Em Nome do Amor ✔(Concluída)

By LSCOWEM

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(CAPA ATUALIZADA) Uma releitura de Betty, a Feia. Anielle tem muitos objetivos... Um deles, salvar a sua mãe... More

AVISO É BOM E TODO MUNDO GOSTA.
Booktrailer
00|Cast
1|𝘛𝘳𝘺
2| Secrets
3|𝘗𝘢𝘤𝘪𝘧𝘺 𝘏𝘦𝘳
4|𝐸𝑙𝑎𝑠𝑡𝑖𝑐 𝐻𝑒𝑎𝑟𝑡
5|𝐻𝑢𝑚𝑎𝑛
6
7|𝐹𝑖𝑔ℎ𝑡 𝑆𝑜𝑛𝑔
8|𝑀𝑒𝑟𝑐𝑦
9|
10
11|A noite
12|𝘞𝘩𝘰 𝘠𝘰𝘶 𝘈𝘳𝘦
13|𝘞𝘩𝘰 𝘠𝘰𝘶 𝘈𝘳𝘦 -Part 2
14|𝑆𝑐𝑎𝑟𝑠 𝑇𝑜 𝑌𝑜𝑢𝑟 𝐵𝑒𝑎𝑢𝑡𝑖𝑓𝑢𝑙
15|Can I Be Him
16|Alone?
17|𝐸𝑛𝑒𝑚𝑦
18
19|The Great War
20|Enemy
21|Bohemian Rhapsody
22|Não Fosse Tão Tarde
23|Here With Me
24|All the Things She Said
25|As It Was
26|Bones
27|Apologize
28|Memories
29|What Was I Made For?
30|In My Blood
31|People You Know
32
33
34|One Day
35|Something's Gotta Give
36|Stay
37|Made You Look
38|I Think I'm In Love
39|She Knows
40|Ho Hey
41|Show & Tell
42
44|It's My Party
45|A Thousand Miles
46|How Do I Say Goodbye
47|Broken
48|Medicine
49|Continue a Nadar
50|Wouldn't It Be Nice
51|Everybody Wants To Rule The World
52|Another Love
53| Meio Termo
54|Vejo Uma Porta Abrir
55
56|Stuff We Did
57|Você Me Usava
58|Tattoo
59|Sinônimos
60|Rescue
61|Minefields
62|In The Name Of Love
63|Always
EPÍLOGO ( Chuva de arroz)
Posfácio

43|Touch

277 32 33
By LSCOWEM

𝐎𝐧𝐝𝐞 𝐦𝐞𝐮 𝐜𝐨𝐫𝐚𝐜̧𝐚̃𝐨 𝐫𝐞𝐜𝐨𝐦𝐞𝐜̧𝐚, 𝐞𝐧𝐪𝐮𝐚𝐧𝐭𝐨 𝐦𝐢𝐧𝐡𝐚 𝐯𝐢𝐝𝐚 𝐫𝐞𝐩𝐫𝐢𝐬𝐚?

____

No sábado, recebi uma mensagem de Josh e fiquei muito preocupada.

Você pode vir aqui? É muito importante.

Fiquei pensando que devia ser algo com Neo.

Chego em meia hora.

Josh não falava mais comigo desde que descobri que ele era filho de Paul. É isso que me deixou assustada. E a parte " É muito importante" me apavorava.

Quando cheguei na rua das nossas casas, o carro de Josh estava estacionado na garagem da minha casa, e não na casa dele.

Estacionei no gramado e desci do carro. Estava nervosa, muito nervosa, e conseguia sentir as veias pulsar nos pulsos.

Meu coração saltou quando notei Josh na porta dos fundos.

― O que aconteceu? ― perguntei nervosa, enquanto subia os degraus da varanda.

― É a sua mãe.

― Ah, meu Deus, o que aconteceu com ela? ― perguntei tentando segurar o choro.

Josh segurou meu braço como se quisesse me acalmar.

― Calma, Anie. Desculpa; devia ter te dito pelo celular. Ela está aqui. Voltou para casa.

Quase chorei de alívio.

Ele parecia hesitante, mas continuou:

― Os rins da sua mãe entraram em falência, Anie. A diálise não está ajudando muito porque ela pegou uma infecção que está no sangue. Disseram que os momentos lúcidos dela são bem poucos e que a tendência é ficarem menores.

― E por que então ela está em casa? Por que não está no hospital?

Josh soltou um suspiro.

― Eles disseram que está na hora.

― Na hora? Na hora de quê?

Ele baixou os olhos. Depois olhou para mim.

― Sua mãe pediu para me chamarem no hospital. Falei com o médico dela e a conselheira do hospital. Eles disseram que seria bom trazer sua mãe para casa e deixá-la confortável, controlar as dores dela...

Recuei. Aquilo parecia uma brincadeira de mal gosto.

― Cuidados paliativos, você está falando.

― Sim. Anie, eles acham melhor...

― Está dizendo que eles mandaram ela para morrer em casa?

― Era uma opção. Sua mãe concordou.

Eu havia começado a chorar.

― Como você pôde concordar com isso? E por que não me avisou antes? Eu poderia ter impedido.

― Ela sabia que você não ia concordar. Você conversou com ela? Sabe o que ela quer?

― É, agora eu sei! Ela vai voltar para o hospital agora...

― Anie, já está na hora de você reconhecer...

― Não, não está na hora de nada!

Josh abaixou a cabeça e suspirou. Quando levantou novamente, olhou para mim. Sua voz estava suave; os olhos, gentis.

― Anie... sua mãe está morrendo, e isso não está mais nas suas mãos. Você fez tudo que pôde. Talvez... talvez você deva aproveitar o tempo que tem com ela.

Minha cabeça estava girando. Olhei para ele horrorizada. Como ele podia dizer aquilo?

― Quem você acha que é para me dizer isso? ― Eu estava furiosa. E o empurrei com força. ― Quem você acha que é para tomar essa decisão por mim?

― Sua mãe me pediu isso; ela é minha madrasta, tinha que fazer isso por ela.

Meus olhos estavam nublados pelas lágrimas.

― Quer saber? Vai se ferrar. Vai se ferrar! Você só faz merda. Igual seu pai. Vai embora daqui. ― Meu choro se tornou sufocante, passei por ele correndo, abri a porta e subi a escada para o quarto.

A porta estava fechada. Sequei o rosto, respirei fundo e entrei. Minha mãe estava na cama abraçada com Neo, que estava dormindo com a cabeça deitada no seu peito.

Os olhos dela rolaram para mim quando entrei, estava fundos e avermelhados, e tentei esconder a vontade de chorar.

Ela parecia tão normal, apesar da palidez e pupilas enormes.

― E aí? ― Minha voz saiu trêmula e baixa. Mesmo assim, tentei sorrir.

Ela então sorriu de volta. Um sorriso lindo, lento e cheio de carinho.

Naquele momento enxerguei minha culpa. Em Josh indo embora, em Neo dormindo no colo da minha mãe. Em mim. A morte é um processo natural da vida, e a pior dor está em negar isso a si próprio.

Me aproximei da cama e subi, colocando o braço ao seu redor. Tentei só pensar em coisas boas, nos momentos bons que vivi com ela. Então uma voz lenta sussurrou no meu ouvido.

― Senti sua falta.

Meu coração se quebrou lentamente. Minhas lágrimas desceram desesperadamente. Achei que não ia aguentar.

― Você é mesmo uma chorona ― murmurou ela, os lábios encostando no meu cabelo.

Queria pedir pra ela não ir, não morrer, mas não estava em suas mãos.

― Olha pra mim, meu bem.

Balancei a cabeça, apertando os olhos em seu peito.

― Por favor, filha. ― Ela ergueu o braço e tocou meu cabelo. ― Não é sua culpa. Você fez tudo que pôde.

― Mas não foi o suficiente...

― Vou dizer para você o que li em um livro uma vez, entendeu? Quero que você continue a nadar. A vida pra você continua.

Não vou nadar sem você.

Levantei a cabeça. Tentei de alguma forma dizer através dos meus olhos que ela não deveria ir embora. Eu precisava dela.

― Não posso concordar com isso. Em... só esperar.

― Filha, isso não depende de você. ― Ela sorriu tristemente e eu vi lágrimas em seus olhos verdes. ― Você precisa entender isso.

Era isso que fazia doer ainda mais. Eu entendia.

Ela afastou meu cabelo para trás e secou minhas bochechas.

― Eu sei que seu aniversário é só amanhã ― ela murmurou, se inclinou, pegou uma embalagem na mesinha de cabeceira e me entregou ―, mas essa parece uma boa hora para te dar este presente.

Era grande e retangular, tipo um caderno, embrulhado em um papel colorido. Peguei, retirando o embrulho, que revelou um scrapbook com o meu nome escrito grande e rosa na capa, e uma frase Em Nome do Amor logo abaixo.

Abri.

As primeiras páginas haviam recortes de fotos de cada ano da minha vida, juntas de recortes de desenhos que eu gostava de assistir. Ela desenhou ao lado algumas brincadeiras que eu adorava.

Tinha fotos do meu primeiro aniversário; primeiro dia de aula; primeiro dia na faculdade; no emprego. Mais recentemente, a foto dela abraçada comigo e Neo, pouco antes de descobrirmos o câncer. A mesma foto que está em um quadro na cozinha.

Folheei as páginas e vi fotos que contavam nossa história, nossas lembranças de tempos que não voltam mais.

Tinha uma foto dela com o meu pai, os dois deitados num gramado, sorrindo para câmera.

― Essa eu nunca vi ― falei.

― Eu achei perdida ― respondeu ela, enquanto eu passava as páginas.

Sorri, enxugando as lágrimas. Toquei uma foto nossa quando eu tinha quatro anos, ela derramava chantilly na minha boca, ela uma jovem de dezenove anos, parecia minha irmã.

― Queria poder voltar no tempo ― falei, secando o rosto novamente.

― Eu também. ― Ela respirou fundo, sorrindo com aqueles olhos verdes. ― Sabe, acho que tem uma lata de chantilly na geladeira.

Sabia o que queria dizer.

Levei algum tempo para me acalmar. Assoei o nariz e respirei fundo. Então me levantei da cama, desci a escada, interrompendo meu caminho até a cozinha porque meu estômago se contorceu.

Afundei nos azulejos do banheiro e fiquei com a cabeça enfiada na porcelana branca até ter certeza de que havia colocado tudo para fora.

Depois consegui ir até a cozinha e peguei o chantilly na geladeira. Quando voltei, Neo estava acordado. Tive noção de que as coisas não eram para ele igual eram para mim. Em mim tudo doía e já estava sentindo a perda da minha mãe antes mesmo de perdê-la, e ele só estava feliz porque ela tinha voltado para casa.

Eu me deitei e olhei para eles. Lembrei-me de Josh. Talvez você deva aproveitar o tempo que tem com ela.

Era isso que eu tinha de fazer.

Envolvi meus braços em volta dela, braços, pernas entrelaçados, mantendo-nas fortemente entrelaçadas e chamei Neo para se juntar a nós.

Eu peguei a mão dela, juntei meus dedos e a beijei enquanto os seus apertavam os meus.

Ela me olhou e os seus olhos brilharam.

― Ah, não, você não vai fazer isso de novo.

Mas era tarde demais. As lágrimas já tinham nublado meus olhos e meu rosto estava completamente molhado.

Neo ergueu a mão e secou minhas lágrimas.

― Você é uma chorona.

Minha mãe riu e ajudou Neo com as minhas lágrimas.

― Ela é mesmo. É porque amanhã ela está ficando mais velha.

― Ah! ― exclamou Neo. ― Eu tenho que fazer o presente da Anie! Josh vai me ajudar.

― Ah, não precisa, Neo ― falei.

― Precisa, sim! É uma coisa muito legal. Posso ir pra casa de Josh, mãe?

Minha mãe bagunçou o cabelo dele e assentiu.

― Claro, meu bem. Aproveita e chama ele pro aniversário da sua irmã amanhã.

Virei a cabeça para ela, tão surpresa quanto Neo.

― O quê?

― Vai ter festa? ― Neo perguntou.

― Vai ter um jantar especial. E vai ser muito legal.

― Eu vou contar pro Josh! ― exclamou Neo com alegria, desceu da cama e saiu correndo do quarto.

Fui até a janela para observar Neo chegar até lá. Depois virei-me para minha mãe.

― Pode explicar o que foi isso?

― Pensei em você chamar sua amiga Layla para comprar algumas coisas, queria fazer alguns pratos brasileiros.

― Rá! ― exclamei rindo. ― Até parece que você vai cozinhar. Eu aceito o jantar, mas deixa que eu cozinho.

Ela fez que não com a cabeça, mas quem decidiria isso seria eu. Seria provavelmente o meu último aniversário com ela. Tinha que ser especial.

Voltei para a cama.

― Desobediente.

― Sou mesmo.

Ela riu e pegou a lata de chantilly. Apertou a válvula e despejou na boca, depois fez o mesmo na minha, assim como fazia quando éramos só nós duas.

― Vamos lá, me conta o que está acontecendo na sua vida ultimamente.

Mordi o lábio até ela pedir a mesma coisa novamente.

― Ah, nada demais.

― Deve ter algo interessante. Você e o Joshua.

Engoli em seco.

―Ah, não era pra ser.

― Não? Ele te ama.

― Não consigo retribuir.

― Não é porque ele é filho do Paul, não, né?

― Acho que não. ― Peguei a lata da mão dela e despejei um pouco de chantilly na minha boca e devolvi. ― Só não era pra ser.

Ela ficou encarando a lata. Depois olhou para mim.

― Quem é a outra pessoa? Ou melhor, pesso-o.

Ri, limpando os lábios.

― Você me conhece.

― Claro, eu te pari. É do seu emprego?

― Sim.

― E você gosta dele.

― Muito.

― Mas...

― É complicado.

― Porque...

― É meu chefe.

Ela parou.

― E já aconteceu alguma coisa entre vocês?

Pensei por um tempo.

― Algumas vezes. Principalmente na semana retrasada.

― Hum. Não sei se quero ouvir o que vem a seguir ― disse ela.

― Fizemos algumas coisas ultimamente. ― Passei a mão no rosto. ― Bom... pra ser mais exata, a gente transou.

― E isso é ruim? ― perguntou ela, depois de um minuto.

― Ele é meu chefe... Acho que ele gosta um pouco de mim, mas eu sei que não vai funcionar.

Peguei mais chantilly.

― Por que não?

― Porque eu sei que não. ― Passei a língua nos lábios. ― Nunca funciona.

Ela ficou esperando, como se soubesse que havia algo a mais.

― Acho que ele só fez o que fez porque sabe que eu gosto dele. É tudo pra encher o ego dele porque ele levou um chifre da ex-noiva.

― E se não for isso?

― Eu sei que é.

Ela deitou a cabeça em meu ombro e ficamos ali, olhando a árvore do outro lado da janela.

― Mas se não for? ― ela perguntou, segurando a minha mão.

A frase girou na minha cabeça.

Mas se não for?

Ela deu uma batidinha na minha bochecha.

― Chame seus amigos para o jantar amanhã, para eu conhecê-los. Só conheço Joshua e Layla.

― Provavelmente porque eles são os únicos amigos que eu tenho.

― Duvido muito. ― Ela pegou mais um pouco de chantilly. ― Deve ter alguém que eu ainda não conheça. Alguém que você considere.

Pensei nas The five mas não gostei da ideia de uma delas dentro da minha casa. Principalmente Eleanor.

Fiquei encarando o teto. Então desci da cama, peguei meu celular e liguei para Margot. Ela era alguém que eu considerava.

■■■


Acordei com uma mão pegajosa batendo no meu rosto. Pisquei e tentei afastá-la, mas havia um peso em meu peito. Ele ficou mais pesado ainda. Uma mão me deu um tapinha novamente. Meu coração disparou. Abri os olhos depressa, mas era Neo.

Suspirei aliviada.

― Feliz aniversário!

― Ah... Oi, Bolinha de Queijo ― resmunguei.

― É seu aniversário!

― É, eu sei. Será que você pode sair de cima de mim?

Quando estava liberta, sentei, esfregando os olhos. Ele me entregou uma caixinha preta muito pequena.

― Pra mim?

― É seu presente de aniversário. Josh me ajudou a fazer.

Dava para perceber que era uma caixinha de fósforo pintada de preto ― muito bem pintada. ― Havia o que parecia ser um pedaço de palito de picolé, também pintado de preto colado na lateral escrito Open, e quando se puxava, um coraçãozinho preso à uma pequena mola saltava para fora da caixa com a frase Love u. As letrinhas trêmulas cursivas de Neo.

Eu já estava louca para usá-lo como chaveiro.

Meus olhos se encheram de lágrimas.

― Obrigada, Neo. ― Dei um abraço de urso nele. Ele ainda tinha cheiro de bebê. ― Você é muito fofo.

O sorriso banguela dele foi o melhor presente de aniversário que eu poderia ganhar.

― Quando vai ser a sua festa de aniversário?

― É um jantar e vai ser à noite ― falei. ― Pode me avisar quando seu pai for trabalhar? Aí nós podemos começar a arrumar as coisas.

Era domingo, mas por causa dos torneios de luta que os lutadores de Paul estavam ganhando, eles treinavam todos os dias agora, foi o que minha mãe me disse.

Eu não queria dar com ele, ainda mais com minha mãe em casa, então passei alguns minutos no quarto, vendo as mensagens de feliz aniversário de meus colegas da escola no Instagram.

Às sete da noite, Josh apareceu na varanda da frente, usando uma camisa chique e uma jaqueta, e meu estômago gelou. Tinha certeza que ele não ia querer vir, mas veio.

― Você veio ― falei quando ele chegou perto de mim.

Ele estava com as mãos nos bolsos.

― Sua mãe me chamou... Mas se você quiser eu vou embora.

― Claro que não ― abaixei a voz. ― Eu... eu... ― Respirei fundo e fiquei surpresa ao descobrir que estava sem palavras. Engoli em seco, procurando algo para dizer. ― Desculpa por aquilo. Não devia ter dito aquelas coisas. Você tinha razão sobre... tudo.

Ele assentiu levemente. Não sabia se era porque concordava ou porque não sabia o que dizer. Então abaixou a cabeça e tirou algo do bolso.

― Tenho algo para você... um presente.

Minhas mãos ficaram trêmulas de repente. Não estava embrulhado. Era uma caixinha de música vintage com doze constelações. Eu sempre quis uma, mas era muito cara.

― Obrigada ― falei. ― É linda.

― Vi na loja da minha mãe e achei que você fosse gostar.

― E acertou. Eu adorei!

Ele sorriu para mim de um jeito carinhoso, sua expressão feliz por eu ter gostado.

― Você está diferente. ― Ele apontou para minhas roupas e meu cabelo. ― Um diferente bom, mas diferente.

Minhas bochechas ficaram quentes.

Eu estava usando um vestido midi rosê com amarração no pescoço e meu cabelo estava com as duas mechas para trás em tranças finas sobre o resto que estava solto.

― É coisa de Layla ― falei. ― Ela é difícil de se contrariar.

― Que bom, porque você está linda ― disse ele. ― Trocou o perfume também?

― Também foi ela. Presente de aniversário. ― Ela havia me dado mais cedo naquele dia.

Ele aproximou o rosto e seu nariz tocou minha pele.

― É ótimo. Ela tem bom-gosto ― Ele disse, sua cabeça entre meu pescoço e meu ombro.

Engoli em seco, tentando me concentrar. Eu precisava manter total controle. Senti suas mãos deslizarem pelas minhas costas e abaixei meu rosto. Lá estava ele, olhos fixos nos meus, nossos lábios separados por milímetros.

Ele me puxou para mais perto com uma mão enquanto acariciava meu cabelo com a outra. Meu corpo quis se dissolver em um beijo. De repente, fiquei tensa novamente, lembrando que isso não está certo.

― Melhor não, Josh ― sussurrei, quase sentindo seus lábios encostarem nos meus. Por mais que queria, não era certo. Seria brincar com os sentimentos dele. ― Melhor não fazermos isso de novo.

Ele não afastou o rosto do meu. Sua cabeça estava encostada na minha e nossas respirações se embolavam e ele sussurrou:

― É só não fazermos de novo... É só você não... Podemos fazer diferente dessa vez...

― Não podemos ― interrompi. ― Não posso fazer isso com você. Eu sou... uma bagunça e já te machuquei demais. Seria muito difícil...

― Não tô pedindo pra ser fácil... só que seja com você.

Aquele olhar, combinado com o sussurro, fez meu coração bater mais rápido.

Eu me inclinei para frente. Tentei conter o impulso de beijá-lo e complicar mais as coisas.

― Não dá. ― suspirei, trêmula. E me afastei. ― Desculpa.

Houve um silêncio horrível. Meus olhos tinham se enchido de lágrimas. Limpei-as com cuidado para não estragar a leve maquiagem que havia feito.

Então ele olhou para mim.

― Não é só isso. Você sempre foi uma bagunça e sempre conseguimos dar um jeito.

O músculo do maxilar dele ficou trêmulo de repente.

― Tem... tem outra pessoa, não é?

Abaixei a cabeça, sem conseguir olhá-lo nos olhos.

― Quem é ele?

Eu deveria dizer? Era minha obrigação?

― Não... não vamos falar sobre isso, Josh.

Ele piscou.

― Desistir da gente foi tão fácil assim pra você?

As palavras me machucaram, como ele queria.

Segurei o choro. Segurei-o por completo. Não vou chorar na minha festa. Hoje não.

Layla chegou no segundo seguinte, me dando um abraço.

― Parabéns, garota! ― disse ela em português. ― E aí, Josh!

Ele deu um sorriso para ela.

― Oi, Layla.

O olhar dela escorregou dele para mim.

― Tudo bem?

Assenti, sem conseguir olhar para Josh.

Estava tão concentrada em não olhar para cima que não percebi que Margot havia chegado. Para a minha surpresa, o carro não era o dela e o motorista não era Alfred; era Henry, em seu carro.

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