Assimetria Perfeita (Degustaç...

Galing kay LaisdosPassos

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Livro completo em http://bit.ly/assimetria-perfeita Cleo teve sua ordem bagunçada, quando levou um fora da na... Higit pa

1.CORPOS CELESTES
2.BURACO NEGRO
3.CAOS PRIMORDIAL
LIVRO COMPLETO

4.ROTA DE COLISÃO

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Galing kay LaisdosPassos

O frio que castigava a pele de Cleo nem se comparava ao que gelava seu estômago. Adorava a sensação de estar prestes a fazer algo tão grandioso, mas tinha que admitir que, desta vez, tinha medo de perder o controle e colocar tudo a perder.

Se fosse apenas sua vida em jogo, já estaria apavorada, mas colocara Larissa em sua enrascada, por isso, não poderia cometer nenhum erro.

Elas já vestiam os uniformes falsos. Depois de três horas de viagem de carro — um favor que um antigo contato lhe devia —, as duas repassaram os últimos ajustes do plano. Com a ajuda de um segurança infiltrado, entrariam na residência como empregadas da equipe responsável pela organização do baile do dia seguinte.

O sol já se punha há bastante tempo e tudo que restara no céu era a névoa densa, costumeira daquela época do ano. Não era possível ver a lua ou qualquer estrela e a única iluminação vinha dos postes espalhados pela rua exclusiva que levava à residência presidencial.

Dali, Cleo observava a imponente mansão sobre a colina. De toda a cidade era possível ver essa obra de arte da arquitetura. Contruída há pouco mais de cinquenta anos pelo avô do atual presidente, habitava a terceira geração de tiranos que se achavam donos do país.

O veículo da empresa de decoração já deveria ter passado. Conferiu o relógio de pulso só para contabilizar o atraso. Já passava de três minutos.

— Relaxa, Cleo. Você está me deixando nervosa — Larissa pediu.

Estava pronta para responder, quando o som do motor chamou sua atenção. O furgão estava a caminho e ela quase se permitiu relaxar um pouquinho. Quando parou ao seu lado, a porta lateral de correr se abriu e as duas pularam para dentro, com toda convicção de quem realmente estava ali a trabalho.

Havia mais pessoas ali dentro, usando uniformes iguais aos delas. Todos sentados em seus lugares, em silêncio. Os únicos assentos vagos ficavam distantes um do outro. Larissa ficou na primeira fila e Cleo precisou se contentar com o último banco.

O caminho até a residência não distava mais do que quinhentos metros, mas, para ela, parecia longo demais. Cleo tinha receio de que todos notassem seu nervosismo demasiado para uma funcionária que, tecnicamente, só estava cumprindo seu dever.

O carro parou em um pátio amplo, coberto por ladrilhos coloridos que formavam um padrão excêntrico, mas muito bonito. Dali, sem ter tempo de reparar em muito mais, foram todos guiados para dentro, por dois funcionários usando ternos bonitos. Um deles era o informante de Cleo e ela suspirou, uma pontinha de alívio apaziguando o medo gelado que já fizera morada em seu corpo.

Todos seguiram os homens, fazendo uma fila desordenada. Entraram por uma área secundária, passando pela cozinha, alguns cômodos sofisticados, mas sem utilidade, até chegarem a um imenso salão de festas. A decoração já havia começado anteriormente. Havia tecidos leves e esvoaçantes revestindo paredes, mesas cobertas com toalhas brancas e douradas, enfeites espalhados de forma desarmônica pelo chão ainda empoeirado do ambiente.

A mais velha não fazia a menor ideia do que fazer. Pelo canto do olho, reparou que a irmã também estava perdida, por isso, adiantou-se em buscar algumas caixas, no depósito, quando alguém solicitou. Larissa veio junto com ela.

Assim que saíram do salão de festas, as duas deixaram os demais colegas tomarem a frente e desaceleraram o passo.

— Tudo dentro dos conformes até agora. — Larissa ajeitou o avental e sorriu, quando um grupo de três pessoas usando uniformes brancos passou por elas. — Como seu informante deixou a gente entrar, depois de tudo que aconteceu?

— Ele pensa que essa é uma missão do partido — Cleo confessou em um sussurro. — Uma secreta.

A mais nova parou no meio do corredor, estarrecida demais para continuar andando.

— Ele não tem como saber que não é, Lari!

Larissa balançou a cabeça para os lados, contendo-se para não esbravejar no meio da execução do plano.

— Espero que você saiba o que está fazendo — disse, por fim.

Cleo também desejava a mesma coisa.

Continuaram andando, carregando caixas de um lado para outro, arrumando mesas, montando vasos para que as floristas pudessem colocar os arranjos, organizando enfeites, cortando fios soltos dos tecidos... Cleo não fazia ideia que organizar uma festa pudesse dar tanto trabalho.

Passava um pouco da uma da manhã, quando a movimentação diminuiu. Era a hora de parar de perder tempo com assuntos que não lhe diziam respeito e colocar em prática o que planejaram durante quase dois dias inteiros.

Larissa disse que precisava buscar uma caixa de guardanapos no depósito. Cleo disse que a ajudaria. Com o aval do chefe de decoração, as duas deixaram para trás o salão, prontas para se aventurar em áreas mais perigosas daquela mansão.

Essa era a parte que iria requerer um pouco de improviso. Seu informante lhe cedera um mapa desenhado à mão da residência, com possíveis locais onde a garota poderia estar. O quarto de hóspedes no último andar era a primeira opção e, para chegar lá, precisariam evitar a área política da residência Era lá onde todos os assuntos governamentais eram tratados. Por esta razão, a segurança era muito mais reforçada.

Desejava que tivessem colocado a garota na área visitável da casa. Se estivesse na parte onde o presidente realmente morava, não conseguiriam acessá-la, pois havia guardas até para cuidar dos pernilongos que entravam lá. Seu informante lhe garantiu que não havia quartos remanescentes naquela área e que, se Mirela Dalponte precisasse dormir, teria que estar em um daqueles quartos de hóspedes.

— A única forma de chegar às escadas é passando pelo jardim de inverno, cruzando as salas de jantar desativadas — Larissa apontou, segurando o mapa. — Depois, quando estivermos lá em cima, a gente segue pelo corredor da direita.

— Certo. — Cleo assentiu. — A gente se encontra lá em cima.

Com um aceno sutil, Larissa seguiu seu caminho, deixando a irmã para trás. Ajeitando o uniforme, Cleo colocou uma expressão cansada, mas cheia de si no rosto e seguiu por aqueles corredores, como se tivesse certeza do que queria.

Cruzou com poucas pessoas durante o caminho. A maioria estava apressada, deixando tudo pronto para o evento mais importante do país, desde a nomeação de João Dalponte, há trinta anos.

Não teve dificuldade para chegar ao local indicado. Larissa já a aguardava, impaciente.

— Graças a Deus! Já estava ficando preocupada — declarou, segurando a irmã pelos ombros.

— Está tudo bem, Lari. Vamos começar as buscas.

Havia uma infinidade de portas e, uma a uma, elas precisavam desbravar o que havia nelas.

Para adiantar o trabalho, separaram-se mais uma vez, cada uma pegando um lado do corredor. Cleo correu até a última porta, colou o ouvido nela — a fim de ouvir qualquer som que pudesse denunciar algum intruso que fosse colocar seu plano a perder — e, após se certificar que não havia ninguém, abriu-a. Soltou todo o ar, quando deu de cara com um cômodo vazio, que parecia não estar habitado há muito tempo.

Desta forma, ela seguiu cumprindo o mesmo ritual, porta após porta, alívio e frustração duelando a cada quarto desocupado que encontrava. Faltava mais três cômodos para acabar sua parte das buscas. O desespero estava começando a subir, como água em um tanque. Começou pingando, de gota em gota, inofensivo. Agora, sentia que estava quase sendo coberta e em poucos minutos não conseguiria mais respirar.

Quando abriu a última porta, deparando-se com uma cama impecável, mas nenhum hóspede, pensou que poderia chorar.

Não podia ser.

Tinha certeza que a garota chegaria na sexta, não no sábado — embora seu informante tenha lhe garantido que não havia sinal dela. Seu faro lhe dizia que não fazia sentido que uma pessoa tão importante para o reino fosse tratada de forma tão leviana.

— Não encontrou nada? — Larissa se aproximou dela, a voz apática indicando que tivera tanta sorte em suas buscas, quanto a irmã.

Cleo balançou a cabeça para os lados, enquanto pensava em uma saída. Tinha falhado. Seu plano idiota tinha falhado e, não só estava em um beco sem saída, quanto metera Larissa em seu poço de derrota.

Precisavam ir embora dali, antes que fossem pegas. Primeiro, tinham que dar um jeito de voltar para o salão e rezar para que ninguém tivesse sentido sua falta. Depois, tinham que sair da residência, sem levantar suspeitas.

Ainda precisavam descansar, porque, em poucas horas, o pai as colocariam para dentro, mais uma vez. Desta vez, executando o projeto inicial.

— Tem que ter uma saída — Larissa resmungou, enquanto desciam a escada.

A escuridão do hall, aliada ao silêncio mórbido, amplificavam o sentimento de derrota, o gosto amargo da decepção inundando a boca.

Não era apenas o ego ferido que doía. Não era só a comprovação de que era uma farsa, mas a raiva que sentia ao se dar conta que o pai estava certo. Não tinha nenhuma condição de assumir nada.

Seu lugar era cobrindo a retaguarda de pessoas quaisquer.

Tudo que tinha abdicado para provar seu valor não tinha valido de nada. Verônica tinha terminado com ela, porque só tinha tempo para a causa. E de que tinha servido toda essa devoção?

— Estamos fodidas, Lari — ela decretou.

Assim que chegaram ao salão, encontraram-no deserto. Não sabiam que tinham perdido tanto tempo no andar de cima.

— Será que eles já foram embora? — O pavor tinha ofuscado os olhos sempre tão brilhantes da mais nova.

— Eles não fariam isso — disse, da boca para fora.

Porque eles fariam, sim. Nem as conheciam! É claro que, assim que terminaram seus afazeres, deram no pé, sem olhar para trás.

— Fica calma, Lari. Vamos dar um jeito de sair daqui.

Ela assentiu e inspirou fundo, enquanto Cleo elaborava uma forma de saírem daquela fortaleza, sem acabarem na prisão. Decidiram seguir a mesma direção de quando entraram, pela área de serviços. Se cruzassem com algum funcionário perambulando em plena madrugada, apenas diriam a verdade — ou parte dela —: que tinham se perdido do grupo.

Cleo tomou a dianteira, com Larissa em seu encalço. Os corredores não eram longos, mas as salas eram amplas demais e, sem iluminação, era difícil manter o ritmo. Estavam próximas à cozinha, quando ouviram vozes alteradas. Na verdade, uma única voz. As duas paralisaram, com medo de serem pegas.

Não conseguiam compreender o que a pessoa gritava, mas sabiam que era um homem e que estava transtornado. Cleo prendeu a respiração, quando o corredor se iluminou por um breve momento. Pensou que sua alma fosse sair do corpo, quando reconheceu o homem que deixou uma das salas.

Era Murilo Dalponte.

O filho do presidente, o rapaz que assumiria o governo no baile naquele mesmo dia. Era tão assustador quanto o próprio pai. Talvez, até pior. Muito bonito, é verdade, mas ainda assim, o homem lhes dava arrepios.

Se ele as pegasse ali, estariam mais do que fodidas.

Por sorte, ele estava tão perturbado com o que teve que lidar dentro daquele cômodo, que não notou as duas ali, a pouco mais de cinco metros dele. Se estivesse mais calmo, com certeza ouviria as batidas desenfreadas de seus corações.

Só quando a barra estava limpa, arriscaram soltar o ar do pulmões.

— O que o filho do presidente está fazendo em plena madrugada na área de empregados? — Larissa indagou, a voz tão baixa, que, se não fosse o silêncio absoluto, jamais teria sido ouvida.

— Não faço ideia, mas vamos descobrir agora.

— O quê?

Antes que ela pudesse protestar, a mais velha já seguia em frente, a passos curtos e inaudíveis, pronta para descobrir o que um homem de tamanha importância escondia naquele lugar. Porque Cleo tinha certeza que aquela história cheirava mal.

Ela respirou fundo e contou até três, antes de girar a maçaneta a abrir a porta, em um tranco.

O que Cleo encontrou não poderia tê-la surpreendido mais. Porque dentro daquele depósito de poucos metros quadrados, havia uma mulher amordaçada e presa a uma cadeira. Murilo Dalponte, o futuro presidente de Apoena, mantinha uma refém dentro de sua própria casa.

E se isso não fosse, ao menos, chocante, era, com toda certeza, um trunfo e tanto.

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- ooh lou vc sabe q foi um garoto mal ! :digo me aproximando . - desculpe daddy ....
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