˖࣪ ❛ MANSÃO POTTER
— O2 —
POTTER COTTAGE
GODRIC'S HOLLOW 1981
— Só estou dizendo, pelo menos a Mansão Potter tem guardas de sangue! Além disso, podemos sempre colocar o feitiço Fidelius nela também. — Sirius argumentou enquanto roubava um pedaço de batata de onde Lily estava servindo a comida na cozinha.
— Cara, nós já conversamos sobre isso. — James disse apaziguador enquanto punha a mesa. — Meus pais confiaram nas pessoas erradas, e Voldemort foi capaz de se infiltrar na Mansão Potter quando precisou.
Um estalo alto quebrou a paz quando um Remus varrido pelo vento aparatou em sua cozinha.
— Remus! — Lily gritou animadamente quando ele foi até ela, puxando-a para um abraço enquanto ela fazia malabarismos com potes e panelas em suas mãos.
— Moony! Eu não pensei que você viria esta noite. — James disse com um brilho feliz em seus olhos.
— Eu também não, para ser honesto. — ele respondeu timidamente, passando os dedos por seu cabelo castanho claro.
Todos se sentaram para comer juntos, tendo prazer em algo tão simples quanto uma refeição compartilhada, especialmente porque os Potters estavam escondidos no meio de uma guerra há meses.
— Onde está o Peter? — Sirius perguntou desajeitadamente com a boca cheia de comida.
— A propósito, ótima refeição, Lily. — Remus disse dramaticamente, olhando incisivamente para Sirius.
— Eu sabia que havia uma razão para você sempre ser o meu favorito. — brincou Lily. — E Peter disse que precisava checar sua mãe, certificar-se de que seus pupilos ainda estavam bem e outras coisas.
— Ei! E quanto ao seu charmoso marido que passou literalmente toda Hogwarts ansiando por você? — James gritou incrédulo com falsa indignação. Lily apenas sorriu serenamente para o marido, dando um beijo amoroso em sua bochecha.
— Espero que ele esteja lidando com tudo bem. — Sirius disse preocupado. — Ele tem visitado muito a mãe ultimamente.
— Como está indo com as matilhas, cara? — James perguntou.
— Difícil. — Remus respondeu, uma exaustão escura enchendo seus olhos. — É quase impossível convencê-los de quão ruim Voldemort é quando ele os alimenta exatamente com o que eles querem ouvir. Ele é carismático e sabe exatamente a coisa certa para atrair as massas para o seu lado.
Sirius e James trocaram um olhar preocupado durante o discurso de Remus. Sirius já suspeitava do trabalho perigoso de Remus com os lobos há algum tempo, e já havia levantado a possibilidade de Remus ser o informante da Ordem para James antes. James recusou veementemente suas acusações antes, pensando demais em Remus, mas agora ele compartilhava o olhar de Sirius com crescente preocupação.
Estabelecendo-se em uma conversa fácil, eles começaram a relaxar em suas brincadeiras normais e dinâmicas antigas. No meio do jantar, eles foram surpreendidos por outro estalo alto, sinalizando que alguém havia aparatado, apenas para ser seguido por um baque alto na sala de estar. Todos os membros experientes da Ordem imediatamente se levantaram, varinhas prontas, antes de correrem para a sala de estar.
Eles se depararam com a visão arrepiante do que parecia ser uma garota meio faminta coberta de sangue caída no tapete macio em frente à lareira.
— Quem é ela? — Sirius imediatamente perguntou, a varinha apontada para a forma imóvel dela.
Lily e James trocaram um olhar, balançando a cabeça. — Nós nunca a vimos antes.
— Bem, nem eu. — Sirius disse com pânico crescente. — E se o feitiço Fidelius ainda estiver no lugar, ela não deveria ter conseguido entrar.
Antes que eles pudessem decidir se precisavam evacuar ou o que fazer a seguir, a garota gemeu dolorosamente, seus olhos tremulando abertos. Seus olhos correram entre os três Marotos e Lily em pânico antes de se fixarem em James enquanto o reconhecimento queimava em seu olhar.
— HARRY? — ela gritou, correndo para frente.
Sirius e Remus imediatamente se aproximaram de James defensivamente, suas varinhas ainda apontadas para ela. Ela parou abruptamente, ainda a alguns passos de distância, sua própria varinha se contorcendo em sua mão trêmula enquanto sua excitação dava lugar a pura descrença desinibida quando ela viu três pessoas que ela acreditava estarem mortas, e um homem que ela nunca tinha visto.
— Quem é você? — Sirius exigiu friamente.
— Como você entrou aqui? — Remus perguntou em um tom mais duro do que Hermione já tinha ouvido de seu amado professor.
Ela olhou para trás e para frente entre os três homens, sua boca escancarada como um peixe. A mente de Hermione disparou com as implicações de onde ela estava. Ela estava no passado, mas como? Mais do que isso, os pais de Harry ainda estavam vivos e Sirius ainda não estava em Azkaban. Olhando rapidamente ao seu redor, ela percebeu que provavelmente estava em sua casa segura em Godric's Hollow.
— Qual é a data? — ela engasgou em pânico. Não pode ser o Halloween, por favor, não seja o Halloween.
Os olhos de James se estreitaram nela antes de responder hesitantemente. — 23 de outubro.
— 1981??
Todos olharam para ela como se ela fosse uma louca, mas uma parte dela cedeu de alívio. Ela tinha tempo, ela poderia salvá-los todos. Os olhos dela se voltaram para Sirius.
— Você ainda é o guardião secreto de Potter Cottage? — ela implorou. Se eles já tivessem mudado para Peter, eles não estariam mais seguros aqui, mesmo que Voldemort não estivesse pronto para atacar até o final do mês de acordo com sua linha do tempo.
Os olhos de Sirius se estreitaram perigosamente enquanto ele avançava sobre ela. Hermione deu passos rápidos para trás, levantando sua varinha enquanto Sirius avançava ameaçadoramente sobre ela.
— Quem é você?
— Eu sou uma amiga, eu juro. É meio que uma longa história, mas você pode confiar em mim.
— Que tipo de idiotas vocês... — Sirius começou com raiva, apenas para ser interrompido por Remus.
— Você terá que nos perdoar por não acreditar em sua palavra quando você, uma completa estranha, conseguiu entrar em uma casa segura desse jeito.
Hermione olhou para baixo, estremecendo com o sangue escorrendo em suas roupas. Merda. Ela precisava convencê-los de que não queria fazer mal antes que decidissem que ela era uma ameaça.
— Eu sou um membro da Ordem da Fênix.
— Nós nunca vimos você nas reuniões antes. — disse James brevemente.
— Dumbledore saberá sobre mim. — ela argumentou fracamente. Ela já nasceu agora, ela poderia provar sua existência para ele.
— Como sabemos que você não é um Comensal da Morte? — Remo desafiou.
— Porque eu nasci trouxa! Olha, meu nome é Hermione Granger, e eu juro para você, você pode confiar em mim.
Todos eles olharam inabaláveis, a desconfiança clara em seus olhos. Hermione sabia que estava fazendo um trabalho absolutamente atroz para ganhar a confiança deles. Mas ela estava exausta, ferida e desesperada. Ela não conseguia se concentrar em nada além de encontrar a maneira mais rápida de fazê-los acreditar nela.
— Remus — ela se virou para ele desesperadamente, assustando-o com seu nome. — Você é um lobisomem. James, você é um animago que se transforma em cervo. Sirius, você pode se transformar em um grande cachorro preto. Lily, você é uma bruxa nascida trouxa, você tem uma irmã chamada Petúnia. — ela olhou para eles desesperadamente, tentando se lembrar de coisas que muitas pessoas não saberiam.
Seus olhos se arregalaram em choque antes de Sirius atirar abruptamente um feitiço nela, que ela mal conseguiu bloquear com um protego.
— Por favor, eu posso explicar o que está acontecendo, você só precisa chamar Dumbledore! — Hermione recuou cautelosamente, sua varinha levantada defensivamente. Os efeitos da poção de pimenta estavam desaparecendo rapidamente, e Hermione podia sentir seu corpo enfraquecer. Mas ela ainda podia sentir o envelope familiar e reconfortante da magia de Harry envolvendo seu próprio núcleo mágico, dando-lhe força suficiente para produzir magia para se defender.
Ela podia ver James, Remus e Lily a observando contemplativamente, mas Sirius estava além de enfurecido. Ele continuou lançando feitiços nela, que ela apenas bloqueou até que um feitiço pungente colidiu com seu ombro.
— Todos vocês precisam me ouvir - este lugar pode não ser mais seguro para vocês. Lily, James, vocês precisam tirar Harry daqui! — sua menção de perigo e Harry estimulou Remus a entrar em ação quando ele se juntou a Sirius em seu duelo contra ela.
Ela se defendeu bravamente, recusando-se a usar qualquer feitiço ofensivo contra eles. No fundo de sua mente, ela notou com apreciação como eles duelavam lindamente, agitando suas varinhas como uma dança. Hermione podia sentir sua força física se esgotando, seus escudos ficando cada vez mais fracos enquanto ela pensava desesperadamente em algo para fazê-los acreditar nela.
— Eu juro solenemente que não estou tramando nada de bom.
Remus congelou com as palavras dela.
— Moony. — ela disse olhando em seus olhos. — Prongs. — ela disse para James, que ficou boquiaberto. — Padf...
Sirius a atingiu com um forte estupor, que rasgou seu protegido apressado e a jogou contra a parede. Ela caiu no chão como uma pedra, desmaiada.
— Sirius... — James começou hesitante.
— Não pegue leve comigo agora! Ela pode estar tentando nos matar! Harry está em casa, não podemos arriscar!
— Você está certo, não podemos arriscar. — disse Lily. — Mas eu realmente não acho que ela está querendo nos prejudicar. — Lily se aproximou do corpo de Hermione, encolhendo-se ao ver sua forma ensanguentada.
— Lily, fique para trás. — Sirius advertiu.
— Sirius Black, eu sou perfeitamente capaz de cuidar de mim mesma! Além disso, ela não é uma grande ameaça inconsciente, não é?
Remus deu um passo à frente e pegou a varinha de Hermione, guardando-a no bolso. Lily se ajoelhou ao lado dela, afastando o cabelo de seu rosto.
— Isso não é só sangue dela. — Remus afirmou, inalando profundamente. — Mas eu acho que ela está ferida.
— Sim, alguém começou a cortar o pescoço dela, posso ver. — disse Lily, inclinando a cabeça de Hermione para trás. Percebendo a maneira como a manga da camisa estava emaranhada em seu antebraço, Lily cuidadosamente puxou a manga para trás apenas para respirar fundo ao vê-la.
— O que é? — James perguntou, correndo para frente.
Lily se virou e correu para os braços dele, hiperventilando. — O braço dela... Acho que ela foi torturada, James.
Sirius e Remus se aproximaram, congelando quando viram os cortes irregulares no antebraço de Hermione esculpindo 'sangue-ruim'.
— Bem, acho que podemos dizer com segurança que ela provavelmente não é uma Comensal da Morte. — disse James, segurando Lily com força. Sua própria esposa também era nascida trouxa, e ver tal calúnia esculpida na jovem fez seu estômago revirar.
— De onde ela veio? — Sirius perguntou, choque em sua voz.
— Como ela sabia todas essas coisas sobre nós? Algumas pessoas podem saber sobre eu ser um lobisomem, mas certamente não sabem que você e James são animagos. — Remo acrescentou.
— Ela também sabe sobre o Mapa do Maroto, — entoou James. — Ela disse claramente 'Juro solenemente que não estou tramando nada de bom'.
— Acho que precisamos ligar para Dumbledore. — Remus concluiu. — Ela parecia conhecê-lo.
— Sirius, você pode colocá-la no sofá? — Lily perguntou enquanto olhava para Hermione com olhos tristes. Quanto mais eles pensavam sobre isso, e quanto mais eles a consideravam, mais eles pareciam perceber que ela provavelmente não era sua inimiga.
Sirius olhou para Lily, e ela viu algo estranho piscar em seus olhos. Sirius Black era um bastardo protetor, mas até ele podia sentir a culpa avançando sobre ele. Talvez ele tenha reagido com muita pressa ou aspereza. Quanto mais ele olhava para o corpo inconsciente da estranha garota, mais ele percebia que ela já parecia estar à beira da morte. Tomando uma rápida decisão de colocar a varinha no bolso, ele gentilmente a ergueu do chão e a levou até o sofá.
James e Remus ergueram as sobrancelhas com a mudança no temperamento de Sirius. Ele poderia facilmente levitar ela para o sofá, mas escolheu fazer isso sozinho. Mas antes que eles pudessem comentar, ele rapidamente se afastou dela antes de conjurar um patrono.
— Vou ligar para Dumbledore. — Sirius disse tenso.