Por Oliver
É ela, sempre foi ela.
O mesmo medo que eu senti, parece que é o mesmo dela e agora que eu percebi que ela parece sentir o mesmo que eu, eu não me acovardar e fingir que não sinto nada por ela.
Quando vi seus olhos se fechando e esperando que eu a beijasse, senti alguém me cutucando minhas costas.
É sério que existe alguém tão filho da puta para atrapalhar um momento como esse? Ainda mais um momento que eu esperei por tanto tempo?
Ao me virar, dei de cara com o cuzão do Jacob! Tinha que ser ele mesmo!
-O que é que você quer, cuzão?
Perguntei, me sentindo puto da vida, ao mesmo tempo que senti Meg segurando minha mão. Me conhecendo como ninguém, provavelmente ela esteja tentando evitar o inevitável.
-O que é que eu te disse, Megan? Eu disse que não queria você com esse intrometido! Você me dá um toco pra passar a noite com esse imbecil?
Vamos, Megan, estou esperando uma explicação!
As pessoas já estavam atentas ao que acontecia.
Como esse cuzão se atreve a falar assim com Meg?
Sinto Meg apertando minha mão, mas não vou deixar que esse filho da puta fale assim com ela.
-Como você se atreve a gritar com Meg, hein? Quem você pensa que é pra dizer com quem Meg estar ou deixa de estar?
Seja homem e fale comigo, seu filho da puta!
Disse já gritando com ele e Meg me pedia calma, bem baixo, mas eu conseguia escutar.
-Você estragou tudo, seu intrometido. Eu disse que não queria Megan com você. Era pra ela estar na minha cama essa hora, mas talvez, pelo seu cargo, você ofereça muito mais à ela do que eu. Já saquei que tipo de mulher ou amiga Megan é pra você!
Demorou quanto tempo pra ela conseguir a vaga em seu hospital, hein, palhaço? Agora eu entendo porque ela conseguiu trabalhar com você. Meg de boba não tem nada!
Meu sangue ferveu e vi que Meg se sentiu envergonhada ao escutar aquilo. Eu não tive outra opção a não fazer o que eu já queria há muito tempo.
Armei um belo de um soco que acertou bem no seu nariz.
Tirei um peso das costas, mas eu sentia que ainda não era o suficiente.
-Eu não sei o tipo de mulher que você se envolve e, sinceramente, eu estou pouco me fodendo pra isso. Mas, certamente, Meg nunca será nenhuma delas! E eu vou te fazer engolir cada palavra que disse, seu otário!
Vou te ensinar a respeitar uma mulher, principalmente se essa mulher for a Meg!
Parti pra cima dele, distribuindo socos por sua cara. Ele conseguiu acertar minha sobrancelha, acredito que tenha cortado, porque passei a mão e vi o sangue escorrendo.
Maldito!
O empurrei sobre uma das mesas e ele caiu no chão. Fui pra cima dele e continuei a socar sua cara de otário e ele, como um bom covarde, apenas tentava defender.
Ao perceber o desespero de Meg, me levantei.
-Aprenda a respeitar uma mulher, seu filho da puta!
Disse gritando e sentindo as mãos de Meg me puxando e me mandando parar.
Obedeci o que ela mandou, mas quando virei, o cuzão ainda continuou falando.
-Isso não ficará assim. Eu ainda te encontro por aí, Megan. Não aceito ser descartado por ninguém, como você fez comigo! Você também terá seu troco, doutor de merda. Mas no fundo vocês se merecem!
Além de ofender Meg, ele ainda está a ameaçando?
Ele ainda estava se levantando, quando virei pra ele e chutei suas costelas!
-Tente ameaçá-la novamente e seu menor problema será procurar um hospital. Você vai direto pro necrotério, seu babaca! - disse me abaixando e colocando o dedo em sua cara.
Meg me puxou, segurou meu rosto.
-Oliver, por favor. Vamos sair daqui. Você está machucado. Já chega!
-Tudo bem, Meg, vamos!
Peguei em sua mão e caminhamos para o corredor.
Mesmo tendo acabado de sair na porrada com o cuzão, a sensação de andar de mãos dadas com Meg é tão confortante...
-Oliver, vamos limpar esse machucado, antes que infeccione.
-Obrigado, Meg. Você está bem?
Quando Meg ia me responder, Marie para em nossa frente, mais precisamente na frente de Meg.
Que maravilha de noite!
-Satisfeita pelo que você causou ao Oliver, sua piranha?
Agora foi a minha vez de segurar Meg, conheço a peça.
Marie não sabe onde está se metendo. Quando estamos reunidos com nossa família, costumamos dizer que Meg é o pai de calças. É braba e irônica ao mesmo tempo!
-O que você quer agora, capivara com cara de égua e voz de telesexo?
Eu abaixei a cabeça e ri do desdém de Meg e do apelido...
-Solte o Oliver que eu vou subir pra cuidar dele, sua piranha! Vamos Oliver, vou cuidar você.
Quando eu ia pedir pra Marie se calar, para que as coisas não ficassem ruins para o seu lado, já era tarde demais!
Em um movimento rápido, Meg me soltou e partiu pra cima de Marie.
Meg lhe deu um tapa forte em sua cara, deixando sua marca ali. E, seguida pegou em seu pescoço.
-Já foderam com a porra da minha noite. Ainda bem que apareceu um bode expiatório pra eu poder descontar minha raiva. Agora, experimente encostar um só dedo em Oliver pra você vê o que eu faço com essa sua cara de égua. Me chame de piranha agora, vamos, valentona!
-Me solte, você está me machucando sua louca!
Fui pra cima de Meg para segurá-la.
-Você ainda não me viu louca, sua vagabunda, mal amada!
Agora saia da minha frente antes que eu te mostre como eu realmente sou louca!
Puxei Meg e vi Marie se aproximar de nós.
-Oliver, você não vai fazer nada, ela me machucou. - disse com a voz melosa.
-Marie...
Quando eu ia tentar dizer algo, Meg me interrompeu.
Meg se soltou de mim e a pegou pelos cabelos.
-Além de puta é surda, sua vadia? Eu não disse pra você não se aproximar dele?
Marie levou mais tapa na cara e eu puxei Meg.
Marie ainda tentou enfrentar Meg, o que foi em vão. Em meus pensamentos, pedi para Marie recuar. Meg é o cão quando está com raiva!
-Quero que vocês dois se fodam... Vocês se merecem!
Meg a empurrou contra a parede, segurando seu pescoço. E mesmo que eu estivesse tentando a puxar, essa mulher tinha forças do além. Fora as olhadas de repreenda que eu recebia de Meg.
-Eu já escutei isso hoje, sabia? E adorei saber! Agora recolha a sua insignificância e saia da minha frente, antes que eu te cause um estrago bem maior!
Meg larga Marie, que põe a mão no pescoço. Deu pra vê o estrago que Meg fez.
Meg por sua vez, ajeitou os cabelos, arrumou seu cropped e me deu a mão.
Deu de ombros, debochando da cara de Marie, rindo e eu supliquei pra Meg...
-Meg, vamos subir, pelo amor de Deus!
Meg é com raiva é o cão!
-Sim, vamos. Preciso limpar seu corte.
No caminho até o elevador, ficamos em silêncio, mas percebi que Meg não soltou minhas mãos e eu também não queria soltar. Pensei em como ela se transformou quando Marie tentou se aproximar de mim, assim como eu fiquei puto quando o cuzão lá ameaçou se aproximar de Meg.
O que a gente sente é muito claro. Somos nós dois que não damos o braço a torcer. Na verdade, até há alguns minutos atrás, porque enquanto dançávamos, deixamos claro o que sentimos e, em minha mente, já está decidido que não irei mais lutar contra o que sinto e farei o possível para ter Meg comigo.
Já dentro do elevador, Meg resolve romper o silêncio.
-Quando fizemos um brinde à nossa noite, não imaginei que seria tão agitada... Que maravilha! - seu humor ácido dando as caras.
-Nem eu, mas valeu a pena.
Me aproximei dela, novamente, passando a mão sobre o seu rosto. Queria me certificar de que ela não estivesse machucada.
Ela fez o mesmo comigo.
-Como pode vê, sem nenhum arranhão. Se tivéssemos competido, eu ganharia essa fácil!
Rimos juntos e quando eu tentei beijá-la, o elevador abriu.
Meg apertou os olhos um tanto contrariada.
Mas que merda de elevador!
Já em meu quarto, fomos direto para o banheiro.
Meg pegou um kit de primeiros socorros que havia em uma das gavetas, e começou a fazer a limpeza de meu machucado, com delicadeza e extrema maestria.
Ela me pediu para abaixar um pouco, devido a diferença de nosso tamanho. Então eu a peguei e coloquei-a sentada na pia.
-Meg, já está bom. -disse inquieto. A proximidade com ela, estava me deixando louco e eu não queria vacilar.
-Oliver, fique quieto. Mesmo sendo um corte superficial, a assepsia precisa ser feito direito. Do contrário, pode infeccionar!
Obedeço Meg e fico quieto. Quem diria, Oliver, você obedecendo uma mulher... cuspi para o alto e caiu na minha testa!
-Prontinho. Nem doeu, você que é seu frouxo!
Rimos juntos.
Percebi que Meg estava se preparando para descer da pia e eu pus minhas mãos sobre suas pernas, mas não de modo invasivo e desrespeitoso, apenas para que ela não descesse e ouvisse o que eu tinha para falar.
-Meg, mesmo com o fim de noite sendo um tanto desastroso, eu estou muito feliz por está com você e perceber que talvez estejamos sentindo a mesma coisa. Quando eu disse que não queria estragar tudo, é porque eu tenho medo de estragar toda a nossa história. O que eu sinto por você, eu jamais senti por mulher alguma, é algo totalmente novo pra mim. Você é especial e tem me cativado cada dia mais, me fazendo não querer ficar longe de você. E se em algum momento, algo em nossa história for quebrado, faço questão de juntar os pedaços e colá-los. Mas chega de mentir pra mim. Chega de mentir o sobre o que sinto por você!
Coloquei uma mexa de seu cabelo para trás e fiz um carinho em seu rosto.
-Oliver, há algum tempo eu também venho sentindo algo por você. Algo que jamais senti na vida, por homem algum. Hoje, naquele bar, quando eu o avistei, era como se fosse você lesse meus pensamentos, porque eu desejava que você estivesse ali. Quando dançamos, foi um misto de sensações. Está em seus braços nunca foi tão confortante para mim. Eu também estou com medo de estragar tudo, só que diferente de como eu pensava antes, hoje eu prefiro correr qualquer risco do que fingir que não sinto nada por você. Eu te amo!
Meu coração acelerava a cada palavra dita por Meg. Com ela sentada sobre a pia, apoio as mãos em sua cintura e tomo coragem para dizer aquilo que por muitas vezes eu tentei, mas nunca consegui...
-Meg, eu amo você!
Meg fica estática e seus olhos se enchem de lágrimas.
-Oliver, por muitas vezes eu também tentei fugir e mentir pra mim mesma. Já chega de fugir daquilo que eu sinto por você...
Oliver, eu o amo!
Meu coração acelerou ao escutar as palavras de Meg.
Não mais esperei e a beijei.
Nosso beijo não foi um beijo lento e muito menos calmo. Foi um beijo carregado de desejo, angústia, medo, felicidade e muita euforia.
Minhas mãos já estavam segurando os cabelos de Meg, enquanto suas unhas marcavam minhas costas, por baixo de minha blusa.
Eu nunca beijei uma mulher tão intensa como Meg...