenção logo é desviada totalmente para o outro canto da cozinha, onde Kelvin aparece depois de ouvir a voz forte do homem. Ele está terminando de deixar vários papéis com os pedidos dos clientes para Zezinho, mas corre para a porta da cozinha assim que vê Ramiro.

A roupa que Kelvin usa nessa noite é uma das preferidas de Ramiro: uma camisa estampada de mangas longas, feita de um tecido fino que se cola perfeitamente ao torso do rapaz, e um shortinho jeans com algumas correntes pratas penduradas, que aperta a cintura bem desenhada e o deixa ainda mais apetitoso. Não importa quanto tempo passe e quantos anos eles completem juntos, a respiração de Ramiro sempre vai falhar ao ver seu amado, ao perceber – pela milionésima vez – que tem o ser humano mais lindo do mundo todo só para si.

— Rams! — Kelvin exclama animado, quase saltitante, enquanto se aproxima de Ramiro e o puxa para um abraço. Ele o envolve pelo pescoço, precisando ficar na ponta dos pés para alcançar-lo, mas isso não é problema, já que Ramiro o abraça pela cintura e o levanta do chão sem esforço algum. — Pensei que só vinha mais tarde. — Kelvin comenta depois de já ter sido pousado em terra firme novamente, mas sem perder as mãos do mais alto, que continuam em sua cintura.

Não é tão comum para os dois se beijarem em público, mas Ramiro está com uma saudade absurda que lhe aperta o peito, pois era época de colheita nas terras dos La Selva e ele esteve atolado de trabalho por vários dias. Além disso, Kelvin está lindo. Não que ele não esteja todos os dias, mas essa noite parece ser um dos ápices de sua beleza. Por isso, Ramiro não hesita em se inclinar levemente, ficando rosto a rosto com Kelvin para depositar um selinho rápido naqueles lábios que tanto adora.

— O patrão saiu pra jantar com a Dona Irene, daí me liberou mais cedo. — Ramiro explica sem deixar de notar o sorrisinho no rosto de Kelvin depois de ser beijado e o leve rubor que se forma nas bochechas dele. É quase impossível para Ramiro não se sentir metido – e sortudo! – por ser o único que consegue deixar Kelvin, desinibido que só ele, envergonhado.

Ambos os homens se olham, perdendo-se por alguns segundos um no outro com sorrisos contidos no rosto, até que escutam a reclamação de Zezinho ao fundo: — Todo mundo com seu amorzinho essa noite e eu aqui, fritando salgado! — O cozinheiro exclama e coloca a mão na testa em sofrimento, fingindo um drama que todos ali conhecem bem.

Ramiro ri e Kelvin revira os olhos em um falso aborrecimento ao ouvir as reclamações do colega de trabalho, logo respondendo: — Não pense que eu não sei dos teus rolos pela cidade, Zezinho! — Dito isso, ele segura a mão de Ramiro e corre para fora da cozinha antes que Zezinho retruque jogando uma espátula na direção deles. Ambos riem juntos da situação enquanto andam de mãos dadas até um canto mais vazio do bar, perto da escada que leva aos quartos dos funcionários.

Quando as risadas se cessam, Kelvin pergunta: — vai ter folga amanhã, amor? — Ele leva as mãos à gola da camisa bege de Ramiro e a endireita, pois havia saído do lugar durante a pequena corrida com a mochila nas costas, depois alisa o tecido que cobre os ombros do homem, tirando o amassado que se formou ali.

Ao ver isso, Ramiro ri baixinho consigo mesmo, pois percebeu há um tempo que Kelvin, embora já tendo dito que não tem vocação para lavar e passar, é extremamente cuidadoso com suas coisas. Ramiro já havia explicado a Kelvin que não é necessário ele cuidar das suas roupas que ficam pelo pequeno quarto, que ele mesmo irá levar para casa e lavar, mas o rapaz sempre o ignora, dizendo que seu amorzinho merece.

— Pior que não, bem. — Ramiro responde enquanto coloca uma mão sobre o final das costas de Kelvin e o puxa mais para perto, pois há várias pessoas passando próximo deles e o encostando. — Mas também não vou precisar chegar lá tão cedo. — Ele logo acrescenta ao ver se formar a carinha triste de Kelvin após a resposta.

O sorriso de Kelvin retorna assim que ouve a segunda parte das palavras de Ramiro, feliz por saber que terão mais um tempinho juntos na manhã seguinte, mesmo que seja curto. Ele ainda não concorda com a forma que seu amado é tratado no que os La Selva chamam de emprego e tenta alertar-lo todos os dias; Ramiro sabe disso e até já percebe certas situações em que se sente injustiçado pelos patrões, mas ainda é difícil sair de um ciclo vicioso ao qual se acostumou tanto.

— Então vai dormir agarrado comigo até tarde, é? — Kelvin pergunta enquanto dá um sorriso provocativo e aproxima o rosto ao de Ramiro, mordendo levemente o lábio inferior quando sente a mão grande do homem se encaixando na curva da sua cintura como alerta.

Ramiro, por sua vez, também sorri ladino ao ser provocado por Kelvin. A essa altura do campeonato, os dois já haviam se acostumado a essa dinâmica de provocação, mas, para ambos, nunca perdia a graça poder falar as coisas mais absurdas para deixar o outro envergonhado. Embora ele nunca admita isso em voz alta para não perder a pose, Ramiro sabe que Kelvin é o expert nisso.

Então, deixando uma trilha de selos rápidos desde o canto da boca até o lóbulo da orelha de Kelvin, Ramiro murmura contra a pele sensível do local: — Com outra pessoa é que ocê não vai dormir, né, Seu Kelvin? — Ele dá ênfase à pergunta ao olhar para Kelvin com uma das sobrancelhas arqueadas, desafiando-o.

E Kelvin até tenta manter a postura provocativa que tinha antes, mas o olhar de Ramiro é algo ao qual ele não consegue resistir de jeito nenhum. Os olhos castanho-escuro de cachorrinho que caiu da mudança, mas que também conseguem ser os mais sensuais e profundos que o rapaz já viu em sua vida – é, Kelvin está mesmo ferrado de amor para o resto de sua existência. Ele está fadado a ser fraco por tudo que se trata de Ramiro para sempre, e está completamente de acordo com isso.

Com as bochechas rosadas depois de ter tido tais pensamentos, Kelvin vira o rosto de Ramiro com uma mão, fazendo-o olhar para outro lugar que não seja a sua própria face. Ele revira os olhos, mas está rindo quando diz: — Tá bom, tá bom! Vai deixar suas coisas lá no quarto e coloca uma roupa mais leve. — Kelvin pede fingindo uma voz firme, mas que só faz o sorriso de Ramiro aumentar ainda mais. — E volta logo! — Ele acrescenta com um biquinho desfeito no mesmo instante por mais um beijinho rápido do outro homem, que logo depois sobe os degraus pelo caminho já conhecido.

Quando Ramiro volta para o andar de baixo do bar, suas vestes já haviam sido trocadas por uma calça mais leve e uma camisa sem botões, um pouco frouxa, mas que ainda marca o peitoral forte do homem e chama a atenção de quem o vê. Ele olha ao redor e não encontra a visão do seu baixinho preferido, que provavelmente está na cozinha entregando pedidos mais uma vez, então vai até o balcão, onde cumprimenta Luana e pede uma bebida.

No pequeno palco, Nando canta um sertanejo animado e ainda há várias pessoas dançando juntas em frente a ele, algumas até se embalando sozinhas de um lado para o outro, aproveitando a música. Ramiro se senta em um dos bancos que estão organizados contra o balcão para esperar sua bebida, mas logo recebe algo muito melhor.

vai beber, Rams? — Kelvin pergunta enquanto se aproxima de Ramiro e o abraça pelos ombros, acariciando levemente a nuca do maior. A mão de Ramiro vai quase que involuntariamente para a cintura do menor, o trazendo para perto, como se já reconhecesse aquele como o lugar dela – e, de certa forma, é; ele prefere que suas mãos pertençam a Kelvin, ao seu lar, assim como todo o seu ser, do que às besteiras que já fez nessa vida.

Ocê não quer que eu beba, benzinho? — O toque de Ramiro sobre a cintura de Kelvin é calmo e carinhoso enquanto ele faz a pergunta, olhando-o com aquelas orbes de jabuticaba ao querer saber a opinião do amado.

É claro, Ramiro não deixa de notar a reação de Kelvin ao ser chamado por aquele apelido carinhoso. O rapaz sorri para o mais alto e segura seu queixo para deixar um selinho nos lábios dele, todo manhoso mesmo depois de meses sendo chamado assim – além dos outros nomes fofos que Ramiro inventa de quando em quando. Quem diria que o peão dos La Selva, que surtou quando Kelvin o chamou, brincando, de doce de leite, é o mesmo de agora, que o apelida das formas mais melosas e românticas possíveis.

Ramiro não tem dúvidas de que Kelvin é o presente mais bonito que já recebeu do universo. Mesmo inconscientemente, é como se ele estivesse esperando pelo rapaz durante toda a sua vida. Agora que o encontrou, não há chances de deixar-lo ir.

— Acho que uns dois copos de rum não tem problema. — Kelvin responde, pensativo. Então, ele olha de um jeito pidão para Ramiro, com a boca fazendo um biquinho de quem quer algo. — É que eu queria assistir um filme com você depois... — Enquanto dá o seu melhor show dramático para conquistar o objetivo que tem em mente, o rapaz brinca descontraído com a manga da camisa de Ramiro, acariciando o braço forte de vez em quando. Kelvin sabe muito bem como fazer para conseguir o que quer, e não é como se o homem conseguisse resistir aos seus charmes.

— Ah, Kevinho, esses filme que ocê me bota pra assistir não dá, não... — Ramiro retruca imediatamente, pois não quer nem lembrar da última vez em que eles assistiram a um filme juntos no quarto de Kelvin.

Com a cara fechada, Ramiro não consegue evitar as lembranças que surgem do filme em que o cachorro ia atrás do dono todos os dias na estação de trem, mas o homem nunca mais voltaria, pois havia morrido. Só a imagem do cachorro deitado na neve com uma carinha triste já faz seus olhos pinicarem de novo. E Kelvin ainda tem a audácia de rir ao ouvir a sua reclamação!

— Você diz que não gosta, mas depois tá chorando no meu colo por causa do filme! — Kelvin o acusa entre risadas – seu sorriso é tão apaixonado que parece transbordar –, trazendo de volta a visão de Ramiro se debulhando em lágrimas por causa da história de "Sempre ao Seu Lado".

Em momentos como esse, alguns resquícios do Ramiro de antes surgem por poucos segundos, como agora, quando ele olha ao redor para checar se alguém escutou Kelvin falando sobre o seu choro – ainda mais por causa de um filme bobo. No entanto, o nervosismo passa tão rápido como um feixe de luz, pois Ramiro encontra o olhar de Kelvin enquanto o rapaz ri, encantado, e nada mais importa novamente.

— Mas o cachorro morreu, Kevinho, não tinha como não chorar! — Ramiro logo se defende, até aquele momento não aceitando o fato de Kelvin não ter chorado copiosamente como ele.

Os dois homens continuam rindo e implicando um com o outro por mais um tempo, com Kelvin usando toda a "esperteza bonita" que tem para convencer Ramiro a assistir a uma comédia romântica com ele. Ambos sabem que Ramiro já aceitou a proposta desde o primeiro instante em que ela saiu da boca de Kelvin, mas fingem que não, pois esses momentos de brincadeira os preenchem com os sentimentos mais lindos possíveis. Eles só interrompem a discussão quando Luana volta da parte de trás do balcão com uma garrafa de cerveja para oferecer ao maior.

— Pode deixar pra lá, Luana. — Ramiro diz e logo esclarece: — Kevinho falou pra eu tomar só dois copo de rum hoje. — E sua feição é tão satisfeita, tão decidida, com um olhar cheio de firmeza, levando o pedido de Kelvin totalmente a sério, que Luana não consegue segurar a risadinha que surge.

Ela também não perde a chance de provocar o casal, ainda rindo: — Ih, virou mandado, foi, Ramiro?

Com as sobrancelhas franzidas em uma expressão contrariada que só assusta quem não o conhece, Ramiro resmunga um "Êeeh" para a mulher, mas prefere não falar mais nada, pois Kelvin está olhando-o com as sobrancelhas erguidas e um sorriso desafiador. Ele que não ia querer ouvir do seu baixinho agora, não. Ao invés disso, ele retorna ao assunto de antes.

Adotando um sorriso que ele espera ser galanteador, Ramiro se vira na direção de Kelvin e pede com a voz sensual: — Mas é ocê que tem que me servir. — Do outro lado do balcão, Luana percebe que a conversa está ficando mais íntima, então dá uma risada, balança a cabeça negativamente ao ver aqueles dois juntos, e vai atender aos pedidos de outros clientes.

Não demora muito para que Kelvin perceba as segundas intenções de Ramiro por trás daquelas palavras insinuantes, então ele decide responder à altura. Ambos gostam dessa intensidade que sempre há entre eles, sabendo que podem ir de zero a cem rapidamente um com o outro, que podem ser exatamente do jeitinho que são e não só serão aceitos, como também amados.

— Hummm, deixa eu pensar... — Kelvin rebate ao fingir um olhar pensativo, mas logo se inclina ainda mais contra Ramiro e usa os dedos ágeis para subir delicadamente por uma das coxas esbeltas do homem, chegando bem perto da área da virilha. Ele sente mais do que vê o momento em que Ramiro engole em seco, e consegue imaginar a exata expressão desconcertada – e desejosa – que se encontra naquele rosto másculo. — Vai ter gorjeta? — Kelvin pergunta enquanto desvia um olhar inocente para o maior.

Acontece que Kelvin sempre acaba se esquecendo de que Ramiro também o tem na palma da mão, de que um simples ato daquele homem que mexe tanto consigo reverbera por todo o seu corpo e o deixa caidinho, como se estivesse se apaixonando pela primeira vez de novo. Então, depois que Ramiro se recupera da provocação explícita do rapaz, Kelvin sabe que está ferrado com a retaliação que vem por aí.

Dito e feito. Com um sorriso de lado que só aparece quando ele está com Kelvin, Ramiro olha ao redor, checando se há alguém os olhando, e desce a mão que está na cintura do rapaz. Ele agarra a bunda de Kelvin por cima do short jeans sem discrição nenhuma, mantendo o olhar semicerrado e o sorriso provocante enquanto responde: — Ocê sabe que sempre tem gorjeta, né, Kevinho?

A resposta de Kelvin vem na forma de morder o lábio inferior para segurar a risada nervosa e estremecida que insiste em sair, mas ele logo arruma a postura e retruca: — É bom você lembrar dessas palavras daqui a pouco, Ramiro. — Ele fala as sílabas do nome do maior separadamente, dando ênfase a ele, pois sabe que Ramiro fica nervoso quando Kelvin não o chama por um dos apelidos.

Assim, antes que Ramiro consiga ao menos pensar em alguma resposta cabível ou em alguma provocação, Kelvin sorri faceiro e se solta do aperto do maior, logo saindo correndo para atender às mesas.

Depois que os dois copos de rum já estão fazendo efeito em seu organismo, Ramiro pede uma garrafa de água à Luana, pois quer estar o mais sóbrio possível para aproveitar o resto da noite com Kelvin. E ao pensar no rapaz, Ramiro logo o procura pelo salão com o intuito de, pelo menos, ter a visão de seu amor, que está tão ocupado naquela noite cheia no Naitandei.

Ramiro encontra a figura pequena de Kelvin ao lado de uma das mesas ocupadas do bar, enchendo de cerveja o copo de um dos clientes. Um sorriso surge automaticamente em seu próprio rosto quando ele vê o de Kelvin, que puxa uma conversa animada com quem passa por perto. Por um momento, ele lembra do medo que o rapaz costumava ter de ser demitido, mas quem conseguiria fazer isso? Nem Luana, nem Berê e nem Nice foram capazes, pois ele ilumina aquele local sem esforço algum.

E não é só o Naitandei que é iluminado pelo sorriso e pela personalidade alegre de Kelvin; a vida de Ramiro também é. Agora, ele se pergunta como conseguiu viver tanto tempo no escuro, na mesmice obscura a qual havia se acostumado pelas condições em que era inserido, quando poderia ter tido Kelvin iluminando o caminho.

Nesse instante, Kelvin encontra um espaço de tempo vazio entre as mesas atendidas para correr até Ramiro, se aproximando o mais rápido possível para ter-lo logo perto de si. Ele vem sorrindo de orelha à orelha, as covinhas aparecendo nas bochechas, sem desfazer a troca de olhares com o maior em momento algum. Também é nesse mesmo instante que uma coragem impulsionada pelo rum e pela paixão toma conta de Ramiro.

"Vou Te Amarrar na Minha Cama" começa a ecoar pelo bar na voz de Nando, e Ramiro imediatamente se recorda de quando Kelvin pulou na sua caminhonete velha e cantou essa música a plenos pulmões para ele. Uma risada o escapa e ele puxa Kelvin pela cintura assim que o rapaz se aproxima, colando os corpos um ao outro.

— Rams! — Kelvin exclama ao sentir o súbito puxão, mas logo se encaixa nos braços de Ramiro com as mãos nos ombros do maior. Por alguns segundos, ele pensa que aquele será só um abraço bem apertado, porém Ramiro logo o surpreende quando começa a se mover no embalo da música, de um lado para o outro.

— Vamo dançar, Kevinho! — Ramiro exclama por cima da música alta, feliz de uma forma que não se sentia há muito tempo e sem se importar com os olhares que pousam sobre si.

Eles riem juntos enquanto tentam encontrar o ritmo certo e acompanhar a cantoria de Nando, mas nunca haviam feito isso, e a novidade de estarem compartilhando mais uma experiência única juntos é eufórica demais para os dois. Com um sorriso enorme ao ver Kelvin gargalhando puramente dos tropeços que ambos estão dando, Ramiro lembra de já ter falado para ele sobre como dançaria agarradinho com alguém.

De agora em diante, esse alguém sempre seria Kelvin. Não há mais lugar em seu coração para qualquer outra pessoa.

A música cessa e eles saem do meio da pista entre risadas cansadas, provavelmente tendo dançado feito dois bobos aos olhos de quem os viu de fora. Ambos não se importam nem um pouco com isso, preferindo voltar para perto do balcão e terminar de tomar a água que Ramiro pediu mais cedo.

Debaixo do mesmo céu, respirando o mesmo ar... — A voz de Nando chega aos ouvidos de Ramiro e Kelvin, que logo se entreolham, sabendo exatamente o que se passa na cabeça um do outro. — Tem dois corações com saudade, só pela metade, querendo encaixar... — A música continua lentamente, a melodia calma invadindo os sentidos de cada um ali.

De repente, o clima divertido de antes entre os dois se transforma em um carregado de sentimentos. Não pesado – nunca pesado, pois Ramiro, agora, leva o seu amor por Kelvin com orgulho dentro de si –, mas cheio de uma paixão recíproca que implora para ser colocada para fora o tempo todo.

O vento que rouba teu cheiro podia trazer um pouquinho pra mim... — Nando continua cantando no pequeno palco. — E levar meu beijo voando pra pousar aí...

Assim que o refrão de "Eu Sem Você Não Dá" chega, Ramiro estende a mão para Kelvin com um sorriso pequeno no rosto, sem precisar de palavras para demonstrar o que quer – ele o entende, sem dúvidas. A garrafa de água é deixada novamente, solitária, no balcão, enquanto os dois homens se juntam mais uma vez. Agora, eles não sentem a necessidade de voltar para a pista principal. Isso é entre eles, só deles e de mais ninguém.

As mãos de Ramiro vão até o lugar de direito delas, à cintura de Kelvin, delicadamente, e o menor o abraça pelos ombros, pousando as mãos macias em sua nuca. Dessa vez, eles conseguem encontrar um ritmo calmo enquanto dançam, sem tropeçar ou pisar no pé um do outro. Seus olhares se encontram quando Kelvin levanta a cabeça, ambos com um sorriso satisfeito no rosto.

Os versos da música se repetem enquanto os dois se embalam, aninhados naquele canto mais calmo do bar e dentro da bolha de sentimentos que nutrem. É como se todas as outras pessoas houvessem desaparecido, deixando-os apenas com a música lenta ao fundo, os guiando cada vez mais para perto um do outro. No entanto, quando o refrão chega mais uma vez, Ramiro sente a necessidade de se aproveitar dele para expressar um pouco do que passa pelo seu coração.

— Eu sem você é separar o fogão da lenha, o céu do luar... — Ramiro se inclina levemente para cantar próximo ao ouvido de Kelvin, tão absorto em tudo o que o rapaz o faz sentir que nem tem tempo de ficar envergonhado pela voz desafinada. Em seus braços, Kelvin estremece e o olha com as orbes mais claras marejadas. — Eu sem você é acreditar que água de rio não corre pro mar... — Ele continua.

Porém, quando a última parte do refrão chega, Kelvin decide agraciar-lo com a voz mais linda de toda a cidade de Nova Primavera. Eles sorriem um para o outro, os olhos castanhos se encaixando em um olhar apaixonado, e cantam juntos: — Eu sem você não dá.

E, então, eles se beijam. Kelvin fica na ponta dos pés para encaixar os seus lábios aos de Ramiro de verdade pela primeira vez naquela noite, e é muito mais do que um selo. É uma afirmação, um compromisso. Uma promessa que ambos fazem, jurando estar ali para o que aparecer no caminho dos dois, porque um sem o outro... não dá.

Então, deu pra perceber que eu sou apaixonada pela trilha sonora de Kelmiro na novela? 😁

Obrigada por lerem! Até o próximo. 💜🚜

Pokračovat ve čtení

Mohlo by se ti líbit

4.4M 311K 74
Sua própria família a despreza. Seu pai lhe trata com indiferença, suas irmãs lhe humilham. Helle Diana, uma jovem de dezenove anos e praticamente ma...
832K 25K 30
Você e sua mãe tinham acabado de se mudar para a casa do seu padrasto e foi então que você descobriu que teria um meio-irmão, você só não esperava sa...
1.1M 67K 47
Atenção! Obra em processo de revisão! +16| 𝕽𝖔𝖈𝖎𝖓𝖍𝖆 - 𝕽𝖎𝖔 𝕯𝖊 𝕵𝖆𝖓𝖊𝖎𝖗𝖔| Fast burn. Mel é uma menina que mora sozinha, sem família e s...
1.2M 125K 61
Com ela eu caso, construo família, dispenso todas e morro casadão.