quatro.

1.4K 105 131
                                    

Olá! Aparecendo aqui com mais um capítulo nessa semana meio complicada pra nós Kelmirers, né?

Espero que gostem!

Se perguntassem ao Kelvin de antes de conhecer Ramiro se ele era uma pessoa ciumenta, ele provavelmente riria alto e discordaria imediatamente sem pensar duas vezes – não, ele nunca foi muito possessivo com quem passava por sua vida, pois também não gostaria que meros casos de uma ou duas noites se achassem no direito de ter algum controle sobre ele.

Ele nunca havia namorado sério, pois ninguém parecia se interessar o suficiente nele para algo mais formal do que algumas visitas ao motel ou ao próprio quartinho do bar – se isso tinha a ver com o fato de Kelvin ser um garçom em um cabaré, ele não se importa mais em descobrir.

Não importa mais, pois agora ele tem Ramiro. O homem que, para Kelvin, era como uma pedra preciosa – brilhante e de valor inigualável, mas que precisava de um grande esforço e longo tempo para ser descoberta. E Kelvin não se arrepende nem um pouco de tudo o que fez para descobrir a joia rara que é Ramiro; não se arrepende de todas as lágrimas que derramou, das noites mal dormidas em que passou pensando nele e, principalmente, do esforço que precisou fazer por si e por ele para que aquele homem conhecesse o amor e se permitisse sentir-lo.

Ramiro, o homem que nunca diminuiu Kelvin pelo trabalho que tinha e pelas atitudes que precisou tomar para se sustentar, porque Kelvin, assim como ele próprio, também só queria sobreviver. Ramiro, que o enaltece o tempo todo com aquele olhar apaixonado e o chama de "minha formosura" até quando ele está acabando de acordar. Ramiro, que defenderia Kelvin de tudo e de todos e mataria por ele sem pensar duas vezes.

É por isso que, agora, se repetissem a mesma pergunta para Kelvin, a resposta seria completamente diferente. Kelvin nunca se imaginou tendo o nível de ciúmes que sente por Ramiro, mas também nunca imaginou que viveria um amor tão puro e forte como o que tem com o capanga dos La Selva, então é compreensível que sua vida tenha virado levemente de cabeça para baixo desde que ele entrou nela.

O que o leva para a situação atual: Kelvin com os braços cruzados, peito estufado de raiva e um bico emburrado no rosto, encostado à caminhonete de Ramiro enquanto o namorado havia ido buscar bebidas para os dois. Dali, ele consegue ver Ramiro se apoiando no balcão para pedir, mas, infelizmente, também vê a mais nova funcionária do Naitandei totalmente debruçada ao mesmo local, demorando mais tempo do que o necessário para anotar o pedido do homem.

— Piranha... — Kelvin resmunga consigo mesmo, usando todo o seu autocontrole para não ir até lá e fazer uma cena.

Bruna chegou ao Naitandei há uma semana e meia. Bem jovem, com seus vinte anos, vem de uma família bastante humilde de Nova Primavera e acabou perdendo a mãe para uma doença. Por isso, para sustentar os avós que ainda moram na casinha simples da área mais remota da cidade, ela havia decidido encontrar um emprego. Obviamente, com o mínimo de estudo que tinha e a experiência quase inexistente, o único lugar que a aceitou foi o tão falado bar da finada Dona Cândida.

Não o levem a mal, Kelvin tem bastante empatia pela história de vida da moça; ele a entende como ninguém, pois também não foi parar no Naitandei porque quis – teve seus motivos, suas dificuldades. Inclusive, é exatamente por isso que Kelvin ainda não se permitiu ter a crise de ciúmes que está lhe corroendo por dentro nesse momento.

No entanto, a verdade é que ele e Bruna só se deram bem por no máximo umas seis horas de tempo do primeiro dia de trabalho da mulher, porque as coisas mudaram de rumo a partir do instante em que Ramiro chegou ao bar para visitar-lo.

equalize | kelmiroWhere stories live. Discover now