Camellia

By Hunterina

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🏆 VENCEDOR DO WATTYS 2023! 🏆 O Madre Cordélia era o internato dos sonhos, mas havia se transformado em um p... More

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By Hunterina

estou procurando pelas palavras dentro da minha cabeça

(things i'll never say)




Bianca tropeçou logo no primeiro passo que deu para dentro do banheiro e quase caiu no chão. Teria esparramando todo o material que carregava entre os braços, mas, por sorte, apenas cambaleou e deixou um grunhido de dor escapar, que atraiu a atenção da outra menina no banheiro. Sequer olhou para ela e correu para largar suas coisas sobre a pia, pressionando a cabeça no ombro para não deixar o celular cair.

— Ahn? Ah, não foi nada — respondeu à pessoa do outro lado da linha. — Daniboy, desculpa, mas esse final de semana eu não posso. Já combinei uma coisa com sua irmã há semanas. — Bianca vasculhou desesperadamente todos os bolsos da mochila até encontrar seu laço de cabelo e, sem parar de equilibrar o celular no ombro, começou a puxar as mechas para trás a fim de prendê-las antes da aula. — Não, durante a semana eu acho que consigo. Só preciso ver porque vou ter prova quase todos os dias... Não, claro, a gente combina! Ok, Dani eu tenho que desligar agora porque estou atrasada para a dança... — Ela sorriu feito boba para o espelho, ouvindo-o desejar uma boa aula e pedindo para que depois lhe contasse como foi. Bianca sabia que não era um pedido da boca pra fora, Daniel sempre mostrava interesse genuíno em ouvir sobre o dia dela, sobre as aulas de dança, as reações dos seus fãs... — Obrigada. Também estou com saudades... Um beijo, Dani. Tchau!

Mal teve tempo de esticar seu suspiro sonhador depois de desligar, porque viu o horário e imediatamente tirou a saia do uniforme para vestir o shorts de dança. Em outra época, jamais se permitiria fazer isso com outra aluna no banheiro, principalmente uma provável aluna de aparência perfeita do Madre Cordélia, mas Bianca sequer pensou nisso agora. Mesmo que pensasse, apenas lembraria da noite de sexta, em que atraiu todos os olhares da festa com seu vestido novo. E de como Daniel quase babou quando viu seu decote.

Pelo menos era o que pensava, até perceber que a menina com quem dividia o banheiro era Nicole Molina. A garota que foi barrada da festa de Bellini por causa dela.

Bianca sentiu seu corpo gelar. Fez todo o esforço do mundo para não demonstrar nada e continuar vestindo a roupa do treino, esperando que cada uma seguisse seu caminho sem trocar qualquer pala...

— Nossa, você tá parecendo um furacão — Nicole comentou.

Teria sido bom demais mesmo.

Bianca sabia que provavelmente era uma tentativa de provocá-la, então apenas lançou um olhar entediado para Nicole e não respondeu. Terminou de vestir o shorts de moletom e buscou pela camiseta para trocar a parte de cima do uniforme na sua mochila da Sailor Moon (que já foi alvo do deboche de Nicole).

Estava quase terminando de se trocar, quando ouviu a voz dela de novo:

— Hm, Bianca... Eu estava mesmo querendo falar com você.

A segundanista soltou um suspiro pesado. Sério? Havia tido paz a semana inteira para, na sexta-feira à tarde, Nicole resolver testar sua paciência?!

— Que pena, porque essa é a última coisa que eu quero fazer.

Bianca terminou de vestir a camiseta e encarou os olhos verdes pelo reflexo do espelho. Tinha feito esforço para não encará-la durante todos aqueles minutos sufocantes, então nem sabia o que Nicole ficou fazendo na frente da pia aquele tempo inteiro.

A ruiva sustentou o olhar dela, e Bianca percebeu que seu semblante não carregava o descaso e deboche de sempre. Diria que estava neutro, ou até mesmo... ansioso?

— Eu queria... — Nicole encolheu os ombros num movimento quase imperceptível. — Te pedir desculpas. Por tudo.

A expressão de Bianca não teria sido tão chocada nem se Nicole a tivesse pedido em casamento.

— Hã? — Deixou escapar, sem conseguir conter a incredulidade. Aquela ruiva idiota havia ficado maluca? De todos os momentos em que faria sentido querer se desculpar, aquele, onde ela literalmente foi barrada de uma festa por causa de Bianca há menos de uma semana, definitivamente era o último deles.

As duas se encararam por vários segundos pelo reflexo no espelho, até que Nicole respirou fundo e virou em sua direção, querendo olhá-la nos olhos. Bianca percebeu que era a primeira vez em muito tempo que a via sozinha, sem Marcela ou alguma amiga de outro ano, que parecia sempre variar conforme as semanas passavam.

— Olha, eu não acho que a gente precise fazer mais isso. — Ela gesticulou para si e para Bianca. — Eu queria pedir desculpas pelas coisas que eu fiz...

— Nicole, esquece. — Bianca a interrompeu, sentindo uma confiança que nunca antes tinha experienciado na presença dela. — Você não vai aparecer nos meus vídeos, pode parar de...

— Eu não tô fazendo isso pra aparecer nos seus vídeos! — Foi a vez dela interromper, erguendo a voz num tom quase estridente. Então se empertigou, respirando fundo, como se tivesse se arrependido da súbita explosão: — Você pode pelo menos me ouvir? Por favor, Bianca.

"Por que eu deveria?" foi a primeira coisa que a Conceição pensou. Encarou a menina responsável pelo bullying que sofreu desde que pisou naquele colégio. Nicole ergueu um pouco a cabeça, quase que por reflexo, então Bianca percebeu como ela parecia estar... se esforçando?

Era um comportamento raro, mas já havia visto a típica postura arrogante de Nicole vacilar, como na vez em que ameaçou bater nela ou quando recusou a ajuda com os vídeos deletados, até mesmo quando foi barrada na festa de sexta. Parecia acontecer sempre que a situação não acontecia como Nicole planejava: então ou ela estourava, erguendo a voz a um nível quase estridente e distribuindo insultos; ou não conseguia disfarçar a expressão de impotência que a dominava.

Nesse momento, Nicole estava mais para a segunda opção, tentando aparentar calma com o olhar, mas com os movimentos tão erráticos que tornavam evidente como estava tensa.

E Bianca não devia, mas quis ouvir o que sairia da boca dela por pura curiosidade. O que Nicole sentia que precisava tanto ser dito, a ponto de suportar aquela posição desconfortável?

— Tudo bem. — Bianca cruzou os braços, erguendo um pouco a cabeça, mesmo que ainda ficasse menor que a ruiva. Seu olhar sim demonstrava uma despreocupação natural. — O que você quer me falar?

Nicole ficou encarando como um cervo parado sob o farol de um carro, como se não conseguisse decidir entre realmente colocar as palavras para fora ou virar e sair correndo. Bianca gostava de vê-la assim, completamente despida da postura de confiança que construiu a base da autoestima de outros. Então percebeu que, nos últimos meses, era cada vez menos raro vê-la assim.

— Olha Nicole, a aula já vai começar. Se você não-

— Pera! — Implorou e Bianca, que já tinha começado a colocar a alça da mochila nos ombros, virou o rosto de novo na direção dela. — Eu só quero pensar na melhor forma possível de dizer isso... Eu quero te pedir desculpas. De verdade! Não é pra aparecer nos seus vídeos, eu juro.

Nicole ergueu a mão, para mostrar a seriedade do julgamento, e o gesto meio infantil ficou quase cômico sobre a tensão no ar. Ela continuou:

— Então... Eu, hm... — Engoliu em seco. — Eu comecei a ir na psicóloga, tá? Depois do rolo na... depois do que eu fiz com a sua roupa. — Bianca apreciou a correção, mas apenas assentiu. — Não foi por escolha, a Ariele exigiu isso de todos os envolvidos, mas está me ajudando. Eu... tenho alguns problemas em casa e às vezes sinto que eu não sou suficiente, e eu percebi que tinha muito medo de deixar isso acontecer aqui também. Eu sei que eu não fui a melhor pessoa do mundo, tá?

— Isso tá muito longe de descrever o que você foi — Bianca soltou um riso irônico. Nicole revirou os olhos.

— Eu sei que fui babaca e que fiz coisas horríveis com você. Só que eu tô realmente tentando ser uma pessoa melhor, tá? Então eu queria te pedir desculpas. — Nicole colocou as duas mãos nas costas e lutava para olhar para Bianca sem desviar o olhar. — Minha psicóloga falou que isso é importante. Assumir meus erros e me libertar da culpa para poder seguir em frente.

Bianca não tirou os olhos dela nem por um segundo, de braços ainda cruzados e roupa de ginástica. Analisou suas expressões e linguagem corporal. Era quase surpreendente ouvi-la falar sem destilar veneno ou sendo sarcástica a respeito de alguém. Parecia estranhamente vulnerável sem isso.

E Bianca enxergava pelo menos alguma sinceridade ali. Nicole era outra pessoa quando estava completamente sozinha, despida da persona de menina má intocável.

Mas a verdade é que ela não dava mais a mínima para Nicole. Podia ser porque havia perdido sua forma de governar aquele internato, agora que a maioria das alunas não se importava mais em estar ao seu lado (ou deixou de ter medo de virar um alvo), ou porque Bianca tinha conquistado muitas coisas em comparação ao começo do ano: amizades que realmente se importavam com ela; uma autoestima... em desenvolvimento, ok, mas definitivamente mais sólida; a certeza de que tinha pessoas incríveis onde podia encontrar apoio... E Nicole não aparentava ter nada disso. A maior parte de suas antigas amigas não andava mais com ela, cada vez mais se via em situações que fugiam do seu controle e havia acabado de admitir que tinha problemas em casa.

Nicole não era mais nada para Bianca porque agora ela enxergava o quanto nenhuma de suas palavras tinham poder sobre ela, o quanto ela era apenas uma menina frágil, mimada e machucada. E as pessoas começavam a enxergar a mesma coisa.

Mas antes que pudesse falar alguma coisa... pensou em Daniel. Que também estava profundamente machucado, mas nunca achou normal descontar aquilo nos outros. Ou em Zoe, que tinha todos os motivos para estragar a vida de Bianca, mas não alimentou uma rivalidade infantil. Até mesmo Elisa, que evidentemente havia errado e a magoado profundamente, mas pelo menos não esperou que tudo começasse a dar errado para tentar se desculpar.

Nicole podia não afetar mais Bianca, mas aquilo não apagaria a escolha de ter tentando humilhá-la. A facilidade com que destruiu não só ela, mas várias outras meninas.

— Ótimo, agora que pediu suas desculpas, posso ir para a aula?

A confusão no rosto da ruiva era evidente.

— Estou falando sério! Eu estou tentando...

— Melhorar? Sim, você já falou. — Bianca recolocou a alça da mochila no ombro. — Você veio aqui e pediu desculpas, mas quer saber? Eu não te perdoo pelo que você fez. Você me humilhou, fez todas as meninas me humilharem, jogou o abuso que a minha amiga sofreu na cara dela, espalhou mentiras sobre mim... Que bom que você está tentando ser uma pessoa melhor e realmente espero que você consiga, mas vai ter que entender que um pedido de desculpas não conserta as coisas que você fez. Eu não quero suas desculpas, não quero ser sua amiga e não quero qualquer proximidade de você. Pedir desculpas é seu processo de cura? Pode pedir. Mas ir embora é o meu.

O coração de Bianca parecia prestes a explodir de tanta adrenalina depois de falar tudo aquilo, sem tirar os olhos da expressão de Nicole que ficava cada vez mais incrédula. Sentia suas mãos tremendo, mas apertou mais forte a alça da mochila e, depois de não receber resposta, simplesmente virou em direção à porta e se preparou para sair.

— Você não precisa ser babaca também! — Nicole respondeu, erguendo a voz de novo. Bianca respirou fundo, aceitando que não chegaria na porcaria da aula a tempo e virou para olhá-la nos olhos a tempo de ver lágrimas se formando. — Não é como se você já não tivesse tirado tudo de mim! As minhas amigas, o pessoal do outro colégio, meu histórico já está manchado... Contei para você até sobre meus problemas em casa. Você já ganhou, Bianca! Por que não pode simplesmente...

— Eu não ganhei nada, Nicole. — Bianca interrompeu, porque soube que aquela conversa já estava acabada. Se Nicole se tornaria alguém melhor, não era problema dela, mas continuava a mesma garota que pensava que o mundo girava em torno dela. — O que acontece ou deixa de acontecer com você, é indiferente para mim. Eu estou mais preocupada com a minha própria vida. E talvez só você tenha perdido, porque só era uma competição para você.

Agradeceu mentalmente à Zoe pela frase de efeito.

Bianca deu uma última olhada para ela e até se sentiu um pouco mal pelas lágrimas que marcavam suas bochechas, mas não tinha nada que ela pudesse fazer. Que Nicole aprendesse a lidar com as consequências das próprias ações.



Daniel engoliu em seco, acompanhando com os olhos azuis os ponteiros do relógio.

Tic tac.

Ele tinha certeza que não pararam de se mexer desde que entrou naquela sala, e de alguma forma ainda pareciam parados no tempo. Cada segundo de silêncio sob o olhar afiado de doutor Henrique parecia se arrastar como uma eternidade, cada vez apertando mais sua garganta.

O homem devia ter quase setenta anos e era mais baixo e mirrado que ele, mas de alguma forma fazia Daniel se sentir vulnerável, sentado em sua imponente poltrona de couro marrom. Não ajudava o fato de que ele estava há quase dez minutos inteiros em silêncio, apenas observando o estudante, que não conseguia parar de mover as mãos, mexer no cabelo, coçar os pulsos, qualquer coisa, menos falar.

Sua segunda sessão não tinha começado tão desastrosa... Logo que o doutor retomou o assunto do último encontro, relembrando como Daniel "contou que conseguiu reatar o relacionamento com a irmã", ele imediatamente o corrigiu. Daniel não conseguiu porra nenhuma, quem fez ele e Emily voltarem a conversar foi Bianca. Ele não merecia qualquer mérito, foi um péssimo irmão por anos.

Se o doutor pensou alguma coisa disso, não falou nada e apenas escreveu no bloquinho que tinha em mãos — que, aliás, só deixava Daniel mais nervoso. Depois, esperou que ele continuasse falando...

Mas Daniel não falou mais nada.

Doutor Henrique estava esperando que ele continuasse falando sobre a sua vida, mas Daniel simplesmente não conseguia. Sentiu-se patético. Queria ter algo a contar, compartilhar uma conquista, falar sobre algo que fazia bem (mas algo útil, não um jogo idiota), mas simplesmente nada saía.

Mesmo seus problemas pareciam ridículos de serem compartilhados. Se fosse sincero, mais do que nunca as soluções pareciam óbvias: se ele fizesse o que seus pais achavam melhor e tentasse uma faculdade conceituada, talvez finalmente parassem de achá-lo um inútil; se ele só se esforçasse para conter um pouco as emoções, talvez parasse de sofrer tanto por qualquer coisa...

Como Emily que, naquela semana, foi quem tocou no assunto do divórcio dos pais com ele. Então Daniel descobriu que ela já sabia, e que estava trabalhando o assunto com a psicóloga. Estavam falando no telefone e, quando ele desabou, foi Emily quem precisou confortá-lo.

Ele. A porra do irmão mais velho.

Subitamente Daniel se levantou de sua poltrona, tentando disfarçar a respiração descompassada e afastar aqueles pensamentos. Aquela sessão não iria para lugar nenhum... Quando falavam em psicólogo, pensava em um lugar para consertar sua cabeça, não um local que o deixasse ainda pior.

— Desculpa, doutor Henrique, mas isso não está dando certo. Eu não estou conseguindo fazer dar certo. — Ele alcançou a alça da mochila, abaixando a cabeça em um aceno respeitoso antes de fazer menção de se dirigir até a porta. — Desculpa por ocupar o seu tempo, eu acho que nem ir a um psicólogo eu consigo fazer direito e...

— Daniel, por que você acha que tem a necessidade de classificar tudo na sua vida como uma "falha" ou "sucesso"? Considerar que "deu certo" ou não? — O homem perguntou, aparentemente inabalado com o súbito ataque de nervosismo do adolescente.

Ele foi pego completamente desprevenido e se viu prendendo a respiração com a iminência de uma resposta na ponta da língua.

Daniel se acomodou na cadeira de novo.




Nota da autora:

Socorro amigos, desculpa pela demora!!! 

Como hoje foi feriado, passei o dia inteiro fora de casa. A minha intenção era adiar a postagem para amanhã, mas cheguei tarde e ainda pensei "ah, quer saber? tá quase!" então decidi correr par apostar ainda "hoje". 

Esse é um capítulo mais curtinho, mas eu adoro essas idas e voltas da Bianca e do Daniel vivendo momentos parecidos. É muito doido ver como a Bianca evoluiu 🥺

E pensar num fim para essa relação da Bianca x Nicole sempre foi algo que me deixava muito pensativa. Vocês sabem que a minha intenção é sempre criar os personagens e os desfechos que eu considero mais realistas possíveis... e falar sobre bullying é difícil porque na vida real, nem sempre o desfecho é justo. 

A Bianca teve muita sorte de poder contar com pessoas adultas (e amigos!) que a ajudaram, auxiliaram adequadamente e puniram (na medida do possível, esse ainda é um colégio de elite, parte de um grupo de internatos de elite, regido por status e dinheiro, e nem a Ariele como diretora pode mudar isso, assim como não podia a Madalena 🙏) quem fez isso com ela, mas... Eu acho que é igualmente importante falar que ela não deve perdão a ninguém.

Não acredito nessa de "perdoar para se libertar", nem nunca acreditei. Acho que as pessoas, principalmente que passaram por situações como essa, têm todo o direito de escolher não perdoar e se afastar de quem lhes fez mal sem peso da consciência. 

Possivelmente um take polêmico? Talvez. Quero ouvir a opinião de vocês 👀

Agora vou tomar banho e dormir pois estou morrendo de dor de cabeça 🙏💜

Espero que tenham gostado do capítulo e até a semana que vem! 

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