HOTEL CARO ━ gabigol

By ellimaac

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━━━━━ ❝'Cê vai ligar fingindo que não aconteceu nada.❞ 𝐋𝐔𝐀𝐍𝐍𝐀 𝐒𝐂𝐀𝐑𝐏𝐀... More

[🖤❤] 𝐃𝐑𝐄𝐀𝐌𝐂𝐀𝐒𝐓
𝟎𝟏 | 𝐂𝐎𝐌𝐄𝐌𝐎𝐑𝐀𝐑 𝐎 𝐐𝐔𝐄̂?
𝟎𝟐 | 𝐑𝐈𝐎 𝐃𝐄 𝐉𝐀𝐍𝐄𝐈𝐑𝐎
𝟎𝟑 | 𝐄𝐒𝐒𝐀 𝐌𝐄𝐍𝐈𝐍𝐀 𝐃𝐄 𝐕𝐄𝐑𝐃𝐄
𝟎𝟒 | 𝐌𝐀𝐒 𝐐𝐔𝐄 𝐏𝐎𝐑𝐑𝐀
𝟎𝟓 | 𝐀𝐑𝐑𝐔𝐌𝐀 𝐔𝐌𝐀 𝐃𝐄𝐒𝐂𝐔𝐋𝐏𝐀
𝟎𝟔 | 𝐃𝐄 𝐕𝐎𝐋𝐓𝐀
𝟎𝟕 | 𝐃𝐎𝐌𝐈𝐍𝐆𝐎
𝐛𝐨̂𝐧𝐮𝐬 (𝐭𝐭 𝐞 𝐢𝐧𝐬𝐭𝐚)
𝟎𝟖 | 𝐄𝐒𝐐𝐔𝐄𝐂𝐄 𝐄𝐒𝐒𝐀 𝐌𝐈𝐍𝐀
𝟎𝟗 | 𝐀 𝐎𝐅𝐄𝐑𝐓𝐀
𝟏𝟎 | 𝐃𝐈𝐒𝐅𝐀𝐑𝐂̧𝐀𝐑
𝟏𝟏 | 𝐄́ 𝐒𝐎́ 𝐒𝐄𝐗𝐎
𝟏𝟐 | 𝐋𝐈𝐁𝐄𝐑𝐓𝐀𝐃𝐎𝐑𝐄𝐒
𝟏𝟑 | 𝐄𝐒𝐐𝐔𝐄𝐂𝐄 𝐄 𝐌𝐄 𝐁𝐄𝐈𝐉𝐀
𝟏𝟒 | 𝐒𝐄𝐌 𝐑𝐎𝐌𝐀𝐍𝐂𝐄, 𝐒𝐄𝐈
𝟏𝟓 | 𝐒𝐄 𝐄𝐒𝐂𝐎𝐍𝐃𝐀
𝟏𝟔 | 𝐍𝐀̃𝐎 𝐒𝐄 𝐌𝐄𝐓𝐄 𝐍𝐀 𝐌𝐈𝐍𝐇𝐀 𝐕𝐈𝐃𝐀
𝟏𝟕 | 𝐄𝐔 𝐏𝐑𝐄𝐅𝐈𝐑𝐎 𝐀 𝐏𝐀𝐙
𝐛𝐨̂𝐧𝐮𝐬 (𝐢𝐧𝐬𝐭𝐚 𝐞 𝐭𝐭)
𝟏𝟖 | 𝐃𝐄𝐒𝐆𝐑𝐀𝐂̧𝐀𝐃𝐀
𝐛𝐨̂𝐧𝐮𝐬 (𝐢𝐧𝐬𝐭𝐚 𝐞 𝐭𝐭)
𝟏𝟗 | 𝐃𝐄𝐒𝐆𝐑𝐀𝐂̧𝐀𝐃𝐎
𝟐𝟎 | 𝐃𝐄𝐒𝐄𝐍𝐓𝐄𝐍𝐃𝐈𝐌𝐄𝐍𝐓𝐎
𝟐𝟏 | 𝐋𝐈𝐒𝐓𝐀 𝐃𝐎 𝐓𝐈𝐓𝐄
𝟐𝟐 | 𝐁𝐑𝐀𝐒𝐈𝐋𝐄𝐈𝐑𝐀̃𝐎
𝟐𝟑 | 𝐐𝐔𝐄𝐑𝐎 𝐓𝐄 𝐕𝐄𝐑
𝟐𝟒 | 𝐀𝐈 𝐅𝐋𝐀𝐌𝐄𝐍𝐆𝐎
𝟐𝟓 | 𝐒𝐄 𝐃𝐈𝐕𝐄𝐑𝐓𝐈𝐔 𝐃𝐄𝐌𝐀𝐈𝐒
𝟐𝟔 | 𝐂𝐀𝐅𝐄́
𝟐𝟕 | 𝐓𝐎𝐐𝐔𝐄
𝟐𝟖 | 𝐄́ 𝐒𝐎́ 𝐔𝐌𝐀 𝐃𝐄𝐒𝐏𝐄𝐃𝐈𝐃𝐀
𝟐𝟗 | 𝐂𝐀𝐒𝐀𝐌𝐄𝐍𝐓𝐎
𝟑𝟎 | 𝐒𝐄 𝐎𝐑𝐆𝐀𝐍𝐈𝐙𝐄
𝟑𝟏 | 𝐂𝐑𝐎𝐀́𝐂𝐈𝐀
𝟑𝟐 | 𝐎̂ 𝐒𝐀𝐔𝐃𝐀𝐃𝐄
𝟑𝟑 | 𝐐𝐀𝐓𝐀𝐑
𝟑𝟒 | 𝐏𝐑𝐄𝐒𝐄𝐍𝐓𝐄 𝐃𝐄 𝐀𝐍𝐈𝐕𝐄𝐑𝐒𝐀́𝐑𝐈𝐎
𝟑𝟓 | 𝐅𝐄𝐋𝐈𝐙 𝐀𝐍𝐈𝐕𝐄𝐑𝐒𝐀́𝐑𝐈𝐎
𝟑𝟔 | 𝐒𝐔𝐑𝐏𝐑𝐄𝐒𝐀?
𝐛𝐨̂𝐧𝐮𝐬 (𝐢𝐧𝐬𝐭𝐚 𝐞 𝐭𝐭)
𝟑𝟕 | 𝐍𝐀𝐓𝐀𝐋
𝟑𝟖 | 𝐑𝐄́𝐕𝐄𝐈𝐋𝐋𝐎𝐍 𝐃𝐎 𝐋𝐈𝐋
𝟑𝟗 | 𝐂𝐑𝐈𝐀𝐑 𝐋𝐄𝐌𝐁𝐑𝐀𝐍𝐂̧𝐀𝐒
𝟒𝟎 | 𝐅𝐎𝐈 𝐔𝐌𝐀 𝐌𝐄𝐍𝐓𝐈𝐑𝐀
𝟒𝟏 | 𝐄𝐍𝐂𝐀𝐑𝐀𝐑 𝐀 𝐑𝐄𝐀𝐋𝐈𝐃𝐀𝐃𝐄
𝟒𝟑 | 𝐒𝐔𝐏𝐄𝐑𝐂𝐎𝐏𝐀 𝐏𝐓.𝟏
𝟒𝟒 | 𝐒𝐔𝐏𝐄𝐑𝐂𝐎𝐏𝐀 𝐏𝐓.𝟐
𝟒𝟓 | 𝐃𝐄𝐑𝐑𝐎𝐓𝐀 𝐄𝐌 𝐃𝐎𝐁𝐑𝐎
𝟒𝟔 | 𝐕𝐀𝐌𝐎𝐒 𝐂𝐎𝐍𝐕𝐄𝐑𝐒𝐀𝐑
𝟒𝟕 | 𝐍𝐎 𝐇𝐎𝐒𝐏𝐈𝐓𝐀𝐋
𝟒𝟖 | 𝐕𝐀𝐌𝐎 '𝐁𝐎𝐑𝐀
𝟒𝟗 | 𝐕𝐎𝐂𝐄̂ 𝐕𝐀𝐈, 𝐒𝐈𝐌
𝟓𝟎 | 𝐌𝐀𝐑𝐑𝐎𝐂𝐎𝐒
𝟓𝟏 | 𝐂𝐇𝐄𝐆𝐀 𝐃𝐄 𝐃𝐄𝐑𝐑𝐎𝐓𝐀
𝟓𝟐 | 𝐎𝐅𝐄𝐍𝐃𝐀-𝐒𝐄
𝟓𝟑 | 𝐂𝐇𝐀́ 𝐑𝐄𝐕𝐄𝐋𝐀𝐂̧𝐀̃𝐎 𝐏𝐓.𝟏
𝟓𝟒 | 𝐂𝐇𝐀́ 𝐑𝐄𝐕𝐄𝐋𝐀𝐂̧𝐀̃𝐎 𝐏𝐓.𝟐
𝐛𝐨̂𝐧𝐮𝐬 (𝐢𝐧𝐬𝐭𝐚 𝐞 𝐭𝐭)
𝟓𝟓 | 𝐎 𝐏𝐋𝐀𝐘𝐁𝐎𝐘
𝟓𝟔 | '𝐓𝐀́ 𝐑𝐄𝐏𝐑𝐄𝐄𝐍𝐃𝐈𝐃𝐎
𝟓𝟕 | 𝐃𝐄 𝐕𝐎𝐋𝐓𝐀 𝐏𝐑𝐀 𝐂𝐀𝐒𝐀
𝟓𝟖 | 𝐂𝐀𝐒𝐀
𝟓𝟗 | 𝐋𝐎𝐈𝐑𝐎 𝐏𝐈𝐕𝐄𝐓𝐄
𝟔𝟎 | 𝐏𝐎𝐃𝐏𝐀𝐇
𝟔𝟏 | 𝐅𝐋𝐀𝐌𝐄𝐍𝐆𝐔𝐈𝐒𝐓𝐀𝐒?
𝟔𝟐 | 𝐂𝐎𝐏𝐀 𝐃𝐎 𝐁𝐑𝐀𝐒𝐈𝐋
𝟔𝟑 | 𝐀𝐍𝐓𝐄𝐒 𝐃𝐀 𝐇𝐎𝐑𝐀
𝟔𝟒 | 𝐋𝐔𝐙 𝐁𝐑𝐈𝐋𝐇𝐀𝐑
𝟔𝟓 | 𝐓𝐈𝐑𝐎 𝐍𝐀 𝐂𝐄𝐑𝐓𝐀
𝟔𝟔 | 𝐄𝐒𝐂𝐎𝐋𝐇𝐀𝐒
𝟔𝟕 | 𝐄𝐌 𝐂𝐀𝐒𝐀
𝟔𝟖 | 𝐅𝐀𝐌𝐈́𝐋𝐈𝐀
𝟔𝟗 | 𝐑𝐄𝐒𝐎𝐋𝐕𝐈𝐃𝐎
𝟕𝟎 | 𝐌𝐎𝐌𝐄𝐍𝐓𝐎𝐒
𝟕𝟏 | 𝐍𝐎 𝐀𝐋𝐋𝐈𝐀𝐍𝐙
𝟕𝟐 | 𝐂𝐋𝐀𝐒𝐒𝐈𝐅𝐈𝐂𝐀𝐃𝐎𝐒, 𝐄𝐋𝐄𝐒
𝐛𝐨̂𝐧𝐮𝐬 (𝐢𝐧𝐬𝐭𝐚 𝐞 𝐭𝐭)
𝟕𝟑 | 𝐂𝐀𝐒𝐀𝐌𝐄𝐍𝐓𝐎

𝟒𝟐 | 𝐄𝐒𝐂𝐎𝐋𝐇𝐀 𝐌𝐄𝐋𝐇𝐎𝐑

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By ellimaac

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TERMINO DE ME ARRUMAR, ajeitando a roupa em meu corpo e passando um pouco mais de perfume. Dou uma boa olhada no espelho e me sinto bem lindão. Eu estava com uma preguiça de sair de casa hoje. Dia de folga é dia de fazer porra nenhuma.

Seria ainda melhor se eu tivesse a companhia da Luanna, mas ela decidiu me odiar e foi embora já faz umas três semanas.

Eu ainda não entendi o porquê dela ter decidido partir.

Mas eu deixei que fosse.

Eu tenho que ser compreensível. Estou um passo na frente dela. Talvez pelo fato de eu sonhar em ser pai. Quero o filho e tudo que vem incluso. Mas a Luanna não está pronta pra isso. E o melhor que eu posso fazer é respeitar suas decisões até que entenda o que é melhor pra nós. Mesmo que seja decisões loucas.

Desço as escadas e encontro o Fabinho me esperando na sala.

Hoje nós vamos numa festa na casa do Vidal pra comemorar as primeiras vitórias do Mengão no Carioca.

— Bora, cara — digo a Fabinho que rapidamente se coloca em pé.

— Ô, Gabi. Me fala uma coisa.

— O quê?

— Por que a Luanna foi embora daquele jeito? Pensei que vocês estivessem de boa e, tipo, ela não voltou até agora.

— Ah, Fabio — coço a barba, sem jeito com esse assunto. — Não sei. Ela ficou estranha, falou que queria voltar pra casa. E o pior é que estava tudo bem entre a gente. Nós tinhamos nos declarado e...

— O que? — Fabio me interrompe, surpreso. — Vocês tinham se declarado?

— É — confirmo, balançando a cabeça. — Na noite de Ano Novo, contei a ela o que eu sentia e ela também foi sincera e... foi tudo muito bem até aquele dia. É como se ela tivesse descoberto alguma coisa.

— Ah, cara.

Fabinho faz uma careta. E eu já começo a suspeitar.

— O que foi? O que você sabe que eu ainda não sei?

— Porra, eu acho que eu caguei com tudo.

— Quê? — Estou ainda mais confuso. — Cagou com o quê?

— Olha, tenta se acalmar.

— Porra, meio dificil com esse suspense todo — desabafo. Meu coração já está acelerado. — Fala logo.

— Eu conversei com a Luanna sobre o acordo.

— Que acordo, cacete?

— Sobre o acordo de namoro que você tinha combinado em fazer. Pensei que ela estaria ciente. Disse a ela tudo que devia dizer. Que o namoro seria um acordo até o bebê nascer e que depois vocês poderiam resolver a vida solteira de vocês.

— Você falou o quê? — Caralho, estou quase gritando. Não, eu estou gritando mesmo. Porra. Não acredito que o Fabio fez isso, caralho. Boca grande do inferno. Ficava quieto. Só sabe falar merda. — Mano, por que? Nossa, não acredito.

Passo a mão na testa e sou obrigado a me sentar pra processar o que eu ouvi.

— Mano, me desculpa. Eu não sabia que vocês se gostavam... na minha cabeça fazia parte do acordo.

— Porra, Fabio! Nem tudo é política aqui, caralho. — Nossa, minha cabeça já está dando umas pontadas pelo estresse. — Eu sei que você é meu empresário e amigo, e está sempre frisando para o bem da minha imagem. Mas a Luanna não faz parte disso. Ela é uma pessoa e não um negócio. Ela tem sentimentos.

— Eu sei, eu sei. Me perdoa, não fazia ideia.

— Ah — suspiro, jogando a cabeça pra trás, sem saber o que fazer. — Ela deve ter confundido tudo.

Porra. Com certeza deve estar me achando o maior babaca de todos os tempos. Achando que eu a iludi e todo o caralho a quatro. Meu Deus, como eu vou resolver isso agora?

— Vai querer que eu faça alguma coisa? — ele me pergunta, preocupado em ajudar. — Posso pedir pra alguém buscá-la ou até te levar lá.

— Não — nego de imediato. Chega da ajuda do Fabio pra essas coisas. — Deixa comigo.

Me coloco em pé, pegando o celular do bolso.

— O que você vai fazer?

— Vou falar com ela.

A festa está uma merda.

Não estou com saco pra comemorar porra nenhuma. Não depois de saber o real motivo da Luanna ter ido embora. E ainda por saber que ela nunca mais vai atender minhas ligações.

Eu liguei diversas vezes antes de sair de casa. E todos caíram na caixa postal. Ela deve ter me bloqueado, trocado de número, qualquer coisa. Ou me odeia demais mesmo.

Nem sei explicar o quanto isso está fodendo com a minha cabeça. Estou numa festa que eu devia estar aproveitando, mas não consigo pois não me sinto feliz pra isso.

Viro mais um copo de tequila na garganta.

Foda-se. Que eu termine o dia debruçado num vaso sanitário, chorando pela minha namorada que acha que eu não gosto dela quando eu claramente sou muito apaixonado por ela.

— Nossa, você está péssimo — diz uma voz feminina conhecida ficando ao meu lado.

Viro o rosto pra encará-la e me surpreendo por diversos motivos. Como ela está aqui? Por que? E por qual caralho acha que pode falar comigo sem causar um grande alvoroço do caralho?

Mas eu não reajo com raiva ou surtado como eu pareço estar aqui por dentro. Eu mantenho minha postura de homem calmo.

— 'Cê veio com a Dhiovanna? — pergunto a ela, evitando o contato visual e virando mais um pouco de bebida.

— Não. Depois de tudo, Gabi — a mulher não tenta se aproximar. Isso é bom. Ela só quer conversar. Nada além disso. — Sua irmã é a primeira a me querer longe de você.

— Ainda bem que ela sabe que eu não 'tô afim de arrumar problemas.

— Eu também, não, Gabi.

— Então por que diabos você está aqui, Rafaella?

Isso mesmo. Minha ex está bem aqui. Do meu lado. Falando comigo como se fossemos melhores amigos de anos.

— Só... — ela limpa a garganta e se mantém o mais afastada possível. Com medo. — Só fiquei preocupada com você.

— Eu 'tô bem.

— Não foi o que pareceu. Não saiu do bar desde a hora que chegou. Está bebendo muito. Tem que dar uma maneirada.

Abafo uma risada grosseira e balanço a cabeça em indignação.

— Não preciso de um sermão, Rafaella — olho pra ela com desdém. — Sai do meu pé.

— 'Tá — ela bufa, fecha a cara e até posso ver seus olhos marejados. — Me desculpa por te incomodar.

Ê porra.

Por que? Por que eu estou sentindo pena dela?

Ok. Fui rude demais. Completamente desnecessário. Não tinha motivo pra falar com ela desse jeito. Eu estou de cabeça quente e estou descontando em quem não tem nada a ver com meus problemas.

Antes que Rafaella dê as costas para mim, agarro o braço dela e aponto com o queixo o banco do bar ao meu lado.

— Fica aí, vai.

Ela sorri fraco e obedece.

— O que 'tá rolando? — pergunta logo de cara. — 'Tá com problemas com a Luanna?

Por que isso nem me surpreende? Rafaella, com certeza, deve estar ciente de toda a minha vida.

— 'Tô — é o que consigo responder.

Não sei se quero dar muitos detalhes do que estou sentindo pra Rafaella. Aliás estou começando a ficar bêbado. Se eu começar a falar, eu não paro mais. É perigoso eu começar a chorar também.

— Não foi planejado, né?

Olho pra ela com surpresa. Porra, é tão óbvio assim?

— A Luanna não tem cara das meninas que se matam pra ficar com você — ela continua. — Tenho certeza que tudo isso foi por um acaso.

— Com a Luanna foi diferente — digo, me limitando nas palavras. — E isso está me afetando mais do que eu pensei que afetaria.

— Posso imaginar porquê.

— Pode?

— Você sonha em ser pai desde que eu te conheço. E aí, de repente, a menina que mexe com sua cabeça e com seus sentimentos aparece grávida, é como se seu sonho finalmente estivesse se realizando.

— Sim — concordo, sentindo meu peito apertar. — É exatamente isso.

— E deixa eu adivinhar mais uma coisa.

Assinto para que ela possa prosseguir:

— A realidade não é tão maravilhosa quanto no seu sonho, né?

Sorrio pra evitar fazer uma careta de dor. Porque isso claramente dói. A realidade é uma porra. Confunde, machuca e me afunda.

— Eu pensei que seria mais fácil lidar com toda essa situação depois que certas palavras fossem ditas — Rafaella assente, entendendo do que estou falando. — Mas há muito mais por trás de tudo isso que de início eu não pude compreender. Só que agora eu... eu sei que o processo vai ser bem longo e doloroso até finalmente chegar na parte boa do sonho.

— Na teoria tudo parece bom demais, Gabi. Um filho, uma benção. Mas na vida real há muitas outras questões que envolvem ter uma criança e manter um relacionamento saudável.

— É — abaixo a cabeça e suspiro, sentindo o peso daquela conversa. — 'Tô na merda em relação a isso.

— É perceptível — pressiono os lábios por ela ter notado. Deve ser bem perceptível mesmo. — Mas, relaxa — Rafaella coloca a mão nas minhas costas, sem malícia ou segundas intenções. Apenas um gesto de solidariedade. — As coisas vão melhorar.

— Eu não sei como.

— Nada que uma boa conversa não resolva.

Uma boa conversa. Luanna e eu realmente precisamos conversar. Preciso esclarecer de uma vez que não é nada do que ela está pensando. Que Fabinho achou que era só um acordo, mas pra mim sempre teve sentimentos.

— Valeu — agradeço.

— Que isso. Somos amigos.

— É — pensei que não éramos nada, mas tudo bem. A conversa foi boa.

Rafaella tira a mão das minhas costas e pede uma bebida pra si mesma.

— Licença — diz um homem com sotaque espanhol e um sorriso simpático e forçado, agarrando meu braço com força. — Preciço falar com ele.

Meu amigo de campo me tira daquele banco com certa brutalidade, quase me derrubando no chão, e me leva junto com ele pra não sei onde. Sou rápido em pegar minha garrafa de cerveja no balcão só para não ficar sem bebida nas mãos.

— O que tu 'tá faziendo?  — pergunta Arrascaeta, abaixando o tom de voz e me arrastando pra bem longe. — Fico' malucu?

— Não é nada disso que 'cê 'tá pensando, Arrasca. A gente só 'tava...

— Olhe, preste atencion! — Ele agarra meus braços, me para de frente pra ele e olha no fundo dos meus olhos. Um olhar de quem está pronto pra me enfiar a porrada. — Tu não és maiz uno moleque, Gabi. És pai de família, pourra. Tua mulher 'tá grávida.

— Eu não 'tô traindo a Luanna.

— Não importa o que 'tava faziendo. Importa o que foi visto. E tu 'tava com tua ex. Quer sair em perfil de fofoca?

— Não — nego com a cabeça —, claro que não.

— Então, pare já com isto — ele dá um tapa leve na minha nuca e aponta um dedo na minha cara, uma última repreensão. — Fique longe daquela mulher.

E dito isso, quase me dando um soco na cara, ele se retira.

Porra, o que foi isso?

Mas Arrasca tem razão. Eu sou um idiota burro do caralho, não é possível. Como eu pude conversar com Rafaella numa boa assim? Sou um homem casado, praticamente se levarmos em conta o fato de que eu terei um filho e na cabeça de todos Luanna e eu estarmos juntos. Conversar com ex pega mal pra porra.

Agi sem pensar, estava totalmente sem maldade. Mas as pessoas não olham sem maldade. Principalmente os fofoqueiros de plantão que estão em bando aqui nessa festa.

Viro a cerveja da garrafa na minha boca e dou as costas achando que estou sozinho até alguém falar comigo e atrair totalmente a minha atenção.

— Você deve focar nos treinos dessa semana, Gabi — avisa Everton Ribeiro, sentado no sofá, sozinho. Ele é quem verdadeiramente representa os pais de família. No meio de uma festa como essa, com a música estourando nos ouvidos e muita bebida, e ele sentado e sóbrio. — Vamos pegar firme pra Supercopa de sábado que vem.

— É, eu sei — assinto ao que diz. Eu já estou treinando que nem louco. Vamos enfrentar o Palmeiras. E não sei se é porque a mulher que eu gosto torce pra esse time ou porque eu tenho o dever de ganhar, mas o peso desse jogo está bem grande nos meus ombros. — 'Tô me empenhando.

— Ótimo. Então seja o que for que passa nessa sua cabeça, não pense em mulheres!

— Cara — respiro fundo, negando com a cabeça. Qual foi desses caras? — Eu não 'tô traindo a Luanna.

— A gente te conhece, Gabi. Sabemos que você nunca fica em relacionamento porque não consegue fugir da tentação.

— Não tem tentação nenhuma, porra — estou real ficando nervoso agora. — Eu 'tô falando sério.

— Hum — Everton dá de ombros, se encostando no sofá e não acreditando em nada do que eu digo.

— Com a Luanna é diferente.

— Por que? — Ele faz a pergunta mais inusitada possível. Pensei que ficaria surpreso ou chocado, mas ele continua sem acreditar em mim. Estou sem moral nenhuma nesse time. — Só por que ela está grávida?

— Não tem nada a ver com a gravidez. Eu só... — Caralho, estão me pressionando tanto que estão me obrigando a expor meus sentimentos. — Eu gosto dela, porra. De verdade. Confia em mim. Posso ter cometido o pior dos vacilos antes. Mas, dessa vez, eu quero que funcione. Eu preciso que dê certo.

Everton assente, esbanja um sorriso fraco e me diz uma última coisa antes de eu me afastar:

— Então não vacila com ela.

Pensando nisso que ele me disse, eu me retiro. Pra longe. Bem longe do fervo. Eu só sigo até a música sumir e me ver a céu aberto, apoiando no beiral de uma sacada, olhando para as estrelas no céu e o mar bem adiante. Uma puta vista.

Estou sozinho, graças a Deus.

Eu e meus pensamentos.

Realmente tenho que focar na Supercopa. Vai ser um jogo importante. O Palmeiras é um time forte, mas pelo que eu vi, não teve um bom começo de ano. Estão sentindo com a ausência do Danilo que foi vendido e do Scarpa que está lesionado. Terão que ir atrás de substitutos e isso nos deixa na vantagem. Ainda não perdemos nenhum jogo do Carioca até agora. Estamos bem.

O jogo vai ser em Brasília. No Mané Garrincha. Minha família vai estar. E eu quero que a Luanna esteja. Ela e meu filho. É pedir muito? Provavelmente, sim, visto as circunstâncias.

Eu até ligaria pra ela, mandaria uma mensagem pedindo que fosse, mas ela está me ignorando desde a última vez que nos vimos. Não responde minhas mensagens e nem atende minhas ligações. Não vai ser agora que eu vou conseguir.

De repente uma ideia maluca surge em minha cabeça.

Claro! Mas é claro! Como eu não pensei nisso antes?

Pego meu celular, caço o número do Pivete e ligo pra ele.

— E aí, cara?

— Caralho, o Gabigol 'tá me ligando — Lucas reage da maneira de sempre. Se sentindo muito privilegiado. Confesso que gosto quando ele é assim, faz bem pro meu ego. — Fala mesmo, meu bom? O que me dá a honra dessa ligação?

— Quero falar com sua irmã, ela 'tá por aí?

— Luanna desapareceu, parça. Ficou sabendo, não?

— É o quê?

Porra, meu peito já se aperta em preocupação.

— Não, tipo, ela não sumiu de verdade. Ela só... — Lucas hesita. Parece perdido em como deve me falar. — Só está afastada da gente.

— Como assim afastada?

— Desde que voltou pra São Paulo, não veio aqui em casa. Ela só conversa coisas breves. Diz que está passando por um processo particular e que quer um tempo longe pra processar tudo.

— Ai que merda — Luanna deve estar mal pra caralho. — Se ela me deixasse falar com ela. Você sabe me dizer se ela está em casa?

— Bom, na casa dela não.

— E na casa de quem? — Pergunto com esperança. — Está com alguém? Posso ligar pra outra pessoa que esteja perto dela. Isso vai me ajudar bastante.

— Acho que ajudar não vai, não, hein, Gabi.

— Do que 'cê 'tá falando?

— Não quero problemas.

— Desembucha logo, pivete.

— 'Tá bom — ele concorda. — Eu não devia estar te falando isso. Mas... a Luanna 'tá passando um tempo na casa do Veiga.

— O QUÊ?????

— É, eles estão bem próximos. Mas não como namorados, cara. Minha irmã também não é tão sem noção.

— Lucas, porra, ela 'tá passando um tempo na casa do ex dela, caralho. Como eu não vou associar isso a um fato romântico?

— Se acalme — ele me pede e eu sou obrigado a respirar. Estou ficando muito nervoso e estressado. — Veiga 'tá ajudando a Luanna a lidar com toda essa situação. E eu sei que não é o que você gostaria de ouvir, mas... está funcionando.

— Está funcionando?

— É. Parça, eu conheço a minha irmã, entendeu? A gente cresceu junto. E, mano, quando ela soube dessa gravidez, ela não aceitou.

— É, eu 'tô ligado.

— Não, mas você ainda não entendeu. Calma — fico em silêncio para que ele possa concluir o raciocínio. — Ela 'tava numa fase de lidar com isso no automático. Mas agora... 'tá sendo diferente. Bom, nesses últimos dias.

— Por que?

— Minha mãe e ela conversaram ontem e como eu sou curioso, eu ouvi tudo, né? A Luanna está começando a aceitar o fato de ser mãe. Ela ainda não se sente bem e nem pronta, mas está começando a perceber que isso vai acontecer de uma maneira ou de outra. E se não fosse pelo Veiga e pelo Ryan nessas últimas semanas, eu nem sei...

— Ryan? Luanna 'tá numa casa com dois homens?

— O Ryan é gay.

— Ata — não me sinto nada aliviado. Luanna ainda está na casa do Veiga. Do Raphael Veiga, o ex-namorado dela. — Eu ainda estou puto com isso, mas fico feliz pela Luanna estar aceitando. Isso é tudo que importa. Só que eu preciso falar com ela, Lucas.

— Te entendo.

— Então me ajuda, porra.

— Não tem o que eu possa fazer. Você deveria falar com ela pessoalmente, é o certo.

— Como? Ela vai me matar quando me vir.

— Semana que vem, cara — ele informa e eu me lembro do jogo. — Supercopa. A minha família vai estar em peso, é o momento perfeito pra vocês conversarem.

— É, pode ser.

— Pra te ajudar, porque eu não posso deixar de fazer um favor pra você — ele volta a dizer —, eu vou tentar conversar com a Luanna. Amaciar o terreno até sábado. Beleza?

— Valeu, Lucas. De verdade.

— Que isso, cunhado.

Pelo menos o moleque vai me ajudar. Mas, puta que pariu, Luanna está na casa do Veiga!!????? Não posso deixar de me sentir inseguro por isso.

Quando a meta for batida eu posto o próximo capítulo. Só não será hoje, viu, gente. Ainda não terminei de escrever.

Espero que vcs estejam gostando.

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