Invisível [Em Reta Final]

marydee7

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Por causa de um acontecimento traumático no passado, Jayden se isolou do mundo ao seu redor. Não conseguindo... Еще

Informações & Cast
DEDICATÓRIA
EPÍGRAFE
PARTE I
Prólogo
Capítulo 1- Dissociação da realidade
Capítulo 2 - Extraterrestre
Capítulo 3 - Chuva
Capítulo 4 - Vândalo?
Capítulo 5 - Circo dos horrores
Capítulo 6 - O trote
Capítulo 7 - Surpresa
Capítulo 8 - Vício
Capítulo 9 - Fugitivo
Capítulo 10 - Máscara
Capítulo 11 - Arrependimento
Capítulo 12 - Lugar seguro
Capítulo 13 - A merda de um clichê
Capítulo 14 - Inseguranças
Capítulo 15 - Pré-escola
Capítulo 16 - O peso da culpa
Capítulo 17 - Nosso pacto
Capítulo 18 - Traumas
Capítulo 19 - Amadurecimento
PARTE II
Capítulo 20 - Adrenalina
Capítulo 21 - Um pedido
Capítulo 22 - Refúgio
Capítulo 23 - Ruína
Capítulo 24 - A bagunça no meu coração
Capítulo 25 - A trilha
Capítulo 26 - Eu nunca...
Capítulo 28 - Sinal de alerta
Capítulo 29 - Vazio
Capítulo 30 - Êxtase

Capítulo 27 - Voto de confiança

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marydee7

Recolho meus materiais enfiando tudo de qualquer jeito dentro da mochila assim que minha aula de história acaba, dando enfim o horário do intervalo. Meu celular vibra no bolso e quando pego, fico surpreso ao constatar que é Thomas, já fazia bastante tempo que não trocávamos mensagens, então era estranho voltarmos a essa intimidade. Fiquei um pouco surpreso quando recebi uma mensagem dele de manhã, toda fofa me desejando um bom dia, foi impossível não responder. Ele estava se esforçando pra que isso desse certo e da minha parte eu só queria poder dar o meu melhor na nossa relação, eu já tinha mergulhado fundo demais para recuar.

Tommy: Estou com saudades.

Eu: A gente se viu no final de semana, no último jogo.

Tommy: Não importa, estou com saudades mesmo assim. E, não foi como se a gente tivesse aproveitado.

Eu: Isso não é um problema meu, Thomas.

Tommy: Me encontra no final do estacionamento, tô te esperando no meu carro.

O que faz ele pensar que estou afim de encontrá-lo? Ele sequer pergunta se posso ou se tenho algo mais importante para fazer e isso é muito irritante. E se ter relacionamentos for assim, eu quero continuar não tendo.

Eu: Eu tô saindo da minha aula e Melissa e Paul provavelmente estão me esperando no corredor.

Tommy: Não estão não, Mellisa disse que iria distrair o Paul.

Eu: Então, você planejou tudo?

Tommy: Estou te esperando.

Respirei fundo olhando para a mensagem e apressei os passos até o estacionamento, cheguei tão rápido que parei por um momento não querendo que Thomas pensasse que estava desesperado para ver ele. Vejo o jipe preto que acaba se destacando em meio aos outros carros, abro a porta e entro, Thomas estava fumando olhando para o teto. Quando percebe minha presença ele me olha e sorri, dando ao mesmo tempo um jeito de apagar o cigarro e joga-lo fora no lixo do carro.

— Eu sabia que você viria.

— Só porque não tenho nada mais interessante pra fazer  – respondo mexendo os ombros.

Ele segura minha camiseta e me puxa pra perto me dando um beijo rápido o que me faz ficar em choque por um segundo e depois sorri sem graça.

— Você é um péssimo mentiroso, Jayden – ele volta pro seu lugar – sei que você estava com saudades também.

— O que a gente tá fazendo aqui?

— Vamos matar aula – ele se inclina sobre mim, colocando o sinto e eu bato na sua mão para que ele saia de perto.

— Eu sei fazer isso sozinho – ele volta para o seu lugar, mas não antes de dar um beijo na minha bochecha o que me faz ficar desconcertado – eu não vou matar aula.

— Você não tem nenhuma prova, eu já verifiquei. E, duvido muito que você prefira estar em uma sala de aula chata do que comigo. – ele liga o carro saindo da vaga.

— Você está me sequestrando, sabia, Adams?

— E você está gostando que eu sei.

Sorrio e Thomas coloca uma música pra tocar, dou graças a Deus que não é One Direction. O ar condicionado do carro deixa o ar mais fresco já que o sol resolveu voltar com o início da semana, deixando um mormaço terrível pela cidade.

— Eu posso ao menos saber pra onde você está me levando?

— Você já patinou alguma vez na vida?

— Não.

— Então hoje vai ser a primeira vez. – observo sua mão no volante depois volto a olhar pra frente.

— Droga, vamos patinar? Eu não sei patinar.

— Na verdade eu queria te levar para o quartinho no ginásio onde guardam vassouras, assim eu poderia te beijar até ficarmos sem fôlego, mas eu sei que você odiaria isso então eu pensei: vamos patinar.

— E não passou pela sua cabeça que eu também odiasse patinar? Eu sou desastrado, então é mais seguro que eu não faça esse tipo de coisa. 

— Ei, voltamos ao eu odeio tudo e todo mundo?

— É que...

— Só vamos aproveitar. – ele coloca a mão na minha coxa e acabo cedendo e ficando em silêncio.

O lugar fica quase no centro da cidade, e eu nunca tinha parado pra reparar, mesmo a fachada sendo extremamente colorida com um design dos anos oitenta. Bella, com certeza amaria aquele lugar. Enquanto eu acompanhava Thomas pra dentro e ele conversava com o atendente, pensei em tudo que eu tinha deixado de aproveitar durante todos aqueles anos me escondendo no meu quarto. Nunca pensei que daria razão pra minha mãe, mas ela estava certa sobre eu ter muita coisa pra aproveitar.

Por ser uma pista de gelo artificial o ambiente lá dentro era bem gelado, foi impossível não me encolher com a sensação térmica, enquanto eu tentava não ficar me debatendo de frio. Foquei no ambiente e as cores coloridas estavam por todo o espaço, até nos patins e na pequena lanchonete que havia ali.

— Tá com frio? – ele terminou de conversar com o atendente da entrada que estava atrás de um balcão, e se aproximou levando sua mão até minha orelha, que estava realmente bem gelada. – eu deveria ter avisado, assim você ia ter vindo preparado.

— Não tô com tanto frio assim. — afastei sua mão, mentindo.

Ele me ajudou a escolher o melhor patins, e constatei que ele parecia entender bastante de patinação no gelo, quando perguntei, ele acabou revelando que ele e Melissa costumavam fugir de casa pra ir patinar quando crianças.

— Você é a primeira pessoa além da Melissa que eu trago pra patinar, ninguém mais sabe que eu gosto de fazer isso. Você sabe, jogadores de basquete têm que manter a pose de jogadores de basquete.

Era tão bom sentir que, Thomas, estava se abrindo mais comigo ou no mínimo se esforçando pra isso, essas pequenas coisas, por mais pequenas que fossem, faziam eu o conhecer bem mais, consequentemente, me fazendo confiar mais nele.

Depois de escolher os patins, fomos em direção a pista que estava quase vazia a não ser por três crianças que deviam ter a idade de Bella. Thomas colocou o seus patins com rapidez enquanto eu lutava com o meus, quando terminei ele estendeu as mãos me ajudando a levantar e a me manter de pé sobre os patins.

— Acho que isso é uma péssima ideia – soltei olhando pra pista tentando não perder o meu equilíbrio.

— É divertido, você vai ver.

— Divertido pra você que já sabe – apertei minha mão no seu braço, me sentindo um completo idiota ao ver as crianças patinando para todos os lados sem precisarem de ajuda.

— Sem reclamações – ele colocou o rosto próximo do meu. Apenas obedeci a sua ordem, soltando o ar sem ter muito pra onde fugir.

Ele me leva pra pista me dando dicas do que fazer pra conseguir ficar em pé sob os patins. Mas eu não sou muito bom em me equilibrar, mal fico em pé com os meus próprios pés, imagine com dois patins em uma pista de gelo.

— Você está assistindo muito filme de romance pra ter decidido que esse era um bom lugar pra matar aula – me seguro na barra de segurança que contorna a pista.

Ele me solta e patina de costas com aquele sorriso convencido, será que existe algo em que ele não seja bom?

Ele volta pra mim ainda sorrindo.

— Uma vez você me disse que sou clichê pra caralho, então nada mais justo do que eu agir como um  – ele segura minha mão – Vem, princesa.

Eu só não bato nele porque se soltar sua mão, provavelmente, não vou conseguir me manter de pé e não quero nem a pau cair e passar essa vergonha.

Ele me leva para o meio da pista, as crianças quase esbarram na gente em uma correria e acabo xingando eles que saem rindo da minha cara. 

— Não me chame de princesa de novo. – alerto, Thomas.

— É que você tá parecendo uma princesa agindo assim. – provoca – E do que você quer que eu te chame? Meu namorado?

Fico momentaneamente tenso, ele analisa minha reação a suas palavras, eu desvio o olhar enquanto as batidas do meu coração ecoam quase saindo pela boca.

— Definitivamente, não. – digo por fim.

— Pode não ser agora, mas eu definitivamente ainda vou te chamar de namorado, Jayden. Você deveria ir se acostumando com isso.

— Não seja tão confiante, você sabe que não sou fácil.

Ele entrelaça os dedos no meu enquanto estou um pouco envergonhado e vem pra minha frente, ele aproxima seu rosto do meu e com a mão livre segura meu queixo dando um selinho na minha boca, provando que eu sempre acabo cedendo com relação a ele.

— Credo – olho pro lado e encontro uma das crianças nos olhando com uma careta. Com isso, Thomas volta e me dá vários selinhos olhando pro menino que sai completamente horrorizado.

— Eu posso derrubar ele e fingir que foi sem querer?

— Claro que não, amor. É só uma criança idiota – meu corpo congela e eu o encaro achando que é mais uma de suas gracinhas, mas ele também está surpreso o que me faz constatar que foi automático.

Fico tão travado que acabo me desequilibrando e caindo de costas no chão no segundo seguinte. Por estar desconcentrado e com a mão presa na minha, Thomas também vem pro chão, caindo ao meu lado. Uma garotinha aparece nos olhando de cima.

— Quer ajuda, tio? – diz com a voz meiga diferente do seu amigo. 

Thomas nega com a cabeça, agradece e ela sai deslizando com seu patins rosa néon, nós caímos na risada, rio tão espontaneamente que sinto minha barriga doer e não consigo parar. Ele rola pra perto e me observa em meio às risadas como se quisesse gravar aquele momento ou fazer com que ele não acabasse mais. Ele faz um carinho no meu rosto e alisa algumas mechas do meu cabelo, até que se levanta e me ajuda a ficar em pé novamente.

Ficamos por um tempo na pista enquanto ele tenta me ensinar a patinar, o que não dá certo, acabo perdendo a paciência ameaçando jogar o patins na cabeça dele, principalmente, porque ele não para de dizer gracinhas e me irritar, claramente, se divertindo com a minha raiva, com isso ele me tira da pista dizendo que é melhor sairmos para a segurança de todos e principalmente da dele.

— Então, esse foi o encontro que você me prometeu? – digo enquanto saímos do lugar.

— Não, eu disse pra você que nosso encontro seria algo incrível e eu ainda tô preparando tudo – ele entrelaça os dedos nos meus novamente, enquanto andamos até o carro – quis te trazer aqui porque quero que você conheça lugares diferentes já que você disse que mal saía do seu quarto até um tempo atrás.

— Obrigado, foi divertido.

— Qual parte, a que você queria me acertar o patins porque te soltei por um segundo e você quase caiu? Ou a que você queria correr atrás das crianças, mas mal conseguia ficar em pé sem minha ajuda?

Estamos sorrindo como dois idiotas, enquanto o sol toca nossa pele e a brisa do dia bagunça meu cabelo me mostrando que isso é real, tive a mera impressão de que aquele dia estava mais iluminado e bonito do que os outros e torci pra que isso durasse, não só o dia bonito, mas eu e Thomas e essa infame sensação de felicidade.

Não voltamos pra escola depois, Thomas inventou uma desculpa para o treinador justificando o porquê de não estarmos no treino, não sei qual foi a reação do Sr. Calvin com aquilo, mas Thom me acalmou dizendo que estava tudo tranquilo e que ele não tinha ficado bravo. Depois disso ele nos levou até um local isolado em um ponto alto da cidade e parou o carro em frente a uma vista incrível. Com certeza muita gente ia lá pra ver o por do sol.

Saí do carro tocando meus pés na grama baixa e escutando o barulho de alguns passarinhos por perto, e bem ao longe, quase inaudível, toda a agitação da cidade.

Sentei no capô do carro, enquanto Thomas ficou pra trás tirando sua jaqueta por causa do calor.

— Sabe de uma coisa que me lembrei, mas você enrolou esse tempo todo e não cumpriu? – ele disse voltando a vista, enquanto eu apoiava minhas mãos no capô admirando as construções sem fim de toda a cidade ao fundo.

— O quê?

— O meu desenho, você prometeu que faria um desenho pra mim, lembra?

— Você e o time infernizaram tanto a minha vida que não tive tempo pra pensar nisso.

— Então, desistiu?

— Não, eu vou te dar mas a gente pode fazer um acordo – balancei minhas pernas no ar.

— E qual é? – ele se aproximou apoiando uma mão ao meu lado.

— Vou entregar o desenho só quando o nosso encontro acontecer.

— Então vou ter que agilizar isso – ele me espiou de lado e observei seu corpo perto demais, ele estava com uma camiseta que marcava o corpo e deixava sua tatuagem do pescoço à mostra.

— O pássaro, tem algum significado? – apontei pro seu pescoço.

— Foi um momento de rebeldia depois de uma época complicada na minha vida, quando eu fiz não teve nenhum significado.

— É bonita e me lembra uma música.

— Obrigado. – ele projetou o corpo na minha frente – quero falar com você sobre uma coisa, mas não sei se você vai reagir bem.

— Agora que você já começou a falar vai ter que terminar.

— Eu queria muito poder te ver nadar novamente.

— Sem chance. – jogo meu cabelo pra longe do rosto.

— Eu acho que não conseguiria viver sem o basquete, a quadra é minha casa e se a natação era tão importante pra você, acho que não deveria deixar um bando de crianças idiotas tornar isso ruim pra você pelo resto da vida, Jay. Eu entendo que é difícil, mas você realmente vai deixar eles vencerem te tirando algo que você amava?

— Eu só não consigo mais, fico em pânico só de pensar – ele coloca a mão na minha coxa enquanto olho pra baixo.

— Eu sei, mas talvez se você pensar em todas as coisas boas que estar na piscina te trazia antes de tudo seja um pouquinho mais fácil. E eu posso te ajudar com isso.

— Vou pensar nisso. – sequer me esforço pra continuar no assunto.

— Tudo bem, eu queria ter te conhecido quando éramos crianças, eu teria colocado esses garotos no lugar deles.

— Então você era uma criança encrenqueira, Thomy?

— Um pouco, mas eu tinha que saber encobrir minhas merdas também, pra que meu pai não ficasse sabendo.

— Se você me conhecesse quando éramos crianças, você não ia querer ser meu amigo, só ia me achar estranho. Os garotos achavam que eu era uma menina, só porque o meu cabelo era grande.

— Acho que não seria diferente de agora, eu com certeza iria gostar de você. – ele mergulhou a mão no meu cabelo na parte da nuca – e iria bater em todo mundo que enchesse a porra do seu saco. Eu nunca quis que você mudasse, sempre gostei de você, como você realmente é entende?

— Eu nunca te dei motivos pra gostar de mim.

— Acho que o estranho aqui sou eu – ele riu – mas, seu jeito esquentadinho e antissocial me conquistou, e sempre que você abria a boca pra falar algo que feria a até minha décima geração eu me apaixonava mais.

— Realmente você é estranho – Eu ri apoiando a cabeça no seu ombro.

Thomas se aproximou ainda mais, ficando entre minhas pernas, ele colocou a mão na minha coxa, enquanto eu observava atentamente seus movimentos tentando não me agitar, embora meu coração já começasse a palpitar freneticamente como todas as vezes em que ele ficava tão perto. Lentamente ele movimentou sua mão esquerda, subindo da minha coxa até minha cintura e parou ali me segurando com firmeza. A outra, ele levou até o meu pescoço, antes que pudesse completar a distância dos nossos lábios ele me encarou e vi o sorriso contemplativo assumir seu rosto causando uma combustão dentro de mim. 

Ele movimentou o quadril se encaixando perfeitamente em mim, eu podia sentir muito dele e a última coisa que eu queria era que ele se afastasse, por outro lado, ele estava gostando de me provocar, se continuasse, eu não iria aguentar. Só queria puxá-lo para ainda mais perto, contudo ele afastou minha mão quando fiz isso, então pressionei as palmas no capô do carro sem saber o que fazer com elas.

— Para de me provocar – levei meu corpo pra trás observando suas íris enquanto ele parecia tão vidrado em mim.

— E o que você quer?

— Só – ele acariciou as mãos na minha cintura, movimentou o quadril novamente e eu respirei fundo – só... me beija, caramba.

Um sorriso preencheu seus lábios e ele envolveu minha cintura, deslizando meu corpo pela superfície do carro me trazendo pra ainda mais perto, depois trouxe meu rosto de encontro com o dele e me beijou, foi intenso de uma maneira que só Thomas poderia ser. E não importa quantas vezes nos beijássemos eu nunca me cansava, porque Thomas sempre me surpreendia, ele sustentou meu corpo o tempo todo, mesmo quando eu parecia fraco demais com a intensidade que ele era. Ele apoiou uma mão no capô bem ao meu lado e inclinou nossos corpos levemente para trás parando o beijo só pra recuperar o fôlego e voltando sem perder o ritmo.

Naquele momento eu até esqueci de tudo, foi bom não ter os problemas martelando na minha cabeça ou aquela sensação de que tudo estava prestes a dar errado que andava tanto me atormentando. Porque ultimamente tudo parecia mudar com frequência sem o meu controle e isso parecia tão assustador, mas estar com Thomas, era leve e tranquilo era a calmaria que eu precisava.

Deitamos no capô do carro, ele me puxou pra deitar no seu peito e entramos em uma discussão porque ele via o desenho de um gato na nuvem e eu não via nada além de uma forma esquisita que a última coisa que se parecia era com um gato. Foi uma pena o tempo ter passado tão rápido e ele ter que me levar embora, e como há duas noites anteriores, eu novamente não consegui me despedir.

Dissemos tchau uma centena de vezes, mas, ou, eu o puxava de volta pra um abraço ou ele me puxava de volta pra poder beijar todo o meu rosto. 

Ficamos nisso por alguns minutos, eu abracei ele pela última vez absorvendo o cheiro de perfume da sua roupa, que naquela altura, eu poderia reconhecer em qualquer lugar como sendo o cheiro dele. Senti seus braços me envolverem e uma sensação de segurança preencher meu coração. Ele levantou meu rosto com o dedo no meu queixo e me analisou, cada centímetro do meu rosto, como se pudesse manter aquilo pra sempre na memória e como se eu fosse o mundo dele, isso me encheu de confiança porque não tinha como duvidar dos sentimentos dele quando eles estavam tão claros nos seus olhos.

Ele inclinou o rosto pra baixo e me beijou novamente, até que finalmente criei coragem pra me afastar e sair do carro. Mas assim que chegou em casa ele me mandou mensagem e passamos quase a tarde toda conversando. Eu não conseguia sequer disfarçar minha animação.

No dia seguinte encontrei com mamãe e Bella sorridentes no café da manhã, como se estivessem escondendo um segredo, sentei na mesa desconfiado, pegando o cereal. Eu já estava arrumado para a escola.

— Estou pensando em cortar o cabelo. – soltei do nada, porque era algo que estava passando pela minha cabeça e era uma forma de iniciar um novo ciclo já que minha vida tava mudando tanto.

As duas me olharam como se eu fosse um ET, mamãe que estava despejando água quente em uma xícara de chá, parou e veio até mim verificando se eu estava com febre.

— Você está falando sério? – pergunta e eu confirmo com a cabeça – eu sempre disse que estava precisando cortar, nem que fosse um pouquinho e você nunca me deu ouvidos. O que aconteceu?

— Nada só mudei de ideia. – enfiei a colher cheia de cereal na boca.

— Mamãe eu não te disse, ele tá apaixonado – Bel falou mastigando um bolinho de chocolate – é aquela garota loira, Melissa? Ela é muito legal.

— Ah, cala a boca, Bella.

— Não fala de boca cheia, Jay. Você sabe que pode conversar comigo, né? – mamãe apoia as mãos na bancada à minha frente e quando não obtém respostas minha ela desisti – de qualquer forma se proteja eu ainda sou nova para ter netos.

— Meu deus, mãe, eu posso tomar o meu café sem ter que ser o centro das atenções, por favor?

— Quem sabe amanhã – mamãe volta a preparar o seu chá – eu tenho uma coisa pra você.

Levanto meu olhar curioso, ela coloca o buli no fogão e volta abrindo uma das gavetas, pega algo de lá e coloca na minha frente com um sorriso animado, meu coração dispara e não consigo acreditar que seja real. Talvez eu nem tenha acordado de verdade.

— Isso é sério? – falo incrédulo e um pouco exaltado pegando a chave no balcão.

— Você queria tirar sua habilitação, e decidi te dar um voto de confiança – observo a chave de carro que mamãe acabou de me dar e ainda não consigo acreditar, eu até já tinha tirado isso da minha cabeça. Não imaginei que ela cederia tão cedo – você sempre quis isso e sei que julguei que você não tivesse responsabilidade suficiente, mas você merece. Você tem se esforçado tanto ultimamente, saindo do quarto, fazendo amigos e criando novas experiências e eu estou tão feliz com isso que achei que era hora de te dar um presente, mesmo que não fosse seu aniversário.

— Não sei como agradecer. – não tiro os olhos da chave e talvez eu esteja um pouco emocionado porque queria que papai estivesse aqui, mas então eu sinto uma leveza no meu coração e uma sensação de que de alguma forma ele esta. – obrigado por confiar em mim.

— Agora você vai ter que me levar pra onde eu quiser – Bella diz sorridente.

— Nem começa – forço uma careta pra ela.

— Você deveria me agradecer também – ela joga o cabelo pra trás – eu ajudei a convencer a mamãe.

— Isso é verdade, Jay. Embora a gente saiba que você estava pensando nos seus interesses próprios né, Bel – ela da de ombros pra mamãe.

— Claro, mas tô feliz pelo Jay, e pela minha carona de graça também.

— O carro ainda está na concessionária, você vai poder buscá-lo quando terminar de tirar a habilitação – eu me levanto e quase pulo nos braços dela em um abraço. Ela é pega de surpresa, mas retribui acariciando meus cabelos de forma amorosa.
———————————————————

Eu amo esse capítulo, e fiquei sorrindo igual besta enquanto escrevia, é tão bom ver eles felizinhos e sendo eles. Não sou tão má assim, as vezes sei escrever capitulos feliz kkkkkk.

Espero que tenham gostado ❤️

Preparados pro fim do livro? Falta muito pouco!

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