Por Oliver
Tratar Meg com indiferença, está sendo uma grande penitência para mim.
Ao vir à minha sala e avisar sobre sua viagem, percebi o quão desapontada ela ficou pela forma que eu a tratei, mas como disse Harry, para seguir o plano, eu preciso ser forte, mas dói.
Espero que ela me perdoe por isso.
Ao sair e bater a porta, acho que, em sua cabeça, eu esqueci de seu aniversário... puro engano, minha Feiosa!
Ajusto os últimos detalhes para a surpresa que estou aprontando para Meg e me certifico de que Lauren não saberá de nada.
Lauren não sabe, mas John me indicou uma amiga, de sua confiança para o cargo de assistente e, "em off", Anya já está fazendo seu serviço perfeitamente.
Pedi para meu amigo, Benjamin, fazer um levantamento sobre Lauren. Não é possível que ela esteja agindo sozinha. Tenho-a visto falando ao telefone escondida e, sempre que me vê, muda de assunto ou desliga. Mas isso será resolvido em breve, por enquanto, só quero só quero focar em Meg. Só ela!
Depois de me certificar de que tudo está dentro dos conformes, ligo para os pais de Meg, pois quero que eles tenham ciência do que pretendo.
Ligo para Paul, que está no trabalho, mas ainda assim, me cede um pouco de seu tempo.
Depois de contar tudo à ele, espero sua resposta.
"-Oliver, você sabe que eu estou puto com o que você fez com Meg. Você prometeu que ficaria até mesmo contra mim, para defendê-la, no entanto, na primeira oportunidade, você fez totalmente o contrário.
O escuto dizer, além de respeitá-lo, ele não está errado.
-Sim, Paul. Eu falhei em minha promessa, eu errei feio e, acredite, não existe um só dia que eu não me arrependa disso. Todos os dias sinto dor, culpa e um vazio imenso e o pior dos homens.
-Oliver, eu estou puto e não é pouco, mas existem fatos que precisam ser levados em consideração. Você me ligou para contar o que acarretou no seu término com Meg, você assumiu seu erro me ligando, sem que Meg soubesse. Agora está tentando reparar seus erros. E, por último, Meg está mal, está sentindo sua falta, mesmo estando chateada e ela a ama muito. Ela fará trinta anos e eu não posso mais interferir nas decisões dela. Só o que me resta é desejar boa sorte à você, Oliver.
-Paul, mais uma vez, quero me desculpar por minha atitude imatura com Meg. Mas, se ela me der a oportunidade, nunca mais irei magoá-la.
-Assim eu espero, Oliver. Meg é o bem mais precioso para mim e eu sou capaz de matar e morrer por ela!
-Tem minha palavra, Paul. E dessa vez, não irei falhar!
-Por mais puto que eu esteja, eu confio em você.
-Obrigado, Paul.
Nos despedimos e desligo o telefone, pois sou chamado para uma cirurgia de emergência.
Quando saio do elevador, dou de cara com Meg no corredor. Ela estava indo para o mesmo atendimento que eu.
-Boa tarde, Megan. - sei que ela odeia que eu a chame assim.
-Boa tarde, Oliver. - diz revirando os olhos. Sinto vontade de rir, mas como temo pela minha vida, não farei isso.
Ela, junto aos demais membros da equipe me auxiliam.
-Dra. Megan, pode ir fazendo a assepsia, por favor? - peço e ela me olha com cara de puro ódio.
-Quer me ensinar a fazer meu trabalho, Dr. Windsor? - diz de modo irônico. Como eu amo a ironia dela... como eu a amo!
-De maneira alguma. Sei que a Srta. é uma excelente profissional. - continua a me fuzilar com o olhar.
A cirurgia correu bem e chegamos ao final. E, como sempre, agradeço a todos. E seguindo o roteiro, convido Harry para sair amanhã, que é o aniversário de Meg.
-Harry, tem alguma coisa para fazer amanhã, depois do expediente?
-Não, por que?
-Se não houver nenhuma intercorrência, que tal um pub amanhã, depois do trabalho?
-Fechado. Só vou avisar a Mariah.
-Certo. -olho em meu relógio e percebo que tenho que ir para casa...
Meg sai pisando duro.
-Vocês ainda precisarão de mim hoje. Porque eu tenho um voo pra hoje ainda. - diz e sinto que ela está com raiva.
-Não, não irei precisar. Não sei os outros. Com licença, pessoal. Boa viagem, Megan!
-Obrigada, Dr. Oliver!
Vejo que está chateada...
Em minha sala, peço à meu irmão que assuma a presidência do hospital, junto à Harry.
Em minha sala, falo com Harry.
-Espero que essa coisa de ser indiferente à Meg, surta efeito. Do contrário, quem vai surtar sou eu, Harry!
(...)
Já em meu jatinho, olho em meu relógio e são quase dez da noite.
Faço contato com um amigo para saber se está tudo certo para minha estadia e se está tudo como pedi. Ele confirma e, sentado na poltrona, aperto meus olhos e tento controlar a ansiedade que me aflige...
Espero que dê tudo certo. Essa é minha última e única cartada!
Pelas minhas contas, Meg já chegou ao seu destino e, em poucos minutos eu também chegarei ao meu.
Saio do aeroporto e um carro já está à minha espera.
Dez e quarenta e cinco.
-Desculpe a inconveniência, mas o senhor poderia ir um pouco mais rápido, por favor? - peço ao motorista, que acata meu pedido.
Cheguei ao meu destino. Vejo que as luzes estão acesas, Meg já chegou. A hora é agora...
Dez e cinquenta e seis.
Desço correndo do carro, pego minhas malas, o presente de Meg e entro.
Ouço os passos de Meg, que vem até a sala. Ela está com os cabelos soltos, molhados e usando o roupão que eu dei à ela... e, em seu rosto, vejo que estava chorando.
-Oliver? - fala, enquanto põe as mãos na boca, surpresa.
Onze horas.
-Oi, Meg! - digo e sinto que minhas mãos suam...
-Como você sabia que eu estaria aqui, se eu não lhe contei...Ah! Claro! Como eu fui burra. Essa viagem foi planejada por você, não é mesmo, Oliver? - as lágrimas escorrem pelo seu rosto, assim como eu.
-Sim, Meg. Fui eu quem armou tudo! - digo, com minha cabeça baixa e com as mãos no bolso.
-Nada de palestra, não é? Cai numa armadilha sua. E eu pensando que passaria meu aniversário em paz...
-Isso mesmo, Meg. Não existe palestra.
Eu armei tudo!
Fingi indiferença à sua presença, fingi que esqueci o dia do seu aniversário, fingi que nossa foto, em minha mesa já não existia mais, fingi uma falsa palestra e a trouxe para o seu lugar preferido.
-Por que tudo isso? Você acha que depois de toda a merda da humilhação que você me fez passar, eu te perdoarei tão facilmente, Oliver? - diz com sua voz alta e chorando. - Você não sabe a dor que eu senti. Eu aceitaria uma facada de qualquer pessoa, menos de você, Oliver. Eu fui colocada em segundo plano por causa de uma desconhecida! Você não me deu direito de resposta. Você foi grosseiro, você mentiu sobre nossa relação para sua assistente, enquanto eu quebrava os medos que existiam em mim, para poder mostrar ao mundo o quanto eu amo você! E o que eu ganhei em troca? Sua ingratidão! -diz e ela continua a falar alto, mas ela está em seu direito. Eu apenas a escuto.
-Meg, eu não estou para me defender. Muito pelo contrário, eu estou aqui para mostrar que eu errei, que eu fui um tolo, um completo idiota!
Eu errei, Meg e acredite, estou pagando juros altíssimos por minhas atitudes impensadas e imaturas
-Oliver, fingir que minha presença era insignificante pra você, fingir que havia esquecido meu aniversário e, até mentir e me trazer para cá, ainda não é pior do que aquilo que você fez comigo. Eu queria entender o motivo. Por que a única coisa que justifica seus atos idiotas, é apenas o fato de que Lauren e você tenham alguma coisa.
-Meg, eu errei e estou aqui para admitir meus erros e aceito tudo que você tenha para me dizer, mas eu quero que você saiba que eu jamais toquei naquela mulher. Nunca passou pela minha cabeça me envolver com nenhuma outra mulher depois de você.
Eu pisei na bola quando eu a levei ao restaurante. Ela não sabia onde comer e me pediu uma recomendação. Eu dei e acabei dando carona, porque eu tinha que ir ao banco resolver um problema. Lauren me pediu para ficar e, por pura idiotice eu fiquei, mas nada aconteceu. E eu sei que errei, porque você tinha me chamado para comer fora e eu me neguei, alegando ter algo para resolver na rua. No entanto, aceitei o convite de Lauren e fiquei. Quando eu estava na cantina do hospital com ela e eu acabei sendo grosseiro com você, foi mais uma atitude imatura e idiota minha!
E, por último, eu nunca deveria ter desconfiado de você, quando o assunto foi o erro de minha agenda.
Eu estou errado e não tenho e não vou justificar o injustificável, Meg.
Eu errei e, infelizmente, não existe uma máquina do tempo que me faça voltar e desfazer meus erros, Meg. Mas eu estou aqui para tentar repará-los. Eu estou aqui para lhe dizer que estou completamente arrependido do que fiz...
-Oliver, a questão não é apenas apontar seus erros - fala e se senta no sofá - a questão é que você fez me machucou e não me deu o direito de resposta e, está aqui me pedindo perdão pelo que fez, mas mantém a mulher, que foi a causadora de tudo isso, como sua assistente. Você não sabe as besteiras que ela me diz e o que preciso enfrentar diariamente. Levar um soco na cara doeria muito menos! - diz e chora novamente,
-Meg, agora eu tenho um motivo para mantê-la por perto, se para eu começar a reparar meus erros, eu tiver que manter aquela mulher longe, eu faço. Meg, eu amo muito, mais do que eu mesmo possa imaginar. E, infelizmente, eu precisei perdê-la para aprender.
Todos os dias, eu sinto a sua falta, eu saio do trabalho e dou a volta no quarteirão só para passar em frente ao seu prédio, eu não consigo parar de olhar nossas fotos. E, através delas, eu percebo o quão feliz eu sempre fui com você. E eu estou disposto a tudo e qualquer coisa para tê-la de volta.
Repito, eu fui um babaca e idiota com você e nada do que eu faça irá reparar os danos que eu lhe causei.
Me perdoe, Meg. Me deixe te mostrar que eu errei e que estou aprendendo com meus erros.
Sem você, nada faz sentido, Meg. Você sempre fez parte de mim e, agora que provavelmente eu te perdi, eu me dou conta disso. Sempre será você, Meg. Eu te amo! - abaixo minha cabeça, novamente e não quero mais esconder meu choro. - Meg, me perdoa. Me desculpe por ter sido um tolo com você. Eu prometi ao seu pai, no final de semana que passamos na casa de seus pais, que eu iria te proteger de tudo e de todos, no entanto, quem te machucou fui eu! Eu sou um merda, mas eu quero ser melhor com você e por você!
-Realmente, você foi um idiota! E vê que você fez todo aquele show por uma mulher que você nem conhece, acabou comigo. A situação estava tão insustentável que eu queria pedir transferência para outro hospital. Ficar no mesmo lugar que ela, não está me fazendo bem e o pior de tudo é você me dizer que está arrependido e ainda mantê-la como sua assistente, sabendo o dano que ela nos causou. A menos que você esteja tendo um caso com ela... Você é um imbecil!
-Meg, eu te disse que tenho motivos para que ela fique no cargo, mas se é isso que você quer, eu irei demiti-la. Eu faço qualquer coisa para ter o seu perdão.
Volte para mim, Meg. Eu não sou o melhor cara do mundo, sou falho e falhei com a única pessoa que não merecia. Eu nunca tive envolvimento algum com Lauren, eu juro!
Meg, eu não sou nada sem você! -passo a mão pelo meu rosto e limpo minhas lágrimas.-
Eu lhe trouxe para cá, porque achei que estando distantes do mundo, conseguiríamos conversar melhor. Mas se não me quiser de volta, eu vou compreender e irei embora, porque eu sei que essa foi a consequência da minha atitude estúpida!
-Quem te disse que eu o perdoaria se viesse atrás de mim? Você pode imaginar, mas não sabe o tamanho da minha dor, Oliver. - brada e ainda me machuca vê que suas lágrimas não param de cair.
-Eu não sei se você vai ou não me perdoar, Meg.
Eu só me atirei nesse plano maluco, porque acho que essa é a única alternativa para que possamos conversar. E, mesmo que você não me perdoe, pelo menos eu consegui dizer tudo que estava preso aqui. -digo, apontando para o meu peito- Eu te peço perdão e sou capaz de qualquer coisa para reconquistá-la. Mas eu não vou ser inconveniente. Se me disser que não, eu irei embora e vou compreender sua decisão.
Meg se levanta, limpa suas lágrimas e, com as mãos apoiadas em sua cintura, olha no fundo dos meus olhos. Sinto medo, angústia e o ar ainda me falta.
-Sua indiferença, quanto à mim, nessas semanas me machucou e muito, Oliver.
Você chega aqui, me diz um bando de coisas, diz que está arrependido e quer que eu acredite? Eu já lhe disse que eu não nasci com o botão "reset". Eu não sou uma máquina, Oliver.
-Me desculpe por tudo, Meg. Quando eu fingi "indiferença" à sua presença, fazia parte do plano. Eu quis que você pensasse que eu havia me esquecido de seu aniversário, para lhe fazer surpresa. Eu sabia que chegaria aqui e não seria recebido com beijos e abraços, Meg. Mas eu estou desesperado! Eu fui um idiota. Te machuquei, mereço seu desprezo e, possivelmente, mereço que não me perdoe... - digo e sinto as lágrimas escorrendo pelos meus olhos e, rapidamente, eu as limpo.
-Se você acha que com tudo isso você ganharia meu perdão, eu preciso lhe dizer que...
A interrompo.
-Só um minuto, Meg. - Vejo que ela fica confusa.
Vou no cômodo ao lado, que só eu poderia abrir, com a senha e com as mãos trêmulas e ainda tentando controlar o choro, pego seu presente.
Olho em meu relógio e são onze cinquenta e nove.
Corro o mais rápido que posso.
Meia noite!
Vou em direção à Meg e lhe entrego o buquê de flores e uma caixa com uma torta de chocolate e morangos, que são seus preferidos.
-Mesmo que não me perdoe, eu jamais deixaria essa data passar em branco. São para você, Meg.
Vejo que suas mãos, assim como as minhas, estão trêmulas.
Ela olha os presentes em sua mão. Coloca a torta em cima da mesa e continua com o buquê nas mãos.
-Independente de sua decisão, eu irei respeitá-la, Meg. Mas o seu aniversário é uma data muito importante pra mim e eu jamais me esqueceria desse dia.
Ela fixa seus olhos no buquê...
Vejo que seu silêncio já me deu a resposta que eu tanto temia.
Me aproximo um pouco dela e beijo sua testa.
-Feliz aniversário, Meg!
Vou andando em direção à porta.
Sinto um vazio terrível em meu peito! Eu a perdi e agora é para sempre...