Flor da meia-noite

By ThalitaFagundes

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Dizem que quando estamos prestes a morrer, um filme da nossa vida passa na nossa cabeça. Mas não foi bem isso... More

1. Brisa de (i)realidade
2. Adina Hale?
3. Ninguém gosta de quem sabe demais
4. O que é ser um humano, afinal?
5. Visitas do passado
6. Asas. Magníficas... asas
8. A historia toda? Acho que não
9. Sofrimento adora companhia
10. Ligações perigosas
11. Quase uma rainha
12. Um adeus, a coroa, e o mestre
13. Barreira
14. Qual o seu tipo de psicose?
15. Anjos do FBI
16. Vamos esclarecer as coisas
17. Anjo da guarda?
18. Adina Hale
19. Um baile de máscaras é sempre um bom lugar para expor alguém
20. Não desista de mim de novo
21. O Mestre mente
22. Ache os Arcanjos. Mate Jordan Benacci
23. Marie Blake
24. Cinco minutos
25. Vamos jogar
26. A rainha do baile
27. Adina de Riverland
28. A última dança
29. A chave
30. Vingança é um prato que se come frio
31. Primeiro você sonha...
32. ... depois morre
33. Isso é magia, Allyson
34. Amor, eu so sirvo pra despedaçar o seu coração
35. Hora de voltar pra casa
36. Lar, terrivel lar
37. Não minta para um mentiroso
38. A nova ordem da esperança
39. Amor. Uma palavra cortante.
40. Pandemônio
41. Vida cega e inconsciente
42. O cadáver de Allyson Hale
43. Colcha de retalhos
44. Antes do pôr do sol
45. Eu sei o que você fez no verão passado
46. Terra Prometida
47. Ainda estou aqui

7. Doses e algum Caído para acompanhar

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By ThalitaFagundes

Clara Mason me disse uma coisa uma vez, alguns meses antes dela se formar, ela disse: "Um dia você vai querer muito uma coisa. É quando você vai descobrir quem você é. Mas tudo tem um preço, e vai ter um preço pra isso também. Você tem que abrir mão das coisas velhas, das coisas fáceis, das coisas que parecem seguras. É assim que você se torna forte, é assim que você se torna uma predadora."

Já se passou uma semana desde que Jordan apareceu no meu quarto. Quero confiar em Jake, confiar em Hazel e em Jess, e em todas as pessoas que sentam com a gente no almoço, mas Jordan corrompe meus pensamentos, se enraizando onde não deve, criando perguntas que não devem ser feitas. E se tudo ainda for uma mentira? E se toda a minha vida se resumir em um borrão de acontecimentos sem nexo? Então no que vou acabar me tornando?

— Terra para Ally — Jessica me chama, balançando a mão diante do meu rosto — O que você tem?

Caminhamos na direção do pátio externo, onde costumamos ficar no intervalo depois de um treino, e solto um resmungo frustrado. Encaro o mar de grama e os alunos que cercam onde estamos sentadas e esfrego o polegar no rótulo de plástico da garrafa de água que estou segurando, fazendo-o enrugar.

— Você acha que Jake gosta mesmo de mim?

Jessica franze a testa, como se a ideia fosse um absurdo total.

— É uma pergunta séria? Porque achei que ele já tivesse deixado isso bem claro muitas vezes.

— É que sei lá, às vezes parece que só estamos juntos porque somos do mesmo grupo, ou uma questão de status. Ele só começou a falar comigo depois que assumi o lugar da Clara. Eu te contei como eu era apaixonada por ele desde o fundamental.

— Ele te ama, todo mundo sabe disso.

— É, tudo bem — Me acalmo e tento me concentrar na leitura do mês da senhora Grunwald.

— Além do mais — Ela endireita os ombros — Olha aquele pedaço de mal caminho.

Sigo o olhar dela e vejo Jake vindo na nossa direção com o resto do pessoal. Dou um tapa no braço dela.

— Ei, é o meu namorado que você está secando.

Ela ri.

— Eu sei. Ele é um amor.

Jake para no meio do caminho para falar com Zack, que estava agachado na grama enquanto Hazel explicava algo no caderno da Sabrina.

— Tenho que ir, preciso falar com o Senhor Carter sobre o nosso relatório. Te vejo depois?

— Claro.

Jess me deixa sozinha por uns segundos até todo mundo chegar e eu me sentir uma idiota completa por conta das brincadeiras de mau gosto. A vergonha alheia estava queimando meu rosto. O que é estranho pois venho me sentido assim durante todas as últimas semanas.

Jake está com o cabelo molhado, o fazendo brilhar ainda mais sob o sol, imagino que tenha acabado de sair do banho depois do treino. Ele passa todo o intervalo com os braços ao meu redor, e me beijava sempre que podia. De repente me senti uma completa idiota por, na verdade, levar em consideração as afirmações de uma completa estranha. Eu amo Jake, e tenho certeza de que ele me ama.

— Já que hoje é sexta-feira e faz tempo que não saímos, eu estava pensando em ir na Vic, hoje tem promoção de duas bebidas por uma — Zack sugere e eu logo me animo.

— Falou em Vic, eu tô dentro.

— Essa é a Ally que conheço — Ele estende a palma da mão pra mim e eu bato sorrindo — Jake?

— Se minha garota vai, eu vou.

— Não perco por nada — Hazel me joga um olhar malicioso e conspiratório, e eu rio já imaginando o porquê daquilo.

O resto do grupo começa a concordar e logo estamos planejando a divisão dos carros.

A Vic House era simplesmente a melhor balada que existia em toda a orla desde Ellicot até East Bay. A decoração neon e as bebidas exóticas eram convidativas demais em uma sexta-feira. Todo mundo se encontrava na Vic, quero dizer, todo mundo que era alguém na nossa pacata cidade se encontrava lá.

Olho para o lado tomando um gole da minha água e avisto Jordan sentada sozinha mexendo no celular. Anjos, além de casas, têm celular? Decido assumir minha outra personalidade e ir até ela. Tiro o papel de minha bolsa e coloco na sua frente. Consigo atrair sua atenção e me sento.

— É de Jane Austen, Orgulho e Preconceito — Explico sorrindo, notando a expressão confusa em seu rosto — Bom, eu imprimi porque não ia arrancar a página da minha edição especial de capa dura. Mas essa aqui, — Aponto com o dedo — é a parte que ela conhece e finge desprezar o Senhor Darcy, e logo embaixo, quando ela percebe que está apaixonada por ele. São as minhas partes favoritas.

— Obrigada.

— Imaginei que pudesse colar na parede do seu quarto, ou sei lá.

— Vou colar sim — Ela sorri e dobra cuidadosamente a folha, guardando em algum caderno.

Pode ser errado pra caralho e muito contraditório, mas a Jordan sorrindo conseguia ser ainda mais bonita que a Jordan séria. Hoje o cabelo estava com algumas trancinhas, que se sobressaíam nos cachos escuros.

Engulo em seco e limpo a garganta.

— Então, eu não faço muito isso de incluir pessoas no grupo, mas... nós vamos à Vic hoje.

— Que que tem?

— Imaginei que se você é minha Anjo da Guarda e tudo mais, tem que andar comigo, certo?

Jordan ri um pouco, guardando o celular no bolso da calça jeans, então assente com a cabeça. Cara, ela é bonita mesmo. É quando sua expressão se torna séria de repente e ela me encara como se visse algo além de mim que tudo fica realmente estranho. Foi como se ele visse algo que não gostasse, como se já soubesse o que aconteceria mesmo antes de acontecer.

Bom, eu não ousava duvidar disso, afinal eu não sabia até onde suas habilidades realmente se estendia.

— Não, Allyson, fique longe, consigo proteger você à distância.

— Ah, qual é, senta ali com a gente, se eu te tratar bem, eles vão também — Toco seu braço e aquilo acontece de novo, por um breve momento me sinto uma pessoa diferente, em uma época diferente, e então volto pra minha realidade, ou para o que acho ser realidade — O que foi isso?

— Droga, o elo está por um fio de ser quebrado. É sério, Allyson, é melhor se afastar de mim – Então Jordan se levanta abruptamente, levando a bandeja consigo.

Ainda estou atordoada, sem saber direito o que pensar. Jordan acabou de dispensar a minha amizade? Quem é burro o suficiente pra dispensar a minha amizade? Que elo está se quebrando? Por que ficar longe de mim? O que mais Jordan Benacci me esconde?

Quando o sino toca, meus ouvidos quase explodem com a intensidade que o som chega até mim, como se a campainha estivesse do meu lado, na altura máxima.

Merda de habilidade Nephilim.

════════ ◖◍◗ ════════

— Oi gente — Cody, o segurança da boate sorri e estende a mão para nós, pedindo a identidade.

— Ah, qual é, você nos conhece — Zack resmunga colocando a mão no bolso.

— Instalaram câmeras aqui fora também, foi mal — Cody tinha 1,90 de altura, e se eu não o conhecesse, ficaria assustada, assim como o primeiro dia que eu vim aqui. Seus olhos eram de um castanho intenso e usava o cabelo bem curto, como do exército — Jess, não vai entrar enquanto não me mostrar isso — Cody cruza as mãos na frente do corpo quando percebe que minha amiga entra no meio dos meninos para não ser vista por ele.

— A última vez que te deixei ver alguma coisa, você não me ligou por três dias.

Ele se encolheu.

— Você nunca vai superar isso, vai?

Ela jogou a identidade em Cody, que a segurou contra o peito. Ele deu uma olhada no documento e depois o devolveu, me encarando com expectativa. Passei minha carteira de motorista pra ele.

— Ei, achei que tinha desistido daqui — Ele sorri pra mim e me devolve o documento, dou de ombros.

— É uma longa história — Respondi, guardando minha habilitação no bolso traseiro. Minha calça jeans era tão apertada que fiquei surpresa por conseguir enfiar algo ali atrás além da minha bunda. Cody abriu a enorme porta vermelha, e Jessica sorriu com doçura.

— Obrigada, gato.

— Te amo. Seja boazinha.

— Eu sempre sou boazinha — Ela deu uma piscadela.

— A gente se vê quando eu sair do trabalho?

— Aham — Ela me puxou porta adentro depois de todos entrarem.

— Vocês são o casal mais esquisito do mundo — Falei por sobre a música. O som estava zumbindo em meu peito, e eu estava quase certa de que cada batida fazia meus ossos tremerem.

— Aham — Jessica disse mais uma vez.

A pista de dança já estava lotada de estudantes e universitários bêbados e suados. O semestre de outono estava a todo vapor. Hazel foi até o bar e parou no fim do balcão. Josie piscou para ela e já lhe entregou um "Sex on the beach", o de sempre.

— Vem cá, Hazel, e o meu sexo na praia? — Zack pisca e eu saio de lá rindo, a procura de uma mesa nos braços de Jake.

Não demora muito para os meninos chegarem com as bebidas. John me entrega os dois buttery nipples e eu sorrio agradecida, pronta para dar início à minha noite e tentar voltar à minha rotina normal. Balada e depois uma passada na casa de Jake antes de dormir tranquila com seu cheiro na minha pele.

Jake escolhe a pior hora para me puxar para dançar, pois estou bêbada o suficiente para andar cambaleante. Está tudo girando, as luzes coloridas piscam diante dos meus olhos, mas mais parecem borrões. Não é como eu fico quando estou embriagada, é como se minha mente controlasse o que eu via, como se eu fosse viajar no tempo ou algo assim.

O modo como Jake passava a mão em mim me deixava nas alturas, quase como se esquecesse que estávamos em público. Mas quem ligava? Tinha tanta gente nos rodeando que ninguém iria nos notar. Bom, eu não tinha do que reclamar, meu namorado com certeza manteria a promessa de me ter em sua cama hoje. Eu estava precisando de uma boa dose de Jake depois de dias na espera enquanto minha expectativa palpitava pela ideia de eu não ser humana.

Quando abro os olhos novamente, e minha visão se ajusta às luzes multicoloridas eu vejo Jordan em um canto isolado, com uma garrafa de cerveja na mão, me observando, sempre me observando. Nunca fiquei sóbria tão rápido. Me afasto de Jake com o susto e ele sorri, perguntando o que houve.

— Preciso ir ao banheiro — Dou uma desculpa para me recompor e arrumo o cabelo, que a essa altura já está grudando na nuca por conta do suor.

Me dirijo às escadas que dão para o camarote, porque acredito que os banheiros de lá estejam mais vazios. Apresento minha pulseira neon e o segurança do qual nunca me lembro o nome abre para mim.

Coloco as mãos esticadas na pia e olho meu reflexo no espelho. Pareço pálida e sem vida mesmo por baixo da maquiagem pesada. Um fantasma vivendo a vida de Allyson Hale. Meu cabelo começou a ondular perto da orelha, e eu respiro fundo para tentar me acalmar. Sinto meu coração batendo no peito, escuto as batidas rápidas e descompassadas ainda pelo momento íntimo há poucos minutos atrás.

Minha visão embaça e depois volta ao normal, porém consigo notar uma pequena rachadura no canto do espelho, ela se expande, como se de repente gritasse para mim, mas ainda assim... era minúscula, e eu não conseguiria notá-la mesmo se estivesse com meus óculos. Pisco e então ela desaparece.

A porta se abre ao meu lado, e quando estou prestes a dizer que está ocupado, me lembro que tranquei assim que entrei. Não consigo nem ao menos gritar quando um braço forte envolve meu pescoço em um aperto sufocante. Meus pulmões se reduzem a ervilhas e eu não consigo nem ao menos tossir para a aliviar a queimação. Nunca fui enforcada antes, e não esperava que fosse tão doloroso.

Aproveito um momento de descuido do homem e consigo me soltar, tentando correr até a porta, mas ele me puxa pela blusa e sou jogada no chão, escorrego até a parede, levantando as mãos em uma súplica patética. Nem consigo gritar. Minha cabeça bate com força e um líquido quente escorre pela minha nuca. Merda, sangue. Meu estômago revira com o cheiro e com a dor.

— Socorro! — Tento gritar, mas o único som que sai é minha voz fraca e rouca.

Me arrasto pelo chão, sentindo cheiro de sangue e desinfetante barato, mas sou puxada de novo e jogada contra a pia, minha coluna arde e eu reprimo mais um grito de agonia. Sei que a essa altura só vai piorar minha situação.

Ele estava vestido totalmente de preto e misturava-se a noite, dificultando dizer como ele era. De primeira eu não consegui distinguir nenhum traço facial, então eu percebi que é porque ele estava usando uma máscara de esqui. Os braços são fortes e ele é alto, muito alto.

Consigo desviar de um soco que vem como um raio e sua mão quebra o espelho atrás de mim. E então ele aperta meu pescoço novamente. Nossos olhos se conectaram através dos buracos na máscara. Um sorriso letal pareceu crescer nos lábios dele.

— Me dê seu sangue, filha de Peter Blake! — Ele grita e sua voz, um rosnado metálico desafinado, me faz tremer de medo. Tateio a pia atrás de mim e acho um caco de vidro grande, o golpeio contra seu rosto o mais forte que consigo, fazendo um corte profundo na sua bochecha, e na minha mão — Sua...

— Allyson! — Escuto uma voz conhecida e quase choro de alívio quando esse monstro é tirado de cima de mim. Jordan o mantém no chão e me encara — Vai embora daqui! — Mas não consigo me mexer, minha garganta dói, queima, e meus olhos ardem com a chegada das lágrimas — O que você tá fazendo? Anda! Sai logo daqui! – Como diabos aquela garota estava segurando um homem daquele tamanho no chão?

Consigo recobrar os sentidos e ando a passos lentos pelo caminho até minha mesa. Ninguém parece me notar, mas o sangue escorre pelas minhas mãos e luto para não olhar, porque sei que vou vomitar se o fizer. A grande Allyson Hale que desmaia ao ver sangue, que discurso promissor.

— Ally? — Hazel me chama e eu me viro na direção do som. Ela está agarrada com Zack e se assusta ao me ver — Meu Deus, o que aconteceu com você? — Balanço a cabeça sem responder e começo a chorar, mas até isso parece exigir um esforço que não tenho agora. Ela me leva pra onde os outros estão e ensopo seu vestido com o sangue da minha mão, mas ela parece não ligar. Hazel não é uma garota indefesa que tem medo de sangue — Jake, me ajuda aqui, por favor.

— Preciso ir pra casa — Sussurro, mas quando o faço minha garganta dói, e ela não entende bem o que digo.

— Me conta o que aconteceu, garota!

— Ally, mas o que... — Jake corre e coloca as mãos no meu rosto, me analisando minuciosamente. Ele arregala os olhos quando suas mãos voltam sujas do sangue do meu pescoço — Quem fez isso com você? Temos que chamar um segurança, te levar pro hospital. Cadê o Cody? Alguém chama o Cody!

— Não — Engulo em seco e me obrigo a continuar ignorando a dor. Não sou idiota o suficiente para acreditar que isso foi uma coincidência e que aquele cara era humano — Preciso ir pra casa. Um cara... entrou no banheiro e começou a me ameaçar.

— Conseguiu ver quem era? — Lindsay pergunta pegando minha mão e analisando. Suprimo um grito quando ela derrama vodka no local ferido — É pra não infeccionar, calma.

— Não, ele... máscara, não vi nada, só... fugir. Jake, me leva pra casa.

— Tá brincando? Vou te levar até o hospital.

— Não — Engoli em seco e chorei mais uma vez por quase não conseguir falar — Casa.

— Tá bom, mas os meninos vão falar com o Cody, esse cara ainda pode estar aqui e atacar outra pessoa. Ouviu, Zack?

— Claro, vamos gente.

— Vem, baby — Jake passa o braço pela minha cintura e me faz me apoiar em seu ombro — Meu Deus, Ally, quem faria isso com você?

— Eu não... eu não sei.

Aqueles olhos não saíam da minha cabeça durante todo o caminho pra casa. Parecia demorar uma eternidade, mas Jake estava dirigindo rápido. Eu repassava a todo segundo o momento que Jordan havia me salvado daquele monstro. A Jordan. Alta e magra Jordan Benacci.

Meus pais já estavam dormindo quando cheguei. Jake me ajudou a estancar o sangramento e fez um curativo. Minha garganta melhorou um pouco e tive que morder seu braço para não gritar quando ele usou quase todo o álcool de casa no local ferido.

Depois de ficar deitado comigo na minha cama por um longo tempo, pedi que fosse embora, e ele me prometeu que iria para casa, e não de volta para a boate. Sorri, mais que agradecida, quando ele me jogou um último olhar de dor por me ver daquele jeito antes de arrancar com o carro.

Aquela foi a primeira noite de muitas que achei que acabaria bem e quase resultou em uma morte.

Logicamente, eu mal conseguia dormir. Assim que fechava os olhos, a cena me vinha a cabeça e eu tentava expulsar, não querendo reviver os detalhes, mas era como karma. E naquela manhã quando acordei, Jordan estava dormindo na poltrona do meu quarto e a janela estava aberta.

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