Flor da meia-noite

By ThalitaFagundes

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Dizem que quando estamos prestes a morrer, um filme da nossa vida passa na nossa cabeça. Mas não foi bem isso... More

1. Brisa de (i)realidade
2. Adina Hale?
3. Ninguém gosta de quem sabe demais
4. O que é ser um humano, afinal?
5. Visitas do passado
6. Asas. Magníficas... asas
7. Doses e algum Caído para acompanhar
8. A historia toda? Acho que não
9. Sofrimento adora companhia
10. Ligações perigosas
11. Quase uma rainha
12. Um adeus, a coroa, e o mestre
13. Barreira
14. Qual o seu tipo de psicose?
16. Vamos esclarecer as coisas
17. Anjo da guarda?
18. Adina Hale
19. Um baile de máscaras é sempre um bom lugar para expor alguém
20. Não desista de mim de novo
21. O Mestre mente
22. Ache os Arcanjos. Mate Jordan Benacci
23. Marie Blake
24. Cinco minutos
25. Vamos jogar
26. A rainha do baile
27. Adina de Riverland
28. A última dança
29. A chave
30. Vingança é um prato que se come frio
31. Primeiro você sonha...
32. ... depois morre
33. Isso é magia, Allyson
34. Amor, eu so sirvo pra despedaçar o seu coração
35. Hora de voltar pra casa
36. Lar, terrivel lar
37. Não minta para um mentiroso
38. A nova ordem da esperança
39. Amor. Uma palavra cortante.
40. Pandemônio
41. Vida cega e inconsciente
42. O cadáver de Allyson Hale
43. Colcha de retalhos
44. Antes do pôr do sol
45. Eu sei o que você fez no verão passado
46. Terra Prometida
47. Ainda estou aqui

15. Anjos do FBI

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By ThalitaFagundes

— Esse foi um péssimo plano! — Jordan diz batendo as asas na chuva forte que acaba de começar, com muita dificuldade já que eu não paro de reclamar de dor em seus braços.

— Foi um ótimo plano, só aconteceu um imprevisto.

— Você tem que pensar nos imprevistos quando bola um plano, Allyson! – Ela grita de novo.

— Pra onde está me levando?

— Pra minha casa.

— Então vai rápido, antes que meu sangue caia na testa de alguém como cocô de pombo. Eu não ando tendo muita sorte ultimamente.

Algumas horas antes:

— Não acredito que se atreveram a aparecer na escola — Jordan resmunga assim que se senta com a gente no almoço.

Ela tem uma expressão preocupada e cruza os braços por cima da mesa, olhando para algo além de mim. Me viro pra saber o que é e encontro três alunos novos na última mesa perto do canto. São dois homens e uma mulher, e eu nunca os vi por aqui, nem na cidade.

Mais novatos só podia significar uma coisa.

— Você os conhece? Quem são? – Pergunto.

— Irmãos Glanworths — Hazel responde no lugar de Jordan assim que chega perto da mesa. De onde ela surgiu? Está grunhindo, como se os três fossem presas, digo, presas mesmo não como presas da escola. Ainda é tão estranho ver Hazel dessa maneira.

— Os vampiros diurnos? — Adam também aparece com fogo nos olhos — Caramba, quando vamos acabar com eles? Faz tempo que preciso de uma emoção.

— Sério Adam, você não consegue colocar um dedo neles, então fica calado. Afinal, quem deixou ele sentar com a gente? — Jordan, sempre de mau humor, pergunta deixando de prestar atenção apenas alguns segundos nos vampiros. Essa é uma frase que eu realmente achei que nunca diria.

— Eu chamei, ele é meu melhor amigo, algum problema? — Eu sabia que só estava provocando Jordan, e que provavelmente isso não levaria a lugar algum, mas a ideia de ela sentir ciúme do Adam me dava um certo prazer.

— E aí gente! — Zack chega na mesa e Hazel logo se anima mais um pouco. Será mesmo que ela gosta dele? Afinal, ela era um Anjo e ele... que horror, não consigo nem imaginar —Sobre o que estão falando?

— Sobre matar vampiros — Jordan murmura distraída enquanto parece concentrada no desafio da vida dele: Comer ou não comer a pizza do refeitório?

— Quê?

— Nada, é que estamos participando de um jogo online que combate criaturas míticas — Digo na brincadeira para amenizar o clima, como se fosse uma ideia absurda, e todos riem, menos o Adam.

— Ei, eu participo de um jogo online que combate criaturas míticas, mais respeito por favor.

— Os alunos novos são uns gatos! — Lissa, outra amiga minha que de vez em quando se sentava comigo apenas para dar um pouco de ibope para as festas falou sorrindo. Lissa parecia uma modelo de cinema, seu cabelo brilhava, seus olhos brilhavam, e ela usava um gloss labial importado que ninguém mais no mundo tinha — Oi gente.

— E aí — Eu disse depois de abraçá-la.

— Também vou experimentar essa de me misturar. Parece estar dando certo pra você — Ela olha para Jordan de um jeito meio sugestivo, e mesmo ela nem percebendo, eu pigarreio.

— É bom — Sorri — Onde estão Lindsay e April?

— Não faço a menor ideia. Com o pessoal do Lacrosse, talvez?

Eu sei que depois de descobrir o que sou mudei bastante, e a morte de Jake me custou um pouco de tempo. Mas as pessoas ainda achavam que eu era a Predadora Rainha, e simplesmente não atender às expectativas atrairia atenção. Então encarei meu papel.

— Você pode me ajudar no baile de máscaras? Disse que me ajudaria — Lissa perguntou, e de repente o assunto da mesa se tornou o nosso, pois ninguém se intrometia. Quem seria capaz de se intrometer? Eu era Allyson Hale.

— Eu tenho tanta coisa do anuário pra fazer, e as reuniões do conselho estudantil estão cada vez mais frequentes.

— Mas mesmo assim você vai, né?

— Já me viu perdendo uma festa? — Sorri mexendo no cabelo.

— Ally, David está olhando para cá de novo — Adam comenta rindo.

Quando olhei para trás, peguei David Barney me encarando, eu ia dizer que ele sempre fazia e que eu não me impressionava mais, ele até quase levou uma surra do Jake uma vez. Mas então lembrei do papo estranho que tivemos na secretaria, e fiquei calada.

— Às vezes ele acha que agora tem chance, coitado — Lissa estralou a língua.

— Será que ele lava o cabelo? — Ri e me concentrei no lanche de novo.

— Boa. A gente se vê — Lissa me deu um beijo no rosto e se levantou — Te espero na festa.

— Lavar o cabelo? Sério? — Jordan revirou os olhos.

— Quer que achem que não estou no comando? Tenho que interpretar meu papel, e convenhamos, o David me lembra muito o Salsicha de ScoobyDoo.

Acredite em mim ou não, mas eu sei como é estar do outro lado, do lado das Presas. Vivi do outro lado durante todo o meu fundamental, antes eu era sempre a última. Agora sou uma Predadora, e sou a primeira em tudo. Uma mudança e tanto, certo? Talvez o mundo não seja justo afinal.

Na minha cabeça eu sabia que só estava falando aquilo para me distrair do que eu realmente não queria olhar. Os diurnos.
Depois de quase duas semanas sem incidentes, baixamos a guarda. Jordan disse que os lobisomens não conseguem nos atacar a não ser que a lua esteja cheia. Demônios não suportam chegar perto dos Anjos porque a luz espiritual chega a queimá-los. Disse também que as Bruxas não se envolvem nesse tipo de coisa, mas não acredito, já que a barreira foi quebrada por uma. Os Caídos não arriscam quando estou com qualquer um dos meus Anjos. Logo, não restou muito o que fazer a não ser esperar pelo pior.

Eu achava que também não deveria temer tanto com a chegada de uma nova raça em Ellicot, porque daríamos conta, mas aqueles vampiros eram diurnos, não tinham nenhuma fraqueza e bebiam sangue. Como eu poderia lidar com aquilo? Fazer umas adagas de madeira e tentar a sorte atrás de informações? Espera, essa não seria uma má ideia.

Depois do treino da tarde eu fui encontrar Peter na frente da sala dos professores. Ele sorri pra mim, abre a porta e nos encaminha até uma sala menor onde se encontram os arquivos dos alunos. Achamos que se eu fosse monitora da matéria dele, nossos encontros seriam passados despercebidos. Só que esqueci que o problema não era o resto da escola, e sim Jordan e sua proteção abusiva.

— Não se meta em encrenca — Ele diz me entregando a coisa que estava esperando por tanto tempo. Agora que a tenho nas mãos, tenho medo até de tocar — Suei muito para conseguir isso.

A adaga era linda, com uns desenhos e runas antigas no cabo que sugeriam algo perigoso e sombrio. Meus dedos passearam pelas elevações até chegarem na lâmina afiada. Toquei o indicador na ponta da faca e uma gota de sangue manchou o brilho prateado. Encarei o ponto vermelho, tentando me convencer de que o medo de sangue era algo impensável agora. Que isso era coisa de criança. A enfiei com cuidado dentro da minha meia depois de a envolver na bainha de novo.

— Ainda não confio em você, mas obrigada mesmo assim.

— Agradeça ao meu amigo Nephilim da delegacia — Peter sorri e eu saio da sala dos professores direto para o meu carro.

— Ally! — A voz de Clarke me para quando ia abrir a porta — Preciso de uma opinião sobre o layout do anuário, a responsabilidade meio que caiu toda pra cima de mim.

— Ah, pergunta pra Jessica, eu não tô muito concentrada nas atividades da escola no momento, deixei isso com ela, lembra?

— A Jess tem as piores opiniões, todo mundo sabe que o posto dela é apenas conveniente.

— Eu juro que tento passar lá amanhã, e a gente resolve isso rapidinho — Ajeito a alça da bolsa esportiva no ombro.

— Ok, valeu.

Rezo assim que entro no carro para que ninguém a mate e crave uma faca nas suas costas.

════════ ◖◍◗ ════════

Passei pela rodovia vazia, com a floresta se estendendo e crescendo dos meus dois lados, gigante, sem fim, e de repente as palavras de Peter invadiram meus pensamentos:

— O aço é forjado pelo fogo, e assim como o aço, ficamos mais fortes a cada dia, estamos preparados para o futuro.

Não parecia fazer sentido no dia que ele disse, mas agora percebo a força daquelas palavras, era uma promessa para aqueles que não se sentiam seguros em um mundo como esse. E em como a humanidade parecia cega em relação a tudo o que acontece ao redor dela. Em como eu era cega. Agora sei como tudo é tudo tão frágil.

Quando olho pelo retrovisor, vejo duas motos vindo atrás do meu carro e bufo percebendo que se tratava de dois dos vampiros que tínhamos encontrado no refeitório aquela manhã, os dois garotos.

Eles me seguiram de perto até a minha casa e pararam as motos longe o suficiente pra não dar tão na cara, mas perto o suficiente para deixar claro para mim que eles estavam me rondando, e queriam que eu soubesse.

Entrei em casa o mais rápido possível e conferi se todas as janelas estavam fechadas, apenas por precaução. Eles não poderiam entrar a não ser que fossem convidados, e graças a Deus, não tinha ninguém em casa, apenas eu e meus pensamentos conturbados. Logo tratei de expulsa-los antes que Jordan sentisse perigo e viesse até aqui apenas para estragar as coisas.

A adaga estava queimando no meu tornozelo, então eu a tirei de lá e subi o lance de escadas em direção ao meu quarto. Deixei a lâmina em cima da minha escrivaninha e a observei por um longo tempo em meio aos livros velhos. Os desenhos ainda me causavam arrepios e eu ficava na necessidade de desvenda-los a qualquer custo.

Aquilo queria dizer alguma coisa para mim, parecia gritar, mas eu não entendia uma palavra daquele apelo, e tinha que ter algum significado, tudo sempre tinha um significado. A única pista que eu tinha eram duas letras gravadas na lâmina perto do cabo: D.B. Eu tinha certeza que o B era de Blake, só podia ser. E o D... o nome do pai do Peter começava com o D? Ou algum ancestral dele? Tenho que lembrar de perguntá-lo casualmente depois. Eu ainda tinha tanto a descobrir que não podia confiar em ninguém. As palavras de Adam ardiam no meu peito. Todo mundo pode trair todo mundo.

Respiro fundo e tomo coragem. Abro a porta do guarda roupa e tiro de lá a caixa preta, colocando-a em cima da cama. Peguei algumas das kunai que Adam tinha me dado e as joguei em uma bolsa de acampamento. Vesti o casaco, peguei a adaga em cima da mesa e corri para fora antes que eu mudasse de ideia.

Dirigi até uma parte mais afastada da reserva e andei muito até achar a árvore que estava procurando, a que vim treinar diversas vezes com o Adam, e embora seja a primeira vez que eu vinha sozinha, me senti estranhamente calma.

Depois de um tempo acertando o alvo na maioria das tentativas, eles aparecem, como o esperado.

— Não é muito esperto da sua parte vir aqui sozinha — Um deles fala, o que tinha o cabelo mais curto e tatuagem de caveira nos braços.

— Tem razão — Digo pegando as kunai presas na árvore e as que caíram no chão. Giro uma no dedo.

— Onde está a Jordan? — O mais alto dos gêmeos pergunta.

— Dando uma de Anjo do FBI por aí — Resmungo me preparando pra atirar de novo, tentando manter a minha voz calma, sem demonstrar medo.

— Por que veio sozinha? É algum tipo de armadilha?

— Vocês querem me pegar, e eu quero algumas repostas. Pensei em uma troca justa.

— Que tipo de respostas? — Caveira indaga.

— Esse Mestre tem me causado problemas, quero conversar com ele, mas não sei nada sobre o cara. Então vocês me dizem quem ele é, deixo me levarem, vocês ficam com dinheiro e eu faço o que tenho que fazer.

Deixar? — O alto pergunta rindo e dá um passo na minha direção. Eu instintivamente ando pra trás, lutando contra o gesto automático de levar as mãos ao tornozelo — Somos superiores a você, garota. Há um boato de que você é a Nephilim mais poderosa da Terra, mas não me parece tão intimidadora, afinal.

— Ei, Sebastian, você até que tem razão — Caveira cruza os braços, claramente se divertindo com a situação — Faz tempo que não nos divertimos com um Nephilim.

— Exato Ray, ainda mais uma tão estimada.

— Sua tola — Ray inclina a cabeça para o lado e eu começo a suar — Acha mesmo que daríamos informação sobre o homem que nos permitiu entrar em Ellicot?

— Quem matou Jake Miller? — Perco o controle e grito, desistindo da ideia de parecer desinteressada.

— Acha mesmo que o Mestre mandaria alguém fazer o trabalho dele? — Ray sibila andando mais um pouco — Cansei de conversar, estou faminto por sangue Nephilim.

Ele deu um passo a mais na minha direção e começou a andar em círculos casualmente, como se estivesse tentando ter uma visão melhor de uma estátua em um museu. Seu rosto ainda aberto e amigável enquanto decidia por onde começar.

Mas foi Sebastian quem rastejou pra frente, se arrastando daquele jeito que vemos em filmes, como um animal selvagem, e aí seu sorriso prazeroso cresceu lentamente. Eu não consegui me conter e corri, esquecendo completamente o que tinha planejado. Mas foi tão inútil quanto eu imaginei que seria, meus joelhos ficaram fracos, o pânico tomou conta e eu tropecei no caminho para o meu carro.

Ele estava na minha frente em um piscar de olhos, e eu não vi se ele usou as mãos ou os pés de tão rápido que foi, mas um golpe destruidor atingiu meu peito, me fazendo voar pra trás, e então eu ouvi o barulho de algo se quebrando quando minhas costas bateram contra uma árvore.

Eu estava atordoada demais para sentir alguma dor, e ainda não conseguia respirar. Me senti ridícula por todo aquele treinamento ir por água abaixo quando estava claro para todo mundo, menos para mim, que eu era uma menininha indefesa afinal.

Ele andou lentamente na minha direção.

— Esse é um efeito muito bom — Ray disse, examinando meu estado no chão, sua voz quase amigável de novo — Acho que dá um toque mais dramático para a morte da grande Allyson Blake. Sabe, pensei mesmo em te entregar, mas já somos ricos, levar sua cabeça pra nossa estante é bem melhor, o que acha?

— Meu nome é Hale, não Blake.

Lutei para me equilibrar nas mãos e nos joelhos, me levantando encarando seus olhos sem graça e sem vida. Mas ele estava em cima de mim na hora, me jogando de volta na árvore.

Ouvi o estalo antes de sentir a dor, e não pude segurar o meu grito de agonia quando ela veio. Eu me virei para alcançar minha perna, e ele estava de pé ao meu lado, sorrindo. Então alguma coisa atingiu meu rosto, me jogando no chão.

Além da dor das minhas costelas, eu senti o rasgo da faca na minha cabeça onde ele acertou. Então, uma umidade quente começou a se espalhar no meu cabelo com uma velocidade alarmante. Eu podia sentir ela inundar o ombro do meu casaco, que agora estava rasgado, podia ouvir o sangue pingando no chão. O cheiro dele fez meu estômago revirar na mesma hora.

Medo de sangue é coisa de criança, Ally.

Apesar da náusea e do enjoo eu vi algo que me deu uma repentina pontada de esperança. Os olhos deles, meramente intencionados antes, agora queimavam com uma necessidade e sede incontrolável. Senti uma onda de poder passar por todo o meu corpo, como eletricidade, e quando seus olhos viajaram pelo sangue, eu chutei um deles pra longe. E depois o outro.
Pensei em Jordan e gritei alto logo em seguida. Vamos Hazel, apareça.

Não demorou muitos segundos para uma grande luz prata descer do céu. Meus olhos encheram de lágrima quando Jordan me pegou no colo e começou a voar enquanto Hazel ficou cuidando do assunto lá em baixo.

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