Flor da meia-noite

بواسطة ThalitaFagundes

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Dizem que quando estamos prestes a morrer, um filme da nossa vida passa na nossa cabeça. Mas não foi bem isso... المزيد

1. Brisa de (i)realidade
2. Adina Hale?
3. Ninguém gosta de quem sabe demais
4. O que é ser um humano, afinal?
5. Visitas do passado
6. Asas. Magníficas... asas
7. Doses e algum Caído para acompanhar
8. A historia toda? Acho que não
9. Sofrimento adora companhia
10. Ligações perigosas
11. Quase uma rainha
12. Um adeus, a coroa, e o mestre
13. Barreira
14. Qual o seu tipo de psicose?
15. Anjos do FBI
16. Vamos esclarecer as coisas
18. Adina Hale
19. Um baile de máscaras é sempre um bom lugar para expor alguém
20. Não desista de mim de novo
21. O Mestre mente
22. Ache os Arcanjos. Mate Jordan Benacci
23. Marie Blake
24. Cinco minutos
25. Vamos jogar
26. A rainha do baile
27. Adina de Riverland
28. A última dança
29. A chave
30. Vingança é um prato que se come frio
31. Primeiro você sonha...
32. ... depois morre
33. Isso é magia, Allyson
34. Amor, eu so sirvo pra despedaçar o seu coração
35. Hora de voltar pra casa
36. Lar, terrivel lar
37. Não minta para um mentiroso
38. A nova ordem da esperança
39. Amor. Uma palavra cortante.
40. Pandemônio
41. Vida cega e inconsciente
42. O cadáver de Allyson Hale
43. Colcha de retalhos
44. Antes do pôr do sol
45. Eu sei o que você fez no verão passado
46. Terra Prometida
47. Ainda estou aqui

17. Anjo da guarda?

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بواسطة ThalitaFagundes

Allyson

— Ok, e como vamos ter certeza que é ele? — Pergunto fechando o armário e me virando para os três — São as últimas semanas de aula, ele nem deve vir.

— Vamos seguir o plano original — Jordan resmunga — E dessa vez, Allyson, fico feliz que tenha pensado nos imprevistos.

Dei um sorrisinho debochado e tentei não pensar muito no que aconteceu com a gente alguns dias atrás. Jordan se recusava a falar disso e eu já estava mais do que irritada. Não perguntei diretamente, mas até um tapado teria percebido as dicas. Durante esses dias tive que agir normalmente com David sempre que ele chegava perto de mim. O bom é que o normal entre nós dois era desprezo e indiferença, da minha parte. E estava mais que aliviada por finalmente tirar Peter da minha lista de suspeitas.

— Adam, você joga um charme na Jessica e tenta descobrir alguma coisa. Ela sempre te achou um gatinho esquisito.

— Obrigada, amigaEle revira os olhos.

— Disponha. Hazel, seu trabalho é com o Zack. Pergunta tudo o que puder sobre aquele dia ao time de lacrosse, quem mais estava lá, coisas assim, eles têm uma lista dos rejeitados de Lincoln High, David deve estar entre os primeiros da lista e precisamos saber tudo sobre ele.

— Tudo bem.

— Jordan e eu vamos checar os laboratórios. Ouvi dizer que a troca de drogas dele é lá. Se o pegarmos de surpresa é um bônus, assim faço algumas perguntas. E por favor, tenham cuidado. A gente se encontra aqui quando as aulas acabarem pra começar os treinos da tarde.

— Sim senhora — Hazel e Adam dizem em uníssono.

Cada um foi pra um canto e me virei para Jordan.

— O que você acha?

— Tem que ser ele, juntando o que Hazel descobriu e o que você ouviu dele... não pode ser coincidência.

— Então vamos lá.

"Compulsivamente atraído por louras Nephilins meio narcisistas."

Eu não conseguia acreditar que o mesmo cara que me secou durante todo o ensino médio queria me matar. Ou pior, queria me transformar em outra pessoa. Cometi muitos erros ao longo desses quatro anos, eu sei, mas alguns xingamentos e rejeições na hora do almoço eram justificativos para algo tão cruel? E outra, eu tinha mudado né? Quer dizer, sei bem o que mostrei, sei bem o que eu queria que vissem, mas nunca fui essa pessoa de verdade. E David não sabe disso.

O que quer que aconteça, eu não vou deixa-lo fazer isso comigo, ou matar mais alguém que eu ame. Definitivamente não.

Estrategicamente me coloquei junto com Jordan na nossa missão especial, pois ela precisava me dar umas respostas. Então chequei se teria alguma aula no laboratório de biologia no próximo horário e tranquei a porta assim que entramos. Ela deu uma olhada atrás das bancadas e abriu os armários das cobras, sapos e substâncias químicas. Nada. Ótimo.

— Ele não está aqui, vamos ao de física.

— Espera — Coloquei a mão em seu ombro e ela parou de andar — Você vai me contar tudo, e vai contar agora.

Hazel

Encontrei Zack sentado com os amigos nos bancos do parque perto do refeitório. Ele sorriu assim que me viu e fiz o que pude para sentar em seu colo da forma mais provocadora possível. Passei os dedos pelos fios de seu cabelo e cheguei bem perto de seu ouvido. Os meninos entenderam a deixa e saíram. Tá, posso ter usado um pouco de Persuasão neles, uma coisinha que fazemos quando queremos que alguém siga certas ordens.

— Preciso de um favor — Sussurrei.

— Tudo o que você quiser — Zack diz abobado para mim e eu sorrio.

— Me conte tudo o que você sabe sobre David Barney.

— O maconheiro? Droga, eu estava esperando uma coisa mais safada. Vai ter que me recompensar por isso. Mas enfim, sei que ele vende drogas por aí, tem uns problemas na cabeça, mas nunca fez mal a ninguém, só é esquisito. A gente vive zoando ele, mas a verdade é que ele está sempre sozinho, e nunca fala nada.

— Onde ele estava no dia do assassinato do Jake? — Percebi que toquei em uma ferida assim que senti suas mãos se afrouxaram um pouco da minha cintura.

— Não sei, tivemos uma aula juntos antes do treino de Lacrosse e ele saiu correndo pouco antes de o sino tocar. Várias vezes eu o vi secando a Allyson, não contei pro Jake porque sabia o que ele faria, mas o cara é sinistro. Parece meio obcecado.

E se David não queria matar a Ally? E se ele fosse apenas um psicopata do Submundo que queria a Filha da Profecia só para ele? Faz bem o tipo do David, pelo que vi da criatura por quatro anos.

— Secando a Ally?

— É, olhava compulsivamente. Uns dias depois o vi de papo com a Jess, mas nem dei muita bola.

— Preciso daquele livro do time, acha que consegue pra mim? – Dedilho seu pescoço.

— O que quer com ele, baby? Ele não parece ser uma boa companhia.

— Assunto meu e da Ally.

— Achei que você e a Ally tinham parado com esse tipo de brincadeira.

— Um dia eu vou te contar tudo, mas por enquanto vamos manter assim.

— Ah, eu nem te contei, meu pai trabalha na delegacia, né, e parece que acharam um pouco de sangue na toalha do Jake, do dia do assassinato que não era dele.

— De quem era? — Pergunto com a respiração entre cortada, falhando em esconder minhas sensações.

— Ainda estão analisando, mas pode ser do assassino. Pode dizer isso à Allyson? Acho que ela vai ficar mais aliviada.

— Claro, falo sim.

═ ◖◍◗ ═

— Jordan! — Grito assim que a vejo saindo do laboratório de biologia com uma expressão nada agradável — Acharam sangue nas coisas do Jake, você precisa impedir.

— E se for de...

— Rápido, antes que eles descubram e divulguem.

Jordan pegou as chaves da moto no bolso da jaquetae correu até o estacionamento. Eu estava aflita, nervosa e não parava de andar de um lado para o outro. O pessoal da forense não podia descobrir de quem era o sangue. Tudo ainda era muito incerto, e se fosse alguém que a gente conhecia? Se David é realmente o Mestre, ele era capaz de manipular qualquer pessoa. E se ele mandou alguém fazer isso, a única pessoa culpada era ele. Era ele quem deveria ir para a cadeia pelo assassinato do Jake.

— O que aconteceu? — Allyson surge no corredor e eu forço um sorriso.

— Nada, vamos continuar procurando. Nada no de biologia?

— Não, absolutamente nada — Ela diz franzindo as sobrancelhas e eu prefiro não perguntar.

Allyson

— Olha Allyson, entendo que queria conversar sobre tudo, mas acho que tem que lidar com o Peter do jeito que achar...

— Eu não quero falar sobre o Peter. Quero falar sobre a gente – Fui firme.

— Como assim?

— Sei que tenho tido dificuldade de tomar decisões, mas você também. Quando se trata de mim, têm ficado em cima do muro desde que chegou aqui.

— Já falamos disso. Tem coisas que...

— Não, Jordan, para com isso. Entendo que no começo tinha o Jake, mas ele está... morto, então... para – Balanço a cabeça – Não tem nada que impeça qualquer coisa agora, não quando toco você ou quando fico perto de você. Não tenho controle. Então o que você quer? Precisa me dizer.

Ela demora um pouco para responder, olha para todos os lados, menos para mim, e tem a expressão de quem quer fugir.

— Eu não sei. Esse tempo que passei longe de você, sem ir atrás de você, me fez questionar muitas coisas. Não sou mais a mesma pessoa nessa sua vida. Descobri coisas sobre mim, sobre você, sobre os Arcanjos, e... sobre o mundo. Não vejo mais o que eu via antes de a maldição ser quebrada.

— Você me vê?

— É claro, sempre – Ela sussurra se aproximando.

— Então talvez devemos começar por aí.

Pego sua mão e sinto suaves formigamentos de energia na pele, que me deixavam arrepiada. Será que ela fazia aquilo de propósito? Será que percebia que seu toque era quase elétrico quando estava comigo? Claro que ela sabia. E estava me enlouquecendo.

Os olhos de Jordan ficam um pouco mais escuros e ela me empurra pela cintura até uma bancada, me sentando em cima dela.

— Me conta – Suplico.

— Eu amo você, Allyson – Jordan diz com a voz abafada e eu agarro sua jaqueta, sentindo cheiro doce que vem do cabelo caindo em cascatas pelos seus ombros — Eu amo você.

Ela se aproxima um pouco mais e quase encosta seus lábios nos meus. Mas o sino para trocar de sala toca e nos afastamos com o susto. Sou puxada para fora daquele turbilhão de sentimentos e me sinto estranha. Se alguém me visse agora, seria o fim.

— Que merda, Allyson, você quase me fez estragar tudo — Ela diz andando até a porta.

— Jordan, espera! — Mas ela já tinha saído.

Droga! Porcaria de coisa Nephilim, porcaria de personalidade dupla. Decido que não passa de hoje. Hoje vou encontrar o Peter e acabar logo com isso. Agora que sei que ele não está me ameaçando, posso seguir com o plano dele.

— O que aconteceu? — Pergunto pra Hazel quando a encontro fora do laboratório. Jordan tinha corrido pra porta da escola e eu tinha quase certeza que era por causa do meu repentino ataque.

— Nada — Ela sorri, mas me pareceu forçado demais. Agora até mesmo Hazel escondia coisas de mim? Não seria a primeira vez — Vamos continuar procurando. Nada no de biologia?

— Não, absolutamente nada — Digo franzindo as sobrancelhas tentando não pensar muito no quanto pareci patética e vulnerável.

Adam

Jess estava no vestiário feminino, ela arrumava alguma coisa no seu armário. Parecia ter acabado de sair de um treino pesado, pois a pele estava vermelha e suada. Aproximei-me e puxei o elástico do seu rabo de cavalo, deixando os cabelos soltos, e de lá tirei uma moeda, como um truque de mágica.

— Isso foi lindo, Adam, mas não vai conquistar uma garota a transformando em um caixa eletrônico — Ela disse se virando para mim.

— E se eu já tiver conquistado? Você foi meio difícil, mas eu consegui, não foi?

— Alguém já disse que você é convencido?

— Não, já que ninguém sabe sobre nós — Resmungo. Jess sempre foi do tipo que mostrava seus encontros troféus para todos, mas era só um disfarce para não me mostrar. E eu odiava muito isso.

— Sabe que não posso contar, como me veriam se eu andasse de mãos dadas com você?

Me aproximei e toquei seus lábios com suavidade. Eu já estava acostumado com as crises existenciais da Jessica, então apenas deixei para lá e evitei outra briga.

— O que veio fazer aqui?

— Allyson me mandou — Dou de ombros, me encostando em um dos armários.

— O que ela quer?

— O de sempre.

— Não suporto mais a Allyson, ela me sufocou por três anos debaixo da saia de princesa dela e agora quer dar uma de coitada para o resto da escola toda porque acham que eu peguei o Jake. Quando vou precisar parar de fingir? — Jess bate a porta do armário com força e segue para o banho — Quer dizer, eu tenho que ficar treinando sozinha e isso é um saco.

— Eu sei, mas vai passar, eu te prometi que as coisas iam mudar, não foi?

— Prometeu — Ela tira a roupa e liga o chuveiro.

— Seus olhos estão estranhos pra caramba – Estreito meus próprios olhos, observando-a.

— Eu sei, tá todo mundo falando nisso. Vou atrás de umas lentes amanhã. Adam, eu tô sentindo tanta raiva, às vezes nem sei por que sinto, mas sinto, e isso está acabando comigo.

— Ei — Me aproximo e pego suas mãos molhadas — Vai dar tudo certo.

— Eu te amo, sabia? E quando formos para bem longe daqui, andarei tão grudada em você que vai até pedir espaço.

— Eu também amo você — Sorrio, lhe dou um beijo na testa e saio de lá com as mãos no bolso da calça jeans.

Hoje tudo vai mudar. Tem que mudar.

Allyson

— Chamberlain aplicou uma política de concessões com o objetivo de evitar a guerra – Peter diz, de pé na frente da turma – Quem pode me dizer se essa política realmente funcionou? Ninguém? Enfim, não funcionou. Quando o território foi anexado, a agressão de Hitler aumentou. Então, Senhorita Hale, por que essa política não funcionou? — Ele pergunta para mim, de novo.

Suspiro e procuro um lugar para enfiar a cabeça, mas não dá para fugir dessa.

— Porque compactuar com uma ameaça nunca funciona.

— Pode explicar melhor?

— Porque mesmo que você dê tudo o que pedem, nunca será o bastante. A única alternativa é enfrentar a ameaça, mesmo que custe um preço.

Ele volta a dar a aula e eu penso sobre a resposta que acabei de dar. É essa a solução, tem que ser. Eu tinha que enfrentar a ameaça de frente.

— Peter — Chamo assim que todo mundo sai — Tomei uma decisão, vou com você, quero que me transforme.

— Isso é sério? Confia em mim agora?

— Sim, cansei de esperar.

— Ally! — Hazel grita entrando na sala e eu me assusto — É a Jordan, aconteceu alguma coisa.

Corro pelos corredores de novo, lotados de gente, todos sem ter ideia do que está acontecendo. Sinto falta de ser assim, uma adolescente normal com preocupações normais.

— Assassino! — Jordan diz para David no chão. As mãos fechadas do colarinho da camiseta.

— Ei, o que foi? Esse não era o combinado! — Fecho a porta do laboratório pra abafar os gritos.

— O resultado da biopsia saiu, o sangue era dele, ele matou o Jake, Ally.

Jordan estava estranha. Nunca me chamava de Ally, nunca se exaltava, e nunca, nunca deixava seus olhos dourados à mostra. As asas estavam saindo de suas costas, mas a cor não estava mais deslumbrante como antes, as pontas estavam negras, e o bambolê em volta dele estava escuro. Tive um medo avassalador de Jordan Benacci pela primeira vez.

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