Oláaaas, amoras minhas, como estão?
Este livro já foi postado completo aqui e retirado. No momento, encontram-se apenas 5 capítulos para degustação.
Ele será repostado completo novamente, porém não há previsão de data.
Caminho descalço pela cozinha deste apartamento. Ele fica em um ponto alto da cidade, de forma que vejo as luzes lá embaixo quando está de noite. Minha geladeira está vazia, o que é péssimo. Os armários também. O que tenho comido esses dias?
— Eu deveria ter um gato — constato ao olhar em volta e enxergar apenas o meu reflexo no piso frio polido.
Aproximo-me da janela de vidro e olho para baixo. O prédio possui uma piscina de borda infinita com um tamanho até razoável. Se Brenda não tivesse aparecido, provavelmente eu estaria na ELE até agora, usando a piscina olímpica aquecida de lá para me distrair. Mas já que vim para a casa, será aquela ali mesmo. Eu me troco rapidamente e vou usar os benefícios do condomínio pela primeira vez. Tiro uma foto e envio para Oliver, para ele não dizer que não vivo.
Daqui duas horas será sexta. E Sammy terá um encontro. Ela disse que ele é mais um em sua agenda, mas me parece que é mais do que isso. Ele está com ela todos os dias, eles parecem ter bastante familiaridade. Será que ele conhece sua filha? Tiro a roupa, ficando apenas com a sunga e quando coloco o pé na água, um urro me escapa. Completamente gelada. A piscina da ELE é aquecida. Essa aqui não é. E está frio pra caralho.
Meu celular apita e é uma foto de Oliver. Penso se tratar de alguma zombaria, mas é pior do que isso. Uma foto que Brenda postou em sua rede social do tal jantar onde está agora. Ela está com minha mãe.
— Puta que pariu!
Minha mãe está na cidade. Brenda estava certa, eu deveria ter ido com ela a esse jantar e, provavelmente teria ido, se não estivesse com a cabeça na merda do encontro de Sammy. Na porra do sexo que ela vai fazer com aquele segurança sem graça. Na filha que ela tem agora, que deveria ser minha filha. Deveria se parecer comigo, ter meus cabelos ruivos, talvez os olhos amarelos dela, ser adorável e doce e me chamar de pai.
Deixo o celular onde estava e pulo na água fria. Há algo engraçado sobre mim e Sammy, somos opostos. Ela odiava tempestades, enquanto eu as amava. Ela não sabe nadar, enquanto eu competia em campeonatos de natação. Ela seguiu em frente, enquanto eu...
O gelo que parece perfurar a pele nessa água fria demora bastante a deixar meu corpo, mas o faz. Depois de algum tempo estou nadando e não sinto mais frio. Sinto-me gelado, o vento que sopra quando meus braços deixam a água é frio, mas meu corpo parece na mesma temperatura em que esteve quase o dia todo. Mergulho o máximo possível nessa piscina não tão funda e quando volto à superfície, Brenda está aqui. Encara a cena diante de si como algo incompreensível.
Dou mais uma volta e saio da piscina. Também percebo seus olhos fixos em meu corpo enquanto a água escorre antes que eu me esconda no roupão.
— Você está tentando se matar? Por que está nadando a essa hora em uma noite tão fria, Éder? Você é tão estranho!
— Como foi o seu jantar? — pergunto e devo ser mesmo bastante desagradável porque ela parece surpresa por minha pergunta.
— Bom, eu acho. Sua mãe estava lá.
— Eu recebi o seu aviso não tão sutil.
— Podemos subir?
Está frio pra caralho, mas a tendência é só piorar.
— Vamos, Brenda. Precisamos conversar.
Subimos ao meu apartamento e peço que ela espere um pouco enquanto me visto. A encontro na varanda com os braços em volta do corpo.
— O que disse à minha mãe? — pergunto.
— Você tem uma bebida?
— Tenho, no escritório.
Ela me segue até o escritório e nos servimos de duas doses de Macallan. Viro a minha, o calor da bebida é bem-vindo, então encho o copo de novo, enquanto Brenda beberica a dela.
— Dei uma desculpa para sua ausência, ajudou Oliver estar comigo. Ele inventou uma reunião onde você deveria estar e acho que ela acreditou. Porém precisamos aparecer juntos ou ela pode desconfiar. Vamos oferecer um jantar.
— Não vamos convidá-la.
— Não podemos oferecer um jantar e não chamar a sua mãe!
— Foda-se para o que podemos ou não. Você quer um jantar para exibir nosso noivado, certo? Tudo bem, faça um evento, faça na casa que você escolheu, fechei o acordo com eles hoje.
— Você conseguiu?
— Sim, consegui. Ofereça um jantar lá, eu estarei ao seu lado e vamos aparecer juntos. Não precisamos convidar minha mãe, ela ficará sabendo. E ela entenderá porque não a convidamos. Acredite em mim, ela acreditará muito mais no nosso noivado se não a convidarmos.
Ela parece satisfeita por poder oferecer o jantar e não insiste em ter minha mãe presente.
— Brenda, preciso te pedir um grande favor — digo sentando-me na minha poltrona.
Ela sorri de um jeito malicioso. Deixa seu copo sobre minha mesa e aproxima-se devagar. Então senta-se sobre meu colo, uma perna de cada lado, tira o copo da minha mão livrando-se dele e espalma as mãos em meu peito.
— Peça-me o que você quiser, Éder. — Seus dedos passeiam pela camisa de mangas compridas que uso e entram por baixo dela na gola, então ela toca a corrente. — O que é essa corrente que você sempre usa? Qual o pingente que está nela? Você só a tira para nadar.
— O cloro da água pode desbotá-la.
— Ela é especial para você, suponho.
— Nada é especial para mim, Brenda.
— O que quer me pedir? — praticamente sussurra em meu ouvido.
— Não fale para a minha mãe nada sobre a Sammy. Absolutamente nada. Nem que está trabalhando no nosso casamento, nem que a conheceu. Apenas não a mencione.
— O quê? Por quê?
— Porque se você fizer isso, eu vou dar um golpe no seu pai que vai deixar vocês falidos.
Ela arregala os olhos e sorri, na dúvida se estou brincando ou não.
— Você a despreza tanto assim?
Ela acha que desprezo Sammy, mas penso na minha mãe ao responder:
— Você não faz ideia do quanto.
Ela então sorri, satisfeita.
— Eu não vou falar nada, eu juro. Você tem a minha palavra e um Lemann Calmon nunca falta com sua palavra.
— Obrigado, Brenda.
Tendo isso resolvido, estico as duas pernas e Brenda escorrega por elas, caindo no chão. Um grito estridente escapa de seus lábios e eu me levanto, afastando-me enquanto ela estende as mãos em choque.
— Você é tão grosseiro! Pelo menos me ajude a levantar!
— Tenho certeza que você consegue sozinha.
— Fique sabendo que se não fosse por um contrato, eu jamais me casaria com alguém como você!
— Brenda, querida, mais uma vez a recíproca é verdadeira.
Ela parece bufar de raiva, sua respiração está pesada, seu rosto tingido de vermelho e as mãos cerradas em punho no chão frio. E então, de repente, ela respira fundo e se acalma, como se uma mudança drástica tivesse ocorrido. Ela se levanta e se aproxima de mim como se nada tivesse acontecido. Chego dar um passo para trás, assustado.
— Você se acha tão superior a mim, não é? — pergunta e percebo que parece ferida.
E essa é a conversa que tenho tentado evitar desde que percebi suas investidas. Isso começou quando voltei para o Brasil, eu sabia que ficarmos mais próximos não seria uma boa ideia e acabaria me dando dor de cabeça.
— Eu vejo como me olha, me acha fútil e mimada. Minha companhia é um martírio para você, um sacrifício. Você nunca presta atenção em mim mais do que o obrigo a prestar e até mesmo um pouco dessa atenção me exige muito esforço. Eu sei que sou muito bonita, sou bem nascida, refinada e inteligente. Então o que te faz pensar ser tão superior a mim?
— Eu não me acho superior a você — respondo. — Eu apenas acho você uma pessoa ruim. Ser fútil ou mimada, nem são defeitos, o seu defeito é ser má.
— E você é bom então? É melhor do que eu?
— Não, Brenda. Eu sou ainda pior do que você. Pessoas ruins como nós têm que amar pessoas boas. Então não vá por esse caminho que você está indo. Não se apaixone por mim. Eu iria afundá-la nesse poço de maldade para o qual você já está se encaminhando. Você tem que amar uma pessoa boa, alguém que enxergue algo bom em você, que consiga te salvar. Eu não sou essa pessoa. Eu não enxergo nada bom em você.
Essa deve ser a primeira vez que vejo de verdade seus sentimentos e se o que vejo em seu rosto é o que ela sente de verdade, isso não é nada bom. Está ainda mais ferida. Ela tomou meu conselho como um insulto.
— Então o quê? Você se casou com ela um dia, então Sammy é a sua pessoa boa? É ela quem vai te salvar?
— Não, ela já foi a minha coisa boa. Mas não é mais. Eu já me afundei nesse poço do qual estou tentando alertá-la, me afundei nele até o último fio de cabelo. Eu me tornei ruim demais para que ela possa me ajudar.
— Éder... — Ela vem em minha direção com as duas mãos estendidas e as seguro.
— Nós dois temos um contrato, um acordo que a beneficiará e a sua família. Nós não temos que ter nenhum tipo de relacionamento por esse acordo, então não tente isso.
Ela se solta das minhas mãos e ri. Os olhos derramam lágrimas, mas ela está rindo, uma risada histérica. Limpa as lágrimas fazendo uma cena, como tudo o que ela faz quando a situação sai de seu controle. Tentar ser amigável com ela não foi uma boa ideia. Mais uma vez, me ferrei por não ouvir os conselhos de Oliver.
— Eu sempre consigo o que eu quero, Éder. Pessoas como nós conseguem tudo o que elas querem. Há dois anos o que eu mais quero é você. Não pense que não vou conseguir.
É, talvez ser mimada seja sim um grande defeito, constato.
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Fiquei tão feliz com a quantidade de comentários nos primeiros capítulos! De ver vocês aqui de verdade! Vocês são as melhores leitoras do mundo! Muito obrigada!
Se quiserem me manter à par do relacionamento de vocês com o Éder, vou adorar. Fico curiosa... rsrsrs
Até sexta, minhas amoras!