Emily Black
Ela acordou no dia seguinte ainda muito cansada, mas mesmo assim levantou da cama, quando desceu para tomar café, sua mãe e seu pai já estavam na mesa como de costume.
-Bom dia filha, e como foi o baile de ontem? -Perguntou seu pai, ela queria dizer que não foi como esperava e que quase foi assediada por um homem mais velho que seu pai, mas desse jeito ela nunca mais voltaria em outro baile, então ela disse.
-Foi incrível pai, tudo que imaginei e mais um pouco. -Disse tentando parecer convincente.
-Que ótimo, filha. -Disse sua mãe. -Alias, tem visita para você!
-Para mim? Quem?
-Quem mais seria? Seu noivo! -Disse sua mãe suspirando.
-Ele está na sala? Se me derem licença. -Emily foi até a sala e viu Vinícius sentado no sofá. -Que surpresa você hoje aqui. -Disse ela se sentando ao seu lado e sorrindo feliz.
-Sei que hoje não é dia de nós encontrarmos mas...eu tenho certeza que você estaria muito animada para contar tudo sobre o baile e não iria se aguentar até segunda feira.
-Fico feliz que você me conheça tão bem. -Entao Emily contou tudo para Vinícius, até a parte do homem misterioso que a segurou e depois desmaiou.
-E como ele estava? -Perguntou Vinícius
-Eu...não sei, não consegui prestar atenção pois eu estava procurando Daisy e o Jorge.
-Você tem que tomar mais cuidado, baile pode ser um lugar perigoso para pessoas como você. -Disse Vinícius rindo.
-O que você quer dizer? -Perguntou Emily
-Quer dizer, pessoas vão para bailes com outros... interesses. Você só foi para se divertir, as mulheres não vão com essa finalidade. -Disse ele se atrapalhando nas palavras.
-Entendi que eu não sou uma mulher adulta, aposto que você ainda me vê como uma criança. -Disse ela cruzando os braços sobre o corpo.
-As vezes sim, mas isso não é um defeito. -Disse ele rindo.
-Já que estamos aqui... -Disse Emily para mudar de assunto. -Podiamos dar uma volta?
-É claro. -Disse ele lhe entendendo o braço. -Não devíamos avisar seus pais primeiro?
-Não se incomode com isso. -Disse ela saindo atravessando o jardim e andando pela calçada. -E ontem, como foi sua noite?
-O que quer dizer com isso? -Perguntou Vinícius confuso.
-Só perguntei o que você fez ontem.
-Nada, o que eu poderia fazer? -Disse ele desviando do seu olhar.
-Eu não sei, eu só perguntei para passar o tempo. -Disse Emily suspirando, Vinícius estava mais estranho do que o normal hoje. -Aconteceu alguma coisa? Você está estranho hoje. -Ela perguntou mas ele não respondeu, viu o mesmo olhar para o outro lado da rua onde havia dois homem parados e pareciam estar olhando para eles.
-É melhor a gente voltar... -Disse ele se virando e andando depressa.
-Vinicius? O que aconteceu? -Disse Emily não conseguindo acompanhar o passo dele.
-Emily? -Quando ela escuta seu nome ser chamado atrás dela, no mesmo minuto ela para no lugar. Quando ela se vira vê dois homens em sua frente, um alto e outro mais baixo, o alto estava olhando para o chão mas mesmo assim ela conseguiu reconhece-lo.
-É você não é? O homem que me ajudou ontem. -Disse Emily sorrindo, mas o mesmo não lhe respondeu, nem ao menos lhe olhou nos olhos.
-Desculpa incomodar, eu e o meu amigo estávamos passando e vimos você, ele queria se desculpar por ontem. Aliás, eu me chamo George Bene, é um prazer. -Disse ele apertando a mão de Vinícius e dando um beijo na mão de Emilly, mas ela não conseguiu tirar os olhos do outro homem ao seu lado. -E esse é Willian Car...
-Somente Willian... -E nessa hora ele olha para ela, e Emily jura que viu um brilho diferente no olhar dele, como se ele estivesse...admirado com ela. Ele estende a mão e ela aperta levemente, ele cumprimenta Vinícius mas ainda olhando para ela.
-Obrigada por ajudar minha noiva ontem a noite. -Interveio Vinícius fazendo Willian desviar o olhar de Emily.
-Não por isso. -Disse Willian assentindo, e nessa hora Willian olha para Vinícius e da dois passos para trás, George o segura antes do terceiro passo.
-Esta tudo bem? -Perguntou Emily se aproximando. Mas Willian apenas assente com a cabeça e diz.
-Foi um prazer Emily -Ele disse e se vira para ir embora.
-Eu... nós...até logo. -Disse George se virando e indo atrás do amigo.
-O que foi isso, você conhecia eles? -Perguntou Vinícius confuso.
-Não... na verdade não.
-Estranho, aquele George me parecia muito familiar... -Disse Vinícius.
-Jura? -Perguntou Emily ainda olhando os dois se afastarem.
-Deve ser impressão minha. Você devia tomar cuidado...
-Porque você diz isso?
-Aquele Willian...estava te olhando muito estranho...como se estivesse interessado.
-Interessado em mim? -Perguntou Emily rindo.
-Sim. -Disse Vinícius, mas ele não parecia bravo.
-Não precisa ficar com ciúmes, eu já sou noiva lembra? -Brincou Emilly.
-Não estou com ciúmes. -Disse Vinícius rindo.
Ele a deixou em casa com um beijo na testa e foi embora, mas Emily não conseguiu tirar da cabeça o que ele disse...que Willian parecia interessado nela. Quando entrou na sala de jantar, seus pais ainda estavam tomando café. Ela se sentou no lugar de sempre e suspirou.
-O que foi dessa vez? -Disse sua mãe que a conhecia muito bem, sabia que um suspiro seu significava que ela estava pensativa.
-E se...eu tivesse mais pretendentes...
-O que quer dizer? -Perguntou sua mãe, até o momento desinteressada.
-E se além do Vinícius...eu tivesse mais pretendentes?
-O que você quer dizer com isso filha? -Perguntou seu pai confuso.
-Quer dizer...eu entendo que é uma tradição de família mas...as outras pessoas tem... opções! E se eu também tivesse?
-Bom filha, essa tradição nos ajuda a casar nossas filhas com pessoas de boa índole, homens que desde o início se comprometem ao casamento, não são todos os homem de fora que tem boas intenções, você entende? -Explicou seu pai se perdendo nas palavras.
-Eu...sim, tem razão! -Disse ela se servindo de uma xícara de chá.
-Bom, escute bem o que vou lhe dizer! Amanhã, todos nós vamos ao baile, Jorge nos convenceu a irmos todos juntos pelo menos uma vez. -Disse sua mãe.
-Isso é ótimo! -Disse Emily comemorando. Mas o primeiro pensamento que veio em sua cabeça era se Willian estaria lá.
Willian Carter
-Espera! Willian... -Disse Bene atrás dele.
-Aconteceu de novo! -Disse ele suspirando.
-Isso é bom certo? Mostra que não é coisa da sua cabeça e que realmente ela pode ajudar.
-Aconteceu algo diferente dessa vez. -Disse ele parando no caminho e olhando para o amigo.
-O que?
-Quanto mais tempo eu olhava para ela...mais...nítido ela ficava e quando eu olhei para...o noivo dela pela primeira vez ele estava embaçado mas depois ao olhar mais para ela...
-O que aconteceu Willian?
-Pode ser coisa da minha cabeça mas...foi como se ele tivesse ficado... um pouco mais... visível.
-Isso é... é isso! Quanto mais tempo você olha para ela, mas nítido ela deixa as coisas, é isso Willian, Emilly é a cura. -Disse Bene como se tivesse descoberto algo incrível.
-Isso é impossível!
-Não me diga que é mais uma coincidência!
-Mesmo que...não seja, o que eu iria fazer? Ela é uma estranha, está noiva e tem 18 anos, eu não posso ficar...por perto.
-Tem que ter um jeito! Espera! Eu tenho uma ideia, vamos!
-Onde vamos Bene? -Disse Willian o seguindo.
-Nos vamos ver uma pessoa.
***
Willian podia dizer com toda certeza que aquele era o lugar mais estranho que já foi, ficava nos fundos de um bar, com vários ossos pelo chão e pendurado no teto, que Willian precisava se abaixar para entrar.
-Lady Mirtes? -Disse Bene a uma senhora em sua frente, a mesma somente levantou a cabeça e fez um sinal com a mão para eles se aproximarem. Bene senta na cadeira frente a mesa onde a senhora estava apoiada.
-Sente-se Carter. -Disse a senhora olhando para Willian, onde o mesmo se sentou com certo receio.
-Como sabe meu nome?
-Você meu jovem, é a cara de sua mãe. -Disse a senhora sorrindo para ele.
-Conheceu a minha mãe?
-Eu conheço todo mundo meu jovem, diga-me, o que lhe trouxe aqui.
-Meu amigo, ele precisa de conselhos. -Disse Bene dando um tapa no ombro do amigo.
-Vejo que ele precisa, está confuso e desconfiado, recentemente saiu do seu lugar confortável, foi colocado em uma situação difícil, não é mesmo meu jovem?
-Como você... -Disse Willian se ajeitando na cadeira.
-Eu sinto algo em você...uma maldição!
-É isso mesmo! -Disse Bene confirmando.
-Eu vejo um acidente...uma maldição e...eu vejo tudo embaçado...mas...eu vejo uma mulher, sim é uma mulher, jovem, bonita, essa mulher brilha, ela espantou a escuridão e iluminou tudo.
-Eu... -Comecou Willian, mas no final ficou em silêncio.
-Ela... é a cura. -Disse a senhora segurando as mãos de Willian.
-Eu lhe disse! -Disse Bene se levantando. -Muito obrigada Lady Mirtes.
-Eu... -Comecou Willian mas logo parou e seguiu Bene até a saída. -O que aconteceu ali dentro? -Perguntou William quando os dois saíram.
-Lady Mirtes disse que Emilly é a cura!
-Não, ela não disse que era a Emily, ela disse que era uma mulher! E quem diabos era ela afinal?
-Lady Mirtes é uma vidente! Sou surpreso que você não a conheça!
-Você espera que eu acredite em uma vidente? Bene por favor!
-Willian! Estamos desesperados! Eu não posso acreditar que você não esteja curioso sobre Emily, ela não é uma mulher qualquer, aquela mulher abre seus olhos, literalmente!
-Bene, eu agradeço muito sua ajuda, mas eu não vim para resolver essa questão, eu preciso voltar para a casa, eu preciso voltar para meus tios, eles devem estar preocupados.
-Por favor Willian! Até eu fiquei curioso sobre essa mulher!
-Bene, eu...eu preciso resolver algumas questões da casa, não posso me distrair disso, eu prometo que... quando tudo estiver resolvido, eu lhe aviso.
-Só...não vá embora sem se despedir...de novo. -Disse Bene lhe dando um soco de leve no ombro.
-Não irei, prometo.
William se despediu de Bene e fez o que deveria ter feito a muito tempo, resolver a questão da sua casa.
Por mais que não voltasse nessa cidade há anos, tudo ainda estava no mesmo lugar, inclusive a casa do advogado de sua família Roben, onde ele e seu pai passavam várias tardes ali, quando bateu na porta, Roben o reconheceu na mesma hora.
-Carter! E um prazer te ver novamente! Seus tios avisaram que você vinha, vamos entre.
-Obrigada Robin, desculpe a demora, eu devia ter vindo ontem mas tive enormes... imprevistos.
-Eu imagino, muito tempo longe de casa. Mas vamos ao que lhe interessa, sente-se. -Disse Roben já atrás de sua tão familiar mesa de negócios. -Eu sei que você não tem interesse em...se manter na casa que lhe foi deixado de herança, conheço seus planos de venda mas creio que haja um impedimento para tudo isso.
-E qual seria?
-Bom na verdade acredito que seus pais tenham colocado muito fé em você e acreditado que nessa idade você já teria mais filhos do que eles mesmos tiveram então colocaram no testamento você...e sua atual esposa.
-Mas eu não sou casado.
-Este é o problema, para herdar a casa você precisa estar necessariamente casado onde você ficaria com a casa e sua esposa com a herança em dinheiro.
-Isso é sério? Eu... preciso me casar?
-Lamento que sim.
-Bom Roben, eu necessito muito desse dinheiro, meus tios...não estão nada bem, e como sabe não tenho dinheiro, os meus planos são vender a casa e usar o dinheiro para a recuperação dos dois, não tem outro jeito?
-Sinto muito, assim que se casar, poderá passar aqui e assinar todos os papéis, caso sua futura esposa aceite, ela poderá passar todos os bens destinados a ela a você. Por enquanto, a casa e sua para uso, mas a venda somente após você ser um homem casado legalmente.
-Eu... entendo. Obrigada Roben.
-Estou ao seu dispor Carter, foi bom ver você.
Assim que Willian saiu ele soltou um suspiro exasperado. Não sabia o que iria fazer, se casar estava no final dos seus planos, planejava somente vender a casa e ficar com seus tios, aqueles quem tanto o ajudou nesses momentos difíceis, mas agora, teria que encontrar uma esposa, pelo jeito ficaria mais tempo ali do que pretendia e...
-Perdao... -Disse alguém quando esbarrou em Willian, ele se virou para olhar mas o homem já estava de costas, mas era estranhamente familiar, o homem entrou em uma bar, como estava frio e William não sabia para onde ir, entrou atrás do homem, viu o mesmo cumprimentar um homem com um abraço caloroso e olhou para trás antes de entrar por uma porta com esse homem e desaparecer do bar.
-Posso ajudar? -Perguntou o homem do outro lado do balcão.
-Eu...preciso de algo forte. -Disse Willian se sentando.
-Sei do que você precisa. -Disse o homem colocando um copo em sua frente e o enchendo com um líquido marron, Willian o virou de uma vez só e o sentiu queimar sua garganta enquanto descia. -Nunca te vi por aqui.
-Não sou... daqui. -Disse ele suspirando.
-Nessa bar, ninguém é... daqui. Se é que você me entende. -Disse o homem enchendo seu copo novamente. Willian olhou ao redor, não conhecia ninguém ali, não sabia mais em que copo estava, só sabia de sentir um cheiro familiar e olhar para trás e ver o mesmo homem sair do bar, quando se virou, viu um homem alto, loiro e jovem sair pela porta onde os dois entraram e sentar-se ao seu lado.
-Dia ruim? -Disse ele enquanto seu copo era preenchido até o topo.
-Você nem imagina. -Disse Willian colocando três moedas em cima do balcão e saindo do bar.
Foi direto para a casa de Bene, assim que bateu na porta, Carolaine quem abriu.
-Oh, olá Carter, achei que já tinha ido embora. -Disse ela ainda com a porta entreaberta.
-Eu preciso de ajuda, eu preciso me casar. -Por mais que Willian não pudesse ver, ele sabia que os olhos de Carolaine brilharam naquele momento.
-Não fique aí parado, vamos entre! -Disse ela lhe dando espaço.
Willian já estava se arrependendo da ideia.
Continua...