Família Akasuna - MenmaNG

By Teleya_Inshinda

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Após a guerra ninja, Sasori e Sakura se envolvem e dessa união nasce um bebê. More

1 - Livre para ir ou ficar
2 - Quatro aninhos do Sasoshi
3 - O amor dos meus pais
4 - Especial Diário do Sasoshi (1)
5 - O coração que não se engana
6 - O que não se faz por bolo?

7 - A flor que não desabrochará

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By Teleya_Inshinda

E se tudo fosse diferente, e os dias silenciosos que passava no deserto não fossem gastos esticando fios, lubrificando dobradiças, fabricando veneno, e se em algum momento tivesse escolhido padecer no paraíso ao invés de viver eternamente na terra? Esses pensamentos iam e vinham no mesmo ritmo que a mão hábil passava a agulha pela pele morta e conservada do corpo a sua frente.

Há tempos aprendeu a ignorar essas dúvidas e sabia que nada mais eram do que uma pequena fração de humanidade que persistia em habitar seu corpo imortal. O preço que pagava por manter sua consciência em um corpo artificial. Não sentia sede, mas conhecia a referência de uma água gelada, não sentia fome, mas lembrava o gosto de seus pratos preferidos... Apesar de sua carne não pedir mais por contato humano, sua mente ainda o incomodava com pensamentos inoportunos sobre a beleza da mulher deitada a sua frente.

Puxou o lençol cobrindo seu projeto dos pés a cabeça, se afastando do que o perturbava. Era lindíssima, com seus cabelos rosados e pupilas verdes vibrantes, nunca via visto uma paleta tão extravagante e tão bem ornada como aquela. Tinha olhos, boca e nariz muito delicados, mas suas suaves linhas de expressão davam um ar de força e determinação a jovem. Não havia tido tempo suficiente para macular demais sua pele com cicatrizes como é comum acontecer com ninjas, nem tão pouco foi burra para se marcar de forma proposital. Perfeita, em cada detalhe. Simplesmente uma flor pronta para ser embalsamada.

— Sua beleza não te faz uma arte. Você é apenas a matéria-prima, a tinta do pincel. Serei eu o verdadeiro artista que revelará e preservará suas qualidades. Eu te farei gloriosa... — Suspirou cansado, não era do tipo que fala sozinho, mas longe de seu companheiro às vezes sucumbia a mais esse vício vulgar. — Eterna como eu.

Levou dias até que estivesse disposto a retomar o trabalho. Obviamente todo o processo de conservação estava pronto desde os primeiros dias em que chegou ao esconderijo com sua presa, porém a parte mais trabalhosa e crucial começava na parte em que conferia "personalidade" para sua marionete.

Tal qual um escritor, passava algum tempo montando um passado ideal para a boneca, se baseando nas poucas pistas que tinha e em seus desejos de colecionador. Afinal, cada peça deveria ser autêntica, singular.

Porém, de algum modo essa moça não lhe inspirava respostas, apenas mais e mais perguntas.  Afinal o que a levou a arriscar e perder a vida daquela maneira? O dever como ninja era óbvio deduzir. Não! Aquele jeito de olhar tinha paixão, e não era por homem ou ideal, era algo mais íntimo e interessante.

Sorriu ao pensar em como a elogiou durante a luta. Era forte, destemida, um tanto tola, mas com talento excepcional para medicina.

Andou até seu corpo e tomou sua mão. Com a delicadeza de um servo dedicado, uma a uma lixou as unhas rachadas. Era uma das poucas partes que teria de ser restaurada, pois não se poder ser ninja e manter as unhas preservadas. Escolheria um esmalte cor de relva que combinaria muito bem com suas íris.

— Você deveria ter ficado nos consultórios onde é seguro e seu futuro seria bri... Que merda estou pensando? Você apodreceria entre os enfermos e perderia tudo que a faz especial... — Irritou-se sem saber bem com o quê.

Queria terminá-la. Po-la em uma prateleira, ainda se a incomodasse demais com sua expressão vitoriosa de quem continua travando uma batalha mesmo na morte, em uma caixa. Só sabia que tinha que partir para outra conquista logo.

O problema era que não se apressa um artista. Ele jamais abandonaria um trabalho tão lindo pela metade, tão pouco faria sem capricho em cada detalhe.

Quando deu por si o tempo era irrelevante a um ponto que jamais imaginou. Semanas, talvez anos? Não fazia ideia de quanto ficou entocado ali, mas sua obra estava pronta para o ponto final.

Esticou cuidadosamente os fios que dariam movimento a Sakura, a pôs de pé.

Era pequena e adorável. Sentiu um impulso de abraca-la e cedeu sem excitação, percebendo caber perfeitamente no seu abraço.

O pensamento mais perturbador que já teve em sua existência aconteceu bem ali. Ela parecia segura envolvida por ele, pronta para dividir todos os seus segredos. Parecia querer falar e pedir seu auxílio para desenvolver todo o potencial que demonstrou em batalha. Estava pronta para desabrochar e revelar sua melhor versão.

— Não existe, não existe... Nunca vai haver nada melhor do que a inocência dos seus 17 anos... Não é nem mesmo uma mulher... — Chorou, mas apenas com sentimento, pois lagrimas não tinha para derramar. — Eu a podei cedo demais, eu arranquei um botão de flor e não vou ter, não vou ver... Nada...

Estava condenado a não apenas viver a solidão da eternidade, mas também eternamente arrependido pela sua "primavera sem flores".

Mãos trêmulas e suadas deslizaram pelo corpo quente de Sakura. Estava acordada, porém, preferia fingir não sentir enquanto Sasori investigava suas curvas.

— Abra os olhos! — O tom sempre exigente dessa vez tinha um ar sôfrego que o fez ainda mais urgente.

Ela rolou na cama se virando para ele em silêncio. Ainda não sabia lidar muito bem como aquele homem. Nem sabia o que eram. Namorados, ficantes? Deixava para ele o peso de todas as decisões enquanto apenas curtia essa paixão que imaginava ser o ápice dos seus 20 e poucos anos. Não durará, repetia para si mesma se espreguiçando lentamente.

— Eu decidi aceitar sua oferta. Vou te fazer imortal do seu jeito. — Levantou bruscamente para não ter que responder a nenhuma pergunta. Afinal, ela era a resposta para todas e não queria jamais ter que revelar.

De um instante para o outro a ideia absurda proposta em um momento de insanidade por paixão iria virar realidade. Sasori iria dar um filho a ela... Cobriu-se até a cabeça com o lençol e voltou a dormir, precisava ter certeza de que aquilo não era um sonho.

Naquele tempo não sabia, mas os medos revelados naquele pesadelo acompanhariam o homem para sempre. Quanto tempo quer que isso significasse.

Obs.: A Sakura só tem 16 no sonho, no presente real ela é adulta.
Isso porque no sonho ela morreu na batalha contra a Akatsuki

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