immaculate sin of the lovers...

By ohtommoyeah

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Nem mesmo nos mais tenebrosos pesadelos Harry e Louis imaginariam que, ao invés de renunciarem os próprios co... More

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vīgintī
vīgintī ūnus
vīgintī duo
vīgintī trēs
vīgintī quattuor
vīgintī quīnque
vīgintī sex

novem

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By ohtommoyeah

⚠️ ALERTA DE GATILHO: se você é sensível ào tema abuso sexual sugiro que não prossiga a leitura ⚠️






Será que é tão difícil para Louir agir exatamente como Harry? 

Tipo, o que o impede de esconder, ou pelo menos disfarçar melhor, o zelo que sente pelo colega? 

Ter se disposto a ajudar Harry com o estudo de línguas, tudo bem, o seminarista de fato precisava disso, mas tê-lo convidado para ir ver Dahlia já era inesperado, isso sem mencionar as vezes em que o de topete inventava de seguir em seu encalço pelos corredores da Congregação, como se tivesse atrás de algo interessantíssimo. 

Ora pois, aparte as histórias com Niall e o segredo escabroso que guardava a sete chaves na memória, o que ele pode oferecer a Louis?

Se não é o mais inteligente, não é o mais extrovertido, sua expressão quase sempre está tensa, não usa as melhores palavras nem as melhores analogias nem os melhores conselho, que vantagens Louis terá sendo seu amigo?

E, que raios, com todos esses defeitos, por que diabos Harry não desiste logo de ser padre? Por que não o dispensam de uma vez por todas?

Esses defeitos devem saltar aos olhos de todos. De Louis, principalmente. Então por que ele não se mantém a uma distância segura? Ou melhor, por que não o aconselha a largar? Poderia muito bem usar as mesmas acusações que disparou naquele fatídico sonho.

A atenção excessiva não vem lhe fazendo bem. 

São tantos olhares, tantas buscas por conversas, tantas indagações que sinalizam preocupações que Harry quase confunde a presença do radiante colega com a da mãe. 

Nada bom. 

Isto tem prejudicado seu encanto e a admiração por ele. 

Afinal, o seminarista pode até aceitar tal atitude vindo dos pais, do Padre Julian, de seus professores, dos Orientadores da Congregação, do Espírito Santo, mas deixar-se envolver-se pela proteção de um companheiro de formação, alguém que teoricamente está em par de igualdade com ele, já é demais.

Inadmissível. Harry se recusa.

O ego, que quase nunca infla, pulsa de cólera. 

Ele se pergunta o que há de errado consigo. 

Será que sua aparência é mais frágil do que ele pensa que é? E será por isso que as pessoas que gostam de si aproveitam para bancar o salvador e alimentar o próprio ego?

Bem, faz mais sentido que Niall tenha projetado em Harry o irmão mais novo que por muitos anos desejou. Por mais que tivessem praticamente a mesma idade, o amigo costuma agir como o mais maduro e mais experiente. Exatamente como Gemma age. Niall e Gemma dão conselhos sobre a vida como se fossem trinta anos mais velhos.

Nesses momentos, ele se sente como uma criança estúpida impossível de ser levada a sério. É irritante. Harry detesta isso.

E a avó, que sempre levanta em sua defesa dentro de casa. Que é amável e ensolarada como uma santa, que o ouve contar sobre o dia, sobre o que aprende e as coisas que gosta com a mesma atenção que o Reverendo prestava em dias de confissão, mas que o faz se sentir bobo, imponente e sem voz frente à discussão com os pais.

Na escola isto também acontecia, felizmente numa frequência menor. Professores contra bulinadores. Mas a verdade é que quase nunca pegavam no seu pé. Não porque o conheciam desde pequeno, não, mas porque Harry se negava a revidar, nem mesmo erguia o olhar ou fazia contato visual E também porque nenhum deles queriam ferrar suas chances de beijar Gemma.

Todo esse papo de ser grato à proteção dos outros, o seminarista não concorda. Se não fosse por tanta guarda, talvez hoje ele saberia reagir como um homem de verdade nas situações em que precisa se provar e se impor.

Em vez disso, quando uma situação afeta demais seus nervos, ele permanece mortalmente petrificado. O pior instinto de sobrevivência possível. Até os ratos fogem diante de um grande perigo, mas será que Harry correria se sua vida dependesse disso? 

Será que teria corrido dos agressores sem que Niall tivesse ordenado num berro?

Harry já é praticamente um homem e ainda depende dos outros dizendo o que ele deve fazer.

E pelo visto ele não vai conseguir aprender a cuidar de si mesmo ali. Não com Louis não orgulhando o apóstolo Paulo de Tarso e assumindo para si o cargo de anjo intercessor de tão frágil e imaturo garoto.

Sim, é claro, evidentemente Louis está em um estágio de vida e de religiosidade muito mais elevado que ele. Mas isto não é motivo para tratá-lo diferente de como trata o restante dos propedeutas. Não está certo. 

Harry está meio cansado disso.

Na verdade, ele teme que esse cuidado crie ainda mais complicações para si.

Sendo assim, já que é impossível pedir para Louis se conter sem ter que dar grandes explicações, após o colega ter ido o procurar na sala do Diretor Espiritual depois de um longo período sumido - o que foi a gota d’água -, Harry decide mudar de atitude com ele para, quem sabe, fazê-lo perceber que está extrapolando o limite.

Harry também o trata com secura pois está irritado pelo colega ter alarmado todos a sua ausência. O seminarista é obrigado a justificar tantas horas que passou sozinho na sala e por quase ter perdido a hora do jantar.

Óbvio que a verdade não seria dita. O rapaz ainda processava, ou melhor, ainda tenta processar o ocorrido numa digestão lenta, penosa. Portanto inventa uma desculpa qualquer. O que acaba não sendo tão fácil, afinal, além de não estar preparado para a constatação sofrida momentos atrás, não estava preparado para encarar esse comitê averiguador logo em seguida.

O que deveria ser um simples “estava tão concentrado na oração que nem notei a hora passar” soa atrapalhado. 

O rapaz usa mais palavras que o necessário. É repetitivo e informativo demais - o que levantaria suspeitas se estivesse diante de policiais, não é o caso, nem de longe, os ouvintes a quem presta conta não passam de jovens ingênuos -, antecipando indagações que porventura os colegas podem levantar de forma desregrada. 

Até mesmo convoca Mitch para dar sustança ao que diz. Como se o colega estivesse ao seu lado esse tempo todo. E também para mostrar a Louis que ali há quem o conheça melhor e que, por isso mesmo, nem se preocupa com ele. 

Por muito pouco ele não exclama: - Está vendo? É assim que se age nesses tipos de situações. Isso é que é atitude! Mas, em vez disso, o que você fez? Foi atrás de mim, como um bisbilhoteiro atrevido, ou um paranoico. Francamente. Que desagradável.

A realidade, porém, é que seria difícil afirmar como Harry procederia se Louis não tivesse ido o procurar. 

O chamado do colega forçou a alma do seminarista, que gravitava longe de si, a regressar ao corpo. Violenta e subitamente. Como se tivesse despertado de um apagão.

Foi como se num instante ele estivesse desmaiado com os pulmões inundados pela água que o afagou e, de repente, alguém tivesse o socorrido puxando-o de volta à vida, o ajudado a tossir para fora o que obstruía a respiração

Seu sangue congelado tornou a fluir pelo corpo enfraquecido pelas horas que passou ajoelhado, imóvel, sem água ou comida,  que quase não reclamava de dor. As pernas foram sentidas muito vagamente, e debilmente respondiam ao comando. Mas Harry conseguiu levantar num salto assustado. 

A mão imediatamente correu ao encontro da região do pescoço, os dedos esfregaram o vestígio que ainda não havia secado. Ao sentir o molhado pegajoso nos dedos, seu estômago embrulhou e uma náusea subiu à garganta. O propedeuta secou os dedos na barra inferior da túnica com um nojo aflito antes de abrir a porta e deixar o cômodo, apressado.

O impulso que disparou ao se defrontar com o colega foi desviar o olhar e tentar agir como se o absurdo fosse Louis ter vindo atrás de si e não ele ter passado um tempão ali.

Estava desesperado por um banho, mas o outro contra-argumentou:  “Nesse frio? Não é melhor fazer isso só amanhã… ou depois de comer? Vamos pra cozinha, todos estão te esperando pro jantar”.

Mas Harry não tinha fome. O que de fato precisava era se livrar da bile no fundo da garganta e da sujeira impregnada na pele. 

Conseguiu apenas vomitar antes de se encontrar com os outros. O gosto que permanece em sua boca não ajuda em nada a tirar proveito da última refeição do dia. No entanto, se quer ele se ver livre da presença dos outros precisa enfiar colherada atrás de colherada goela abaixo e ser um dos primeiros a esvaziar o prato. E quando isto enfim acontece, ele por pouco não corre para pegar a toalha no quarto e se enfurnar no banheiro mais próximo.

Ele não consegue segurar o jantar no estômago. Vomita outra vez. Sensação horrível. O gosto de ácido e o regurgitar de pedaços não bem mastigados lhe dão mais ânsia, lhe fazem lagrimar fartamente.

Quando o estorvo chega ao fim - e só porque não restou mais nada no intestino -, Harry recheia as cerdas de sua escova com uma quantidade generosa de pasta de dente de hortelã e escova cada canto da boca enquanto toma o banho gelado, que faz seus ossos tremerem.

Nada agradável ter descoberto o que é jorrado em sua costa pelo Diretor. 

Harry está uma bagunça. E não tem ideia de como recuperar a ordem das coisas… como sempre.

Bem, na verdade, hoje ele tinha feito até demais. Nos seus parâmetros, claro. Havia aguardado o homem voltar. Esperava uma explicação, um rebater para suas conclusões - felizmente - precipitadas.

Mas, como se sabe, por causa de Louis isso não aconteceu. 

Mas talvez, depois de todas aquelas horas, o homem não retornasse mais.

E então? Harry teria permanecido lá até a manhã seguinte? Ou teria corrido para o quarto quando a escuridão começasse a pregar peças em sua mente? Nunca se saberá.

Esta noite o sono não colabora para o seu repouso. Não importa o quanto implora a Deus por um sopro de tranquilidade. E de manhã ele se sente exausto por toda a luta enfrentada nas últimas horas.

A madrugada consume toda e qualquer disposição para conversar com o Diretor. Quando Harry levanta da cama, ela está extinta. Por isso ele não vai procurá-lo. 

O seminarista despeja no primeiro Orientador que atravessa seu caminho - o mais velho, à propósito - o enjoo que o atormenta. Seu choramingo rende bons resultados. Ele de imediato tem permissão para voltar à casa.

Assim Harry não precisa lidar com mais ninguém além do Orientador e uma das Irmãs, que vão checar seu estado.

- O que tá sentindo? - quer saber ela, pegando de volta o termômetro que lhe entregou.

- Nada demais. Só um mal-estar. Mas eu vomitei ontem, deve ser por isso, né?!

- Por que você vomitou? Tem alguma ideia? - é o Padre que pergunta desta vez. Harry responde com um inocente dar de ombros. 

- Bem, você não está com febre. Sente mais o que? Alguma dor? Cólica? Enxaqueca?

- Nada.

Um silêncio se estende até ela concluir que não deve ser grave, talvez o estômago não tenha reagido bem a algo que comeu ontem. O melhor a se fazer é ficar quieto até se sentir bem novamente.

-  Mas me avise se sentir outro sintoma.

- Ok.

Pelo estado de sua boca, ela menciona, dá pra ver que ele está bastante desidratado.

- Vou buscar água pra você. E uma maçã também, você não pode ficar sem se alimentar - declara e, logo em seguida, atravessa a porta.

Antes que o Padre o deixe sozinho, Harry pede para que ele, por favor, traga algo para ler.

- Quer ler o que?

- O que o senhor trouxer tá bom.

O homem concorda e se vai. Trás o On Grace and Free Will, de Santo Agostinho. Harry sufoca a vontade de fazer outro pedido, o de ligar para casa, enquanto o assiste fechar a porta.

Decerto a notícia de que Harry não se sente bem não passa despercebida aos outros membros da pequena Congregação, entretanto, ninguém, nem mesmo Louis ou Isaac ou o Diretor - que hoje dará aula -, vão vê-lo. Melhor assim. O seminarista agradece.

Almoça no quarto, um sanduíche de frango. Obviamente o estômago não reclama e  a refeição conforta o corpo faminto sem ameaçar voltar, como aconteceu ontem. Harry tira um cochilo a tarde e, por ter acordado melhor, se junta aos rapazes no início da noite para jantar. Surpreendentemente, não precisa responder nenhum questionamento.

Não obstante, no dia seguinte, durante o intervalo do almoço e a aula da tarde, o Diretor o convoca novamente à sala dele. 

Harry só esperava ter outra sessão, no mínimo, na semana que vem. Ou apenas não ter mais, o que seria ainda melhor. 

Tão cedo assim o pegou desprevenido. Enrijeceu-o de tensão. Ele sequer acumulou uma migalha de coragem e determinação para explicar ao homem que ele não interpretou direto o problema que Harry trouxe no primeiro confessionário.

O seminarista quer deixar isto claro que está focado no caminho oposto. Quer pronunciar todas as palavras necessárias para resolver o mal entendido. Mas as letras se escondem, fogem assustadas.

Após o Diretor sanar as suas preocupações quando ao mal-estar de ontem, Harry arrisca:

- Acho que o Senhor não me entendeu bem.

- Em relação ao quê?

Por mais que tente estabelecer suas afirmações, a hesitação o trava. Ele vagueia entre meias palavras. Não é claro sobre a que ponto quer chegar. O homem se esforça para acompanhá-lo, mas se perde, fica confuso. Custa a entender.

- Você não quer continuar vindo aqui? É isso que tá tentando dizer?

Harry assente.

- Já aprendi a lição. Estou bem melhor agora - assegura.

- Tem certeza?

- Sim.

O homem o encara por um tempo. Bate as pálpebras diversas vezes. Impassível.

- Vou ser sincero com você - finalmente diz -, eu não tenho. Nem um pouco.

A decepção despenca sobre ele como uma onda fria. É uma força marítima que o arrasta para longe da costeira, que o distancia cada centímetro mais da segurança de um solo firme sob os pés. É uma tragédia Harry não saber nadar.

[...]

Pelo menos agora o rapaz sabe que é necessário provar que aprendeu a lição para ser liberado das sessões. E é o que irá fazer. 

O problema é que ainda não tem ideia de como vai conseguir tal feito. Dialogando não pode ser, ele tentou e foi um fiasco total. Então como demonstrar que está determinado a continuar no caminho correto?

Ele não chega a nenhuma conclusão concreta. 

Não pode abrir seu coração nem sua mente para ninguém. Também não pode pedir para Louis testemunhar ao seu favor, revelando o que vê quando olha no fundo de sua alma, declarando que, apesar da escuridão dos desejos, Harry é incapaz de machucar o corpo ou os sentimentos de qualquer coisa viva, que sua natureza e intenções são boas.

Céus, se esse poder não fosse tanto uma bênção quanto uma maldição. Ah, Louis. O que custa pra não encarar de um jeito tão insistente? Não vê que já existe um transtorno enorme para eu lidar?, Harry tem vontade de gritar.

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Com ela eu caso, construo família, dispenso todas e morro casadão.