𝗠𝗜𝗡𝗛𝗔 𝗠𝗔𝗥𝗖𝗔; dean w...

By aleautora

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O novo nefilim, Jack Kline, vem ao mundo trazendo diversas revelações sobre si. Após fugir dos irmãos Winches... More

𝐏𝐑𝐎𝐋𝐎𝐆𝐎
CAPÍTULO 01
CAPÍTULO 02
CAPÍTULO 03
CAPÍTULO 04
CAPÍTULO 05
CAPÍTULO 06
CAPÍTULO 07
CAPÍTULO 08
CAPÍTULO 09
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23

CAPÍTULO 18

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By aleautora

Música recomendada para escutar durante a leitura: Numb to the Feeling - Chase Atlantic.
Uma ótima leitura!

— 𝐃𝐞𝐚𝐧 𝐖𝐢𝐧𝐜𝐡𝐞𝐬𝐭𝐞𝐫;

Eu janto e interajo um pouco com os outros. Ainda não me acostumei com o bunker cheio. Antes era só eu, Sammy e Cas. Daí chegou o Jack, depois a Pecado e agora o Gabriel. Claro que de vez em quando recebemos visitas, mas agora temos pessoas estabelecidas aqui.

Em algum momento Sammy fica concentrado no telefone e responde algumas mensagens, mas nem ligo pra isso. Continuo comendo, conversando com o Castiel e quando termino minha refeição vou até a pia para limpar minha louça suja.

A Pecado odeia desorganização e nessas duas semanas que ela me ignorou, mandou o Sam me xingar só pra arrumar as coisas que eu tinha deixado fora do lugar. Até arrumei meu quarto e coloquei um cheirinho.

— Vou tomar uma ducha — aviso todos. — Boa noite.

— Boa noite — Sam diz, um sorriso de canto estranho em seus lábios.

Eu olho pra ele achando suspeito seu comportamento, mas então eu apenas prossigo até a pequena escada que leva aos corredores dos quartos. Escuto os outros me desejarem uma boa noite durante o instante que saio da cozinha.

Meu corpo cansado implora por um banho relaxante depois de hoje. Todo esse estresse que tive por conta daqueles sujeitinhos flertando com a Pecado me deixou tenso e querendo uma briga. Então a melhor coisa pra mim agora seria relaxar na água morna e assistir um filme de terror antigo, e assim cair no sono.

Antes de chegar no meu quarto vou tirando minha camisa e estalo meu pescoço duas vezes, uma vez para a direita e outro vez para a esquerda. Meus dedos agarram a maçaneta da porta do meu quarto, mas antes de abri-la, encaro a porta da Pecado.

Ela provavelmente já deve estar dormindo ou fazendo alguma outra coisa, pois faz tempo que veio para cá para tomar um banho. Direciono meus passos até sua porta e levanto minha mão para bater, mas evito, hesito com insegurança.

Que molenga da sua parte, Dean. A voz da minha cabeça fala comigo. Correndo atrás da filha do diabo. pensou no que seus pais pensariam disso?

Esse pensamento me pega de jeito, mas algo dentro de mim grita com urgência e abafa essa reflexão. Eu engulo em seco percebendo que meu corpo quer justamente o que minha mente luta tanto pra evitar. Meu coração está acelerando por causa de um ser divino, um ser sobrenatural.

Abaixo minha mão imediatamente e me viro para ir ao meu quarto. Mas assim que abro a porta, os meus olhos se arregalam imediatamente.

Encontro Pecado parada em meu quarto, apenas enrolada em uma toalha, seus longos cabelos pingando água enquanto ela os enxuga com uma segunda toalha. Sinto o meu rosto esquentar, mas tento manter a compostura.

— O que você está fazendo aqui? Não sabe bater?! — ela exclama, assustada com minha presença repentina e a toalha que iria usar pra secar seu cabelo cai em direção ao chão.

— Desde que eu me lembre esse é o meu quarto — eu digo, sem saber por que meu quarto foi escolhido.

— Meu chuveiro queimou e eu precisava me lavar em outro banheiro — ela explica, pegando suas roupas de cima da minha cama sendo um pouco desastrosa, porque algumas peças cai de seus braços.

Meu pulso acelera quando olho para a Pecado e não posso deixar de apreciar como ela fica nessa toalha. Também percebo o fato de que ela tinha deixado suas roupas em cima da minha cama em vez de colocá-las na mesa.

— Por que justo o meu quarto? — pergunto, curioso demais pra saber.

— Sam disse que eu poderia tomar banho aqui por enquanto — ela diz, segurando as roupas nas mãos e a toalha contra o corpo para não cair, mas noto que o nó está se desfazendo.

É claro que meu irmão se aproveitaria disso para nos aproximar, ou seja lá o que ele queira. Mandou ela para o meu quarto provavelmente sabendo que eu logo viria aqui e era por isso que ele estava mexendo no celular com um olhar atentado.

Eu não sei devo xingar ele ou agradecê-lo.

Enxergo a toalha começar a se soltar e a mão dela corre até a ponta da toalha para segurá-la. Não posso deixar de ficar curioso para saber o que aconteceria se a toalha caísse e revelasse o resto do corpo dela bem aqui só para mim.

Tento manter o foco, mas não consigo deixar de notar o jeito que a toalha está querendo se desfazer das costas dela como se tivesse vida própria. Sinto o meu sangue ferver enquanto continuo a encará-la e vou deixando a minha camisa sobre a cadeira.

— É, eu tô vendo — digo, ainda sem saber porque Pecado escolheu meu quarto em particular ou se é só uma desculpa dela.

Contudo, acho raro ela querer invadir meu espaço pessoal dessa maneira. Essa desgraçada estava me ignorando há uma semana e meia, não duvido que queira começar a fazer isso de novo.

Ela empilha as roupas dela em seus braços enquanto continuo a observá-la e o nó em sua toalha afrouxa ainda mais e acho isso um tanto divertido. Eu fecho a porta atrás de mim da forma mais discreta que consigo.

— Precisa de ajuda com a toalha? — pergunto, dando um passo mais perto dela, meus olhos em seu corpo.

— Muito engraçado você — ela diz com um sorriso falso, mas noto seus olhos analisarem meu peitoral nu.

— Sabe, talvez eu não me importasse em ajudar você com essa toalha — falo, diminuindo a distância entre nós e me inclinando para a Pecado.

Mais uma vez os meus 1,85 de altura fazendo ela parecer tão pequena perto de mim. Suas mechas de cabelos molhados caídos sobre sua clavícula, ombros e grudados em partes do seu pescoço. Por seu cabelo estar molhado, parece muito mais ruivo e escuro.

— Por que você não dá dois passos para trás, hem? — ela me pergunta, colocando as mãos para trás e conseguindo segurar a toalha.

— Medo de que eu vá fazer alguma coisa, filhote de capiroto? — digo, olhando diretamente nos olhos dela.

— Uma nova eu está para nascer para eu ter medo de você — ela zomba, um sorriso despreocupado em sua boca.

Mulher abusada.

Contudo, eu rio, achando o comentário engraçado. Dou mais um passo na direção dela e ela dá outro para trás querendo manter distância. Eu não a intimido nem um pouco e sei disso muito bem. Me inclino contra Pecado quando percebo que não sobra mais passos para ela.

Me aproximo dos lábios dela e nossas respirações se misturam, já que agora estamos a apenas alguns centímetros de distância. Gentilmente agarro o queixo dela com os dedos quando ouço um suspiro tedioso escapar de sua boca.

— Não me toque, Winchester — ela me repreende, mexendo seu rosto e tirando seu queixo do meu toque.

— Por que eu não deveria tocar em você? — sussurro em seu ouvido, volto a pegar no seu queixo.

— Eu nem deveria ter entrado no seu quarto — diz ela, engolindo em seco ao sentir o aperto firme dos meus dedos no seu queixo. — Ainda me resta dignidade, acredite ou não.

— Dignidade? — questiono, olhando para a pele molhada de Pecado. — Você é a filha de Lúcifer, o vilão mais cruel que eu já conheci. E ainda assim, você de alguma forma encontrou algum tipo de dignidade? — então sorrio para ela, sabendo muito bem que isso a deixará irritada. — Acho isso difícil de acreditar.

Pra ser sincero, é isso que eu quero. Ela merece por ter me ignorado por todo esse tempo como se eu nem existisse. Sendo assim, solto o aperto em seu queixo e movo minha mão livre para sua cintura.

Entretanto, a reação dela me surpreende. Uma risada cínica sai da garganta quando escuta minhas palavras. Eu esperava uma reação explosiva e indignada, até mesmo furiosa, mas ao invés disso enxergo um sorriso maléfico no semblante dela.

— Olha quem fala, o filho do homem que preferiu caçar um demônio do que criar e amar os filhos — o sorriso continua nessa maldita cara dela, enquanto a minha se fecha. — Cuidado com a hipocrisia, Winchester.

Admito que fui pego de surpresa pela resposta de Pecado, fazendo-me sentir um pouco culpado e até irritado.

Meus dedos envolvem o pescoço dela e eu a coloco contra a parede com força. Minha reação faz ela se sentir satisfeita em ter me ofendido falando do meu pai, vejo isso em seus olhos traiçoeiros.

— Não ouse falar do meu pai — digo entre os dentes. — Pelo menos o meu não tentou destruir o mundo, então acho que isso faz ele um pouco melhor que seu pai, não é não?

Eu sorrio de volta para ela antes de se inclinar ligeiramente novamente, nossos lábios quase se tocando. Ainda consigo sentir um pouco de raiva correndo pelo meu corpo esquentando a minha pele.

— E mesmo meu pai sendo rígido com nós, me tornei um ser humano decente — acrescento.

— Você diz isso como se eu fosse a vilã da história — ela diz, seus olhos grudados nos meus.

— Talvez você seja — respondo em um sussurro.

Não é mentira quando falo isso. Eu ainda tenho um pingo de desconfiança sobre o caráter dela, sobre ela ser do mal ou não. Tenho minhas dúvidas sobre os genes de vilania dela.

— E ainda assim você está com as mãos no meu pescoço e me pressionando contra a parede do seu quarto — ela responde com ousadia e um sorriso sorrateiro.

Eu não tenho certeza de porque não consigo me controlar perto da Pecado, geralmente eu consigo controlar meus desejos e pensamentos lascivos. Mas parece que quando se trata dela, eu fico completamente indefeso.

Preciso dar uma resposta a altura.

— E ainda assim você não se afastou — falo, os cantos dos meus lábios se curvando em um sorriso. — Talvez você não queira que eu me afaste?

— Para ser aquele que me julga demais, você está bem perto, não acha, Winchester? — ela pergunta, colocando a cabeça para o lado me encarando firmemente.

— Talvez você esteja certa — respondo, vendo os olhos dela se baixarem para sua perna quando sentem o toque leve dos meus dedos sobre a pele dela. Eles vão para a parte interna da coxa, onde consigo notar a respiração dela trancar e os pelos de seu corpo se arrepiarem. — Talvez isso seja errado.

As gotas de água do banho ainda correm pelas suas coxas, até porque ela nem tinha tirado a toalha para se secar quando invadi o meu quarto.

Meu braço se estica sobre o lado da cabeça dela enquanto sinto a toalha molhada contra meu peitoral nu, assim como os seios cobertos pelo tecido mandando uma onda de calor para todo o meu corpo.

Eu me inclino mais para perto do seu rosto, o sorriso traiçoeiro voltando aos seus lábios e pela visão periférica vejo sua mão se abrir chamado por algo. Antes que eu possa prosseguir para deixar minha boca mais próxima da dela, sinto algo cortar minha bochecha e um filete de sangue escorrer em meu rosto.

Dou um passo grande para trás de imediato, tocando a minha cara e vendo o vermelho em meus dedos. A encaro com reprovação vendo-a segurando minha faca de prata.

— Dean Winchester, sempre desconfiado e deixando alguma arma debaixo do travesseiro — ela diz, debochando do momento. Ainda segurando a toalha e suas roupas, ela caminha até o bidê e deixa a faca ali em cima.

— Você ficou doida de pedra? — questiono, sentindo a ardência do corte e isso me deixa um pouco irritado.

Principalmente por causa rejeição, mas não consigo evitar. Quanto mais raiva e ódio sinto dela, mais fraco fico perante sua presente e perco minha noção do que é certo.

Contudo, acho graça na atitude dela. Foi corajoso da parte dela tirar o meu sangue no meu território, sabendo que se eu quisesse, poderia ter pegado minha arma e atirado nela. Mas esse é o ponto, ela sabe que eu não conseguiria. Pecado sabe que se em algum dia eu apontar uma arma pra ela, serei incapaz de puxar o gatilho.

Ainda assim, ela tem a audácia em usar minha faca contra mim mesmo. Essa desgraça consegue ser maluca até quando não deveria e isso me desnortea.

— Não teste a minha paciência — ela diz, estalando os dedos e então não sinto mais nada doer em meu rosto. Toco minha pele apenas para descobrir que ela me curou. — Pelo menos organizou a zona do seu quarto.

Com as suas roupas em mãos, ela deixa o quarto sem dizer mais uma palavra. E ela notou. Ela notou que eu tinha arrumado meu quarto depois da bronca que me deu naquela manhã.

Ouço daqui a sua porta ser fechada e me viro para o meu banheiro de onde vem o vapor quente. Pego minha camisa que tinha deixado na cadeira, adentro o banheiro e o cheiro de shampoo feminino invade meus sentidos.

O cheiro dela.

Me amaldiçoo por não conseguir me controlar perto dessa mulher. Eu queria, queria mesmo, mas não é possível. Meu corpo chama o dela cada vez que estamos próximos, é como se houvesse uma necessidade em tocá-la.

***

Acordo irritado.

Eu mal consegui dormir essa noite. Toda vez que eu fechava os olhos, o corpo dela coberto pela toalha invadia minha mente. Ainda posso sentir seus seios contra meu peitoral. Minha mão em seu pescoço. Sua boca tão próxima da minha. Ela arrancando meu sangue... exclui essa última parte, é sádico demais, até pra mim.

Mas você sabe que gostou...

Eu odeio as vozes da minha cabeça que vivem me contrariando. Elas são insuportáveis igual aquela pilantra ruiva.

Minutos depois estou na cozinha tomando meu café matinal quando meu irmão entra pela porta se fingindo de tonto e mexendo no celular.

— A gente vai bater um papo bem sério agora, seu pirralho — digo, e ele tenta disfarçar um sorriso divertido.

— Bom dia pra você também, Dean.

— Bom dia é o cacete! Você acha que eu dormi essa noite? — falo estressado.

— Então o negócio foi bom — ele diz rindo.

Eu pego minha colher do café e toco nele, acertando suas costas.

— Aquela praga do capeta usou meu chuveiro e ainda por cima infectou meu quarto com o cheiro dela — reclamo com ele.

— Como se você não tivesse gostado disso — ele diz, se servindo do café da cafeteira e ainda observando alguma coisa no celular.

— Ela me cortou com a minha faca — eu aponto pra minha bochecha, mas ele nem me encara.

— Não sabia que você fazia o tipo masoquista, irmão — ele zomba de mim.

— Eu vou te moer na porrada, rapaz — ameaço, sem paciência pra essas brincadeiras dele.

Escutamos passos descendo da pequena escada dos corredores pra cozinha. Então a vejo adentrar o cômodo usando um short e uma camisa larga enquanto o som de sua pantufa arrasta pelo chão.

— Bom dia para todos que tiveram uma ótima noite de sono — ela debocha, indo até a jarra de café da cafeteira.

— Meu dia seria bom se você desaparecesse — digo e bebo um gole do meu café.

Ela ri durante o instante em que coloca o líquido escuro em sua xícara, a fumaça saindo do recipiente e ela cheira o ar apreciando o cheiro do café feito na hora.

— Infelizmente não poderei realizar esse seu desejo, Winchester — ela diz com um bom humor questionável.

Reviro meus olhos para ela continuando a beber da minha xícara tentando ignorar a existência dela no mesmo local que eu. Mas é difícil quando ela e Sam mantém uma conversa pacífica e distinta sobre um caso em Missouri Valley, Iowa.

— Aparentemente teve dois assassinatos de uma mulher e um homem da mesma família, sócios de uma fazenda de lá. Só que tem um porém que pode ser do nosso ramo — ele fuça alguma coisa no celular. — Essa garota, a sobrinha do dono, disse que sonhou com a morte dos dois.

— Uma vidente talvez? — a Pecado pergunta.

— É o que estou considerando — ele responde bloqueando o celular. — A garota não foi divulgada, mas pelo jeito a polícia não tá levando ela a sério.

— Poderíamos dar uma olhada. É o quê? A três horas daqui? — ela questiona.

— Três horas e meia, praticamente isso — ele responde e se vira pra mim. — Tá dentro, Dean?

Ergo meu dedo o repreendendo porque ainda não terminei meu café e ela tirando sarro da minha cara logo pela manhã só piorou meu humor.

O que mais me tira do sério é ela fazer isso depois de me ignorar por duas semanas e ainda termos tido aquele momento. É adequado chamar de momento?

Claro que é. Não ocorreu nada além do que era pra ter acontecido.

Por causa dela, minha mente diz.

Quieta, miserável!

— Ele vai, pode ficar tranquilo — Pecado afirma por mim, eu levanto minhas sobrancelhas pra ela me perguntando desde quando ela acha que pode dizer por mim. — Nós dois sabemos o motivo.

Ela me olha e eu entendo perfeitamente. Eu jamais deixaria ela e meu irmão irem pra outro estado sozinhos. Não estou nem ligando se é pra caçar ou não, nem que a vaca tussa.

— Você tá toda piadista hoje, não é? — questiono com sarcasmo.

— Sabe como é... sempre é bom dormir depois de colocar um idiota no seu lugar — ela debocha com um sorriso zombeteiro.

— Vai encher o saco do capeta, filhote de capiroto — falo colocando minha xícara na pia.

— Um, fiz isso minha vida toda evitando ele chegar perto de mim — ela diz, levantando-se. — Dois, pode ir lavando essa xícara que ninguém aqui é empregado pra ficar limpando suas coisas.

— Não me fala o que eu tenho que fazer não — respondo, pego a esponja e coloco detergente.

— Tá afim de me fazer rir essa hora da manhã, Winchester? — a forma como meu sobrenome soa na sua voz sorrateira me força a suspirar fundo, pois estou tentando não lembrar de como ela me chamou assim na noite anterior bem próxima a minha boca.

A resposta que eu queria dar pra essa pergunta seria: "estou afim de pegar seu pescoço como ontem e esfregar meu corpo contra o seu enquanto devoro essa sua boca falante". Contudo, tenho que me segurar demais pra ficar quieto e não acabar sucumbindo ao desejo da carne.

O único problema é que minha carne tá ficando fraca cada vez que eu a toco e sei que só estará satisfeita o dia que a deixá-la rouca, fraca, sobre a minha cama. É um desejo que não consigo mais negar e nem evitar. Sinto que isso só vai passar quando eu me afundar dentro dela, e então, poderei odiá-la em paz sem me preocupar com essa tentação toda vez que ela está próxima.

Ontem eu me perdi nessa vontade inevitável e em troca ganhei um corte no rosto por alguns segundos. Isso nunca aconteceu comigo antes. Meu corpo nunca quis tanto uma pessoa e não a teve, todos os desejos anteriores foram quitados. Mas esse em particular não é assim, ela é difícil, até demais. Ela é resistente na queda, inclusive muito mais que eu.

Agora ela mostrou que não vai se afastar. Ou seja, essa mulher vai tornar a minha vida em um inferno.

A Pecado irá continuar perto e brincando comigo, mesmo se não for intencional, e se for, no fim vai acabar me testando como na noite de ontem. Me deixando mais próximo do limite de estresse e raiva que eu suporto, pra no fim, eu não conseguir me aguentar e ela provavelmente recomeçar com esse ciclo.

Eu sinto que consigo lê-la, mas nunca o suficiente. Essa desgraçada passou tanto tempo nesse mundo que eu acho que ela possa ser o maior mistério dele. Cada dia da semana é uma personalidade diferente — pelo menos comigo.

— Acabei de me lembrar, podemos ir mais tarde? Combinei de passar o dia com o meu irmão — ela fala com meu irmão. — Não gostaria de quebrar esse compromisso com ele.

— Claro, sem problemas. Você e Jack precisam aproveitar seu tempo juntos — Sammy responde simpaticamente.

— Obrigada — ela sorri para ele.

Eu paro de lavar minha louça só pra observar a cena com uma certa carranca. Então, vou até a frente dela obrigando que ela e meu irmão quebrem contato visual. Para disfarçar, pego a xícara das mãos dela.

— Dá isso aqui que eu já lavo — falo, tentando parecer indiferente.

Caminho até a pia ainda observando ela e seu olhar pra mim é de julgamento. Mas seus ombros se balançam e ela some pela porta como se não ligasse pra nada e para ninguém.

***

Estamos na estrada em torno de duas horas desde que saímos a noite do bunker. Sam está olhando algo no computador que está em seu colo, enquanto Pecado está no banco de trás usando os fones de ouvido e lendo algum livro de romance — eu acho.

Eu estaciono o carro em um posto porque percebo que o ponteiro da gasolina indica que preciso abastecer. Desço da minha baby e vou até a mangueira, começando a encher o tanque em seguida. Durante isso, Pecado sai do carro e fecha a porta.

— Falta quanto tempo pra chegarmos? — ela questiona, suas mãos ajustam a jaqueta em seu corpo.

— Uma hora e meia — respondo com indiferença.

— Vou comprar algumas coisas pra gente comer, já volto — ela avisa, e eu aceno com a cabeça.

Minha mente está em uma luta constante, esse desejo por ela tenta bater contra o meu lado racional. E enquanto eu encho o tanque do carro nesse posto, tudo que faço é vislumbrar o corpo perfeito da Pecado caminhando até a convivência. Suas curvas no jeans azul de cintura alta com um cropped de lã cinza e marrom, a jaqueta jeans bordô cobrindo seus braços, as botas escuras lhe dão pouquíssimos centímetros de altura a mais.

Reparei que hoje ela colocou um colar e um par de brincos dourados, os anéis em suas mãos são da mesma cor. Isso combina com seu cabelo ondulado e comprido que vai quase até sua cintura.

Não consigo me conter, às vezes reparo até os mínimos detalhes dela.

É difícil pra mim não segui-la com o olhar quando o vidro da conveniência é transparente. Ela parece não notar que eu a observo no momento e isso facilita as coisas pra mim. No entanto, abaixo minha cabeça coçando a minha testa tentando me segurar.

Percebo que o tanque está quase completando, então deixo finalizar e devolvo a mangueira de gasolina ao lugar dela. Pego o cartão da minha carteira e vou até a conveniência para pagar o que gastei. Enquanto caminho até lá, ela passa por mim checando a notinha do que comprou nem parecendo reparar em mim.

Com o canto do olho, observo Pecado voltando para o carro, seu corpo balançando hipnoticamente como uma cobra no deserto. Me esforço muito para não olhar para sua bunda e, para fazer o momento passar, direciono a cabeça pra frente me lembrando do que tenho que fazer. Entro e pago o que devia e volto para a minha viatura ligando o veículo, escutando a ruiva mexer nas sacolas que carregava consigo.

— Um pedaço de bolo de chocolate pra você — ela diz, alcançando para o Sam.

— Oh — ele diz surpreso, não esperando esse gesto dela. Um sorriso gentil aparece no rosto dele — Muito obrigado.

— De nada — ela sorri simpática para ele e revira a sacola mais uma vez. — E um pedaço de torta de morango pra você.

Tenho certeza que meus olhos brilharam nesse instante.

Ela fica com a mão estendida pra mim enquanto observo o pedaço de torta em sua mão chegando a dar água na boca. 

— Para mim? — questiono, um pequeno sorriso se formando nos meus lábios.

— Você gosta de torta, pega logo — ela ordena, e sem hesitar faço o que ela mandou.

— Como sabe que eu gosto de torta? — pergunto, aceitando o garfo que ela me estende pelo meu ombro.

— Sam comentou — ela diz de uma forma normal, mas percebo que meu irmão franze o cenho não se lembrando de quando citou isso para ela.

Porém, tenho quase certeza de que Sam realmente não falou pra ela, ela deve lembrar disso em algum sonho da gente. E por algum motivo ela lembrou de mim quando olhou pra esse pedaço de torta.

— Obrigado, filhote de capiroto — digo com um pequeno sorriso.

— Um momento — ela diz se colocando pra frente e se apoiando no banco entre eu e Sam.

Nós dois olhamos pra ela confusos por conta de achar que tem algo a ver com a comida, mas seu olhar se direciona para mim junto de um sorriso de canto.

— Você ouviu também, não é? Ele me agradeceu — Pecado fala com meu irmão e eu reviro os olhos. — Já tenho provas contra você.

— Me arrependi — falo, colocando minha torta ao meu lado e girando a chave na ignição.

— Ah, Winchester, você sabe ter modos — a ruiva fala com zombaria. — Não se sinta mal por isso.

Escuto a risada do Sammy e Pecado enquanto eles se entreolham, meu irmão negando com a cabeça notando as faíscas de implicâncias entre eu e ela.

— Vai pro inferno, vai — digo, troco a marcha e acelero o carro.

— É sempre bom respeitar os mais velhos — ela verbaliza, e pelo espelho, consigo ver o sorriso debochado em sua boca.

— Os mais velhos sim, agora fóssil é outro assunto — zombo de propósito.

Sammy não consegue controlar a risada e joga a cabeça para trás gargalhando. Sinto um tapa pegando na minha nuca e ouço outro estalando na testa do meu irmão.

— Me respeitem, seus idiotas — ela ordena, fazendo eu e Sam se olhar enquanto seguramos as nossas risadas. — Posso ser velha, mas não se esqueçam que pareço mais nova que vocês.

— É… — Sammy diz, coçando a testa e engolindo as risadas silenciosas. — Nisso você tem razão. Você aparenta ter o quê? Vinte e sete?

— Vinte e cinco, meu querido — Pecado fala convencida, vejo pelo reflexo ela jogando os cabelos pra trás. — Bilhões de anos num corpinho de vinte e cinco.

— Se te descobrirem, vão te colocar em um museu — continuo implicando sem medo algum.

— Sabia que eu deveria ter colocado veneno naquele pedaço de torta — ouço ela dizer.

— Perdeu a chance, querida — provoco, a encarando pelo espelho.

Sorrio com isso, sentindo o frio na barriga começando a se agitar e fico constrangido. Entretanto, eu não desvio a observar seus olhos nos meus e isso faz meu coração bater forte em meu peito. O ar no carro parece mais leve, como se houvesse algo entre nós que está certo. Meus olhos vagam até seus cabelos ruivos que balançam agitados com o vento que vem da minha janela e vai até ela.

— Dean, olha pra estrada, ninguém aqui está afim de sofrer um acidente hoje — meu irmão diz, batendo no meu ombro e me fazendo abaixar o olhar para o asfalto.

E com isso eu prossigo dirigindo.

***

É próximo das onze da noite quando chegamos à Missouri Valley, mas a fazenda está fechada a esse horário e somos obrigados a procurarmos um hotel para ficarmos.

Paramos no mais próximo que encontramos do local que visitaremos amanhã, após isso descemos e pegamos nossas bagagens no porta malas.

— Vou pedir um quarto separado para você, eu e Sam dividimos um — Sammy diz, colocando o outro braço na alça de sua mochila. — Se já acharam que a gente era um casal gay alugando um quarto, imaginam o que vão achar de dois homens e uma mulher pedindo um quarto só.

— Isso é sério? — ela questiona rindo, do fato de que já olharam pra mim e para o meu irmão dessa forma.

— Sério — Sammy responde, sem nenhum humor, pois achamos absurdo pensarem isso.

— Que horror — ela afirma fazendo careta, esperando que o que ele tinha dito fosse somente uma brincadeira.

O mais alto concorda com a cabeça e se direciona para a recepção para buscar as chaves já que a entrada para os quartos é aqui fora.

— Quer ajuda aí? — pergunto para Pecado, vendo-a segurando duas mochilas.

— Você anda bem proativo, não é? — ela é sarcástica, obviamente recusando minha ajuda

Dou de ombros com um sorriso de canto encarando ela. Sinto minha boca ficar seca e passo a língua pelos lábios quando a vejo fazer a coisa mais normal da vida, apenas ajustar as mochilas em seus ombros. Geralmente eu não sou assim, mas ela é tão atraente que tenho a sensação de estar sendo hipnotizado, e a cada segundo que passa e estamos sozinhos, é um risco.

Minutos depois Sam volta com a chave do nosso quarto e entrega a de Pecado. Tranco minha preciosa baby, enquanto eles sobem os primeiros degraus. Não demoro para me juntar a eles com alguns passos rápidos.

Noto que o quarto da Pecado é bem ao lado do nosso. Ela coloca a chave em sua porta, enquanto Sam faz o mesmo. Sem intenção nenhuma, percebo que a janela do quarto dela foi deixada aberta pela última pessoa que esteve aqui. Então, enquanto Sammy entra em nosso lugar para descansar, eu vou até ela que agora já abriu a porta e deu os primeiros passos pra dentro.

— Tranca a janela — aviso, e ela se vira pra mim segurando a chave em sua mão. — Nunca se sabe se alguém não vai invadir sua janela.

Minha voz saiu mais provocativa do que eu imaginei, fazendo ela cerrar os olhos e me encarar com firmeza. Dou uma piscadela pra ela e puxo a maçaneta da porta comigo durante o instante em que saio da sua presença.

Pode parecer estranho, mas eu estou começando a gostar disso.

Voltei com mais um capítulo pra vocês, meus amores! Primeiro quero me desculpar se tiver algum erro ortográfico, eu revisei mas morrendo de sono, então pode ser que tenha passado algo. Vocês estavam me pedindo atualização e eu estava ansiosa pra trazer essa pra vocês.

Espero que tenham gostado desse capítulo intenso, não é? 👀

Total de palavras: 5004

Lembrem-se de beberem água e comer algo saudável. Beijinhos, meus amores e amo vocês! <3

~ alezinha 🦋.

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