4 - SAMMY - PARTE 4

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Oláaaas, amoras minhas, como estão?

Este livro já foi postado completo aqui e retirado. No momento, encontram-se apenas 5 capítulos para degustação.

Ele será repostado completo novamente, porém não há previsão de data.


— Você não tem mais medo de tempestades — ele comenta alguns minutos depois, quando entramos no bairro comercial em que moro.

— Minha filha tem medo de tempestades, tem pavor. Então tive que aprender a enfrentá-las para conseguir acalmá-la. Mas ainda não gosto delas.

— Eu também não gosto mais.

— Bem, levando em conta que você gosta de alguém como a Brenda, eu nem te julgaria mais por gostar de tempestades.

— Eu não gosto dela, acho que ela é uma pessoa difícil de gostar.

O observo confusa e ele parece tranquilo quanto ao que disse.

— Como assim não gosta dela? Você vai se casar com ela. Como não gosta da sua noiva?

— Não é um casamento por amor. É um negócio, vamos nos casar por um contrato.

Fico como uma pateta olhando em sua direção e ele para o carro em uma esquina, olha em meus olhos de novo e sinto-me confusa. Preciso voltar a mim, fingir que essa informação não caiu como uma bomba, que não fiquei feliz por ela, que não fez sentido de repente o universo inteiro só porque ele não ama alguém como ela.

— Bem, acho que é melhor assim pra ela, um casamento por negócios. Seus sentimentos não são confiáveis — respondo quando me recomponho.

— Onde você mora?

— Pode me deixar na floricultura.

— Está em cima da hora, você vai se atrasar, me fala onde mora e eu te deixo na porta da sua casa.

— Pode me deixar na floricultura! — insisto e ele arranca com o carro de novo, estamos há apenas dois quarteirões dela.

— Então você mora próximo a floricultura — ele deduz.

Para o carro em frente a floricultura e não me despeço, apenas desço do carro, mas ele também o faz. Por que ele faz isso? Para que descer comigo?

— A única coisa confiável em mim, Sammy, são meus sentimentos — ele diz. — Bom encontro.

Não respondo nem olho em sua direção, sigo na direção do prédio onde moro, porém nem dou dez passos antes de parar e, mesmo sabendo que não devo fazer isso, dou meia volta e me aproximo de novo dele.

Ele está esperando por isso, foi uma armadilha e eu caí nela. Tanto que nem preciso dizer nada. Ele me observa enquanto me aproximo e quando estou perto o bastante, pergunta:

— Quer saber a resposta verdadeira?

— Quero.

— Estou desesperado porque você vai sair com outro cara. Eu quero implorar pra você não ir, mas sei que não posso fazer isso já que a culpa é minha. Você está me matando. E você vai me odiar do mesmo jeito por dizer isso, mas quer saber? Tomara que seu encontro seja uma merda. Tomara que dê tudo errado, que a comida esteja ruim, que falte energia no restaurante, que ele broche, que você não sinta nada, tomara que... Tomara que se lembre do meu toque quando estiver com ele. Agora você pode me odiar, Sammy.

Meu coração agora está nos ouvidos, eu consigo ouvi-lo batendo bem alto aqui, sinto-me agitada de repente e irritada. E feliz. Eu o odeio por ter dito isso, mas gostei de ouvir. Fui eu quem pediu por essa resposta, no fim das contas, não vou odiá-lo por ser sincero. Eu deveria?

— Que bom que você está sofrendo — digo e me viro, indo para o meu apartamento.

Não tenho a menor vontade de ir a esse encontro e nem é pelo que Éder disse, na verdade não senti vontade desde o momento e que recebi o convite. Passei a semana inteira esperando que essa vontade aparecesse e me forçando a senti-la. Sinto que devo isso a mim mesma, seguir em frente, encontrar alguém, voltar a sentir prazer. E não pensar mais em alguém que me destruiu. Não importa o quanto ele consiga mexer comigo, devo a mim mesma o mínimo de amor próprio.


Antes de sair, passo no apartamento de Sury para ver Anya, e encontro minha pequena choramingando no colo dela.

— Sury, não a pegue no colo — ralho, e Anya vem para os meus braços, manhosa. — Você me disse que estava tudo bem!

— Porque está! Eu sei lidar com Anya doente e Igor está aqui para me ajudar.

Mas Anya não fica com Igor quando está assim, tanto que estava no colo de Sury, não no dele. Ela não parece com febre, mas se queixa de dor de ouvido. Ela diz que dói pouco, mas a conheço o bastante para saber que deve estar realmente doendo ou ela não se queixaria. Sury já a medicou.

— Mamãe, quando você chegar pode vir dormir comigo? — ela pede e encaro Sury com a decisão já tomada.

— Mamãe não vai a lugar nenhum, meu amor. O que você quer fazer?

— Ficar no seu colo.

— Tudo bem, pode ficar no meu colo.

Envio uma mensagem a Fabio pedindo desculpas e dizendo que Anya não está bem. Pouco depois, ele me envia uma dizendo estar na minha casa, então desço com minha pequena para lá. Anya não gosta muito de estar com pessoas de fora quando está doente, mas não reclama ao vê-lo, apenas não sorri quando ele tenta brincar com ela e fica mais quietinha. Por fim, quando ela dorme, a coloco na minha cama e percebo que Fabio parece incomodado por isso.

Ele está de saída quando volto à sala e diz:

— Se você a colocou na sua cama acho que isso é um indício de que devo ir embora, não é? — Seu tom é hostil, nunca antes havia falado comigo assim.

Aponto para a saída e o acompanho. Abro a porta para ele, que se vira em minha direção e pergunta:

— Devo tentar remarcar esse jantar, Sammy?

— Não se você não tiver consciência de que uma mãe sempre terá como prioridade, seus filhos. Sempre. Tchau, Fabio.

Tento fechar a porta, mas ele impede com pé.

— Desculpe, estou sendo babaca, não é? Você está cansada?

— Não, por quê?

— É estranho fazer isso com Anya em casa, mas se estiver disposta a tentar, seu sofá parece confortável. Podemos voltar à adolescência — propõe.

— Acharia estranho transarmos com minha filha em casa?

— Muito estranho. Por isso pedi que ela dormisse com a Sury.

— Mas você sabe que ela mora na minha casa, não sabe?

— Sim, mas...

— Você pretende então transar comigo apenas uma vez?

— Não, Sammy, claro que não!

— Então o quê? Pretende dar a guarda dela para Sury e Igor?

Ele parece confuso e não consegue pensar em algo bom o bastante para responder então apenas fecho a porta na sua cara e decido encerrar a noite. Mas não consigo deixar de pensar que Éder rogou praga no meu encontro.

DEGUSTAÇÃO - UMA MENTIRA PARA O CEOWhere stories live. Discover now